“Aos pescadores, a modernidade!” A criação das colônias de pesca e o processo de estigmatização de pescadores artesanais

Autores

  • Carolina de Oliveira e Silva Cyrino

Resumo

As primeiras ações políticas de regulação da pesca foram iniciadas pela Marinha do Brasil, que percorreu o litoral brasileiro criando as primeiras colônias de pescadores, na primeira metade do século XX. A partir de estratégias desenvolvimentistas para a modernização da pesca, a instituição naval passou a regular não apenas a atividade pesqueira, como também os modos de vida dos pescadores. A modernidade é apresentada como ideal a ser alcançado, em seu aspecto civilizatório, visando atingir o progresso industrial da nação. As formas instituídas pelo Estado identificaram a atividade artesanal como atrasada e um obstáculo à modernidade, o que reforçou a equivocada compreensão de uma cisão entre o tradicional e o moderno, e uma visão estereotipada e estigmatizada dos pescadores. Estes passaram a serem vistos, então, como uma categoria limitada, incapaz de contribuir para o desenvolvimento do país, o que reforçou os direcionamentos das ações políticas subsequentes. A partir do viés da sociologia histórica, este estudo busca apresentar considerações sobre o processo de estigmatização dos pescadores artesanais, através da criação das colônias, a fim de refletir essa problemática para além da sua realidade imediata. Assim, entrelaçando sociologia e história, busca-se compreender de que modo essas estratégias desenvolvimentistas resultam nos processos de exclusão social de pescadores artesanais.

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Edição

Seção

Estudos socioambientais, culturas e identidades