Editorial
Resumo
117 anos após a morte de Friedrich Nietzsche, sua obra ainda está sendo descoberta, e não apenas pelo fato de que a publicação de seus póstumos continua um trabalho incompleto, ou porque seu pensamento labiríntico demanda sempre novas abordagens, mas, em especial, porque essa obra se renova em seus leitores que são desafiados por ela e convocados para tarefas que ultrapassam o campo da simples compreensão. Diante dela, o leitor encontra exigências. É cobrado dele uma “arte da interpretação” (GM Prefácio 8) que aos poucos vai afastando dela os curiosos e apressados, assim como os expectadores passivos e os acumuladores de informações. Mais ainda, esse leitor é colocado em cheque por ela. Seria ele um “verdadeiro leitor”? Um daqueles “leitores predestinados” (AC, Prólogo), capaz de dividir com ela uma tarefa que exige compromisso (EH Por que sou tão sábio 7) e que ganha contornos cumplicidade?
Para poder responder a tais questões, não resta alternativa a esse leitor-intérprete senão experimentar. Tomar a obra como material de trabalho, ler, reler, percorrer suas vias sinuosas, arriscar respostas, experimentar hipóteses e, por fim, apropriar-se dela e conduzi-la adiante, talvez para campos estranhos ao que fora divisado por seu autor. Nesse horizonte da cumplicidade entre a obra e o leitor, a Revista Estudos Nietzsche se apresenta como um canal de comunicação. Uma superfície para narrativas que não se destinam apenas a revirar a obra do filósofo, mas a arriscar a experiência filosófica do interpretar. Uma experiência que amplia o alcance da obra clássica despertando novas inquietações, que levam a novos experimentos, fazendo girar a roda do pensamento. Neste número, o primeiro de 2017, reúnem-se alguns desses experimentos na forma de artigos, e comentários de experimentos, na forma de resenha de obras publicadas sobre Nietzsche.
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Ao submeter o artigo, resenha ou tradução para a Estudos Nietzsche, o autor cede à revista o direito à primeira publicação do texto, mantendo, contudo, o direito de reutilizar o material publicado, por exemplo, em futuras coletâneas de sua obra.