Cultura material, recursos digitais e conhecimento histórico: reflexões sobre a elaboração de bancos de dados para pesquisas em Arqueologia Clássica

Autores

  • Carolina Kesser Barcellos Dias
  • Camila Diogo de Souza
  • Fábio Vergara Cerqueira

DOI:

https://doi.org/10.17648/rom.v0i12.23525

Palavras-chave:

Arqueologia, Cultura material, Cerâmica, Recursos digitais, Banco de dados

Resumo

Os avanços do conhecimento histórico sobre a Antiguidade Clássica, nas últimas décadas, devem muito aos conhecimentos arqueológicos, que reposicionam a relação entre as fontes escritas e materiais na interpretação do passado. A descrição e classificação tipológica fundamentadas nos aspetos morfológicos, cronológicos, técnicos e estilísticos da cultura material constituem dois dos principais recursos metodológicos para a produção do conhecimento arqueológico. As inovações eletrônicas atuais trouxeram inúmeras contribuições para o pesquisador por meio de programas de análise inter-relacionada dos dados, e possibilidades de acesso aos dados e difusão do conhecimento, viabilizando perspectivas futuras e novas leituras de um mesmo objeto de estudo. Assim, a produção de bancos de dados assume um papel fundamental para a elaboração de catálogos de referência, e promove uma maior variabilidade de interpretações. Todavia, faz-se necessário refletir sobre os objetivos, usos e alcances de tais recursos metodológicos para a comunidade acadêmica e para as pesquisas científicas como um todo, assim como as questões relativas ao acesso público às informações. Neste artigo, procuramos sistematizar e discutir tais questões por meio de alguns exemplos específicos e propostas de modelos de organização de corpora documentais, e da construção de bases de dados em pesquisas na área da Arqueologia Clássica, apresentando as propostas e possibilidades de análise de dados que vêm sendo desenvolvidas no âmbito do Laboratório de Estudos sobre a Cerâmica Antiga (LECA) da Universidade Federal de Pelotas (UFPel).

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Documentação escrita

ARISTÓTELES. Política. Edição bilíngue com tradução de António Campelo Amaral e Carlos de Carvalho Gomes. Lisboa: Vega, 1998.

Documentação arqueológica e visual

Alabastro de figuras negras. Pintor de Teseu. Havana, Museu Nacional de Bellas Artes, 140. Ca. 490 a.C.

Ânfora de colo (com tampa) de figuras negras. Exekias. Nova Iorque, Metropolitan Museum of Art, 17.230.14a-b. 540-530 a.C.

Cratera de figuras negras. Sem atribuição. Tóquio, Museu da Cultura do Mediterrâneo Antigo, 3. 530-520 a.C.

Detalhe da cratera C.26608, encontrada no T. 317, no setor δ, Bairro dos Refugiados, Rua Tripoleos. Arquivo Pessoal de Camila Diogo de Souza. École française d’Athènes.

Detalhe da cratera encontrada no T. 3 no Terreno Giarentis. In: PAPADIMITRIOU, A. Die früheisenzeitliche bemalte Keramik aus Tiryns. Die Phasen I-IV. Inaugural-Dissertation (Doktorwürde in Archäologie) – Philosophischen Fakultäten, Albert-Ludwigs-Universität zu Freiburg, Athen-Griechenland, 1987, p. 33-34.

Kýlix ática. Figuras vermelhas. Pintor Oltos. c. 520-510 a.C. Londres, Museu Britânico, E 41. Trustees of the British Museum.

Kýlix de figuras vermelhas. Oltos. Assinada pelo oleiro Kachrylion. Londres, Museu Britânico, E 41 (1837,0609.58). 520-510 a.C.

Kýlix de figuras vermelhas. Oltos. Copenhague, Museu Nacional, 3877. 520-510 a.C.

Kýlix de figuras vermelhas. Oltos. Madrid, Museu Arqueológico Nacional, L 151 (11267). 520-510.

Lécito de figuras negras. Pintor de Amasis. Nova Iorque, Metropolitan Museum of Art, 56.11.1. Em torno de 540 a.C.

Panóplia, armadura hoplítica em bronze encontrada no T. 45. In: COURBIN, P. Une Tombe Géométrique d‟Argos. Bulletin de Correspondance Hellénique, v. 81, p. 322-386, 1957.

Pínax (πίναξ) de figuras negras. Sem atribuição. Atenas. Museu Nacional, Coleção da Acrópole, 2574-5. Terceiro quartel do século VI a.C.

Stámnos (στάμνος) de figuras vermelhas. Boston, Museum of Fine Arts 66.206. Ca. 480 a.C.

T 1957/XVII, Tirinto. In: VERDELIS, N. Neue geometrische Gräber in Tiryns. Mitteilungen des Deutschen Archäologischen Instituts, Athenische Abteilung, v. 78, p. 1-62, 1963.

T. 191 e do T. 190, encontrados na Sondagem 70, Argos. In: COURBIN, P. Une Tombe Géométrique d‟Argos. Bulletin de Correspondance Hellénique, v. 81, p. 322-386, 1957.

T. 2, encontrado no Lote Theophanopoulou, Argos. Archaiologikon Deltion, v. 46, n. 1, p. 88-104, 1991, Πίν. 53δ.

Obras de apoio

BAZANT, J. Herakles and Athenian Hoplites. In: ______. Studies on the use and decoration of Athenian vases. Praga: Nakladatelstvi Ceskoslovenske Akademie, 1981, p. 23-39.

BAZANT, J. On satyrs, maenads, Athenians and vases. Eirene, v. 21, p. 41-42, 1984.

BAZANT, J. The case for a complex approach to Athenian vase painting. Métis, v. 1-2, p. 93-111, 1990.

BUNDRICK, S. D. Expression of harmony: representation of female musicians in fifth-century Athenian vase painting. 1998. Dissertation (P.h.D. in Art History) – Department of Art History, Emory University, Atlanta, 1998.

CERQUEIRA, F. V. et al. Programa Memoriar: sensibilização de jovens para a diversidade identitária por meio da educação patrimonial. In: Encontro do Núcleo Regional Sul da Sociedade de Arqueologia Brasileira, V. Anais... São Leopoldo: Ed. Unisinos, 2006, p. 1-8.

CERQUEIRA, F. V. Os instrumentos musicais na vida diária da Atenas tardo-arcaica e clássica (550-400 a.C.): o testemunho de vasos áticos e de textos antigos. 2001. Tese (Doutorado em Antropologia Social) – Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2001. 3 v.

COLDSTREAM, J. N. The formation of the Greek polis: Aristotle and Archaeology. Opladen: Westdeutscher, 1984.

COURBIN, P. Les Tombes Géométriques d’Argos, I (1952-1958). Paris: École française d’Athènes, 1974.

COURBIN, P. Une Tombe Géométrique d‟Argos. Bulletin de Correspondance Hellénique, v. 81, p. 322-386, 1957.

CUSSET, C. Théocrite, lecteur d’Euripide. L’example des Bacchantes. Revue des Études Grecques, v. 110, n. 2, p. 454-468, 1997.

DIAS, C. K. B. O Pintor de Gela: características formais e estilísticas, decorativas e iconográficas. 2009. Tese (Doutorado em Arqueologia) – Programa de Pós-Graduação em Arqueologia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2009. 2 v.

DIAS, C. K. B.; SOUZA, C. D.; CERQUEIRA, F. V. Recursos digitales y producción de conocimiento histórico fundado en evidencias materiales. Reflexiones sobre la elaboración de bases de datos para investigaciones en Arqueología clássica. In: BRESCIANO, J. A.; GIL, T. (Org.). La historiografia ante el giro digital: reflexiones teóricas y prácticas metodológicas. Montevidéu: Cruz del Sur, 2015, p. 135-178.

DUNNELL, R. C. Classificação em Arqueologia. São Paulo: Edusp, 2007.

DUPLOUY, A. Le prestige des élites: recherches sur les modes de reconnaissance sociale en Grèce entre les Xe et Ve siècles avant J.-C. Paris: Les Belles lettres, 2006.

DURAND, J.-L.; FRONTISI-DUCROUX, F. Idoles, figures, images: autour de Dionysos. Revue Archéologique, fasc. 1, p. 81-108, 1982.

FOLEY, A. Ethnicity and the topography of burial practices in the Geometric period. In: PARIENTE, A.; TOUCHAIS, G. (Ed.). Argos et l’Argolide. Topographie et Urbanisme. Actes de la Table Ronde Internationale 28/4-1/5/1990. Athènes, Argos. Athènes; Nauplie; Paris: Υπουργείο Πολιτισμού; Ecole francaise d’ Athènes; De Boccard, 1998, p. 137-143.

FOLEY, A. The Argolid 800-600 B.C.: an Archeology Survey. Studies in Mediterranean Archaeology, v. LXXX, 1988.

FRICKENHAUS, A. Lenäenvasen: zweiundsiebzigstes Programm zum Winckelmannsfeste der Archæologischen Gesellschaft zu Berlin. Berlin: Von Georg Reimer, 1912.

FUNARI, P. P. A. Arqueologia. São Paulo: Ática, 1988.

FUNARI, P. P. A. Os historiadores e a cultura material. In: PINSKY, C. B. (Org.). Fontes históricas. São Paulo: Contexto, 2005, p. 81-110.

GENET, J.-P.; LAFON, P. Des chiffres et des lettres. Quelques pistes pour l’historien. Histoire & mesure, v. XVIII, n. 3/4, p. 215-223, 2003.

GENIÈRE, J. de la. “Vases du Lénéennes?” Mélanges de l’École française de Rome. Antiquité, v. 99, p. 43-61, 1987.

GRUNGBERG, E. Educação Patrimonial: utilização dos bens culturais como recursos educacionais. Cadernos do CEOM, ano 14, n. 12, p 159-180, 2000.

GUERREAU, A. Statistique pour historiens. Paris: Éditions en ligne de l’École des Chartes, 2004.

GUERREAU, A. Textes anciens en série. Outils informatiques d’organisation et de manipulation de bases de données textuelles. BUCEMA - Bulletin du centre d’études médiévales d’Auxerre, Collection CBMA, Les outils, 1 mar. 2012.

HÄGG, R. Burial customs and social differentiation in 8th century Argos. In: HÄGG, R.; MARINATOS, N. (Ed.). The Greek Renaissance of the Eight-Century B.C.: Tradition and Innovation. Proceedings of the Second International Symposium at the Swedish Institute in Athens, 1-5 June 1981. Stockholm: Svenska Institutet in Athen, 1983, p. 27-31.

HÄGG, R. Die Gräber der Argolis in submykenischer, protogeometrischer und geometrischer Zeit: Lage und Form der Gräber. Uppsala: Brunnsaker & Säve-Söderbergh, 1974. v. 1.

HÄGG, R. Some Aspects of the burial customs of the Argolid in the Dark Ages. Athens Annals of Archaeology, v. 13, p. 119-26, 1980.

LANGDON, S. Art and identity in Dark Age Greece, 1100-700 B.C.E. Cambridge: Cambridge University Press, 2008.

LANGDON, S. Beyond the grave: biographies from Early Greece. American Journal of Archaeology, v. 105, p. 579-606, 2001.

LEGRAND, P. E. «Notice sur l’Heraklès enfant de Théocrite» en Bucoliques grecs: Théocrite. Paris: Les Belles Lettres, 1925. v. 1.

MARQUES, A. E.; DAVID, G. Bases de dados relacionais enquanto ferramenta de investigação em História. In: Encontro Ibérico EDICIC 2013, VI: Globalização, Ciência e Informação. Atas... Porto: Faculdade de Letras da Universidade do Porto, 2013, p. 741-760.

MATTHEW, S. G. Conclusion: Wither to, ethnicity? Archaeological Review from Cambridge, v. 19, n. 2, p. 118-23, 2004.

MENESES, U. T. B. Cultura material no estudo das sociedades antigas. Revista de História, n. 115, p. 103-117, 1983.

MORRIS, I. Burial and ancient society after ten years. In: MARCHEGAY, S.; LE DINAHET, M.-T. ; SALLES, J.-F. (Ed.) Nécropoles et pouvoir: idéologies, pratiques et interprétations. Actes du Colloque Théories de la Nécropole Antique, Lyon 21-25 Janvier 1995. Paris: De Boccard, 1998, p. 21-36.

MORRIS, I. Burial and ancient society: the rise of the Greek city-state. Cambridge: Cambridge University Press, 1987.

MORRIS, I. Death-ritual and social structure in Classical Antiquity. Cambridge: Cambridge University Press, 1992.

MUNIZ, S. C. O. Núcleo Pedrinhas: história e imagem. In: FUNARI, P. P. A. (Org.). Cultura material e Arqueologia histórica. Campinas: Instituto de Filosofia e Ciências Humanas; Unicamp, 1998, p. 221-250.

NEILS, J. The loves of Theseus: an early cup by Oltos. American Journal of Archaeology, v. 85, n. 2, p. 177-179, 1981.

NEUSTUPNÝ, E. Archaeological method. Cambridge: Cambridge University Press, 1993.

ORSER Jr., C. E. Introducción a la Arqueología Histórica. Buenos Aires: Asociación Amigos del Instituto Nacional de Antropología, 2000.

PAPPI, E. Argive Geometric figured style: The rule and the exception. In: RYSTEDT, E.; WELLS, B. (Ed.). Pictorial pursuits: figurative painting on Mycenaean and Geometric pottery. Papers from two seminars at the Swedish Institute at Athens in 1999 and 2001. Stockholm: Swedish Institute at Athens, 2006, p. 229-237.

PAPPI, E.; TRIANTAPHILLOU, S. Mortuary practices and the human remains: a preliminary study of the geometric graves in Argos, Argolid. In: MAZARAKIS, A. A. (Ed.) The “Dark Ages” revisited. Acts of an International Conference in Memory of William D. E. Coulson. Volos: University of Thessaly Press, 2011, p. 673-688. v. II.

PEIXOTO, L. da S. Arqueologia e patrimônio: o urbano na ótica da cultura material. In: CERQUEIRA, F. V.; GUTIERREZ, E. J. B.; SANTOS, D. O. M. dos; MELO, A. D. de (Org.). Educação patrimonial: perspectivas multidisciplinares. Pelotas: Instituto de Memória e Patrimônio, 2008, p. 87-90.

PROTONOTARIOU-DEILAKI, E. Απο το Απγορ τος 8ος και 7ος ΑΙ II. X. Annuario della Scuola Archeologica di Atene e delle Missioni Italiane in Oriente, v. 60, p. 33-48, 1982.

PROTONOTARIOU-DEILAKI, E. Ππώϊμορ Γεωμετπικόρ Τάφορ εξ Άπγοςρ. Archaiologika Analekta ex Athenon, v. III, p. 180-83, 1970.

RADLEY, A. Artefactos, memória e sentido del passado. In: MIDDLETON, D.; EDWARD, D. (Org.) Memória compartida: la naturaleza social del recuerdo y del olvido. Buenos Aires: Paidos, 1992, p. 63-76.

RENFREW, C.; BAHN, P. Arqueología: teorías, métodos y práctica. Madrid: Akal, 1993.

SCHIFFER, M. B. Formation processes of the archaeological record. Salt Lake City: University of Utah Press 1996.

SNODGRASS, A. M. Archaeology and the emergence of Greece: collected papers on Early Greece and related topics (1965-2002). Edinburgh: Edinburgh University Press, 2006.

SNODGRASS, A. M. Homero e os artistas: texto e pintura na arte grega antiga. São Paulo: Odisseus, 2004.

SOUZA, C. D. As práticas mortuárias na região da Argólida entre os séculos XI e VIII a.C. São Paulo: Imprensa Oficial, 2011.

SOUZA, C. D. de. As práticas mortuárias na região da Argólida entre os séculos XI e VIII a.C. 2010. Tese (Doutorado em Arqueologia) – Programa de Pós-Graduação em Arqueologia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010. 3 v.

TRIGGER, B. G. História do pensamento arqueológico. São Paulo: Odysseus, 2004.

WHITLEY, J. Objects with attitude: biographical facts and fallacies in the study of Late Bronze Age and Early Iron Age warrior graves. Cambridge Archaeological Journal, v. 12, n. 2, p. 217-232, 2006.

WHITLEY, J. Social diversity in Dark Age Greece. Annual of the British School at Athens, v. 86, p. 341-365, 1991b.

WHITLEY, J. Style and society in Dark Age Greece: the changing face of a preliterate society. Cambridge: Cambridge University Press, 1991a.

WHITLEY, J. The Archaeology of Ancient Greece. Cambridge: Cambridge University Press, 2001.

Downloads

Publicado

30-12-2018

Como Citar

DIAS, Carolina Kesser Barcellos; SOUZA, Camila Diogo de; CERQUEIRA, Fábio Vergara. Cultura material, recursos digitais e conhecimento histórico: reflexões sobre a elaboração de bancos de dados para pesquisas em Arqueologia Clássica. Romanitas - Revista de Estudos Grecolatinos, [S. l.], n. 12, p. 24–57, 2018. DOI: 10.17648/rom.v0i12.23525. Disponível em: https://periodicos.ufes.br/romanitas/article/view/23525. Acesso em: 18 abr. 2024.

Edição

Seção

Dossiê: A escrita da História Antiga: conceitos, métodos e debates