O prazer no absurdo: uma leitura contextual do aforismo 213 de Humano, Demasiado Humano

Autores

  • Carlos Kenji Koketsu Universidade Federal do Paraná

Resumo

O presente artigo se dedica a uma análise contextual do aforismo “O prazer no absurdo”, de Humano, Demasiado Humano, tendo como pano de fundo o problema da cultura tal como esta é compreendida por Nietzsche no período de escrita da referida obra, isto é, a partir do questionamento sobre as condições necessárias para o cultivo e surgimento dos espíritos livres. Nosso objetivo será, primeiramente, examinar de que modo o destino cultural buscado pelo autor se relacionaria com a tradição filosófica metafísica, da qual ele é herdeiro e crítico. Em seguida, nosso foco será analisar, a partir do aforismo mencionado, a reflexão nietzschiana no período a respeito do fazer artístico, que relacionará o processo criador da obra de arte e os efeitos de sua fruição com a ampliação de perspectivas no mundo. Desse ponto de vista, a arte teria um papel significativo na promoção da multiplicidade, passo importante para o advento de culturas afins aos espíritos livres, ou seja, menos submetidas aos pressupostos atomistas e metafísicos que teriam se tornado hegemônicos.

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Publicado

31-03-2020

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Artigos