Como assimilar seu antípoda: Nietzsche e a superação do legado kantiano

Autores

  • Saulo Krieger UNIFESP

Resumo

O objetivo do presente artigo é mostrar como Nietzsche pôde – à sua maneira e segundo alguns – se inscrever na tradição kantiana e ao mesmo tempo se manter antípoda de Kant e do kantismo. Para tanto, num primeiro momento passaremos em revista alguns posicionamentos que, justamente, fizeram ver Nietzsche como herdeiro do legado kantiano, ressaltando o que chamamos de “arestas” isto é, aspectos a um só tempo realçados e relegados por esses autores, pelos quais o autor do Zaratustra se pronunciaria para além de Kant. Num segundo momento se traz uma das tônicas cruciais da crítica de Nietzsche a Kant, que é a da não vivência. A questão da vivência, justamente, estará na origem do distanciamento em relação a Kant, mesmo ao respirar ares kantianos que impregnavam, por exemplo, o ceticismo em filologia. Num terceiro momento, pela adoção de uma perspectiva trágica já desde a relação com seu objeto na filologia, Nietzsche vivenciará essa perspectiva em filosofia, entremeando-se a um mundo que lhe era indiferente, fazendo-o mediante uma retórica de lastro fisiológico. É desse modo que se confere sentido às arestas realçadas num primeiro momento e que se pode pensar Nietzsche e Kant como antípodas.

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Biografia do Autor

Saulo Krieger, UNIFESP

Saulo Krieger defendeu doutorado no Programa de Pós-Graduação em Filosofia da Unifesp em abril de 2019, a tese tendo recebido indicação para publicação e para seleção interna ao departamento tendo em vista o prêmio Anpof.

 

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Publicado

31-03-2020

Edição

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Artigos