Nietzsche leitor da Biologia do século XIX: Dominação vs. Nutrição e Reprodução

Autores

  • Wilson Frezzatti UNIOESTE, Toledo, PR - Brasil

Resumo

Nietzsche parece entender que a noção de vida da biologia de sua época está fundamentada nas funções de nutrição (Ernährung) e de geração (Zeugung) ou reprodução (Fortpflanzung). Essa interpretação do filósofo alemão não é uma idiossincrasia, pois ela também parece ocorrer em textos de biólogos do século XIX, por exemplo, Jean-Baptiste de Lamarck e também na psicofisiologia francesa, por exemplo, Théodule Ribot.  De qualquer forma, Nietzsche pretende substituir a nutrição e reprodução como movimentos característicos da vida pela dominação, consequência direta de sua doutrina da vontade de potência. Neste artigo, investigaremos se Nietzsche tem motivos para entender que a nutrição e a reprodução são postuladas como a essência da vida na biologia de sua época, o que será visto em Charles Darwin, Ernst Haeckel, Wilhelm Roux e Herbert Spencer.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Referências

ANDLER, Charles. Nietzsche - sa vie et sa pensée. v. II: Le pessimisme esthétique de Nietzsche. La maturité de Nietzsche. 5éme éd. Paris: Gallimard, 1958.
BOWLER, Peter J. Evolution: the History of an Idea. 3th. ed. Berkeley: University of California, 2003.
DARWIN, Charles. Notebook B: [Transmutation of species]. 1837-1838. Transcribed by K. Rookmaaker. Disponível em: http://darwin-online.org.uk/content/frameset?itemID=
CUL-DAR121.-&viewtype=text&pageseq=1. Acessado em: 23/05/2018.
ESPINAS, Alfred. Des sociétés animales. 3e ed. Paris: Félix Alcan, 1924.
FREZZATTI Jr., Wilson A. Haeckel e Nietzsche: aspectos da crítica ao mecanicismo no século XIX. Scientiae Studia, v. 1, n. 4, p. 435-461, 2003.
FREZZATTI Jr., Wilson A. Nietzsche e Théodule Ribot: Psicologia e superação da metafísica. Natureza Humana, São Paulo, v. 12, n. 2, p. 1-28, 2010.
FREZZATTI Jr., Wilson A. Nietzsche e a biologia: uma proposta de investigação. In: AZEREDO, Vânia D. de,; SILVA Jr., Ivo (orgs.). Nietzsche e a interpretação. Curitiba: CRV/ FAPESP/ Humanitas, 2012. p. 177-194.
FREZZATTI Jr., Wilson A. Nietzsche e Ribot: Multiplicidade e filosofia da subjetividade. Philósophos, Goiânia, v. 18, n. 2, p. 263-291, 2013.
FREZZATTI Jr., Wilson A. Nietzsche contra Darwin. 2a edição ampliada e revista. São Paulo: Edições Loyola, 2014.
FREZZATTI Jr., Wilson A. As críticas de Ernst Haeckel à doutrina celular. Filosofia e História da Biologia, São Paulo, v. 10, n. 2, p. 257-275, 2015a.
FREZZATTI Jr., Wilson A. Zweckmässigkeit (Conformidade a fins) e Mecanicismo nos processos vitais: o antagonismo entre Kant e Roux. In: FERRER, Diogo; UTTEICH, Luciano. A filosofia transcendental e sua crítica. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2015b. p.43-82.
HAAZ, Ignace. Les conceptions du corps chez Ribot et Nietzsche à partir des Fragments posthumes de Revue philosophique de la France et de l´ étranger et de la Recherche-Nietzsche. Paris: L´ Harmattan, 2002.
HAECKEL, Ernst. Die Lebenswunder: Gemeinverständliche Studien über biologische Philosophie. Leipzig / Berlin: Alfred Kröner Verlag / Carl Henschel Verlag, 1924.
MARTINS, Lilian Al-Chueyr P. A teoria da progressão dos animais de Lamarck. Rio de Janeiro / São Paulo: Booklink / FAPESP/ GHTC/ Unicamp, 2007.
MENDELSOHN, Everett. The biological sciences in the nineteenth century: some problems and sources. History of Science 3, p. 39-59, 1964.
NIETZSCHE, Friedrich W. Sämtliche Werke. Kritische Studienausgab. G. Colli und M. Montinari (Hg). Berlin: Walter de Gruyter, 1999. 15 Bd. (KSA)
NIETZSCHE, Friedrich W. Fragmentos póstumos: 1885-1889. 2a ed. Organização: D. Sanchez Meca. Tradução: J. L. Vermal e J. B. Llinares. Madrid: Tecnos, 2008.
NIETZSCHE, Friedrich W. Correspondência IV: Enero 1880 – Diciembre 1884. Organização: L. E. de Santiago Guervós. Tradução: M. Parmeggiani. Madrid: Trotta, 2010.
RIBOT, Théodule. Les maladies de la mémoire. Paris: Germer Baillière, 1881.
ROUX, Wilhelm. Der Kampf der Theile im Organismus: ein Beitrag zur Vervollständigung der mechanischen Zweckmässigkeitlehre. Leipzig: Verlag von Wilhelm Engelmann, 1881.
RUSE, Michael. Monad to Man: The Concept of Progress in Evolutionary Biology. Cambridge: Harvard University Press, 1996.
SANTOS, Leonel R. dos. A formação do pensamento biológico de Kant. In: MARQUES, Ubirajara R. de A. (org.): Kant e a biologia. São Paulo, Barcarolla, 2012. p. 17-81.
SPENCER, Herbert. The Principles of Biology. v. I. London: Williams and Norgate, 1864.
SPENCER, Herbert. The Principles of Biology. v. II. London: Williams and Norgate, 1867a.
SPENCER, Herbert. First Principles. 2nd ed. London: Williams and Norgate, 1867b.

Downloads

Publicado

20-12-2018

Edição

Seção

Artigos