http://10.47456/argumentum.v17.2025.47599
Polarização política nas eleições
presidenciáveis (2018 e 2022): o Nordeste e os “outros”
Political
polarization in the presidential elections (2018 and 2022): the Northeast and
the “others”
Fabiano Eloy Atílio BATISTA
https://orcid.org/0000-0001-7067-560X
Universidade do Estado de Minas Gerais, Departamento
de Design, Curso de Design, Ubá, MG, Brasil
e-mail: fabiano_jfmg@hotmail.com
Rita de Cássia Pereira FARIAS
https://orcid.org/0000-0002-8108-5370
Universidade Federal de Viçosa, Departamento
de Serviço Social, curso de Serviço Social e
do Programa de Pós-Graduação
em Política Social, Viçosa, MG, Brasil
e-mail: rcfarias@ufv.br
Débora Pires TEIXEIRA
https://orcid.org/0000-0002-3143-8676
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
(UFRRJ),
Instituto de Ciências
Sociais Aplicadas e do
Programa de
Pós-Graduação em Patrimônio, Cultura e Sociedade, Seropédica, RJ, Brasil
e-mail: deborapite@gmail.com
Resumo: A pesquisa analisa os
discursos sobre a migração nordestina em postagens nas redes sociais Instagram
e Twitter (X-twitter) durante as eleições
presidenciais de 2018 e 2022. O estudo revela que a percepção do Nordeste é
simbólica, marcada por estereótipos que reforçam desigualdades e preconceitos.
A abordagem qualitativa, utilizando Análise de Conteúdo (Bardin, 2011),
investigou como essas narrativas colocam o nordestino em uma posição subalterna
e o que esses estereótipos revelam sobre a “questão social” no Brasil. Os
resultados mostram que as postagens frequentemente estigmatizam o Nordeste,
culpabilizando a região pelos problemas socioeconômicos, e exploram a “questão
social” como entretenimento, sem abordar suas causas estruturais. Essas representações
reforçam imaginários errôneos e fortalecem discursos excludentes e violências
históricas.
Palavras-chave: Migração. Política. Redes Sociais. Brasil.
Abstract: This research analyses
the discourse surrounding Northeastern migration in social media posts on
Instagram and Twitter (X-Twitter) during the 2018 and 2022 presidential
elections. The study reveals that perceptions of the Northeast are symbolic and
shaped by stereotypes that reinforce inequality and prejudice. Employing a
qualitative approach, using Content Analysis, the research investigated how
these narratives place Northeasterners in a
subordinate position and what these stereotypes reveal about the “social
question” in Brazil. The results show that the posts often stigmatise the
Northeast, blaming the region for socioeconomic problems, and exploit the “social
question” as a form of entertainment without addressing its structural causes.
These representations reinforce misleading imaginaries and strengthen
exclusionary discourse and historical violence.
Keywords: Migration. Politics.
Social Networks. Brazil.
Introdução
N |
este texto[1] são discutidas e analisadas as questões relativas às
disputas polarizadas travadas nas eleições presidenciais dos anos de 2018 e
2022 no Brasil. Buscou-se identificar as ressonâncias discursivas destes
contextos em torno da região Nordeste e dos sujeitos nordestinos nas redes
sociais on-lines, em postagens realizadas nas
plataformas Instagram e Twitter (X-twitter).
Para tanto, inicialmente foi esboçado um
panorama sobre as crescentes ondas do neoconservadorismo que se instaurou e
intensificou no Brasil, sobretudo a partir do ano de 2016 com o golpe de Estado
sofrido pela então presidenta da República Dilma Rousseff. Tal fenômeno já
vinha sendo arquitetado desde 2013 com as reivindicações do aumento das
passagens na cidade de São Paulo (SP), conhecidas como Jornadas de Junho[2]; e as diversas acusações de má gestão dos governos
petistas, que se atenuaram no ano de 2015 e se desdobraram nas manifestações
conhecidas como Protestos de março.
Em seguida, são exploradas as veiculações
discursivas/imagéticas nas redes sociais on-line,
buscando compreender como esse espaço virtual serviu de campo de combate entre esquerda
e extrema-direita[3], e, por conseguinte, ressoavam uma série de preconceitos,
estereótipos e estigmas contra os sujeitos nordestinos e a região Nordeste.
A pesquisa adotou uma abordagem metodológica
qualitativa, valendo-se da Análise de Conteúdo (Bardin, 2011) para examinar as
narrativas veiculadas nas redes sociais. A partir dessa metodologia, foi feita
uma análise de como os discursos presentes nas postagens constroem
representações estigmatizantes sobre os nordestinos, atribuindo-lhes
características negativas e posicionando-os de forma subalterna na sociedade.
Essa análise permitiu compreender como tais representações estão imersas em
disputas simbólicas e ideológicas que, ao se disseminarem nas redes, reforçam
desigualdades históricas e preconceitos enraizados, além de revelarem aspectos
fundamentais da chamada “questão social” no Brasil contemporâneo.
Uma onda Neoconservadora em meio a dois Brasis
Moll (2015) aponta que o neoconservadorismo é
uma corrente ideológica que surgiu no período posterior a Segunda Guerra
Mundial, tendo como marco os anos de 1960 e 1970, especialmente no contexto
Norte Americano, que se proliferou de forma categórica para outras nações.
As características que marcaram este contexto se estruturam, segundo Gomes
e Dourado (2019), em teorias das
conspirações que se solidificam sobre um prisma dualista: de um lado eles, os inimigos, neoliberais/neoconservadores, – que assumem,
propositalmente, essa posição e que detém e operam sobre a lógica do capital; e
do outro o nós, os algozes
comunistas, que compõe, em grande parte, a força de trabalho e que buscam por
garantias dos direitos fundamentais e acessos mais igualitários apoiados numa
perspectiva de classe, raça e gênero, conforme iremos abordar mais à frente.
De acordo com autores como Moll
(2010), Moll (2015) e Barroco (2015), as repercussões
fantasmagóricas que operam sobre a fantasiosa teoria comunista, de forma
intencional, se construíram a partir da Guerra Fria (que teve início em 1947 e
se findou com a dissolução da União Soviética, em 1991). O discurso
contra os comunistas, pautado em um sistema cristão, branco, heteronormativo e
familiar-nuclear neoconservador, enfatiza que o comunismo busca destruir os
valores fundamentais da sociedade, como a moral cristã, a identidade racial
branca como hegemônica, a normatividade heterossexual, a estrutura tradicional
da família baseada no casamento entre homem e mulher com filhos, além dos
princípios conservadores que sustentam a ordem social e cultural vigente. Nesse sentido, o
governo Bolsonaro (2019-2022) utilizou desses discursos de complôs comunista,
que passaram a funcionar como base de suas articulações políticas, tendo como vilão o Partido dos Trabalhadores (PT),
sobretudo, na figura de seus concorrentes Fernando Haddad (2018) e Luiz Inácio
Lula da Silva (2022).
Moll (2015) explica o pensamento dos
neoconservadores enfatizando que, nos anos 1960 e 1970, a insatisfação com o
liberalismo estadunidense e o conservadorismo moderado, aliada à oposição ao
comunismo, gerou uma nova geração de conservadores que mesclavam o liberalismo
clássico com uma perspectiva moral. Neoconservadores e neoliberais acreditavam
que a intervenção do Estado na economia e programas sociais causavam inflação,
endividamento e reduziam a produtividade, enfraquecendo o país. Para eles, o
Estado usurpava o papel da família, igreja e comunidade, promovendo um
igualitarismo distorcido. Isso teria levado ao aumento da criminalidade e
enfraquecido os Estados Unidos. Assim, além de medidas econômicas, era
necessário reforçar os valores clássicos ocidentais para sustentar os Estados
democráticos, liderados por homens capacitados.
Nessa perspectiva, tem-se, em linhas gerais,
que o neoconservadorismo se refere a um conjunto de sujeitos que compõem a
extrema-direita, e que se constitui, principalmente, a partir da aliança entre
neoconservadores e neoliberais, que possuem como narrativa comum o
desmantelamento do Estado de Bem-Estar
Social pautado na criação de uma nova forma de administração do
Estado, direcionada principalmente para os valores do sistema capitalista e da
noção de mercado, ferindo uma série de direitos e acessos a grande parte da
população (Cosmo; Fernandes, 2003; Forigo, 2003).
Embora os neoconservadores se apresentem em
diversas nuances e pautas, como já mencionado, podem ser definidos como
sujeitos que se articulam, por meio de valores do passado e pautas
tradicionais, como questões religiosas e a defesa da família nuclear, branca,
hétero e patriarcal (Moll, 2015).
Não obstante, o Brasil, assim como outros
países, também foi caracterizado por fortes momentos neoconservadores
que, desde o processo de redemocratização, esteve marcado por agendas
neoliberais. Entre os diversos governos podemos destacar os regimes ditatoriais
varguistas (1937 a 1945) e militares (1964 a 1985) que afetaram grandemente a
democracia brasileira. Nesse período, eram práticas comuns a tortura, a
repressão, a perseguição política e tantas outras atrocidades. Tal situação se
modificaria somente a partir da Constituição Federal de 1988, por meio de um
processo de redemocratização (Martins, 2022).
Entretanto, mesmo com a Constituição Federal de
1988, implementada há mais de três décadas, Martins (2022) enfatiza que o
Brasil vivenciou nos últimos anos uma forte tendência do neoconservadorismo
vindo de governos de extrema-direita, sobretudo face aos contextos de crise e
instabilidades políticas vivenciadas a partir dos anos 2013. Como exemplo das
crises, tem-se “[...] os altos índices de desemprego, inflação, precarização do
trabalho, violência e desigualdade [...]” (Martins, 2022, p. 31), o que despontou no “[...] ressurgimento
de ideias e ações pautadas em autoritarismos e opressões, através de uma onda
conservadora que percorria o mundo todo naquele momento” (Martins, 2022, p.
31).
Face a este contexto de ascensão do Governo
Bolsonaro no Brasil e de uma forte extrema-direita, observou-se o emprego de um
conjunto de estratégias para concretização das agendas ideológicas-políticas
propostas pelos governantes, sendo muitas delas vinculadas a ideias de cunho
liberal e conservador. Tais ideologias se entrelaçaram a um forte
fundamentalismo religioso e um significativo patriotismo-militar, que foram um
dos alicerces desse contexto neoconservador brasileiro (Cioccari;
Persichetti, 2018).
A forte atuação e presença de militares e da
direita-cristã em movimentos e cargos políticos buscava, em sua maioria, a
restrição e a negação dos direitos fundamentais dos sujeitos opostos a eles. Deysi Cioccari e Simonetta Persichetti (2018) enfatizam que esse Governo se apoiava em
um discurso do medo, que construiu um imaginário em que o delinquente é visto
como um outro distante do cidadão de bem, comprometendo o bom
funcionamento da sociedade. As identidades policiais, como a valorização das
tradições e da moral cristã, são usadas na política para justificar a proteção
dos cidadãos de bem, criando uma
cidadania dividida pela desigualdade entre aqueles que merecem ter direitos e
os que, ao se envolverem no crime, perdem o direito à cidadania.
Observa-se, ainda, ações e discursos baseados
em um forte autoritarismo, racismo, fascismo, homofobia e xenofobia, que se
conectam a uma falsa noção de nacionalismo extremo que promove uma série de
sentimentos patriotas em boa parte da população. Tais discursos fomentam a
violência e a violações de direitos de outra parte, instaurando uma onda de
hostilidade e uma falta de tolerância, promovida e disseminada pelas ideologias
da classe dominante (Martins, 2022).
Todavia, as eleições do ano de 2018 reuniram um
conjunto de sujeitos com afinidades ideológicas semelhantes, levando muitos
deles a apoiar um projeto que incorporou elementos neoconservadores,
neofascistas, ultraliberais e neopentecostais (Martins, 2022).
Os discursos empregados pela extrema-direita
neoconservadora nas campanhas eleitorais do ano de 2018, que se perpetuaram nas
eleições de 2022, são apresentados sinteticamente no Quadro 1, a seguir.
Quadro 1 – Discursos ideológicos da
extrema-direita nas eleições presidenciáveis no Brasil
Nós |
Eles |
Cidadãos de bem: segurança moral |
Esquerdismo: bandidagem, imoralidade e corrupção |
Família |
Gays e homossexuais |
Defensores do controle da natalidade e da redução da
maioridade penal |
Ativistas de direitos humanos |
Defensores dos valores cristãos conservadores |
Socialistas e sociais-democratas |
Homens |
Mulheres |
Defensores da Escola sem Partido |
Doutrinadores de Paulo Freire e Gramsci |
Armamentistas e Milicianos |
Desarmamentistas e defensores dos direitos humanos |
Policiais e Militares |
Intelectuais, jornalistas, protetores de traficantes e
estupradores |
Agronegócio e segurança no campo |
Indígenas, quilombolas, sem-terra e terroristas do campo |
Proprietários e livre iniciativa |
Invasores de propriedade privada, movimentos sociais e
comunistas |
Mérito, jovens que querem subir na vida |
Cotistas, bolsistas e refugiados |
Patriotas |
Políticos corruptos e fórum de São Paulo |
Fonte: Albernaz (2019, p.
141).
Na propagação dessa discursividade, as redes
sociais on-line foram usadas como
mecanismo de disputas de narrativas durante ambos os períodos eleitorais,
intensificando uma polarização política e social. Tais veiculações inundaram os
sujeitos de ideologias conservadoras, Fake
News (notícias falsas) e outras postagens de ódio que foram massivamente
compartilhadas pela direita, se apoiando e se sustentando por meio de um pânico moral (Miskolci,
2007) e por campanhas difamatórias contra a oposição.
A proliferação de narrativas e ações
neoconservadoras no Brasil reafirma um discurso de ódio de classe, gênero,
raça/cor e credos. Verifica-se uma série de hostilidades e violências em meio a
um país polarizado e com pensamentos divergentes. Agressões, ameaças,
perseguições e até mortes se tornaram comuns quando algum sujeito manifestasse
pensamentos divergentes da extrema-direita.
Ao longo dos dois contextos eleitorais, a
campanha da extrema-direita perpassou por diversos aspectos neoconservadores,
difundidos por meio de uma linguagem verbal como, bandido bom, é bandido morto, e uma linguagem não-verbal com a
utilização de gestos, como a mão referenciando a uma arma de fogo, pois, uma
das propostas do governo bolsonarista era o maior acesso a comercialização e
porte de armas.
Diante dos discursos de ódio e do autoritarismo
houve uma série de violências e perseguições às minorias brasileiras, sobretudo
a comunidade LGBTQIAPN+, pessoas negras, mulheres, religiões de matrizes
africanas, povos indígenas e nordestinos. Esse último grupo, foco deste estudo,
foi perseguido massivamente pelo fato de votarem, em grande maioria, na
oposição (esquerda), sendo, portanto, alvo de inúmeros ataques nas redes
sociais on-line, como será discutido
a seguir.
As redes
sociais on-line como campo de combate - o Nordeste e os outros
Nos últimos anos, as redes sociais on-line têm criado e permitido múltiplas
formas de disseminação e circulação de narrativas diversas. Embora não seja uma
exclusividade desse meio de comunicação, ela se materializa sob formas mais
dinâmicas, acessíveis e fluidas. Tais veiculações têm propiciado a difusão de
práticas sociais novas e antigas, reais e imaginárias, que interferem
diretamente na vida de milhares de sujeitos (Pivaro; Girotto Júnior, 2023).
A partir desse enfoque, observa-se que as redes
sociais on-line se mostraram ao longo
das eleições presidenciáveis dos anos de 2018 e 2022 como um lócus de discursividades relacionado aos
sujeitos nordestinos e ao Nordeste, como alvo central de discursos
preconceituosos e estigmatizantes (Santos, 2022).
Contudo, tais discursividades já se operam em
outros contextos eleitorais presidenciáveis, como exemplifica Josefa Santos
(2020) quando afirma que em 2010 “[...] os ataques surpreenderam pela força das
palavras que pediam/exigiam a morte de todos do Nordeste [...]” (Santos, 2020, p. 149), quatro anos
depois, em 2014, “[...] os ataques surpreenderam pela quantidade. Não foram ‘apenas’ ataques de um usuário [...] mas ataques em série” (Santos, 2020, p. 149). Por fim,
a autora ainda apregoa que, “[...] diferentemente de 2010 (quando houve
casos mais isolados de ataques), as redes sociais digitais (no ano de 2014), já
haviam se consolidado no Brasil e alcançado um alto número de usuários” (Santos, 2020, p. 149); o que
se potencializou nas subsequentes eleições (2018 e 2022).
Assim como apontado por Silva Sobrinho (2014),
cabe aqui reconhecer que nenhum discurso é imparcial/neutro, já que, ao
expressar suas palavras, os sujeitos são influenciados por ideologias e visões
de mundo que tendem a gerar sentidos e significados, trazidos a partir de sua
posição como sujeito na sociedade e das circunstâncias que moldam sua produção
discursiva.
Nessa discussão, não há interesse em atribuir
culpa às regiões Sul e Sudeste pelas práticas discursivas que perpetuam um
sistema de poder que coloca o Nordeste em uma posição de inferioridade. Também
não há o propósito de vitimizar o Nordeste, contribuindo para a perpetuação dos
estereótipos frequentemente disseminados pela mídia, como destacado nos estudos
de Albuquerque Júnior (1999; 2007). Em vez disso, o objetivo questionar as
representações simplistas, reducionistas e preconceituosas que emergiram de forma
proeminente durante os períodos eleitorais dos referidos anos, nas quais as
nuances foram obscurecidas em prol de generalizações superficiais e
discriminatórias em relação a grupos ou regiões específicas do país.
Para tanto, nas últimas eleições presidenciais
no Brasil, dos anos de 2018 e 2022, houve diversas hostilidades contra os
nordestinos nas redes sociais on-line,
e que, por vezes, se estenderam para fora dela por meio de violências físicas.
Observa-se um forte discurso xenofóbico e de incitação ao ódio nos conteúdos
veiculados nesses espaços disfarçados de liberdade
de expressão, mas que ferem os direitos e princípios fundamentais da
dignidade humana, inferiorizando e menosprezando esses sujeitos, colocando-os a
margem da sociedade. Os discursos proferidos contra os sujeitos nordestinos não
decorrem somente de aspectos geográficos, mas, sobretudo, de aspectos culturais
e simbólicos, fruto de um antagonismo de classes, de uma luta política e
econômica e de um imaginário irreal sobre a região.
Ambos os contextos eleitorais, sem muitas
diferenças dos dois últimos que os antecederam, permitiram o retorno, ou
melhor, lançaram luz a práticas que pareciam já ter sido superadas no país,
principalmente após a implementação da Constituição de 1988 que, por força da
lei, não deveria acontecer. Sendo assim, tais veiculações “[...] escancaram
algumas práticas eleitorais que acontecem no Brasil desde a era colonial. Tais
práticas que parecem inadmissíveis em pleno século XXI, sempre existiram no
Brasil, às vezes veladas/dissimuladas, às vezes escancaradas” (Santos, 2020, p.
178).
Em linhas gerais, as eleições presidenciais de
2018 foram marcadas pela disputa entre Fernando Haddad (professor universitário
e advogado), candidato pelo Partido dos Trabalhadores (PT) e Jair Messias
Bolsonaro (Capitão reformado do Exército brasileiro), pelo Partido Social
Liberal (PSL), que acabou sendo eleito com 55% dos votos no segundo turno com
promessas neoliberais e um discurso conservador. A partir desse antagonismo, e
segundo as divisões dos votos por região (figura 01), os colégios eleitorais da
região nordeste foram os que votaram no candidato Fernando Haddad, do PT.
Figura 1 – Divisão de votos nas eleições presidenciais do
ano de 2018
Conforme exposto na Figura 01, a expressividade
de votos obtidos pelo candidato do PT tinha origem na região do Nordeste. Tal
votação desencadeou, ao longo do ano de 2018, uma série de violências
simbólicas e físicas contra os sujeitos nordestinos nas redes sociais on-line, conforme podemos observar nas
figuras 2 e 3, a seguir.
Figura 2 – Print rede social online A
Figura 3 - Print rede social online B
Por meio desses recortes podemos identificar
discursos excludentes e discriminatórios tais como: “O Nordeste não poderia fazer parte do Brasil [...]” (Figura 2); “Nordestino mal tem estudo. Só elegeram o Hadadd (SIC) por
causa do governo Lula” (Figura 03). Tais discursos pressupõem, entre outras
coisas, na experiência cultural/histórica de que o voto não deve ser para
todos, mas para um grupo específico (branco, elitista e pertencente a apenas
duas regiões do Brasil). Ou seja, o direito ao voto deveria ser restrito aos homens de bem (termo bastante utilizado
durante as eleições presidenciais de 2018 e 2022) ou homens bons (condição necessária para poder votar durante o período
colonial). Ademais, impõe-se a ideia da existência de um voto correto, como uma única maneira de se votar, remetendo ao
passado, ao imaginário do voto de cabresto, que era uma prática comum no Brasil
durante a República Velha (1889-1930), em que eleitores eram coagidos ou
controlados por coronéis para votar em candidatos específicos, garantindo o
poder das oligarquias locais.
Ainda, é perceptível uma visão cristalizada
irreal, ou que já não reflete mais as condições daquela região, mas que foi
amplamente veiculada pela mídia ao longo dos anos em relação a uma região seca, como podemos ver nas seguintes
frases: “Acho que a falta de água tá
fazendo mal pro cérebro dos nordestinos” (Figura 2); Como Haddad venceu em todas os estados do nordeste [...] todos os
energúmenos (palavra usada de forma pejorativa para fazer uma associação
com pessoas de pouco conhecimento, que possuem comportamento descontrolado) “paus-de-arara nordestinos aprenderiam a
votar” (Figura 3).
Não obstante, as eleições presidenciáveis de
2022, assim como a que lhe antecedeu, foi marcada pela disputa dos candidatos
Petista versus Bolsonarista, sendo
eles: Luiz Inácio Lula da Silva (ex-metalúrgico
eleito 2 vezes presidente da república) pelo Partido dos Trabalhadores (PT) e,
novamente, o então presidente Jair Messias Bolsonaro, pelo Partido Liberal
(PL). Nesta ocasião, assim como no ano de 2018, a região Nordeste representou a
grande maioria dos eleitores do candidato petista, tornando-o eleito, democraticamente,
como presidente do país, conforme figura 4, a seguir.
Figura 4 – Divisão de votos nas eleições presidenciais do ano de 2022
Fonte: Mapa da votação (2022).
De modo semelhante à eleição anterior,
observa-se nas redes sociais on-line
um intensificado ataque aos nordestinos e à região ao longo das eleições de
2022, conforme as figuras 5, 6 e 7.
Figura 5- Print rede social online C
Fonte: Mello (2022).
Ao responsabilizar os nordestinos por suas
escolhas, como ao dizer "Por isso é
onde tem mais miséria, mais fome, menos saúde e educação" (Figura 5)
os sujeitos que se utilizam das redes sociais on-line para expressarem seus discursos de ódio, omitem as
dimensões políticas, econômicas e ideológicas da pobreza, e negligenciam o
papel do Estado e das complexas políticas públicas que, no decorrer histórico,
contribuíram significativamente para a marginalização social dessa região,
perpetuando uma visão simplista de que a região é intrinsecamente associada à
pobreza e seus habitantes são tratados como menos cidadãos. Outro aspecto
importante é a relação de comparação da região Nordeste com o país Cuba,
presente na figura ora apresentada, podendo ser entendido com associação de que
os Nordestinos são comunistas (socialistas, tendo em vista que este é o regime
de governo no país de comparação), e, de acordo com as perspectivas de muitos
neoconservadores, não prezam pela ordem, pela moralidade e pelos valores do sistema
capitalista.
Figura 6 – Print rede social online D
Observa-se o emprego massivo de discursos que zoormorfizam os nordestinos, fragmento “energúmenos” e “Nordestinos
mal tem estudo [...] (em várias postagens essa frase seguia com termos como
burros, asnos, jumentos, como no caso da figura 06), que não são
pensados/proferidos/postados nas redes de forma ingênua, mas “[...] é
representativa das relações humanas seletivas e excludentes. Ao zoomorfizar o nordestino, [...] busca feri-lo, envergonhá-lo em sua condição de ser pensante,
torná-lo inferior ao grupo que ele representa, “[...] o grupo gente/humano
pensante” (Santos, 2020, p. 133).
Figura 7- Print rede social online E
Os discursos presentes nas Figuras 5 e 6
retratam um movimento separatista, de cunho neoliberal e elitista. Foi
perceptível que, no segundo cenário eleitoral, o uso da violência física e os
discursos de morte, depreciativos e de cunho moralista marcaram essas
postagens. As mensagens compartilhadas nas redes estavam impregnadas de discursos de ódio contra pessoas
nordestinas e a região específica do Nordeste, sendo caracterizados, como
apregoado por Brugger (2010), pelo insulto – “bahianos de merda”; “bahianos FDP” (flexão utilizada nas redes sociais para se reportar
pejorativamente a Filho Da Puta); “O
nordeste só tem um bando de pobre filha da puta que fica metendo o dia inteiro
[fazendo sexo], querem ter 1 milhão de
filhos para ganhar auxílio, mamando na teta do governo.” - e pela
instigação – “Tem que morrer de fome
[...]”.
Esses discursos refletem uma visão distorcida e
preconceituosa sobre o Nordeste e seus habitantes, associando-os de forma
pejorativa, por exemplo ao Programa Bolsa Família, uma política
pública criada em 2003 para combater a pobreza e a desigualdade social por meio
da transferência de renda a famílias em situação de vulnerabilidade,
condicionada à frequência escolar das crianças e ao acompanhamento de saúde.
Esses discursos reforçam o estereótipo de que o programa desestimularia o
trabalho, ignorando seu real objetivo de garantir dignidade e inclusão social.
Além disso, a associação do nordestino,
sobretudo do baiano, com a preguiça, que faz parte de um estereótipo presente
no imaginário social nacional, como fica evidente nos trechos: “bando de bahiano FDP que não quer trabalhar”. Segundo Menezes
(2005), a preguiça baiana foi um perfil construído historicamente e reforçado
pela mídia, que reproduz os interesses da elite. Desde o século XVI, a elite
local depreciava os negros escravos, descritos como desorganizados e sujos,
depois como analfabetos e sem conhecimento, e, finalmente, como preguiçosos.
A preguiça também foi associada ao migrante
nordestino, com a intensificação da migração a partir da construção da rodovia
Rio-Bahia (1936-39). Três grandes jornais da época, reproduziam o discurso
social mais amplo, reforçando a imagem da preguiça associada aos nordestinos.
Soma-se a esses fatos a repercussão midiática do curso turístico do próprio
governo baiano (1960), que passou a explorar a imagem da preguiça, investindo
no slogan da Bahia paradisíaca, para onde deve ir quem não quer
trabalhar, onde a festa nunca acaba e ninguém usa relógio (Menezes, 2005).
Os recortes também relacionam a preguiça e o
ócio às custas do financiamento estatal por meio do acesso aos programas de
transferência de renda, como o Bolsa Família: “querem ter 1 milhão de filhos
para ganhar auxilio mamando nas tetas do governo”.
Nesse sentido, as falas colocam os nordestinos como preguiçosos,
aproveitadores, oportunistas, de uma corrupção generalizada.
Outro aspecto importante nos recortes das redes
sociais é a falta de informação ou seu aspecto inverídico, como no caso da
afirmativa: “Nordestinos votam em
candidatos de esquerda e depois saem do seu estado pra tentar uma vida melhor
no sul” (Figura 7). Mediante essa assertiva, que
já não reflete o que ocorria na região em outros períodos, Amaral Filho (2010),
em seu texto intitulado “O Nordeste que
dá certo” traz uma reflexão sobre dados do Brasil no período de 2003 a
2006, que demonstra total desinformação da extrema-direita da mudança desse
panorama.
O Nordeste brasileiro tem ganhado destaque na
mídia devido ao seu crescimento econômico, substituindo notícias sobre as secas
que marcaram a região. Entre 2003 e 2006, o crescimento foi de 3,4% ao ano,
superior à média nacional de 2,7%, com uma taxa acumulada de 18,25% contra
14,1% no Brasil. Esse desempenho positivo continuou nos anos seguintes. O mais
significativo, porém, é que esse crescimento beneficiou as famílias de baixa
renda e impulsionou o surgimento da nova
classe média, sendo essa a principal novidade que tem gerado
questionamentos sobre o sucesso do Nordeste (Amaral Filho, 2010, p. 55).
Em ambos os contextos eleitorais, dos anos de
2018 e 2022, e mediante as figuras já apresentadas, percebe-se a ressonância do
discurso da seca na região nordeste e do assistencialismo em oposição à lógica
do direito, como nas frases: “[...] a
falta de água tá fazendo mal [...]” (Figura 9); “[...] querem ter 1 milhão de filhos para ganhar auxílio, mamando na
teta do governo” (Figura 7). Para Albuquerque Júnior (2007), o discurso da seca e da “[...] indústria da seca
[...]” (Albuquerque Júnior, 2007, p. 95) estão associados à corrupção
generalizada, criando a imagem negativa dos nordestinos como dependentes dos
recursos públicos. Nesse discurso, o nordestino é retratado como alguém que
vive às custas dos impostos de outras regiões, sendo considerado um sanguessuga dos cofres públicos, sem
oferecer retorno ao país.
Em concordância com Albuquerque Júnior (2007),
percebe-se o Nordeste como um espaço diversificado do ponto de vista econômico,
político, social e cultural. Uma região extensa e de uma realidade complexa que
não pode ser explicada a partir de estereótipos. O Nordeste não possui o
monopólio da miséria e da exclusão social, esta é uma marca de toda a sociedade
brasileira, que pode ser vista em todas as regiões.
O Nordeste não é o único espaço no Brasil onde
há violência, analfabetismo, indigência, fome e falta de acesso a bens
primários ou aqueles trazidos pela sociedade de consumo. Os dilemas pelos quais
passa o Nordeste são vivenciados em todas as regiões do país, portanto, é
possível a discursivização desse espaço a partir de diversos olhares e outros
dizeres.
Os discursos de ódio direcionados aos
nordestinos, manifestados nas redes sociais on-line,
são frutos de um contexto histórico e social e que ganham novos contornos
nestas mídias, operando por meio de um funcionamento ideológico, fantasmagórico
e opressor, o que visa à intimidação desses sujeitos, e busca o impedimento de
suas participações políticas e sociais, desvaloriza suas existências, em uma
tentativa falha de oprimir e neutralizar suas resistências.
Um aspecto importante identificado neste
sentido foi que, mesmo em meio a uma desumanização, no interior das lutas de
classes, esses sujeitos apresentam resistências e ressignificam suas
representações nas redes sociais, rebatendo e positivando as discursividades
negativas direcionadas a eles. Como apregoa Pêcheux (2009), onde há relações de
poderes pautadas em dominação, há também relações de poderes que produzem a
resistência.
Orlandi (2015) aponta que “[...] o sujeito não
resiste por ‘mágica’, ou por voluntarismo, mas por condições que abrem para ele
um espaço politicamente significado em que os sentidos podem ser outros [...]” (Orlandi, 2015, p. 192),
fato este que não ocorre nas outras mídias. As redes sociais, nesta
esfera, permitiram o posicionamento dos mais diversos grupos em situação de
vulnerabilidade e de discriminação terem vozes e resinificarem as
discursividades postas a eles.
Considerando essa lógica, Magalhães (2003)
afirma que, por meio da abordagem do materialismo histórico-dialético, é viável
conceber a existência de um sujeito que, com base nas oportunidades
apresentadas pela realidade social e nas possibilidades oferecidas pela
objetividade, tem a capacidade de tomar posição, fazer escolhas, assumir ou
rejeitar identificações. Pêcheux (2015, p. 56) também enfatiza que “não há
identificação plenamente bem-sucedida, isto é, ligação socio-histórica
que não seja afetada, de uma maneira ou de outra, por uma infelicidade no sentido performativo do termo [...]”.
Ao longo de ambos os períodos eleitorais (e que
já ocorria desde as primeiras movimentações nas eleições de 2010), a
resistência dos sujeitos nordestinos, assim como de outras minorias sociais que
tiveram suas cidadanias questionadas/violentadas, se deu pelo meio da denúncia.
Foram bastante recorrentes sobretudos aquelas que tinham as garantias de lei
como a xenofobia e o racismo,
previstos como crime por meio da lei nº 9.459, de 13 de maio de 1997 (Brasil,
1997). Outros mecanismos de denúncia ocorreram por meio da Ordem dos
Advogados do Brasil (OAB), Polícia Federal e Ministério Público, bem como por
meio de sites e órgãos que atuam em cooperação com estes para a garantia
dos direitos humanos e até mesmo as plataformas digitais, com solicitação de
banimento dos usuários.
As ressignificações desse espaço se deram
também por posts feitas pelos próprios nordestinos em diferentes redes
sociais on-lines,
especialmente com a utilização de Hashtag (#orgulhodesernordestino; #nordestinosunidos; #euamoonordeste, dentre
outras). As postagens valorizavam outros elementos naturais e culturais
presentes nas regiões, compostas sobretudo por paisagens paradisíacas, lindas
praias, comidas típicas, festejos e grandes centros urbanos. Tais ações
evidenciam um reposicionamento discursivo por meio da resistência, enfatizando
os sujeitos e a região, assumindo, sobretudo, “[...] uma posição contra o sistema capitalista”
(Silva Sobrinho, 2014, p. 38).
Assim, verifica-se que as resistências desses
sujeitos são de suma importância para se questionar
o sistema capitalista, pois reconstrói e ressignifica o discurso ideológico
hegemônico, pautado em ideologias neoliberais e neoconservadores, como
mecanismo de repressão e defesa de sua identidade cultural. Embora, tal
movimento não seja suficientemente para desestruturar o sistema capitalista,
que é forte e bastante consolidado.
Nesse sentido, a retórica de oposição produz,
no interior das lutas de classes, um enfrentamento às narrativas dominantes que
implicam na opressão e violação de direitos dos outros, considerados, inequivocamente, como diferentes, e, por
isso, inferiorizados pela sociedade.
Considerações
Finais
O estudo revela que as representações do
Nordeste e dos nordestinos na mídia, especialmente em postagens nas redes
sociais durante as eleições de 2018 e 2022, contêm discursos discriminatórios
disfarçados de aparente inocência. A análise dos artefatos midiáticos permitiu
identificar narrativas baseadas em estereótipos e preconceitos que reforçam
dinâmicas excludentes e contribuem para a perpetuação dessas visões.
Nas postagens realizadas nas redes sociais on-lines sobre as
disputas presidenciais, foi possível perceber diversos discursos de ódio contra
os nordestinos e a região Nordeste, influenciados, sobretudo, por um contexto
político dualista (esquerda versus direita). As narrativas se pautaram em um
forte extremismo propagado pelos neoconservadores da extrema-direita, por meio
de um conjunto de elementos fantasmagóricos, repleto de “teorias
conspiratórias” e notícias falsas. Assim, foi possível perceber um cenário
repleto de retrocessos, marcado por fatores históricos e sociais já superados,
que assumiram formas ideológicas e opressoras que buscaram intimidar,
desvalorizar e neutralizar a participação política e social dos nordestinos.
A partir das análises, observa-se que a mídia
contribui para uma desvalorização cultural da região Nordeste e dos sujeitos
nordestinos. As diversas discursividades que são projetadas, como de miséria,
sofrimento e de precariedade são as que, na concepção de Yazbek (2001, p. 34)
“[...] produzem e reproduzem a desigualdade no plano social, político,
econômico e cultural, definindo para os pobres um lugar na sociedade”.
Essas discursividades – construídas
sobre uma ótica capitalista e sensacionalista, contribuem para a construção de
imaginários e interpretações acerca dos sujeitos e dos lugares, cujas ideias
são muitas das vezes irreais e já superadas, fixando socialmente valores e
ideologias como um comércio
vantajoso.
Assim, as veiculações dos sujeitos
nordestinos e do Nordeste, sobre uma única perspectiva – da fome e da miséria –
se torna um produto para entreter as massas, mas endereçado a um grupo social
específico, revelando seu lugar em sociedade: à margem.
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Acesso em: 3 dez. 2021.
________________________________________________________________________________________________
Fabiano Eloy Atílio Batista trabalhou na concepção e delineamento; análise e
interpretação dos dados e na redação do artigo
Bacharel em Ciências
Humanas, doutor em Economia
Doméstica (atual Programa de Pós-Graduação em Política Social), professor do
curso de Design na Universidade do Estado de Minas Gerais – unidade acadêmica
Ubá
Rita de Cássia Pereira
Farias trabalhou na análise e
interpretação dos dados e na revisão crítica e aprovação da versão a ser
publicada.
Assistente social, doutora em Antropologia, professora do
curso de graduação em Serviço Social e do Programa de Pós-Graduação em Política
Social da Universidade Federal de Viçosa.
Débora Pires Teixeira - trabalhou na análise e interpretação dos dados e na
revisão crítica e aprovação da versão a ser publicada
Economista Doméstica, doutora em Economia Doméstica (atual
Programa de Pós-Graduação em Política Social), professora adjunta
do Instituto de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Federal Rural
do Rio de Janeiro (UFRRJ) e do Programa de Pós-Graduação em
Patrimônio, Cultura e Sociedade UFRRJ.
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Silvia Neves Salazar – Editora-chefe
Maria Lúcia Teixeira Garcia – Editora
Submetido em: 9/2/25. Revisado em: 27/4/2025. Aceito em: 28/4/2025.
Agência Financiadora
Financiada pela Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior (CAPES).
Este é um artigo publicado em acesso aberto (Open Access) sob a licença Creative Commons Attribution, que permite uso, distribuição e reprodução em qualquer meio, sem restrições desde que o trabalho original seja corretamente citado. |
[1] Que
faz parte da pesquisa intitulada ‘Preconceito
contra nordestinos em seus processos migratórios na mídia brasileira’, financiada pela Fundação
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).
[2] As Jornadas de junho de
2013 foram uma série de mobilizações de massa que ocorreram simultaneamente em
diversas cidades nas cinco regiões do Brasil, que reivindicavam, entre outras
coisas, a
tarifa zero nos transportes públicos, o fim da violência policial e maiores
investimentos nos serviços públicos. Estas manifestações podem ser
consideradas como a primeira insurreição popular de proporções verdadeiramente
nacionais no país. Durante essas jornadas, as mobilizações chegaram a contar
com cerca de 89% de apoio da população brasileira. Embora os maiores atos de
rua deste período tenham ocorrido no mês de junho, as massivas mobilizações
também aconteceram ao longo do ano, em diversas cidades, tendo um novo ponto
alto no mês de outubro. Para saber mais, ler o texto: Costa (2016).
[3] Silva e Moraes (2019),
embasados no pensamento de Norberto Bobbio, compreendem a direita e a esquerda
como termos opostos que têm uma existência de mais de duzentos anos, com o
propósito de contrastar ideologias, pensamentos e ações políticas em um determinado
período histórico e social. Portanto, na visão dos autores, são termos
mutuamente antagônicos, no sentido de que não é possível adotar posições
políticas de direita e esquerda. Na perspectiva de Bobbio (1995), a “‘Esquerda’ e ‘direita’ indicam
programas contrapostos com relação a diversos problemas cuja solução pertence
habitualmente a ação política, contrastes não só de ideias, mas também de
interesse e de valorações (valutazion) a respeito da direção a ser seguida pela
sociedade, contrastes que existem em toda sociedade [...]” (Bobbio, 1996, p.
33).