DIAGNÓSTICOS MÉDICOS DA QUEIXA ESCOLAR: A MEDICALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO
Resumo
O objetivo desta pesquisa foi conhecer os diagnósticos e
encaminhamentos mais frequentes que vêm sendo elaborados pelos
profissionais de saúde de uma unidade de saúde pública do município de
Vitória, referentes a alunos da rede municipal, encaminhados com queixa
escolar e, a partir deles, compreender as concepções existentes entre os
profissionais de saúde que atendem esses alunos. Com o propósito de atingir
esse objetivo, realizamos uma pesquisa documental. Foi selecionada uma
escola pública municipal de ensino fundamental que apresentava alto índice de
reprovação, evasão e remanejamento. Após a análise da descrição dos
encaminhamentos de alunos com queixa escolar realizados pelos professores
dessa escola para serviços de saúde, o levantamento apontou que foram
encaminhados um total de 60 alunos, aproximadamente 10% dos alunos da
escola. Desses alunos, percebeu-se que a maioria correspondia ao sexo
masculino (65%). Em 90% dos casos de encaminhamento, os professores
alegaram dificuldade de aprendizagem ou falta de concentração dos alunos. Os
“motivos dos encaminhamentos”foram agrupados em três categorias: 1)
Dificuldades de aprendizagem, principalmente de leitura e escrita; 2)
Problemas de ordem comportamental ligados a “não aceitarem comandos e
não respeitarem regras e limites”; 3) Problemas relacionados à Hiperatividade e
Déficit de Atenção/Falta de Concentração. Os laudos médicos obtidos nos
serviços de saúde apresentam os seguintes diagnósticos: Transtorno de Déficit
de Atenção e Hiperatividade, Transtorno de Oposição Desafiadora e outros. Os
frequentes diagnósticos encontrados no campo pesquisado devem ser
observados por uma concepção de sofrimento, como resposta às
configurações da atualidade. Nesta perspectiva, acreditamos que a inflação de
diagnósticos encontrada denuncia contradições sociais não reconhecidas e
silenciadas pela via da medicalização. A nomeação do sofrimento é uma
determinação política que define seu tratamento e consequentemente políticas
públicas de educação que precisam ser questionadas.
Palavras chave: Problemas de aprendizagem, Fracasso Escolar e
Medicalização da Educação.
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