Cipriano e o tratado De habitu uirginum: a construção de fronteiras entre as virgens cristãs e a busca pela pureza na igreja de Cartago (séc. III d. C.)

Autores

  • Carolline da Silva Soares

DOI:

https://doi.org/10.17648/rom.v0i1.6390

Palavras-chave:

Cipriano, Cartago, Virgens, Fronteiras, Pureza

Resumo

O tratado De habitu uirginum foi composto em 249 d. C. por Cipriano, bispo de Cartago entre 249 e 258.  Este opúsculo apresenta elogios feitos às virgens cristãs, tratadas como mulheres virtuosas, mas também assinala as cautelas e as prevenções que elas devem ter em relação às tentações do mundo, que podem levá-las a abandonar a pudicitia, considerada, pelo bispo, como algo excelso e primordial para o funcionamento da comunidade cristã. Nosso objetivo, nesse artigo, é analisar as admoestações e os códigos de conduta emanados por Cipriano em relação às virgens cristãs – por exemplo, os espaços da cidade que elas podiam ou não frequentar, bem como o modo que elas deviam se vestir e se portar –, como meio de estabelecer as fronteiras entre as “verdadeiras” virgens e preservar a pureza dentro da comunidade cristã cartaginesa de meados do século III d. C.

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Documentação primária impressa

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Publicado

30-06-2013

Como Citar

SOARES, Carolline da Silva. Cipriano e o tratado De habitu uirginum: a construção de fronteiras entre as virgens cristãs e a busca pela pureza na igreja de Cartago (séc. III d. C.). Romanitas - Revista de Estudos Grecolatinos, [S. l.], n. 1, p. 38–53, 2013. DOI: 10.17648/rom.v0i1.6390. Disponível em: https://periodicos.ufes.br/romanitas/article/view/6390. Acesso em: 26 abr. 2024.

Edição

Seção

Dossiê: Fronteiras entre o judaísmo e o cristianismo no Império Romano