Nietzsche e o Liberalismo
Resumo
Considera-se o antidemocratismo de Nietzsche como uma das dificuldades que oferecem mais resistência a uma leitura contemporânea do filósofo. Após ter defendido a ideia de que não se trata de simples doxa política, mas de uma vasta estratégia de provocação da modernidade no seu conjunto, este artigo confronta a posição nietzschiana aos pressupostos teóricos do liberalismo clássico baseado na liberdade individual e na igualdade entre os homens. É a partir da hipótese da vontade de potência e, mais precisamente, em torno da noção de quantum de potência (fixo para o liberalismo e variável segundo Nietzsche), que a redefinção dos conceitos éticos e políticos maiores se move: o indivíduo, o altruísmo, o direito e, finalmente, a própria liberdade. Parte-se de uma reconfiguração da articulação entre potência e liberdade, que permita, para além do antidemocratismo nietzschiano, entrever o potencial ético de um pensamento fundamentalmente emancipatório.
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Referências
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