Desafios e avanços na governança das águas: apontamentos da literatura sobre a gestão descentralizada de recursos hídricos no Brasil

Autores

  • Rodrigo de Freitas Espinoza Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)

DOI:

https://doi.org/10.24305/cadecs.v1i1.5970

Resumo

O debate sobre os recursos hídricos no Brasil tem se consolidado como um tema relevante para as ciências sociais. Ao longo das últimas décadas a gestão descentralizada das águas e a inclusão da sociedade civil nas arenas de decisão sobre os recursos hídricos reconfiguraram o modelo de gestão em escala nacional. Uma série de reflexões tem acompanhado este processo e neste artigo foram selecionadas algumas investigações elaboradas que dialogam com a abordagem sociológica. Buscou-se realizar uma breve contextualização histórica sobre a gestão dos recursos hídricos no país, descrevendo os principais elementos que caracterizam o modelo atual. Em seguida, foram expostos alguns trabalhos de diversos autores e autoras que se dedicaram à análise da estrutura descentralizada da governança das águas no Brasil. Esta apresentação identificou alguns dos temas em pauta presentes no debate sobre esta forma de gestão a partir de uma identificação das principais perspectivas de análise encontradas. A partir da análise desses trabalhos, concluiu-se que embora tal processo possa ser visto por muitos como um avanço para uma maior democratização, críticas bem-estruturadas podem contribuir para o seu avanço. O debate se mostra abrangente e impulsiona o desenvolvimento de novas pesquisas.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Rodrigo de Freitas Espinoza, Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)

Pesquisador na área de sociologia ambiental, doutorando do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar.

Referências

ABERS, R. N. et. al. 2009. Inclusão, deliberação e controle: três dimensões de democracia nos comitês e consórcios de bacias hidrográficas no Brasil. Ambiente e Sociedade, Campinas, v. XII, n. 1, p. 115-132, jan./jun.
ABERS, R. N.; JORGE, K. D. 2005. Descentralização da gestão da água: por que os comitês de bacia estão sendo criados? Ambiente e Sociedade, Campinas, v. VIII, n. 2, p. 1-26, jul./dez. 2005.
ALVIM, A. A. T. B.; RONCA, J. L. C. 2007. Metodologia de avaliação qualitativa das ações dos comitês de bacias com ênfase na gestão
integrada: o Comitê do Alto Tietê em São Paulo. Engenharia Sanitária e Ambiental, v. 12, n. 3, p. 325-334, jul./set.
ARRETCHE, M. 2000. Estado federativo e políticas sociais: determinantes da descentralização. Rio de Janeiro: Revan, 2000. v. 1.
BOBBIO, N. 1987. Estado, governo e sociedade: para uma teoria geral da política. Rio de Janeiro: Paz e Terra.
CAMPOS, V. N. O.; FRACALANZA, A. P. 2010. Governança das águas no Brasil: conflitos pela apropriação da água e a busca da integração como consenso. Ambiente e Sociedade, Campinas, v. III, n. 2, p. 365-382, jul./dez.
CASTRO, J.E. 2007. Water governance in the twentieth-first century. Ambiente e Sociedade, Campinas, v. X, n. 2, p. 97-118, jul./dez.
EMPINOTTI, V. L. 2011. E se eu não quiser participar? o caso da não participação nas eleições do comitê de bacia do rio São Francisco. Ambiente e Sociedade, Campinas, v. XIV, n. 1, p. 195-211, jan./jun.
FRACALANZA, A. P.; SINISGALLI, P. A. A. 2009. Conflitos de uso da água do reservatório Billings. In: JACOBI, P. R. (org). Atores e processos na governança da água no estado de São Paulo. São Paulo: Annablume, p. 61-86.
GRANJA, S. I. B.; WARNER, J. 2006. A hidropolítica e o federalismo: possibilidades de construção da subsidiariedade na gestão das águas no Brasil? Revista de Administração Pública, Rio de Janeiro, v. 40, n. 6, p. 1097-1121, nov./dez.
JACOBI, P. R. 2005. Governança institucional de problemas ambientais. Política e Sociedade, Florianópolis, v. 4, n. 7, p. 119-137, outubro.
JACOBI, P. R. 2004. The challenges of multi-stakeholder management in the watersheds of São Paulo. Environment and Urbanization, Londres, v. 16, n. 2, p. 199-211.
JACOBI, P. R.; BARBI, F. 2007. Democracia e participação na gestão dos recursos hídricos no Brasil. Revista Katál, Florianópolis, v. 10, n. 2, p. 237-244, jul./dez.
JACOBI, P. R; MONTEIRO, F. 2009. Capital social e desempenho institucional na Bacia do Alto Tietê: resultados de pesquisa. In: JACOBI, P. R. (org). Atores e processos na governança da água no estado de São Paulo. São Paulo: Annablume, p. 35-60.
JACOBI, P. R.; MONTEIRO, F. 2006. Social capital and institutional performance: methodological and theoretical discussion on the water basin committees in metropolitan São Paulo-Brazil. Ambiente e Sociedade, Campinas, v. IX, n.2, p. 25-45, jul./dez.
MMA – Ministério do Meio Ambiente. Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Disponível em: http://www.mma.gov.br/sitio/index.php?id
o=conteudo.monta&idEstrutura=161&idConteudo=9515&idMenu=10197. Acesso em: 21 abr. 2011.
MALTEZ, J. 1994. Sobre a ciência política. Lisboa: ISCSP.
MARTINS, R. C. 2005. Política e sociedade na governança territorial: o caso das áreas rurais paulistas. Raízes, Campina Grande, v. 24, n.1 e 2, p. 70-82, jan./dez.
MARTINS, R. C. 2007. Ruralidade e governança ambiental no estado de São Paulo. Estudos, Sociedade e Agricultura, Rio de Janeiro, v. 15, n. 2, p. 233-267, outubro.
MARTINS, R. C.; LIMA, M. J. T. 2010. Recrutamento e discursos na tecnocracia da água. Conferência Waterlat, São Paulo, v. 1, p. 1-14.
NEDER, R. T. 2002. Crise socioambiental: estado e sociedade civil no Brasil (1982-1998). São Paulo: Annablume: Fapesp.
PORTO, M. F. A.; PORTO, R. L. 2008. Gestão de bacias hidrográficas. Estudos Avançados, São Paulo, v. 22, n. 63, p. 43-59.
POUPART, J. et. al. 2008. A pesquisa qualitativa: enfoques epistemológicos e metodológicos. Petrópolis: Vozes.
RIBEIRO, W. C. 2009. Impasses da governança da água no Brasil. In: RIBEIRO, W. C. (org.). Governança da água no Brasil: uma visão interdisciplinar. São Paulo: Annablume: Fapesp: CNPq, p. 111-133.
SÃO PAULO (Estado). Lei nº 7.663 de 30 de dezembro de 1991. Estabelece normas de orientação à Política Estadual de Recursos Hídricos bem como ao Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Disponível em: http://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/lei/1991/lei%20n.7.663,%20de%2030.12.1991.htm. Acesso em: 18 mai. 2010.
SOUZA Jr., W. C.; FIDELMAN, P. I. J. 2009. A tecnopolítica da água no Brasil. In: RIBEIRO, W. C. (org.). Governança da água no Brasil: uma visão interdisciplinar. São Paulo: Annablume: Fapesp: CNPq, 2009. p. 195-211.
VALENCIO, N. F. L. S. 2009. Governança das águas: a participação social como quimera. In: RIBEIRO, W. C. (org.). Governança da água no Brasil: uma visão interdisciplinar. São Paulo: Annablume; Fapesp; CNPq, p. 61-90.
ZHOURI, A. 2008. Justiça ambiental, diversidade cultural e accountability: desafios para a governança ambiental. Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, v. 23, n. 68, p. 97-107, outubro.

Downloads