MULHERES E SELETIVIDADE PENAL: “RAÇA” E CLASSE NO ENCARCERAMENTO FEMININO

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22422/temporalis.2019v19n38p164-179

Resumo

O presente artigo tem como centralidade compreender alguns elementos das atuais condições e conjuntura do aprisionamento de mulheres no Brasil. Para isso, traz as principais características da população prisional feminina, visando refletir sobre os determinantes sociais e históricos que marcam estas mulheres. Conjuntamente, aborda-se temas relevantes para o desvelamento dos conceitos sustentados pelo Estado penal, demonstrando a contradição dos processos de criminalização de sujeitos. Busca-se suscitar uma reflexão sobre a seletividade penal do Estado, onde a criminalização perpassa marcadores de classe social, gênero, sexualidade, “raça”, entre outros. Esta seletividade demarca sujeitos puníveis e a perpetuação do encarceramento em massa da população negra. Tendo por base teórica o materialismo histórico, tal qual a compreensão de demais estruturas que compõe a sociabilidade capitalista, como o racismo, sexismo e outras opressões que marginalizam corpos não hegemônicos, o artigo intenciona contribuir com o debate sobre o tema, no campo do Serviço Social.

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Biografia do Autor

Ana Clara Gomes Picolli, Universidade Federal do Paraná - UFPR

Graduanda de Serviço Social da Universidade Federal do Paraná, Setor Litoral.

Silvana Marta Tumelero, Universidade Federal do Paraná - UFPR

Doutora em Serviço Social UFSC (2015). Professora da Universidade Federal do Paraná - UFPR, com atuação na Câmara de Graduação do Setor Litoral.

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Publicado

19-12-2019

Como Citar

Gomes Picolli, A. C., & Tumelero, S. M. (2019). MULHERES E SELETIVIDADE PENAL: “RAÇA” E CLASSE NO ENCARCERAMENTO FEMININO. Temporalis, 19(38), 196–211. https://doi.org/10.22422/temporalis.2019v19n38p164-179