Ficcional, demasiado ficcional: o “personagem Nietzsche” nos prefácios de 1886

Autores

  • Antonio Edmilson Paschoal Universidade Federal do Paraná

Resumo

Até que ponto o artista pode ser separado de sua obra? A ambiguidade dessa relação é o tema deste artigo cujo título é uma paródia da obra de Nietzsche de 1878, Humano, demasiado humano. Concordando com o título daquele livro, o propósito deste artigo é reiterar que, de fato, as coisas mais importantes que temos, como é o caso da filosofia, derivam de coisas “demasiado humanas”, dentre as quais, porém, cabe ressaltar, encontra-se a fantasia e a ficção. Assim, tomando como material de trabalho os prefácios de 1886, textos nos quais a contingência humana é reivindicada como elemento central para a produção filosófica, pretendemos mostrar a circularidade existente entre autor e obra, inclusive quando essa circularidade é objeto de reflexão nos prefácios. A tese básica defendida é que o autor em pauta não seria um sujeito que produz a obra e responde por ela, mas, ele mesmo, uma invenção necessária, uma parte indispensável da ficção que, por sua vez, é parte indispensável da vida.

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Publicado

13-12-2019

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Artigos