Nos portões, lápides e cruzeiros das almas: rituais de Umbanda e multiplicidade cultural no cemitério público Santo Antônio, em Vitória- ES

Autores

  • Barbara Thompson UFBA

Resumo

Este artigo analisa rituais umbandistas que são realizados no cemitério Santo Antônio, localizado em Vitória-ES. O objetivo é compreender quais rituais umbandistas são realizados neste cemitério, percebendo como a umbanda capixaba atua em um espaço funerário e utiliza esta espacialidade como elemento estruturador de práticas ritualísticas. Os rituais ocorrem em três espaços do cemitério, os quais são: os portões, lápides e cruzeiro das almas. O cemitério Santo Antônio foi construído no início do século XX, sendo o mais antigo da cidade e formado por monumentos que exaltam as identidades de políticos notáveis da história capixaba. Ademais, nota-se neste espaço funerário a significativa presença de simbolismos católicos como santos e anjos. Assim, questiona-se como a umbanda, uma religião marginalizada, visto que invoca identidades de grupos invisibilizados, como caboclos e negros, se utiliza de um espaço público como o cemitério, sendo este um lugar que se ergueu com valores da burguesia e do catolicismo? O artigo enfatiza os conceitos de espaço público a partir dos autores DaMatta (2000) e Serpa (2004), para revisitar e atualizar a leitura de dados etnográfico sobre rituais umbandistas no cemitério. Tais dados foram coletados no meu mestrado, que se realizou nos anos de 2015 e 2016, sendo a pesquisa concluída no ano de 2017. Em suma, o cemitério torna-se campo de disputa, de multiplicidades e hibridismos entre forças sociais, e essas forças buscam perpetuar sua história e memória através de monumentos fúnebres e rituais à entidades espirituais.

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