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Sa�de sexual e reprodutiva de mulheres quilombolas do Goi�s

 

Sexual and reproductive health of quilombola women in Goi�s

 

Dalila Maria de F�tima LISBOA*

Descri��o: �cone

Descri��o gerada automaticamentehttps://orcid.org/0000-0001-9136-2557

 

Luc�lia Luiz PEREIRA**

Descri��o: �cone

Descri��o gerada automaticamentehttps://orcid.org/0000-0001-9722-143X

 

Resumo: O artigo tem como objetivo discutir a sa�de sexual e reprodutiva de mulheres quilombolas. A pesquisa, de car�ter qualitativo, foi realizada no Quilombo Mesquita, Goi�s, onde foram realizadas 10 entrevistas semiestruturadas com mulheres quilombolas entre fevereiro e abril de 2022. Como principais resultados destacam-se que as entrevistadas avaliam positivamente o acompanhamento do pr�-natal, mas apontam limita��es e/ou inexist�ncia de outros servi�os de sa�de sexual e reprodutiva, como o planejamento reprodutivo, os m�todos contraceptivos, as a��es de educa��o em sa�de, a infraestrutura da Unidade B�sica de Sa�de (UBS), os servi�os de contrarrefer�ncia para a realiza��o do parto etc. � importante fomentar estrat�gias para garantir os direitos sexuais e reprodutivos das mulheres quilombolas, respeitando a diversidade e buscando combater discrimina��es de g�nero e ra�a, intensificadas no Brasil devido � onda conservadora contempor�nea.

Palavras-chave: Mulheres. Quilombolas. Racismo. Sa�de sexual e reprodutiva.

 

Abstract: The article aims to discuss the sexual and reproductive health of quilombola women. The qualitative research was carried out at Quilombo Mesquita, Goi�s, Brazil, and 10 semi-structured interviews were carried out with quilombola women between February and April 2022. As main results, it is highlighted that the interviewees positively evaluate prenatal care but point out limitations and/or lack of other sexual and reproductive health services such as reproductive planning, contraceptive methods, health education actions, basic health unit infrastructure, counter-reference services for childbirth. It is important to promote strategies to guarantee the sexual and reproductive rights of quilombola women, respecting diversity and seeking to combat the gender and racial discrimination, which was intensified in Brazil due to the contemporary conservative wave.

Keywords: Women. Quilombolas. Racism. Sexual and reproductive health.

 

Submetido em: 31/8/2022. Revisto em: 28/2/2023 e 25/3/2023. Aceito em: 31/3/2023.

 

 

 

 

Introdu��o

 

O

presente estudo objetivou discutir a sa�de sexual e reprodutiva de mulheres quilombolas de Mesquita-Goi�s, dando destaque aos direitos dessas mulheres ao acesso aos servi�os de sa�de ofertados pelo Sistema �nico de Sa�de (SUS). O Quilombo Mesquita est� situado na Cidade Ocidental, a aproximadamente 40 km de Bras�lia (DF), Capital Federal, e a 205 km da capital do Estado de Goi�s, Goi�nia.Ele surgiu no s�culo XVIII e tem aproximadamente 277 anos de exist�ncia. A hist�ria do quilombo � relatada principalmente por tradi��o oral. Os quilombolas narram que tr�s escravas herdaram as terras da fam�lia portuguesa Mesquita, e essas escravas deram origem aos quatro troncos geneal�gicos: Pereira Braga, Pereira Dutra, Teixeira Magalh�es e Lisboa da Costa.

 

O quilombo tem cerca de 700 fam�lias quilombolas. A pesquisa contou com a participa��o de 10 mulheres que realizaram acompanhamento pr�-natal na Unidade B�sica de Sa�de (UBS), localizada na comunidade. Sendo assim, buscou-se realizar an�lise sobre os mecanismos de promo��o da sa�de integral das mulheres quilombolas no per�odo reprodutivo, bem como o enfrentamento do racismo institucional que permeia a vida delas e a supera��o de barreiras estruturais que prejudicam o acesso aos servi�os de sa�de.

 

A discuss�o sobre acesso � sa�de aponta a necessidade de reconhecer o racismo como um determinante dos processos de sa�de e doen�a, estando ainda fortemente presente na vida dos quilombolas, influenciando no acesso aos bens p�blicos e criando impedimentos para o usufruto dos direitos sociais. O Brasil tem uma legisla��o que n�o realiza distin��o entre a popula��o para acessar servi�os e programas de sa�de em fun��o dos princ�pios de universalidade e equidade, preconizados pelo SUS. No entanto, apesar da garantia legal, o acesso se torna desigual em decorr�ncia de iniquidades sociais e raciais, ainda fortemente presentes no contexto brasileiro (BATISTA; MONTEIRO; MEDEIROS, 2013; INSTITUTO DE ESTUDOS SOCIOECON�MICOS, 2020).

 

Assim, a Pol�tica Nacional de Sa�de Integral da Popula��o Negra (PNSIPN), bem como a Pol�tica Nacional de Aten��o � Sa�de dos Povos Ind�genas e a Pol�tica Nacional de Sa�de Integral das Popula��es do Campo, da Floresta e das �guas foram criadas com o objetivo de possibilitar o acesso aos servi�os de sa�de pela popula��o negra, ind�gena, quilombola, popula��es do campo, dentre outras, buscando viabilizar o atendimento de necessidades espec�ficas destes segmentos populacionais.

 

A popula��o quilombola � um segmento populacional que vivencia inequidades no acesso � sa�de, por isso, na formula��o e na implementa��o de programas de sa�de � importante considerar o contexto que permeia a vida dessa popula��o. No caso das mulheres quilombolas, os processos socioecon�micos e culturais contribuem para as desigualdades em sa�de e para a menor qualidade da aten��o, inclusive no que diz respeito aos direitos sexuais e reprodutivos.

 

2 Racismo estrutural e direito � sa�de das mulheres negras quilombolas

 

A PNSIPN visa a combater as desigualdades no SUS e promover a sa�de das pessoas negras de forma integral. Destaca-se que a aprova��o da PNSIPN � fruto das lutas e das mobiliza��es realizadas pelo movimento negro e pela sociedade civil organizada, com representantes tamb�m das popula��es quilombolas. De acordo com Ara�jo e Teixeira (2022), �[...] as lideran�as desenvolveram concep��es sobre o processo sa�de doen�a a partir da no��o de racismo estrutural, o que orientou a elabora��o de uma agenda pol�tica, a defini��o e articula��o das alian�as estrat�gicas e as formas de atua��o na esfera p�blica� (ARA�JO; TEIXEIRA, 2022, p. 1).

 

Destaca-se que a PNSIPN se configura como um marco no reconhecimento pelo poder p�blico da presen�a do racismo estrutural e institucional e da necessidade de implementar a��es para enfrentar as inequidades raciais no SUS. Para Almeida (2019),

 

O racismo � uma decorr�ncia da pr�pria estrutura social, ou seja, do modo �normal� com que se constituem as rela��es pol�ticas, econ�micas, jur�dicas e at� familiares, n�o sendo uma patologia social e nem um desarranjo institucional. O racismo � estrutural. Comportamentos individuais e processos institucionais s�o derivados de uma sociedade cujo racismo � regra e n�o exce��o (ALMEIDA, 2019, p. 33).

 

Esse racismo estrutural, que Almeida (2019) reitera fazer parte da organiza��o econ�mica e pol�tica brasileira, contribui para que determinados grupos sociais fiquem em situa��o de desvantagem em rela��o ao acesso aos servi�os de sa�de. Conforme Theodoro (2014), a diversidade � transformada pelo racismo em desigualdade, pois opera a partir de uma escala de valores que s�o tornados aceit�veis socialmente e at� mesmo justific�vel a distribui��o desigual de privil�gios. Para o autor, �[...] o racismo est� presente no cotidiano das rela��es sociais, funcionando como um filtro social, fortalecendo ou cerceando oportunidades, moldando e refor�ando os pilares de acesso e exclus�o� (THEODORO, 2014, p. 214).Essa desigualdade racial influencia no acesso diferenciado �s pol�ticas p�blicas, principalmente de sa�de.

 

De acordo com Arruda (2021),

 

O racismo estrutural esconde-se ao mesmo tempo em que se manifesta nas institui��es e pessoas, afetando religiosidades, sexualidades, territorialidades; produz sofrimento ps�quico, etc. Quando se banaliza, se torna consentido pelos pares e at� mesmo pelo silenciamento daqueles que n�o concordam. At� mesmo pela rela��o de g�nero, o racismo estrutural n�o se manifesta da mesma forma com os sujeitos (ARRUDA, 2021, p. 515).

 

Dessa forma, se faz necess�rio discutir sobre o racismo estrutural � luz dos direitos das mulheres negras quilombolas, pois essa forma de inferioriza��o est� imbricada de elementos opressores que d�o sustenta��o e propiciam a cristaliza��o de fatores excludentes para essas mulheres. S�o esses desdobramentos que marginalizam e reconfiguram essa popula��o cotidianamente.

 

As mulheres negras quilombolas vivem em constantes desvantagens relacionadas � explora��o e � discrimina��o, que s�o traduzidas em desigualdades sociais. As viol�ncias e opress�es s�o obst�culos ao desenvolvimento identit�rio, tanto individual quanto coletivo. O enfrentamento do preconceito s� � poss�vel com a cria��o de pol�ticas p�blicas que atendam a popula��o negra e um conjunto de a��es que tenham por objetivo a consolida��o e o enfrentamento do racismo.

 

� importante compreender os direitos � sa�de das mulheres negras quilombolas com base nos princ�pios do SUS de universalidade, integralidade e equidade. A PNSIPN pontua, em um dos seus objetivos espec�ficos, a garantia e a amplia��o do acesso da popula��o negra e das florestas, em particular as popula��es quilombolas, �s a��es e aos servi�os de sa�de (BRASIL, 2017).

Garantir aten��o � sa�de das popula��es quilombolas tamb�m exige conhecimento das especificidades desse segmento populacional, uma vez que muitos de seus cuidados de sa�de s�o praticados a partir de conhecimentos e mem�rias que herdaram dos antepassados. Tais mem�rias s�o preservadas por meio de medicina popular. Assim, � importante que os servi�os de sa�de compreendam tais pr�ticas ancestrais e de cuidado para que as/os quilombolas n�o sejam exclu�das/os dos processos de aten��o � sa�de ofertados pelo SUS.

 

As representa��es do ser quilombola est�o fortemente atreladas � identidade �tnica e vinculadas com o direito � terra. Essas comunidades s�o constitu�das de descendentes de africanos que se organizaram e �[...] reivindicam o direito � perman�ncia e ao reconhecimento legal de posse das terras ocupadas e cultivadas para moradia e sustento, bem como o livre exerc�cio de suas pr�ticas, cren�as e valores considerados em sua especificidade� (LEITE, 2000, p. 334).

 

A pesquisadora Leite (2000) discute a constru��o da territorialidade e busca da identidade quilombola, dois conceitos intimamente relacionados. Ao falar em identidade, compreende que ela � fruto de a��es coletivas dos sujeitos sociais. As comunidades t�m como marco principal a territorialidade. A terra tem um significado muito importante, pois ela � fonte de sustento e resist�ncia dos povos quilombolas. A Constitui��o Federal traz no artigo 68, situado nas Disposi��es Transit�rias, o reconhecimento da propriedade de terras para as comunidades quilombolas. Essa conquista foi fruto das lutas pol�ticas, tanto dos negros quilombolas quanto dos movimentos sociais.

 

As comunidades quilombolas possuem expressivas desigualdades socioecon�micas se comparadas �s popula��es urbanas, maiores �ndices de doen�as cr�nicas e, ao mesmo tempo, possuem um acesso restrito a servi�os de sa�de (ARRUTI et al., 2021; SILVA; SOUZA, 2021). Ao falarmos sobre a representa��o nacional desse grupo populacional, � importante destacar que, de acordo com estimativa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (2019), h� 5.972 localidades quilombolas do pa�s, em todas as regi�es brasileiras.

 

A demarca��o do territ�rio das comunidades quilombolas � um instrumento legal e normativo importante para conquistas de pol�ticas p�blicas que atendam �s suas demandas, por exemplo, a disponibilidade de equipamentos sociais, tais como as UBS. Contudo, destaca-se a necessidade de garantir que os conhecimentos sobre ci�ncia estejam associados aos saberes tradicionais das pessoas quilombolas, a fim de preservar as suas necessidades espec�ficas e o direito � sa�de.

 

Portanto, observa-se a import�ncia fundamental da implementa��o de pol�ticas sociais que tenham capacidade de melhorar as condi��es de vida e sa�de da popula��o quilombola, levando em considera��o que grande parte dessas popula��es vivem em �reas rurais, necessitando de melhorias na infraestrutura e em a��es de aten��o � sa�de.

 

3 Direitos sexuais e reprodutivos de mulheres quilombolas

 

As mulheres quilombolas est�o inseridas em um coletivo, onde a concep��o de sa�de dialoga fortemente com as particularidades �tnicas e de conhecimento ancestral. Assim, a aten��o � sa�de desse segmento exige uma aproxima��o e conhecimento com os modos de vida, buscando respeitar essas especificidades e atender suas demandas de sa�de a partir dos servi�os que s�o ofertados. Para Gomes, Gurgel e Fernandes (2021), �A compreens�o de sa�de dos quilombolas est� relacionada ao conceito de sa�de integral, considerando a totalidade dos elementos que se relacionam e modificam o estado de sa�de das pessoas� (GOMES; GURGEL; FERNANDES, 2021, p. 6).

 

Ao abordarmos os direitos sexuais e reprodutivos de mulheres quilombolas, faz-se necess�rio compreender o contexto mais amplo da inser��o dessa pauta dos direitos humanos, uma vez que tais direitos s�o fruto de conquistas hist�ricas e da luta pela cidadania. Esses direitos s�o, portanto, reconhecidos a partir dos seus valores democr�ticos e da inser��o na agenda pol�tica de direitos nacionais e internacionais. A Confer�ncia Internacional de Popula��o e Desenvolvimento, realizada no Cairo em 1994, foi um marco importante na defini��o dos direitos sexuais e reprodutivos como uma extens�o dos direitos humanos (GALLI; ROCHA, 2014).

 

De acordo com �vila (2003), os direitos reprodutivos est�o voltados para a igualdade e a liberdade na esfera da vida reprodutiva e os direitos sexuais se relacionam mais diretamente � igualdade e � liberdade no exerc�cio da sexualidade. Tais direitos quando compreendidos como algo prescritivo e normativo, a partir de modelos e regras para o exerc�cio da sexualidade e da vida reprodutiva, s�o transformados em algo repressivo, negando e cerceando direitos.

 

No cen�rio pol�tico atual, combina-se o conservadorismo com ideologias religiosas, resultando em uma desprote��o dos direitos sexuais e reprodutivos. O governo Bolsonaro tem imposto uma pauta moralista e religiosa, amea�ando direitos conquistados historicamente e ferindo o princ�pio da laicidade do Estado (RAMOS, 2020).

 

Sustenta-se uma bandeira de defesa da fam�lia e da moral, impondo retrocessos � pauta dos movimentos feministas de garantia dos direitos sexuais e reprodutivos. Esse conservadorismo pol�tico impacta na disponibilidade de pol�ticas sociais, inclusive na �rea de sa�de, trazendo preju�zos � amplia��o de servi�os voltados � sa�de sexual e reprodutiva das mulheres.

 

A perspectiva feminista compreende que deve ser assegurada a autonomia tanto da esfera sexual quanto reprodutiva. Isso permite relacionar essas duas dimens�es �s v�rias outras da vida social. O direito � autonomia das mulheres permite o rompimento com a vis�o conservadora da associa��o intr�nseca entre sexualidade e reprodu��o. O que se observa � a import�ncia do rompimento de regras e tabus que t�m como premissa controlar e reprimir as experi�ncias das mulheres em rela��o a sua sexualidade e reprodu��o. Essas regras s�o express�es do controle, fruto de uma sociedade patriarcal (�VILA, 2003).

 

As mulheres n�o disp�em das mesmas condi��es para exercer seus direitos (OLIVEIRA; KUBIAK 2009). No caso das mulheres negras e quilombolas, h� diversas formas de opress�o que se intercruzam gerando desvantagens no acesso a bens e servi�os, dificultando a garantia dos direitos sexuais e reprodutivos. De acordo com Pereira e Ferreira (2016):

 

A hist�ria do planejamento reprodutivo das mulheres quilombolas mostra como vivenciaram suas experi�ncias reprodutivas, submetidas �s condi��es desfavor�veis, como gravidez n�o planejada e acesso restrito aos servi�os de Aten��o B�sica � sa�de, assim como, o acesso precarizado aos servi�os de sa�de no per�odo grav�dico-puerperal (PEREIRA; FERREIRA, 2016, p. 47).

 

S�o direitos extensivos tamb�m � pol�tica de sa�de no sentido de promover a��es e servi�os para garantir justi�a social. Nesse sentido, a formula��o e a execu��o de a��es em sa�de devem considerar as desigualdades de g�nero, classe, ra�a e orienta��o sexual, para garantir equidade na aten��o � sa�de. Segundo �vila (2003, p. 468), �Gravidez, parto, puerp�rio, aleitamento materno, concep��o, contracep��o, aborto, doen�as sexualmente transmiss�veis e viol�ncia sexual s�o quest�es cruciais que hoje est�o colocadas para a pol�tica de sa�de�.

 

Ao discutir os direitos sexuais e reprodutivos das mulheres negras � importante ressaltar que elas sofrem diariamente com o racismo institucional nos servi�os de sa�de. Isso demonstra a viola��o dos corpos negros e de seus direitos reprodutivos e se manifesta na viol�ncia obst�trica que permeia a vida dessas mulheres. Para Santos et al. (2019), as mulheres negras

 

[...] s�o as principais v�timas da neglig�ncia e das viola��es em torno dos direitos e da sa�de reprodutivos e sexuais e essa mudan�a de paradigma se faz necess�ria devido � complexidade da quest�o e aos enormes tabus que ela enfrenta sob os mais variados aspectos, e que influenciam na sa�de e bem-estar (SANTOS et al., 2019, p. 6).

 

A partir da compreens�o dos direitos sexuais e reprodutivos como campo de atua��o das pol�ticas de sa�de, � indispens�vel o debate da sa�de sexual e reprodutiva das mulheres quilombolas. � tamb�m necess�rio abarcar as no��es de liberdade e autonomia articuladas com as condi��es de renda, considerando os marcadores sociais de g�nero e ra�a. Dados de Fernandes et al. (2020) apontam que

 

A influ�ncia das caracter�sticas sociodemográficas no acesso das mulheres aos exames preventivos de sa�de determina a exposi��o das mulheres negras ao acesso desqualificado aos servi�os de sa�de. Isso pode ser observado tamb�m entre as quilombolas, que apresentam dificuldades de acesso aos exames preventivos inclu�dos no rol de atendimento do programa de aten��o à mulher (FERNANDES et al., 2020, p.5).

 

Dessa forma, o acesso limitado aos servi�os de sa�de pode aumentar o risco de viv�ncia de gesta��es n�o planejadas, de doen�as sexualmente transmiss�veis, da n�o escolha do m�todo contraceptivo, dentre outros. Destaca-se tamb�m, como aponta Pereira (2017), que as caracter�sticas geogr�ficas da popula��o rural, a escassez de profissionais para trabalhar nas �reas rurais, bem como a dist�ncia das unidades de sa�de dificultam o acesso da popula��o quilombola aos cuidados e aos equipamentos do SUS. Portanto, faz-se necess�rio reduzir as disparidades raciais na promo��o dos servi�os de sa�de e garantir os direitos sexuais e reprodutivos das mulheres quilombolas.

 

4 Dos procedimentos metodol�gicos

 

Os resultados apresentados neste artigo s�o parte dos dados coletados na pesquisa de campo realizada durante o mestrado de uma das autoras, para a elabora��o de sua disserta��o. A pesquisa foi realizada com mulheres em idade reprodutiva que realizaram pr�-natal na Comunidade Quilombola de Mesquita, situada no munic�pio de Cidade Ocidental (GO). O projeto de pesquisa foi submetido ao Comit� de �tica em Pesquisa em Ci�ncias Humanas e Sociais (CEP/CHS) e aprovado, tendo como parecer o n� 4.939.348. Foram realizadas 10 entrevistas semiestruturadas a partir de uma perspectiva decolonial e sob a coordena��o de uma das autoras, mulher negra quilombola. As entrevistas ocorreram, de forma presencial, entre os meses de fevereiro e abril de 2022. Tendo em vista a pandemia de Covid-19, � importante esclarecer que foram tomados os cuidados necess�rios, como o distanciamento e uso de m�scaras e �lcool em gel, tanto por parte da pesquisadora, quanto pelas mulheres entrevistadas.

 

A perspectiva decolonial tem por objetivo o afastamento de pressupostos de origem da ci�ncia euroc�ntrica e a constru��o de conhecimento tendo como foco a realidade latino-americana. Ela visa atender os objetivos do pesquisador e do pesquisado, estabelecendo uma rela��o interdependente entre eles. A decolonialidade possibilita responder demandas das classes oprimidas, n�o sendo essas classes apenas objeto de pesquisa. A pesquisa pode contribuir para dar respostas �s reivindica��es que surgem a partir de demandas dos sujeitos pesquisados.

 

Sendo assim, as sujeitas da pesquisa foram mulheres quilombolas em idade reprodutiva, e as entrevistas foram conduzidas a partir do di�logo sobre acesso � sa�de, com foco nas demandas relacionadas � sa�de sexual e reprodutiva e barreiras sociais, econ�micas e demogr�ficas que dificultam o acesso aos servi�os de sa�de. As 10 mulheres entrevistadas tinham idade entre 26 e 40 anos, todas moradoras do Quilombo Mesquita. Das 10 (dez), 4 (quatro) eram solteiras, 1 (uma) divorciada, 4 (quatro) casadas e 1 (uma) em uni�o est�vel. Algumas solteiras vivem com companheiros, mas n�o os declararam na pesquisa.

 

Sobre o n�vel de escolaridade, verifica-se que a maioria das entrevistadas possu�a o ensino m�dio completo (6); 1 (uma), o ensino superior incompleto; 2 (duas), o ensino superior completo; e 1 (uma), o ensino fundamental incompleto. A maior dificuldade para a conclus�o do ensino m�dio � o fato de n�o ter escola na comunidade para esse n�vel educacional. Em rela��o � inser��o no mercado de trabalho, a maioria n�o est� inserida no mercado formal. Das que exercem atividades laboral remunerada, 1 (uma) � servidora p�blica do munic�pio; 1 (uma) trabalha por contrato no munic�pio; 1 (uma) � atendente em um com�rcio da comunidade, sem contrato formal de trabalho; e 1 (uma) realiza di�rias no com�rcio local aos finais de semana.

 

5 Resultados

 

Verificou-se que as mulheres quilombolas da Comunidade Mesquita enfrentam diversas barreiras, e isso contribui para o aumento da vulnerabilidade social, por isso, a import�ncia do desenvolvimento de pol�ticas que t�m como perspectiva a justi�a social e a garantia de direitos, de modo que elas acessem aos servi�os ofertados pelo Estado.

 

A Comunidade do Mesquita tem uma UBS, que � o �nico equipamento social de sa�de, no territ�rio. As mulheres quilombolas informaram que buscam a UBS para atender as demandas mais simples e que podem ser resolvidas na comunidade. Dentre essas demandas, foram citadas resfriado, dor de cabe�a, dor de garganta, vacinas, pr�-natal e exames b�sicos. Para as entrevistadas, os servi�os de sa�de que s�o ofertados atendem as necessidades em sa�de das mulheres, mas com limita��es.

 

De acordo com a entrevistada 10, �Coisas de rotina, fazer um exame de rotina como sangue, fezes e urina, vacinas, que � uma coisa r�pida, vai ali no posto�.

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Quanto ao tema relacionado � sa�de sexual e reprodutiva, as mulheres buscam atendimento para o pr�-natal e para realiza��o de consultas preventivas e acompanhamentos de sa�de. Em rela��o aos atendimentos b�sicos do pr�-natal e p�s-parto, t�m-se o acolhimento, acompanhamento de pr�-natal, avalia��o da m�e e do beb� ap�s alta da maternidade, acompanhamento e aten��o � gestante, coleta de alguns exames laboratoriais, entrega de insumos b�sicos, dentre outros.

 

Em rela��o ao pr�-natal, todas as mulheres afirmam ter utilizado a UBS da comunidade para o acompanhamento. Para a maioria das entrevistadas, � importante o acompanhamento para que, em caso de gravidez de risco, essa situa��o seja detectada no in�cio, pois isso possibilita que elas n�o tenham a gravidez interrompida por falta de atendimento ou a morte do filho ap�s o nascimento. Grande parte das mulheres quilombolas tem a percep��o de que o atendimento do pr�-natal da UBS � bom, no entanto, ressalta a dificuldade para realizar determinados exames durante o acompanhamento. Apesar da avalia��o positiva dos atendimentos na UBS, destaca-se o fato de n�o estarem satisfeitas com os servi�os disponibilizados, relatando a falta de infraestrutura e de disponibiliza��o de maior n�mero de servi�os, a alternativa, acaba sendo, a procura de atendimento na sede do munic�pio e nas Regi�es Administrativas de Bras�lia.

 

A entrevistada 2 afirma que, �O atendimento dele � muito bom, a �nica coisa que falta � exame, alguns exames que n�o t�m, que a gente tem que procurar no particular.�

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Al�m disso, uma das mulheres, entrevistada 4, teve uma gravidez de risco e acredita que a falta de recursos nos atendimentos da UBS colocou em risco tanto a sa�de dela quanto do beb�.

 

[...] aqui no posto � muito fraco, fraco mesmo a gente � atendida mais pela enfermeira do que pelo m�dico, ela num � obstetra e como minha gravidez foi de alto risco... Ent�o num tem recurso nenhum, toda vez que eu conhe�o alguma menina gr�vida que � de alto risco eu falo: n�o vai para o Mesquita porque l� n�o tem planejamento, l� eles n�o conseguem avaliar uma gravidez de alto risco (Entrevistada 4).

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Na avalia��o das mulheres entrevistadas, a UBS da comunidade n�o realiza algumas a��es importantes relacionadas � sa�de sexual e reprodutiva, como, por exemplo, a��es voltadas para o planejamento reprodutivo, a inser��o de Dispositivo Intrauterino (DIU), informa��es sobre os m�todos contraceptivos ofertados pelo SUS, tais como entrega de preservativos, p�lulas, dentre outros. Ressaltam tamb�m falta de informa��es sobre os servi�os e onde est�o disponibilizados. Portanto, o acesso �s informa��es e a falta de servi�os e infraestrutura se configuram como barreiras da aten��o � sa�de sexual e reprodutiva das mulheres quilombolas. Outro problema destacado pelas entrevistadas � a falta de disponibilidade de profissionais especializados para atender as demandas das gestantes, pois o munic�pio tem apenas um profissional referenciado.

 

Ressalta-se que o planejamento � uma ferramenta fundamental para a garantia dos direitos reprodutivos, pois ele contribui para entender dimens�es relacionadas ao processo reprodutivo e aos meios saud�veis para uma sa�de sexual de qualidade. O planejamento reprodutivo possibilita �s mulheres ter autonomia em rela��o � quantidade de filhos, bem como conhecimento sobre reprodu��o e direitos. Envolve a sa�de da mulher, do homem e da crian�a. Ele deve levar em considera��o o contexto social, econ�mico e o poder de decis�o de cada indiv�duo, sendo esses orientados sem discrimina��o, viol�ncia ou coer��o.

 

Nota-se que a utiliza��o dos servi�os de sa�de requer vencer diversos desafios. Sendo assim, Pereira (2016) afirma que a

 

[...] utiliza��o nos servi�os de sa�de por diferentes grupos populacionais se configura como um grande desafio para o sistema de sa�de, no caso das mulheres quilombolas, as condi��es geogr�ficas e s�cio-organizacionais contribuem para um menor acesso e uso dos servi�os de sa�de (PEREIRA, 2016, p. 27).

A autora faz men��o sobre os desafios enfrentados pelas mulheres quilombolas na utiliza��o dos servi�os de sa�de, pois s�o apresentadas as mais variadas barreiras de acesso a eles e isso impossibilita o atendimento integral.

 

Uma das estrat�gias a ser adotada no enfrentamento desses desafios � o desenvolvimento de a��es de educa��o em sa�de, pois pode contribuir para que essas mulheres quilombolas compreendam seus direitos relacionados � sa�de sexual e reprodutiva, bem como as formas de acesso e utiliza��o dos servi�os de sa�de. No entanto, a infraestrutura de equipamentos de sa�de na comunidade e na sede do munic�pio s�o insuficientes, dificultando a realiza��o de a��es mais efetivas.

 

As entrevistas abordaram tamb�m a quest�o do preconceito racial nos atendimentos. No Brasil, persistem mitos raciais, como, por exemplo, o pensamento de que mulheres negras s�o mais resistentes � dor. Esse mito influencia a forma de tratamento que a popula��o negra recebe nas institui��es de sa�de, inclusive no momento da gesta��o, no pr�-natal ou no parto, momento em que necessitam de cuidados e aten��o, mas, muitas vezes, sofrem viol�ncia f�sica e/ou psicol�gica por profissionais que deveriam prestar acolhimento. Sobre o racismo, uma fala bastante marcante foi da entrevistada 7, na qual relata uma situa��o de discrimina��o que vivenciou:

 

Eu acho pra mim uma falta de respeito com as pessoas porque voc� chega ali para consultar, n�o pra voc� ser atendida e a pessoa virar, pega faz sua ficha, voc� sai pra fora e a pessoa fica falando de voc�. Eu acho isso errado, porque v�rias vezes j� aconteceu isso comigo l� [na UBS Quilombola], quando eu fui para tirar os pontos [do parto cesariana] l�, eu fui pra sala da enfermeira [...] tirei os pontos. Eu mal sa� da sala, ela j� come�ou a falar de mim, que eu tava com mal cheiro. Eu simplesmente sa� chateada. Eu s� nunca falei isso pra ningu�m! Eu sa� chateada, eu falei: se isso continuar, eu vou ter que ir l� na Secretaria de Sa�de e denunciar a [...] porque ela fica falando mal dos pacientes dela, da onde j� se viu isso? (Entrevistada 7).

 

Verifica-se que as mulheres quilombolas sofrem discrimina��es raciais, sociais, de g�nero, e essa realidade repercute negativamente em todas as dimens�es da vida delas. As condi��es econ�micas, sociais, culturais e ambientais s�o fatores que est�o ligados diretamente ao acesso das mulheres negras aos servi�os de sa�de (GOES; NASCIMENTO, 2013).

 

Nesse sentido, as mulheres da comunidade quilombola do Mesquita enfrentam diversas barreiras no acesso aos servi�os e �s a��es de sa�de. Em rela��o a essas barreiras, podem destacar as sociais e econ�micas, tais como a escolaridade e a baixa autonomia financeira. Compreende-se que as barreiras sociais, socioecon�micas e demogr�ficas s�o um entrave no acesso aos servi�os de sa�de. Sendo assim, � importante que as pol�ticas sociais busquem atender as demandas em sa�de e os direitos sociais da popula��o quilombola. Pensar a��es para enfrentar tais empecilhos s�o fundamentais para promover autonomia das mulheres quilombolas em rela��o a sua reprodu��o.

 

Para reduzir essas barreiras � importante conhecer e respeitar os saberes e as viv�ncias dos antepassados aprendidos pelas mulheres quilombolas. As do Quilombo Mesquita fazem uso de benze��o e medicamentos caseiros para atender suas demandas e cuidados em sa�de. Os benzedeiros e as benzedeiras da comunidade cuidam tanto da sa�de espiritual quanto f�sica. Utilizam da benze��o e de medicamentos caseiros, tais como ch�s, banhos, unguentos, rezas, garrafadas, entre outros, no tratamento da sa�de sexual e reprodutiva.

A entrevistada 10 afirma que na comunidade h� pessoas que benzem e que j� utilizou desse m�todo popular:

 

Quando eu estava querendo engravidar n�, tava demorando muito, a� eu fui num senhor que tem aqui na comunidade e ele me benzeu e falou que eu tinha que tomar uma garrafada, pra poder fazer a limpeza do �tero, pra abrir os caminhos, para que eu conseguisse engravidar. E a� eu tomei a garrafada, tr�s vezes ao dia. Ele faz uma ora��o na gente, a garrafa e a gente toma. E a� pouco tempo depois eu engravidei (Entrevistada 10).

 

A partir disso, observa-se que essas mulheres utilizam dos saberes populares no atendimento das suas demandas em rela��o � sa�de sexual e reprodutiva. As principais ervas utilizadas s�o barbatim�o para banho de assento, camomila, melaleuca, losna brava, folha de amora, entre outros. As garrafadas s�o preparadas por pessoas da comunidade que conhecem as ervas e a fun��o de cada uma. Nota-se que os saberes populares t�m forte presen�a tanto na vida como na cultura das mulheres quilombolas e s�o muito importantes para a preserva��o da cultura e dos saberes populares.

 

� importante afirmar que a aten��o � sa�de sexual e reprodutiva deve estar vinculada e ser garantida prioritariamente na aten��o b�sica, pois essas a��es contribuem para melhorias da sa�de da popula��o quilombola. Deve haver oferta de servi�os que tenham como princ�pio b�sico a garantia dos direitos sexuais e reprodutivos, bem como estar em conformidade com a promo��o da igualdade de g�nero, ra�a, classe e orienta��o sexual. Pode tamb�m possibilitar diminui��o do racismo institucional nos servi�os e a��es de sa�de, pois as mulheres negras devem ter a garantia de direitos sexuais e reprodutivos pelos servi�os de sa�de.

 

6 Considera��es finais

 

Os dados apresentados apontam limita��es na disponibilidade e na utiliza��o dos servi�os p�blicos de sa�de pelas mulheres quilombolas, uma situa��o permeada por desigualdades sociais, raciais e de g�nero. A desvantagem no acesso � sa�de, considerando a realidade de outras mulheres urbanas e brancas, o racismo apontado nas entrevistas e o cen�rio conservador t�m impactado na implementa��o das pol�ticas de sa�de, j� garantidas como direito, fato que tem ocasionado retrocessos nos acessos aos direitos sexuais e reprodutivos das mulheres do quilombo Mesquita. De acordo com esse quadro, persistem ideias racistas que trazem efeitos negativos na forma de atendimento e tratamento, especialmente quando se trata dos direitos sexuais e reprodutivos dessas mulheres.

 

Os achados da pesquisa apontaram que elas avaliam positivamente o acompanhamento do pr�-natal, mas, por outro lado, indicaram limita��es nos demais servi�os de sa�de sexual e reprodutiva, como o planejamento reprodutivo, os m�todos contraceptivos, os exames do pr�-natal, as a��es de educa��o em sa�de, a infraestrutura da UBS e os servi�os de refer�ncia para a realiza��o do parto. Desta forma, identificou-se que as mulheres quilombolas encontram dificuldades para utilizar os servi�os de sa�de sexual e reprodutiva. A quest�o geogr�fica tamb�m � um elemento importante, uma vez que a localiza��o na �rea rural traz limita��es para acessar os servi�os de sa�de, devido � dist�ncia do territ�rio quilombola da sede do munic�pio e dos hospitais especializados. Al�m disso, o transporte e o deslocamento para os equipamentos de sa�de s�o um entrave devido �s quest�es econ�micas.

 

Diante disso, � importante dar visibilidade �s demandas que surgem a partir das viv�ncias das mulheres quilombolas. � preciso demonstrar que as fragilidades estruturais, o racismo institucional e as viola��es de direitos est�o presentes no cotidiano das mulheres negras que residem na comunidade quilombola do Mesquita. Elas buscam cuidados em sa�de no SUS, mas tamb�m buscam os recursos nos saberes populares como benze��o, garrafadas, dentre outros, como forma de atender �s demandas, principalmente em rela��o � sa�de sexual e reprodutiva.

 

Portanto, espera-se que este estudo possa contribuir para que novas discuss�es sobre direitos sexuais e reprodutivos das mulheres quilombolas sejam pautadas na agenda pol�tica e forne�am possibilidades para que essas mulheres quilombolas saiam da invisibilidade e tornem-se protagonistas dos seus direitos.

 

� de suma import�ncia a movimenta��o junto ao Poder P�blico para fortalecer a Pol�tica Nacional de Sa�de Integral da Popula��o Negra como estrat�gia para garantir o acesso universal, integral e equitativo aos servi�os de sa�de. Pontua-se tamb�m a necessidade de ampliar as a��es de educa��o em sa�de e a participa��o de usu�rias e usu�rios quilombolas para fomentar estrat�gias para garantir o direito � sa�de e os direitos sexuais e reprodutivos das mulheres quilombolas, respeitando a diversidade e buscando combater as discrimina��es de g�nero e ra�a persistentes e intensificadas no Brasil devido principalmente � onda conservadora contempor�nea.

 

Refer�ncias

 

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Dalila Maria de F�tima LISBOA Trabalhou na concep��o, an�lise e interpreta��o dos dados e reda��o do artigo. Revis�o e aprova��o da vers�o final.

Possui gradua��o em Servi�o Social pela Universidade de Bras�lia (2012). Atualmente � assistente social no Tribunal de Justi�a do Distrito Federal e Territ�rios, atuando principalmente com temas relacionado a crian�as e adolescentes v�timas/testemunhas de viol�ncia (abuso sexual e maus-tratos). Pesquisadora do grupo de pesquisa N�cleo de An�lise e Avalia��o de Pol�ticas P�blicas (NAAPP/UnB). Mestre em Pol�tica Social pela Universidade de Bras�lia (UnB).

 

Luc�lia Luiz PEREIRA Trabalhou no delineamento, reda��o e revis�o cr�tica do artigo. Revis�o e aprova��o da vers�o final.

Docente do Departamento de Servi�o Social e do Programa de P�s-Gradua��o em Pol�tica Social da Universidade de Bras�lia (UnB). Doutora em Ci�ncias da Sa�de e Mestre em Pol�tica Social pela Universidade de Bras�lia. Coordena o Grupo - N�cleo de An�lise e Avalia��o de Pol�ticas P�blicas (NAAPP). Tem experi�ncia na �rea de Avalia��o e Monitoramento de Pol�ticas Sociais, Sa�de, Sa�de quilombola, G�nero e Ra�a. Coordenadora Regional - Centro-Oeste do GT Racismo e Sa�de da Associa��o Brasileira de Sa�de Coletiva (ABRASCO).

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* Assistente Social. Mestre em Pol�tica Social. Atualmente � Assistente Social no Tribunal de Justi�a do Distrito Federal e Territ�rios. (TJDFT, Bras�lia (DF), Brasil). Pra�a Municipal, Lote 01, Bras�lia (DF), 70094-900. E-mail: dalilamesquita08@gmail.com.

** Assistente Social. Mestre em Pol�tica Social. Doutorado em Ci�ncias da Sa�de. Docente do Departamento de Servi�o Social e do Programa de P�s-gradua��o em Pol�tica Social, da Universidade de Bras�lia. (UnB, Bras�lia (DF), Brasil). Campus Universit�rio Darcy Ribeiro, Asa Norte, Bras�lia � DF. E-mail: lucelialp2013@gmail.com.

 

� A(s) Autora(s)/O(s) Autor(es). 2023 Acesso Aberto Esta obra est� licenciada sob os termos da Licen�a Creative Commons Atribui��o 4.0 Internacional (https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/deed.pt_BR), que permite copiar e redistribuir o material em qualquer suporte ou formato, bem como adaptar, transformar e criar a partir deste material para qualquer fim, mesmo que comercial.O licenciante n�o pode revogar estes direitos desde que voc� respeite os termos da licen�a.