AUTONOMIA NO TRABALHO DOS DOCENTES NA FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES
DOI:
https://doi.org/10.22535/cpe.v22i45.19142Resumo
O estatuto profissional da docência ainda não foi resolvido e talvez por isso, o docente confunda sua atividade de trabalho (trabalho real) com o trabalho prescrito. Esta representação de docência pode ter relação com o pretenso controle sobre o ensino que o docente está submetido por meio do Projeto Político Pedagógico, construído, muitas vezes, por especialistas e comissões indicadas nas instituições formadoras de futuros professores. No entanto, as prescrições são frágeis diante de situações reais imprevisíveis que ocorrem na sala de aula, e dessa forma, surge uma lacuna a ser gerida pelo docente entre o trabalho prescrito e o trabalho real. Neste contexto, este artigo foi produzido como o objetivo de evidenciar formas como o docente enquanto trabalhador da educação que participa do processo produtivo pode exercer sua autonomia diante do controle sobre o ensino. Apoiemo-nos nas reflexões de Contreras (2012); Campos (2008); Triquet (2010); Bellochio; Terrazan e Tomazetti (2004), entre outros, que discutem a profissão docente. Defendemos que os docentes como sujeitos ativos no processo de trabalho na formação inicial de professores exercem, por um lado, uma autonomia individual ao tomar decisão para gerir a distância entre o trabalho prescrito e o trabalho realizado; e por outro, uma autonomia coletiva na participação efetiva com seus colegas de docência e gestores no processo de organização do ensino e a aprendizagem, como forma de diminuir o controle institucional sobre a docência; e, ao considerar, na gestão de sua disciplina, as demandas concretas dos discentes, como forma de evitar o individualismo na autonomia docente.
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