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AVALIAÇÃO DE RISCO OCUPACIONAL EM OBRAS DE PEQUENO PORTE DE UNIDADES UNIFAMILIARES COM APLICAÇÃO DO FMEA: UMA INVESTIGAÇÃO SOBRE TRABALHO EM ALTURA E ESCAVAÇÕES
OCCUPATIONAL RISK ASSESSMENT IN SMALL WORKS OF SMALL UNITS WITH FMEA APPLICATION: AN INVESTIGATION ON WORK AT HEIGHT AND EXCAVATIONS
Autor11; Autor22; Autor33

1 2 3Departamento de Engenharias e Tecnologia do Centro Universitário Norte do Espírito Santo da Universidade
Federal do Espírito Santo, Rodovia BR 101 Norte, Km. 60, Bairro Litorâneo, CEP 29932-540, São Mateus. revistabjpe@gmail.com
 ARTIGO INFO.
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Palavras-chave:
FastFormat; ABNT; artigos científicos; formatação automática.
Keywords:
FastFormat; ABNT; scientific articles;

Copyright © 2018, Nome do Autor Completo et al. Este é um artigo open access distribuído sob a Creative Commons Attribution License, que permite uso irrestrito, distribuição e reprodução, sempre quando providenciado a devida citação do original. Os autores declaram que o mesmo não infringe qualquer direito autoral ou outro direito de propriedade de terceiros. 
*Autor Correspondente: Revista BJPE,
Departamento de Engenharias e Tecnologia do Centro Universitário Norte do Espírito Santo da Universidade Federal do Espírito Santo, Rodovia BR 101 Norte, Km. 60, Bairro Litorâneo, CEP 29932-540, São Mateus, Espírito Santo, Brasil.
RESUMO
 A construção civil é o setor com maior índice de acidentes de trabalho, levando em consideração muitos fatores como a falta de planejamento, desorganização do ambiente de trabalho, falta de mão de obra qualificada, a falta de fiscalização pelos responsáveis da obra e também pelos órgãos competentes, além das condições das instalações dos canteiros de obra. O objetivo deste trabalho é realizar uma investigação da situação dos trabalhadores da construção civil em obras de pequeno porte – obras unifamiliares – no município de Imperatriz – MA, com ênfase nos processos de execução de telhado e escavações. A partir dos registros fotográficos foi realizado uma discussão acerca das inconformidades encontradas em relação as normas regulamentadoras n° 6, n° 18 e n° 35. Posteriormente, os dados obtidos foram usados para a aplicação do FMEA (failure mode and effect analysis).
Após a obtenção dos RPNs (risk priority number) foi possível priorizar os modos de falha encontrados. Para o serviço de escavação, a queda de pessoas na escavação não-sinalizada obteve o maior RPN, seguido de esmagamento de membro durante a colocação da fossa – 100 e 96. Para o trabalho em altura, a quebra da escada obteve o maior RPN, igual a 250 – também o maior RPN geral. Ao final foi proposto um plano de ações corretivas para contribuir para mitigar os riscos ocupacionais presentes na obra investigada. ABSTRACT
Civil construction is the sector with the highest rate of occupational accidents, taking into account many factors such as lack of planning, disorganization of the work environment, lack of skilled labor, lack of supervision by those responsible for the work and also by the agencies. in addition to the conditions of the site installations. The objective of this work is to investigate the situation of construction workers in small works - single family works - in the municipality of Imperatriz - MA, with emphasis on the processes of roofing and excavation. From the photographic records, a discussion was made about the nonconformities found in relation to regulatory standards No. 6, No. 18 and No. 35. Subsequently, the data obtained were used for the application of FMEA (failure modes and effects analysis).
After obtaining the RPNs (risk priority number) it was possible to prioritize the failure modes found. For the excavation service, the fall of people on the unmarked excavation obtained the highest RPN, followed by limb crushing during the laying of the pit - 100 and 96. For work at heights, the ladder break obtained the highest RPN, equal to 250 - also the highest overall RPN. At the end, a corrective action plan was proposed to contribute to mitigate the occupational risks present in the investigated work.


 SHAPE \* MERGEFORMAT 

INTRODUÇÃO
A indústria da construção – IC, é um dos setores que mais empregam, sendo clara sua importância social e econômica no país e no mundo. Se ainda considerarmos sua cadeia produtiva, com produção de materiais de construção, de máquinas, equipamentos, prestação de serviços e comercio dos mesmos, o impacto na economia e no âmbito social se torna ainda maior (SESI, 2015). A construção civil é o setor com maior índice de acidentes de trabalho, muitas vezes relacionados aos fatores de risco no ambiente de trabalho, mão de obra não qualificada, falta de fiscalização, falta de planejamento e até mesmo pelas condições das próprias instalações dos canteiros (LOVATO, 2017).
Muitos desses acidentes são referentes ao descumprimento da Norma Regulamentadora nº 18 (NR 18), onde ela estabelece diretrizes de ordem administrativa, de planejamento e de organização, que objetivam a implementação de medidas de controle e sistemas preventivos de segurança nos processos, nas condições e no meio ambiente de trabalho na indústria da construção. Outro fator importante para o acontecimento de acidentes de trabalho está na ausência de profissionais especializados em segurança do trabalho no canteiro de obra, onde se torna difícil fazer com que a higiene ocupacional e segurança no ambiente de trabalho se tornem hábito de um trabalhador (DINIZ JÚNIOR, 2002).
Outro grande fator de risco é a resistência em relação ao uso de EPIs por meios dos empregados, muitas vezes por falta de treinamento ou por falta de conhecimento das normas e legislações sobre o assunto. De maneira geral os EPI´S são fornecidos, na maioria das vezes, sem qualquer critério de escolha, apenas para o cumprimento básico da legislação, causando muitas vezes desconforto nos trabalhadores. Não há qualquer preocupação com a qualidade e desempenho dos equipamentos por parte dos empregadores no geral (DA SILVA et al, 2015)
Acidentes de trabalho geram custos adicionais à construção civil, principalmente com reparação de danos, indenizações e custos por afastamento de funcionários (CAVAIGNAC & FORTE, 2018). Segundo o Anuário da Previdência Social do ano de 2016 foram gastos 312 milhões de reais em benefícios concedidos a acidentários, o que de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU) representou 3% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional no mesmo período. A tabela 01 apresenta as estatísticas da Previdência Social que relaciona os setores de atividade econômica e seus acidentes de trabalho.
Tabela 1 – Acidentes de trabalho nos setores econômicos.
Setor20122013201420152016Agropecuária25.68423.55022.16018.33817.088Extrativa7.3727.1265.9975.0864.025Transformação222.073224.363184.339161.169141.077Construção Civil64.16162.40850.66243.33434.786Serv. de Utilidade Publica17.38217.51615.00614.50613.849Serv. Gerais348.489362.909305.703309.602299.515Ignorado28.78627.720128.43570.34468.595Total713.947725.592712.302622.379578.935Fonte: Anuários da Previdência Social (adaptados), 2012 a 2016.
O processo de planejamento, anterior ao início da execução, é essencial para uma correta execução de obras civis evitando custos não provisionados e os procedimentos de análise e gerenciamento de risco são fundamentais para investigar a situação laboral dos colaboradores prevendo e solucionando futuros riscos inerentes à função (BENNITE, 2004; CAVAIGNAC & FORTE, 2018). As principais ferramentas de análise de risco são a análise preliminar de risco – APR, árvore de falha (Fault Tree Analysis– FTA) e recentemente, a análise de modo de falha e efeitos - FMEA (CAVAIGNAC & FORTE, 2018; CAVAIGNAC & UCHOA, 2018; SANTOS et al. 2019; DIAS JÚNIOR & CAVAIGNAC, 2019; JORGE et al. 2019).
Um dos métodos comumente utilizados na análise de falhas é a FMEA (failure mode and effect analysis), que é amplamente descrito na literatura (HELMAN, 1995). Em termos sintéticos, FMEA é um método de análise estruturada, formalmente documentada para servir também como uma avaliação interna ao projeto do produto ou processo. Seu objetivo básico é identificar os modos de falha, suas causas básicas, seus efeitos, e qual o impacto desses efeitos no produto final. Uma vez estabelecida a relação entre a falha, suas causas e seus efeitos, são determinados índices que avaliam a probabilidade de ocorrência da falha, a gravidade de seus efeitos e a capacidade de detectar-se a falha e bloqueá-la antes do seu efeito ser percebido pelo cliente. O produto dos três índices resulta no chamado “índice de risco”, que permite a hierarquização das falhas e a priorização das ações preventivas que serão tomadas (VANNI et al., 1998).
O FMEA Foi desenvolvida na década de 50 com a finalidade de encontrar a qualidade e confiabilidade nos programas aeroespaciais da NASA. Posteriormente esta técnica foi utilizada em indústrias através das exigências pelos clientes. O FMEA permite uma hierarquia de riscos, priorizando os modos de falha de acordo com um coeficiente chamado número de prioridade de risco ou RPN. Este número é um resultado da multiplicação de três índices independentes - severidade (S), ocorrência (O) e detecção (D) - e variam de 1 a 10, da melhor realidade para a pior (STAMATIS, 2003).
Severidade é a classificação que indica a gravidade de uma consequência possível no modo potencial de uma falha. Classificando a gravidade da falha de 1 a 10, partindo de uma consequência sem danos até danos catastróficos ou irreparáveis. A ocorrência no FMEA é a estimativa da frequência ou probabilidade de ocorrência do modo de falha. O melhor método para determinar o seu valor é através do uso de dados reais do processo, no entanto, no caso onde não há dados anteriores para avaliação podem ser atribuídos escalas qualitativas baseado na experiência dos operadores (MCDERMOTT, et al., 2009). Detecção é a dificuldade de fazer com que a falha seja detectada antes que ocorra o modo de falha. Para a área de manutenção, conceitua-se a probabilidade de detecção entre muito baixo e muito alto, relacionando os conceitos de 1 a 10 com a probabilidade de o defeito ser detectado (STAMATIS, 2003) (MCDERMOTT, et al., 2009).
A tabela 2 é proposta por Cavaignac & Uchoa (2018) como ferramenta de referência rápida aos profissionais que elaboram, executam e pesquisam sobre o tema de segurança do trabalho, com o intuito de diminuir a dificuldade da utilização do FMEA relatado por Laurenti et al (2012).

Tabela 2 – Tabela de referência de índices de Severidade (S), Ocorrência (O) e Detecção (D)
Severidade (S)Ocorrência (O)Detecção (D)ÍndiceNatureza da severidadeÍndiceNatureza da ocorrênciaÍndiceNatureza de detecção1Sem impacto real6Impacto sofrido1Inspeção visual2Trauma irrelevante5Queda com diferença de nível23Trauma que requer primeiros socorros5Impacto contra3
Teste tátil /
teste manual4Incapacidade temporária sem afastamento5Esforço excessivo ou inadequado45Incapacidade temporária com afastamento curto5Prensagem ou aprisionamento5Aplicação de checklist / sequência
de testes antes da tarefa6Incapacidade temporária com afastamento longo5Queda em mesmo nível67Incapacidade permanente parcial4Exposição ao ruído78Incapacidade permanente total4Contato com substância nociva8
Inspeção instrumental /9Óbito de envolvidos no processo4Choque elétrico9Testes mecânicos10Óbito de não envolvidos no processo3Atrito ou abrasão10Ausências de métodos efetivos--3Contato com
temperatura extrema--
Fonte: Autores, 2019; Adaptado CAVAIGNAC & UCHOA (2018)
Nesse sentido, este trabalho visa realizar uma investigação da situação dos trabalhadores da construção civil em obras de pequeno porte – obras unifamiliares – no município de Imperatriz - MA. A partir da investigação in loco, realizar a aplicação da ferramenta de análise de risco FMEA (failure modes and effects analysis).

2. METODOLOGIA
O estudo foi realizado em uma obra de construções unifamiliares no município de Imperatriz-MA. Cada unidade executada possuía apenas o pavimento térreo e de 90 a 110 m² de área construída. No momento do estudo a obra se encontrava na fase de execução de telhados e execução de escavação para fossa séptica. Foi realizado a observação in loco da situação dos trabalhadores e registrados através de fotografias. A partir deste registro fotográfico foi realizado uma discussão acerca das inconformidades encontradas em relação as normas regulamentadoras n° 6, n° 18 e n° 35. Posteriormente, os dados obtidos foram usados para a aplicação do FMEA.
Para a aplicação do FMEA em SSO foi utilizado o modelo proposto por Cavaignac & Forte. Contudo este modelo precisou ser adaptado para o uso da tabela de referência proposta por Cavaignac & Uchoa. A principal alteração foi a inserção de uma coluna de classificação de ocorrência chamada de “natureza de ocorrência”, para relacionar com os índices de ocorrência propostos na tabela de referência.

Tabela 3: Modelo de tabela para aplicação do FMEA em análise de risco ocupacional.
Processo
ou açãoModo de falhaCausa básica da falhaNatureza da ocorrência(O)Efeitos(S)Meios de detecção(D)Índice de riscoAções corretivas1º2º3º4º5º6º7º8º9º10º11ºFonte: Cavaignac & Forte, 2018. Adaptado.
Após a obtenção dos números de priorização de risco (RPN – Risk Priority Number) foi gerada um plano de ações corretivas, com as sugestões de correção dos modos de falha e sua priorização, do maior ao menor RPN, para organizar a correção das situações observadas.

3. INCONFORMIDADES ENCONTRADAS NA OBRA
Ao decorrer das visitas técnicas foram feitos vários registros fotográficos onde ressaltaram as irregularidades quanto ao não cumprimentos das NR`s. Na imagem 1, observamos várias inconformidades.
Figura 1- Inconformidades encontradas nos trabalhadores [1] e [2]: ausência de (a) capacete, (b) luvas, (c) dispositivo de segurança contra queda.

Fonte: Autores, 2019.
Figura 2 – Inconformidades encontradas no trabalhador [1]: ausência de (a) capacete, ausência de (b) dispositivo de segurança contra queda, (c) escada em posição irregular.

Fonte: Autores, 2019.
De acordo com a NR 18.18 telhados e coberturas, é obrigatória a instalação de cabo guia ou cabo de segurança para fixação de mecanismo de ligação por talabarte acoplado ao cinto de segurança tipo paraquedista. Na NR 18.18.2 diz que: nos locais sob as áreas onde se desenvolvam trabalhos em telhados e ou coberturas, é obrigatória a existência de sinalização de advertência e de isolamento da área capazes de evitar a ocorrência de acidentes por eventual queda de materiais, ferramentas e ou equipamentos.
Figura 3 – inconformidades encontradas no trabalhador [1]: ausência de (a) capacete, (b) luvas e (c) botas.

Fonte: Autores, 2019.
A NR 18 no tópico 6.5 diz que: Os taludes instáveis das escavações com profundidade superior a 1,25m (um metro e vinte e cinco centímetros) devem ter sua estabilidade garantida por meio de estruturas dimensionadas para este fim. (118.144-0 / I4). Na NR 18.6.7. As escavações com mais de 1,25m (um metro e vinte e cinco centímetros) de profundidade devem dispor de escadas ou rampas, colocadas próximas aos postos de trabalho, a fim de permitir, em caso de emergência, a saída rápida dos trabalhadores, independentemente do previsto no subitem 18.6.5.
Figura 4 – inconformidades encontradas no trabalhador [1] e [2]: ausência de (a) capacete, (b) luvas e (c) botas.

Fonte: Autores, 2019.


4. APLICAÇÃO DO FMEA

A seguir são apresentadas as tabelas obtidas da aplicação do FMEA a partir dos dados coletados in loco em dois processos: escavação – serviço de execução de escavação para montagem de sistema de fossa séptica – e execução de telhado – trabalho realizado em altura para execução e cobertura da residência. Após as tabelas será realizada uma discussão dos resultados obtidos. A tabela a seguir trata da aplicação do FMEA na escavação de fossa.

Tabela 4. Aplicação do FMEA na Escavação de fossa
ProcessoModo de falhaCausa básica da falhaNatureza da ocorrênciaOEfeitosSMeios de detecçãoDÍndice de riscoAções corretivasou ação DesmoronamentoFalta de escoramentoPrensagem ou aprisionamento5Morte9Visual290Execução de escoramento Queda de pessoa no interior da escavaçãoFalta de sinalizaçãoQueda com diferença de nível5Morte10Visual2100Sinalização do localEscavaçãoSoterramentoMaterial armazenado muito próximo da valaAprisionamento5Trauma que requer primeiros socorros3Visual230Armazenamento do material retirado dist. >1/2 profundidade  Excesso de esforço na colocação da manilhaColocação das manilhas sem equipamento adequadoEsforço excessivo ou inadequado5Incapacidade permanente parcial7Visual270Usar equipamento adequado para colocação das manilhas dentro da vala Contato excessivo com umidadetrabalhador exposto Contato com substância nociva Incapacidade temporária5Visual240Usar vestimenta adequada4Com afastamento curto   Esmagamento de membros na montagem da fossaQueda da manilha sobre membro do operárioImpacto sofrido6Incapacidade permanente total8Visual296Usar epi e maquinário adequado para montar as manilhasFonte: Autores, 2019. Adaptado CAVAIGNAC & FORTE (2018).
Na tabela 4 sobre escavação temos o modo de falha pelo desmoronamento, causado pela falta de escoramento, podendo ocorrer a prensagem ou aprisionamento do trabalhador com índice 5, ocasionando até mesmo a sua morte com índice 9, sua detecção é visual com índice 2, totalizando um RPN de 90.Sua ação corretiva de acordo com a NR 18 no parágrafo 6.5 é que em escavações com profundidade maior que 1,25m devem ter sua instabilidade garantida por meio de estruturas dimensionadas para tal fim.
No modo de falha de queda de pessoa no interior da escavação gerada pela falta de sinalização causando uma queda com diferença de nível de índice 5, podendo causar até a morte de uma pessoa na envolvida no processo com índice 10, sendo detectada por meio de inspeção visual de índice 2, totalizando um RPN de 100. De acordo com a NR 18 no parágrafo 6.12 os acessos de trabalhadores, veículos e equipamentos as áreas de escavação devem ter sinalização de advertência permanente.
Já no modo de falha de soterramento tendo como causa o armazenamento do material retirado muito próximo a vala podendo causar aprisionamento do trabalhador com índice 5, gerando até um trauma que requer primeiros socorros de índice 3, sendo detectado por inspeção visual de índice 2, totalizando um RPN de 30. A NR 18 no parágrafo 6.8 diz que os matérias retirados da escavação devem ser depositados a uma distância superior à metade da profundidade, medida a partir da borda do talude.
No excesso de esforço na colocação das manilhas dentro da vala temos a causa da falha a não utilização de equipamentos adequados levando o trabalhador a um esforço excessivo ou inadequado com índice 5, podendo gerar uma incapacidade permanente parcial com índice 7, sendo detectado através de inspeção visual de índice 2, totalizando um RPN de 70, sua ação corretiva será através de utilização de equipamentos adequados para a colocação das manilhas dentro da vala.
Também temos o trabalhador em contato excessivo com a umidade, levando o mesmo a uma exposição pelo contato com substância nociva de índice 4, podendo levar a uma incapacidade temporária com afastamento curto de índice 5 sendo detectado através de inspeção visual de índice 2, totalizando um RPN de 40, a medida preventiva seria a empresa disponibilizar ao trabalhador exposto vestimentas adequadas para este tipo de tarefa.
O trabalhador também poderá sofrer um esmagamento de membro durante a montagem da fossa pela queda da manilha sofrendo assim um impacto de índice 6, ocasionando uma incapacidade permanente total de índice 8, sendo detectada através de inspeção visual de índice 2, totalizando um RPN de 96, a ação corretiva seria o trabalhador está usando seu EPI devidamente para esta tarefa e também o uso do maquinário correto para o içamento e colocação das manilhas dentro da vala.

Tabela 5. Aplicação do FMEA na execução do telhado

ProcessoModo de falhaCausa básica da falhaNatureza da ocorrênciaOEfeitosSMeios de detecçãoDÍndice de riscoAções corretivasou ação Queda do colaborador do telhadoNão uso de epiQueda com diferença de nível5Incapacidade permanente total8Visual280Uso de EPI Queda de material do telhadoÁrea não sinalizadaImpacto sofrido6Trauma que requer primeiros socorros3Visual236Uso de EPCExecução do telhadoQuebra da escada
Falta de resistência do material
Queda com diferença de nível
5
Incapacidade temporária com afastamento curto
5
Ausência de métodos de avaliação
10250
Troca da escada Queda do colaborador da escadaFalta de estabilidadeQueda com diferença de nível5Incapacidade temporária com afastamento curto5Checklist4100Troca da escadaFonte: Autores, 2019. Adaptado CAVAIGNAC & FORTE (2018).
Nesta tabela podemos observar várias falhas que são muito frequentes no canteiro de obra. Na NR 18, no tópico 18.1 que fala sobre telhados e coberturas diz que para trabalho em telhados e coberturas devem ser utilizados dispositivos dimensionados por profissional legalmente habilitado e que permitam movimentação segura dos trabalhadores, o não uso desse EPI poderá acarretar na queda do colaborador com diferença de nível que tem um índice 5, causando até uma incapacidade permanente total com índice 8, podemos perceber isso por meio de inspeção visual com índice 2, totalizando um RPN de 80.Na mesma NR já no tópico 18.2 diz que: nos locais sob as áreas onde se desenvolvam trabalhos em telhados e ou coberturas, é obrigatória a existência de sinalização de advertência e de isolamento da área capazes de evitara ocorrência de acidentes por eventual queda de materiais, ferramentas e ou equipamentos, o não uso deste EPC o trabalhador poderá sofrer um impacto com índice 6, com trauma que requer primeiros socorros de índice 3, podemos detectar através de inspeção visual de índice 2, totalizando um RPN de 36.
Já no modo de falha da quebra da escada temos como causa da falha a falta de resistência do material causando uma queda do colaborador com diferença de nível com índice 5,podendo gerar uma incapacidade temporária com afastamento curto de índice 5, esta falha é de difícil detecção tendo por isso um índice 10, gerando um RPN de 250, sendo necessário fazer inspeção na mesma com frequência a fim de evitar esse tipo de acidente, pois o mesmo atingiu o maior índice de acordo com a ferramenta para este tipo de trabalho. Agora falando sobre a queda do colaborador da escada temos a causa da falha a falta de estabilidade, podendo causar uma queda com diferença de nível de índice 5, podendo gerar uma incapacidade temporária com afastamento curto de índice 5, sendo detectado através de um checklist de índice 4, totalizando um RPN de 100. A ações corretivas quanto ao uso da escada seria a troca da mesma quando detectado estas falhas.

5. Conclusão

Tanto em grandes quanto em pequenas obras a segurança e saúde do colaborador é de grande importância, devendo assim o empregador investir na qualidade das ferramentas de trabalho, qualificação e treinamento do quadro de funcionários. Nesse sentido o presente trabalho vem contribuir em duas situações de trabalho que é o processo de escavação (serviço de escavação e montagem de sistema de fossa séptica) e telhado (execução do telhado e cobertura de residência), mostrando através da tabela a seguir quais os riscos mais comuns e seu índice (RPN) ordenado do maior para o menor de acordo com o seu grau de gravidade. Além das identificações qualitativas a ferramenta FMEA (failure modes and effects analysis) nos informa dados quantitativos dos riscos relacionados a sua causa e efeito aos trabalhadores.

Tabela 6: Plano de ações corretivas, com sugestões para correções dos modos de falha com suas prioridades de acordo com RPN.
Ordem de prioridadeModo de falhaRPNAções corretivas1ºQuebra da escada250Troca da escada por outra de boa qualidade2ºQueda do colaborador da escada100Troca da escada3ºQueda de pessoa no interior da escavação100Sinalizar o local da escavação4ºEsmagamento de membro na montagem da fossa96Usar EPI e maquinário adequado5ºDesmoronamento90Fazer escoramento6ºQueda do colaborador do telhado80Conscientizar o colaborador ao uso do EPI correto7ºExcesso de esforço na colocação da manilha70Fazer o uso dos EPI´s adequados para colocação das manilhas8ºContato excessivo com umidade40Usar a vestimenta adequada9ºQueda de material do telhado36Uso de EPC10ºSoterramento30Armazenar o material retirado a uma distância maior que ½ da profundidade da vala.Fonte: Autores, 2019.
Após a obtenção dos RPNs (risk priority number) foi possível priorizar os modos de falha encontrados. Para o serviço de escavação, a queda de pessoas na escavação não-sinalizada obteve o maior RPN, seguido de esmagamento de membro durante a colocação da fossa – 100 e 96. Para o trabalho em altura, a quebra da escada obteve o maior RPN, igual a 250 – também o maior RPN geral. Ao final foi proposto um plano de ações corretivas para contribuir para mitigar os riscos ocupacionais presentes na obra investigada.

Referências

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 "https://en.wikipedia.org/wiki/Failure_mode_and_effects_analysis".


AVALIAÇÃO DE RISCO OCUPACIONAL EM OBRAS DE PEQUENO PORTE DE UNIDADES UNIFAMILIARES COM APLICAÇÃO DO FMEA: UMA INVESTIGAÇÃO SOBRE TRABALHO EM ALTURA E ESCAVAÇÕES
OCCUPATIONAL RISK ASSESSMENT IN SMALL WORKS OF SMALL UNITS WITH FMEA APPLICATION: AN INVESTIGATION ON WORK AT HEIGHT AND EXCAVATIONS
Autor11; Autor22; Autor33

1 2 3Departamento de Engenharias e Tecnologia do Centro Universitário Norte do Espírito Santo da Universidade
Federal do Espírito Santo, Rodovia BR 101 Norte, Km. 60, Bairro Litorâneo, CEP 29932-540, São Mateus. revistabjpe@gmail.com
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FastFormat; ABNT; artigos científicos; formatação automática.
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FastFormat; ABNT; scientific articles;

Copyright © 2018, Nome do Autor Completo et al. Este é um artigo open access distribuído sob a Creative Commons Attribution License, que permite uso irrestrito, distribuição e reprodução, sempre quando providenciado a devida citação do original. Os autores declaram que o mesmo não infringe qualquer direito autoral ou outro direito de propriedade de terceiros. 
*Autor Correspondente: Revista BJPE,
Departamento de Engenharias e Tecnologia do Centro Universitário Norte do Espírito Santo da Universidade Federal do Espírito Santo, Rodovia BR 101 Norte, Km. 60, Bairro Litorâneo, CEP 29932-540, São Mateus, Espírito Santo, Brasil.
RESUMO
 A construção civil é o setor com maior índice de acidentes de trabalho, levando em consideração muitos fatores como a falta de planejamento, desorganização do ambiente de trabalho, falta de mão de obra qualificada, a falta de fiscalização pelos responsáveis da obra e também pelos órgãos competentes, além das condições das instalações dos canteiros de obra. O objetivo deste trabalho é realizar uma investigação da situação dos trabalhadores da construção civil em obras de pequeno porte – obras unifamiliares – no município de Imperatriz – MA, com ênfase nos processos de execução de telhado e escavações. A partir dos registros fotográficos foi realizado uma discussão acerca das inconformidades encontradas em relação as normas regulamentadoras n° 6, n° 18 e n° 35. Posteriormente, os dados obtidos foram usados para a aplicação do FMEA (failure mode and effect analysis).
Após a obtenção dos RPNs (risk priority number) foi possível priorizar os modos de falha encontrados. Para o serviço de escavação, a queda de pessoas na escavação não-sinalizada obteve o maior RPN, seguido de esmagamento de membro durante a colocação da fossa – 100 e 96. Para o trabalho em altura, a quebra da escada obteve o maior RPN, igual a 250 – também o maior RPN geral. Ao final foi proposto um plano de ações corretivas para contribuir para mitigar os riscos ocupacionais presentes na obra investigada. ABSTRACT
Civil construction is the sector with the highest rate of occupational accidents, taking into account many factors such as lack of planning, disorganization of the work environment, lack of skilled labor, lack of supervision by those responsible for the work and also by the agencies. in addition to the conditions of the site installations. The objective of this work is to investigate the situation of construction workers in small works - single family works - in the municipality of Imperatriz - MA, with emphasis on the processes of roofing and excavation. From the photographic records, a discussion was made about the nonconformities found in relation to regulatory standards No. 6, No. 18 and No. 35. Subsequently, the data obtained were used for the application of FMEA (failure modes and effects analysis).
After obtaining the RPNs (risk priority number) it was possible to prioritize the failure modes found. For the excavation service, the fall of people on the unmarked excavation obtained the highest RPN, followed by limb crushing during the laying of the pit - 100 and 96. For work at heights, the ladder break obtained the highest RPN, equal to 250 - also the highest overall RPN. At the end, a corrective action plan was proposed to contribute to mitigate the occupational risks present in the investigated work.


 SHAPE \* MERGEFORMAT 

INTRODUÇÃO
A indústria da construção – IC, é um dos setores que mais empregam, sendo clara sua importância social e econômica no país e no mundo. Se ainda considerarmos sua cadeia produtiva, com produção de materiais de construção, de máquinas, equipamentos, prestação de serviços e comercio dos mesmos, o impacto na economia e no âmbito social se torna ainda maior (SESI, 2015). A construção civil é o setor com maior índice de acidentes de trabalho, muitas vezes relacionados aos fatores de risco no ambiente de trabalho, mão de obra não qualificada, falta de fiscalização, falta de planejamento e até mesmo pelas condições das próprias instalações dos canteiros (LOVATO, 2017).
Muitos desses acidentes são referentes ao descumprimento da Norma Regulamentadora nº 18 (NR 18), onde ela estabelece diretrizes de ordem administrativa, de planejamento e de organização, que objetivam a implementação de medidas de controle e sistemas preventivos de segurança nos processos, nas condições e no meio ambiente de trabalho na indústria da construção. Outro fator importante para o acontecimento de acidentes de trabalho está na ausência de profissionais especializados em segurança do trabalho no canteiro de obra, onde se torna difícil fazer com que a higiene ocupacional e segurança no ambiente de trabalho se tornem hábito de um trabalhador (DINIZ JÚNIOR, 2002).
Outro grande fator de risco é a resistência em relação ao uso de EPIs por meios dos empregados, muitas vezes por falta de treinamento ou por falta de conhecimento das normas e legislações sobre o assunto. De maneira geral os EPI´S são fornecidos, na maioria das vezes, sem qualquer critério de escolha, apenas para o cumprimento básico da legislação, causando muitas vezes desconforto nos trabalhadores. Não há qualquer preocupação com a qualidade e desempenho dos equipamentos por parte dos empregadores no geral (DA SILVA et al, 2015)
Acidentes de trabalho geram custos adicionais à construção civil, principalmente com reparação de danos, indenizações e custos por afastamento de funcionários (CAVAIGNAC & FORTE, 2018). Segundo o Anuário da Previdência Social do ano de 2016 foram gastos 312 milhões de reais em benefícios concedidos a acidentários, o que de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU) representou 3% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional no mesmo período. A tabela 01 apresenta as estatísticas da Previdência Social que relaciona os setores de atividade econômica e seus acidentes de trabalho.
Tabela 1 – Acidentes de trabalho nos setores econômicos.
Setor20122013201420152016Agropecuária25.68423.55022.16018.33817.088Extrativa7.3727.1265.9975.0864.025Transformação222.073224.363184.339161.169141.077Construção Civil64.16162.40850.66243.33434.786Serv. de Utilidade Publica17.38217.51615.00614.50613.849Serv. Gerais348.489362.909305.703309.602299.515Ignorado28.78627.720128.43570.34468.595Total713.947725.592712.302622.379578.935Fonte: Anuários da Previdência Social (adaptados), 2012 a 2016.
O processo de planejamento, anterior ao início da execução, é essencial para uma correta execução de obras civis evitando custos não provisionados e os procedimentos de análise e gerenciamento de risco são fundamentais para investigar a situação laboral dos colaboradores prevendo e solucionando futuros riscos inerentes à função (BENNITE, 2004; CAVAIGNAC & FORTE, 2018). As principais ferramentas de análise de risco são a análise preliminar de risco – APR, árvore de falha (Fault Tree Analysis– FTA) e recentemente, a análise de modo de falha e efeitos - FMEA (CAVAIGNAC & FORTE, 2018; CAVAIGNAC & UCHOA, 2018; SANTOS et al. 2019; DIAS JÚNIOR & CAVAIGNAC, 2019; JORGE et al. 2019).
Um dos métodos comumente utilizados na análise de falhas é a FMEA (failure mode and effect analysis), que é amplamente descrito na literatura (HELMAN, 1995). Em termos sintéticos, FMEA é um método de análise estruturada, formalmente documentada para servir também como uma avaliação interna ao projeto do produto ou processo. Seu objetivo básico é identificar os modos de falha, suas causas básicas, seus efeitos, e qual o impacto desses efeitos no produto final. Uma vez estabelecida a relação entre a falha, suas causas e seus efeitos, são determinados índices que avaliam a probabilidade de ocorrência da falha, a gravidade de seus efeitos e a capacidade de detectar-se a falha e bloqueá-la antes do seu efeito ser percebido pelo cliente. O produto dos três índices resulta no chamado “índice de risco”, que permite a hierarquização das falhas e a priorização das ações preventivas que serão tomadas (VANNI et al., 1998).
O FMEA Foi desenvolvida na década de 50 com a finalidade de encontrar a qualidade e confiabilidade nos programas aeroespaciais da NASA. Posteriormente esta técnica foi utilizada em indústrias através das exigências pelos clientes. O FMEA permite uma hierarquia de riscos, priorizando os modos de falha de acordo com um coeficiente chamado número de prioridade de risco ou RPN. Este número é um resultado da multiplicação de três índices independentes - severidade (S), ocorrência (O) e detecção (D) - e variam de 1 a 10, da melhor realidade para a pior (STAMATIS, 2003).
Severidade é a classificação que indica a gravidade de uma consequência possível no modo potencial de uma falha. Classificando a gravidade da falha de 1 a 10, partindo de uma consequência sem danos até danos catastróficos ou irreparáveis. A ocorrência no FMEA é a estimativa da frequência ou probabilidade de ocorrência do modo de falha. O melhor método para determinar o seu valor é através do uso de dados reais do processo, no entanto, no caso onde não há dados anteriores para avaliação podem ser atribuídos escalas qualitativas baseado na experiência dos operadores (MCDERMOTT, et al., 2009). Detecção é a dificuldade de fazer com que a falha seja detectada antes que ocorra o modo de falha. Para a área de manutenção, conceitua-se a probabilidade de detecção entre muito baixo e muito alto, relacionando os conceitos de 1 a 10 com a probabilidade de o defeito ser detectado (STAMATIS, 2003) (MCDERMOTT, et al., 2009).
A tabela 2 é proposta por Cavaignac & Uchoa (2018) como ferramenta de referência rápida aos profissionais que elaboram, executam e pesquisam sobre o tema de segurança do trabalho, com o intuito de diminuir a dificuldade da utilização do FMEA relatado por Laurenti et al (2012).

Tabela 2 – Tabela de referência de índices de Severidade (S), Ocorrência (O) e Detecção (D)
Severidade (S)Ocorrência (O)Detecção (D)ÍndiceNatureza da severidadeÍndiceNatureza da ocorrênciaÍndiceNatureza de detecção1Sem impacto real6Impacto sofrido1Inspeção visual2Trauma irrelevante5Queda com diferença de nível23Trauma que requer primeiros socorros5Impacto contra3
Teste tátil /
teste manual4Incapacidade temporária sem afastamento5Esforço excessivo ou inadequado45Incapacidade temporária com afastamento curto5Prensagem ou aprisionamento5Aplicação de checklist / sequência
de testes antes da tarefa6Incapacidade temporária com afastamento longo5Queda em mesmo nível67Incapacidade permanente parcial4Exposição ao ruído78Incapacidade permanente total4Contato com substância nociva8
Inspeção instrumental /9Óbito de envolvidos no processo4Choque elétrico9Testes mecânicos10Óbito de não envolvidos no processo3Atrito ou abrasão10Ausências de métodos efetivos--3Contato com
temperatura extrema--
Fonte: Autores, 2019; Adaptado CAVAIGNAC & UCHOA (2018)
Nesse sentido, este trabalho visa realizar uma investigação da situação dos trabalhadores da construção civil em obras de pequeno porte – obras unifamiliares – no município de Imperatriz - MA. A partir da investigação in loco, realizar a aplicação da ferramenta de análise de risco FMEA (failure modes and effects analysis).

2. METODOLOGIA
O estudo foi realizado em uma obra de construções unifamiliares no município de Imperatriz-MA. Cada unidade executada possuía apenas o pavimento térreo e de 90 a 110 m² de área construída. No momento do estudo a obra se encontrava na fase de execução de telhados e execução de escavação para fossa séptica. Foi realizado a observação in loco da situação dos trabalhadores e registrados através de fotografias. A partir deste registro fotográfico foi realizado uma discussão acerca das inconformidades encontradas em relação as normas regulamentadoras n° 6, n° 18 e n° 35. Posteriormente, os dados obtidos foram usados para a aplicação do FMEA.
Para a aplicação do FMEA em SSO foi utilizado o modelo proposto por Cavaignac & Forte. Contudo este modelo precisou ser adaptado para o uso da tabela de referência proposta por Cavaignac & Uchoa. A principal alteração foi a inserção de uma coluna de classificação de ocorrência chamada de “natureza de ocorrência”, para relacionar com os índices de ocorrência propostos na tabela de referência.

Tabela 3: Modelo de tabela para aplicação do FMEA em análise de risco ocupacional.
Processo
ou açãoModo de falhaCausa básica da falhaNatureza da ocorrência(O)Efeitos(S)Meios de detecção(D)Índice de riscoAções corretivas1º2º3º4º5º6º7º8º9º10º11ºFonte: Cavaignac & Forte, 2018. Adaptado.
Após a obtenção dos números de priorização de risco (RPN – Risk Priority Number) foi gerada um plano de ações corretivas, com as sugestões de correção dos modos de falha e sua priorização, do maior ao menor RPN, para organizar a correção das situações observadas.

3. INCONFORMIDADES ENCONTRADAS NA OBRA
Ao decorrer das visitas técnicas foram feitos vários registros fotográficos onde ressaltaram as irregularidades quanto ao não cumprimentos das NR`s. Na imagem 1, observamos várias inconformidades.
Figura 1- Inconformidades encontradas nos trabalhadores [1] e [2]: ausência de (a) capacete, (b) luvas, (c) dispositivo de segurança contra queda.

Fonte: Autores, 2019.
Figura 2 – Inconformidades encontradas no trabalhador [1]: ausência de (a) capacete, ausência de (b) dispositivo de segurança contra queda, (c) escada em posição irregular.

Fonte: Autores, 2019.
De acordo com a NR 18.18 telhados e coberturas, é obrigatória a instalação de cabo guia ou cabo de segurança para fixação de mecanismo de ligação por talabarte acoplado ao cinto de segurança tipo paraquedista. Na NR 18.18.2 diz que: nos locais sob as áreas onde se desenvolvam trabalhos em telhados e ou coberturas, é obrigatória a existência de sinalização de advertência e de isolamento da área capazes de evitar a ocorrência de acidentes por eventual queda de materiais, ferramentas e ou equipamentos.
Figura 3 – inconformidades encontradas no trabalhador [1]: ausência de (a) capacete, (b) luvas e (c) botas.

Fonte: Autores, 2019.
A NR 18 no tópico 6.5 diz que: Os taludes instáveis das escavações com profundidade superior a 1,25m (um metro e vinte e cinco centímetros) devem ter sua estabilidade garantida por meio de estruturas dimensionadas para este fim. (118.144-0 / I4). Na NR 18.6.7. As escavações com mais de 1,25m (um metro e vinte e cinco centímetros) de profundidade devem dispor de escadas ou rampas, colocadas próximas aos postos de trabalho, a fim de permitir, em caso de emergência, a saída rápida dos trabalhadores, independentemente do previsto no subitem 18.6.5.
Figura 4 – inconformidades encontradas no trabalhador [1] e [2]: ausência de (a) capacete, (b) luvas e (c) botas.

Fonte: Autores, 2019.


4. APLICAÇÃO DO FMEA

A seguir são apresentadas as tabelas obtidas da aplicação do FMEA a partir dos dados coletados in loco em dois processos: escavação – serviço de execução de escavação para montagem de sistema de fossa séptica – e execução de telhado – trabalho realizado em altura para execução e cobertura da residência. Após as tabelas será realizada uma discussão dos resultados obtidos. A tabela a seguir trata da aplicação do FMEA na escavação de fossa.

Tabela 4. Aplicação do FMEA na Escavação de fossa
ProcessoModo de falhaCausa básica da falhaNatureza da ocorrênciaOEfeitosSMeios de detecçãoDÍndice de riscoAções corretivasou ação DesmoronamentoFalta de escoramentoPrensagem ou aprisionamento5Morte9Visual290Execução de escoramento Queda de pessoa no interior da escavaçãoFalta de sinalizaçãoQueda com diferença de nível5Morte10Visual2100Sinalização do localEscavaçãoSoterramentoMaterial armazenado muito próximo da valaAprisionamento5Trauma que requer primeiros socorros3Visual230Armazenamento do material retirado dist. >1/2 profundidade  Excesso de esforço na colocação da manilhaColocação das manilhas sem equipamento adequadoEsforço excessivo ou inadequado5Incapacidade permanente parcial7Visual270Usar equipamento adequado para colocação das manilhas dentro da vala Contato excessivo com umidadetrabalhador exposto Contato com substância nociva Incapacidade temporária5Visual240Usar vestimenta adequada4Com afastamento curto   Esmagamento de membros na montagem da fossaQueda da manilha sobre membro do operárioImpacto sofrido6Incapacidade permanente total8Visual296Usar epi e maquinário adequado para montar as manilhasFonte: Autores, 2019. Adaptado CAVAIGNAC & FORTE (2018).
Na tabela 4 sobre escavação temos o modo de falha pelo desmoronamento, causado pela falta de escoramento, podendo ocorrer a prensagem ou aprisionamento do trabalhador com índice 5, ocasionando até mesmo a sua morte com índice 9, sua detecção é visual com índice 2, totalizando um RPN de 90.Sua ação corretiva de acordo com a NR 18 no parágrafo 6.5 é que em escavações com profundidade maior que 1,25m devem ter sua instabilidade garantida por meio de estruturas dimensionadas para tal fim.
No modo de falha de queda de pessoa no interior da escavação gerada pela falta de sinalização causando uma queda com diferença de nível de índice 5, podendo causar até a morte de uma pessoa na envolvida no processo com índice 10, sendo detectada por meio de inspeção visual de índice 2, totalizando um RPN de 100. De acordo com a NR 18 no parágrafo 6.12 os acessos de trabalhadores, veículos e equipamentos as áreas de escavação devem ter sinalização de advertência permanente.
Já no modo de falha de soterramento tendo como causa o armazenamento do material retirado muito próximo a vala podendo causar aprisionamento do trabalhador com índice 5, gerando até um trauma que requer primeiros socorros de índice 3, sendo detectado por inspeção visual de índice 2, totalizando um RPN de 30. A NR 18 no parágrafo 6.8 diz que os matérias retirados da escavação devem ser depositados a uma distância superior à metade da profundidade, medida a partir da borda do talude.
No excesso de esforço na colocação das manilhas dentro da vala temos a causa da falha a não utilização de equipamentos adequados levando o trabalhador a um esforço excessivo ou inadequado com índice 5, podendo gerar uma incapacidade permanente parcial com índice 7, sendo detectado através de inspeção visual de índice 2, totalizando um RPN de 70, sua ação corretiva será através de utilização de equipamentos adequados para a colocação das manilhas dentro da vala.
Também temos o trabalhador em contato excessivo com a umidade, levando o mesmo a uma exposição pelo contato com substância nociva de índice 4, podendo levar a uma incapacidade temporária com afastamento curto de índice 5 sendo detectado através de inspeção visual de índice 2, totalizando um RPN de 40, a medida preventiva seria a empresa disponibilizar ao trabalhador exposto vestimentas adequadas para este tipo de tarefa.
O trabalhador também poderá sofrer um esmagamento de membro durante a montagem da fossa pela queda da manilha sofrendo assim um impacto de índice 6, ocasionando uma incapacidade permanente total de índice 8, sendo detectada através de inspeção visual de índice 2, totalizando um RPN de 96, a ação corretiva seria o trabalhador está usando seu EPI devidamente para esta tarefa e também o uso do maquinário correto para o içamento e colocação das manilhas dentro da vala.

Tabela 5. Aplicação do FMEA na execução do telhado

ProcessoModo de falhaCausa básica da falhaNatureza da ocorrênciaOEfeitosSMeios de detecçãoDÍndice de riscoAções corretivasou ação Queda do colaborador do telhadoNão uso de epiQueda com diferença de nível5Incapacidade permanente total8Visual280Uso de EPI Queda de material do telhadoÁrea não sinalizadaImpacto sofrido6Trauma que requer primeiros socorros3Visual236Uso de EPCExecução do telhadoQuebra da escada
Falta de resistência do material
Queda com diferença de nível
5
Incapacidade temporária com afastamento curto
5
Ausência de métodos de avaliação
10250
Troca da escada Queda do colaborador da escadaFalta de estabilidadeQueda com diferença de nível5Incapacidade temporária com afastamento curto5Checklist4100Troca da escadaFonte: Autores, 2019. Adaptado CAVAIGNAC & FORTE (2018).
Nesta tabela podemos observar várias falhas que são muito frequentes no canteiro de obra. Na NR 18, no tópico 18.1 que fala sobre telhados e coberturas diz que para trabalho em telhados e coberturas devem ser utilizados dispositivos dimensionados por profissional legalmente habilitado e que permitam movimentação segura dos trabalhadores, o não uso desse EPI poderá acarretar na queda do colaborador com diferença de nível que tem um índice 5, causando até uma incapacidade permanente total com índice 8, podemos perceber isso por meio de inspeção visual com índice 2, totalizando um RPN de 80.Na mesma NR já no tópico 18.2 diz que: nos locais sob as áreas onde se desenvolvam trabalhos em telhados e ou coberturas, é obrigatória a existência de sinalização de advertência e de isolamento da área capazes de evitara ocorrência de acidentes por eventual queda de materiais, ferramentas e ou equipamentos, o não uso deste EPC o trabalhador poderá sofrer um impacto com índice 6, com trauma que requer primeiros socorros de índice 3, podemos detectar através de inspeção visual de índice 2, totalizando um RPN de 36.
Já no modo de falha da quebra da escada temos como causa da falha a falta de resistência do material causando uma queda do colaborador com diferença de nível com índice 5,podendo gerar uma incapacidade temporária com afastamento curto de índice 5, esta falha é de difícil detecção tendo por isso um índice 10, gerando um RPN de 250, sendo necessário fazer inspeção na mesma com frequência a fim de evitar esse tipo de acidente, pois o mesmo atingiu o maior índice de acordo com a ferramenta para este tipo de trabalho. Agora falando sobre a queda do colaborador da escada temos a causa da falha a falta de estabilidade, podendo causar uma queda com diferença de nível de índice 5, podendo gerar uma incapacidade temporária com afastamento curto de índice 5, sendo detectado através de um checklist de índice 4, totalizando um RPN de 100. A ações corretivas quanto ao uso da escada seria a troca da mesma quando detectado estas falhas.

5. Conclusão

Tanto em grandes quanto em pequenas obras a segurança e saúde do colaborador é de grande importância, devendo assim o empregador investir na qualidade das ferramentas de trabalho, qualificação e treinamento do quadro de funcionários. Nesse sentido o presente trabalho vem contribuir em duas situações de trabalho que é o processo de escavação (serviço de escavação e montagem de sistema de fossa séptica) e telhado (execução do telhado e cobertura de residência), mostrando através da tabela a seguir quais os riscos mais comuns e seu índice (RPN) ordenado do maior para o menor de acordo com o seu grau de gravidade. Além das identificações qualitativas a ferramenta FMEA (failure modes and effects analysis) nos informa dados quantitativos dos riscos relacionados a sua causa e efeito aos trabalhadores.

Tabela 6: Plano de ações corretivas, com sugestões para correções dos modos de falha com suas prioridades de acordo com RPN.
Ordem de prioridadeModo de falhaRPNAções corretivas1ºQuebra da escada250Troca da escada por outra de boa qualidade2ºQueda do colaborador da escada100Troca da escada3ºQueda de pessoa no interior da escavação100Sinalizar o local da escavação4ºEsmagamento de membro na montagem da fossa96Usar EPI e maquinário adequado5ºDesmoronamento90Fazer escoramento6ºQueda do colaborador do telhado80Conscientizar o colaborador ao uso do EPI correto7ºExcesso de esforço na colocação da manilha70Fazer o uso dos EPI´s adequados para colocação das manilhas8ºContato excessivo com umidade40Usar a vestimenta adequada9ºQueda de material do telhado36Uso de EPC10ºSoterramento30Armazenar o material retirado a uma distância maior que ½ da profundidade da vala.Fonte: Autores, 2019.
Após a obtenção dos RPNs (risk priority number) foi possível priorizar os modos de falha encontrados. Para o serviço de escavação, a queda de pessoas na escavação não-sinalizada obteve o maior RPN, seguido de esmagamento de membro durante a colocação da fossa – 100 e 96. Para o trabalho em altura, a quebra da escada obteve o maior RPN, igual a 250 – também o maior RPN geral. Ao final foi proposto um plano de ações corretivas para contribuir para mitigar os riscos ocupacionais presentes na obra investigada.

Referências

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Copyright © 2018, Nome do Autor Completo et al. Este é um artigo open access distribuído sob a Creative Commons Attribution License, que permite uso irrestrito, distribuição e reprodução, sempre quando providenciado a devida citação do original. Os autores declaram que o mesmo não infringe qualquer direito autoral ou outro direito de propriedade de terceiros. 
*Autor Correspondente: Revista BJPE,
Departamento de Engenharias e Tecnologia do Centro Universitário Norte do Espírito Santo da Universidade Federal do Espírito Santo, Rodovia BR 101 Norte, Km. 60, Bairro Litorâneo, CEP 29932-540, São Mateus, Espírito Santo, Brasil.
RESUMO
 A construção civil é o setor com maior índice de acidentes de trabalho, levando em consideração muitos fatores como a falta de planejamento, desorganização do ambiente de trabalho, falta de mão de obra qualificada, a falta de fiscalização pelos responsáveis da obra e também pelos órgãos competentes, além das condições das instalações dos canteiros de obra. O objetivo deste trabalho é realizar uma investigação da situação dos trabalhadores da construção civil em obras de pequeno porte – obras unifamiliares – no município de Imperatriz – MA, com ênfase nos processos de execução de telhado e escavações. A partir dos registros fotográficos foi realizado uma discussão acerca das inconformidades encontradas em relação as normas regulamentadoras n° 6, n° 18 e n° 35. Posteriormente, os dados obtidos foram usados para a aplicação do FMEA (failure mode and effect analysis).
Após a obtenção dos RPNs (risk priority number) foi possível priorizar os modos de falha encontrados. Para o serviço de escavação, a queda de pessoas na escavação não-sinalizada obteve o maior RPN, seguido de esmagamento de membro durante a colocação da fossa – 100 e 96. Para o trabalho em altura, a quebra da escada obteve o maior RPN, igual a 250 – também o maior RPN geral. Ao final foi proposto um plano de ações corretivas para contribuir para mitigar os riscos ocupacionais presentes na obra investigada. ABSTRACT
Civil construction is the sector with the highest rate of occupational accidents, taking into account many factors such as lack of planning, disorganization of the work environment, lack of skilled labor, lack of supervision by those responsible for the work and also by the agencies. in addition to the conditions of the site installations. The objective of this work is to investigate the situation of construction workers in small works - single family works - in the municipality of Imperatriz - MA, with emphasis on the processes of roofing and excavation. From the photographic records, a discussion was made about the nonconformities found in relation to regulatory standards No. 6, No. 18 and No. 35. Subsequently, the data obtained were used for the application of FMEA (failure modes and effects analysis).
After obtaining the RPNs (risk priority number) it was possible to prioritize the failure modes found. For the excavation service, the fall of people on the unmarked excavation obtained the highest RPN, followed by limb crushing during the laying of the pit - 100 and 96. For work at heights, the ladder break obtained the highest RPN, equal to 250 - also the highest overall RPN. At the end, a corrective action plan was proposed to contribute to mitigate the occupational risks present in the investigated work.


 SHAPE \* MERGEFORMAT 

INTRODUÇÃO
A indústria da construção – IC, é um dos setores que mais empregam, sendo clara sua importância social e econômica no país e no mundo. Se ainda considerarmos sua cadeia produtiva, com produção de materiais de construção, de máquinas, equipamentos, prestação de serviços e comercio dos mesmos, o impacto na economia e no âmbito social se torna ainda maior (SESI, 2015). A construção civil é o setor com maior índice de acidentes de trabalho, muitas vezes relacionados aos fatores de risco no ambiente de trabalho, mão de obra não qualificada, falta de fiscalização, falta de planejamento e até mesmo pelas condições das próprias instalações dos canteiros (LOVATO, 2017).
Muitos desses acidentes são referentes ao descumprimento da Norma Regulamentadora nº 18 (NR 18), onde ela estabelece diretrizes de ordem administrativa, de planejamento e de organização, que objetivam a implementação de medidas de controle e sistemas preventivos de segurança nos processos, nas condições e no meio ambiente de trabalho na indústria da construção. Outro fator importante para o acontecimento de acidentes de trabalho está na ausência de profissionais especializados em segurança do trabalho no canteiro de obra, onde se torna difícil fazer com que a higiene ocupacional e segurança no ambiente de trabalho se tornem hábito de um trabalhador (DINIZ JÚNIOR, 2002).
Outro grande fator de risco é a resistência em relação ao uso de EPIs por meios dos empregados, muitas vezes por falta de treinamento ou por falta de conhecimento das normas e legislações sobre o assunto. De maneira geral os EPI´S são fornecidos, na maioria das vezes, sem qualquer critério de escolha, apenas para o cumprimento básico da legislação, causando muitas vezes desconforto nos trabalhadores. Não há qualquer preocupação com a qualidade e desempenho dos equipamentos por parte dos empregadores no geral (DA SILVA et al, 2015)
Acidentes de trabalho geram custos adicionais à construção civil, principalmente com reparação de danos, indenizações e custos por afastamento de funcionários (CAVAIGNAC & FORTE, 2018). Segundo o Anuário da Previdência Social do ano de 2016 foram gastos 312 milhões de reais em benefícios concedidos a acidentários, o que de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU) representou 3% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional no mesmo período. A tabela 01 apresenta as estatísticas da Previdência Social que relaciona os setores de atividade econômica e seus acidentes de trabalho.
Tabela 1 – Acidentes de trabalho nos setores econômicos.
Setor20122013201420152016Agropecuária25.68423.55022.16018.33817.088Extrativa7.3727.1265.9975.0864.025Transformação222.073224.363184.339161.169141.077Construção Civil64.16162.40850.66243.33434.786Serv. de Utilidade Publica17.38217.51615.00614.50613.849Serv. Gerais348.489362.909305.703309.602299.515Ignorado28.78627.720128.43570.34468.595Total713.947725.592712.302622.379578.935Fonte: Anuários da Previdência Social (adaptados), 2012 a 2016.
O processo de planejamento, anterior ao início da execução, é essencial para uma correta execução de obras civis evitando custos não provisionados e os procedimentos de análise e gerenciamento de risco são fundamentais para investigar a situação laboral dos colaboradores prevendo e solucionando futuros riscos inerentes à função (BENNITE, 2004; CAVAIGNAC & FORTE, 2018). As principais ferramentas de análise de risco são a análise preliminar de risco – APR, árvore de falha (Fault Tree Analysis– FTA) e recentemente, a análise de modo de falha e efeitos - FMEA (CAVAIGNAC & FORTE, 2018; CAVAIGNAC & UCHOA, 2018; SANTOS et al. 2019; DIAS JÚNIOR & CAVAIGNAC, 2019; JORGE et al. 2019).
Um dos métodos comumente utilizados na análise de falhas é a FMEA (failure mode and effect analysis), que é amplamente descrito na literatura (HELMAN, 1995). Em termos sintéticos, FMEA é um método de análise estruturada, formalmente documentada para servir também como uma avaliação interna ao projeto do produto ou processo. Seu objetivo básico é identificar os modos de falha, suas causas básicas, seus efeitos, e qual o impacto desses efeitos no produto final. Uma vez estabelecida a relação entre a falha, suas causas e seus efeitos, são determinados índices que avaliam a probabilidade de ocorrência da falha, a gravidade de seus efeitos e a capacidade de detectar-se a falha e bloqueá-la antes do seu efeito ser percebido pelo cliente. O produto dos três índices resulta no chamado “índice de risco”, que permite a hierarquização das falhas e a priorização das ações preventivas que serão tomadas (VANNI et al., 1998).
O FMEA Foi desenvolvida na década de 50 com a finalidade de encontrar a qualidade e confiabilidade nos programas aeroespaciais da NASA. Posteriormente esta técnica foi utilizada em indústrias através das exigências pelos clientes. O FMEA permite uma hierarquia de riscos, priorizando os modos de falha de acordo com um coeficiente chamado número de prioridade de risco ou RPN. Este número é um resultado da multiplicação de três índices independentes - severidade (S), ocorrência (O) e detecção (D) - e variam de 1 a 10, da melhor realidade para a pior (STAMATIS, 2003).
Severidade é a classificação que indica a gravidade de uma consequência possível no modo potencial de uma falha. Classificando a gravidade da falha de 1 a 10, partindo de uma consequência sem danos até danos catastróficos ou irreparáveis. A ocorrência no FMEA é a estimativa da frequência ou probabilidade de ocorrência do modo de falha. O melhor método para determinar o seu valor é através do uso de dados reais do processo, no entanto, no caso onde não há dados anteriores para avaliação podem ser atribuídos escalas qualitativas baseado na experiência dos operadores (MCDERMOTT, et al., 2009). Detecção é a dificuldade de fazer com que a falha seja detectada antes que ocorra o modo de falha. Para a área de manutenção, conceitua-se a probabilidade de detecção entre muito baixo e muito alto, relacionando os conceitos de 1 a 10 com a probabilidade de o defeito ser detectado (STAMATIS, 2003) (MCDERMOTT, et al., 2009).
A tabela 2 é proposta por Cavaignac & Uchoa (2018) como ferramenta de referência rápida aos profissionais que elaboram, executam e pesquisam sobre o tema de segurança do trabalho, com o intuito de diminuir a dificuldade da utilização do FMEA relatado por Laurenti et al (2012).

Tabela 2 – Tabela de referência de índices de Severidade (S), Ocorrência (O) e Detecção (D)
Severidade (S)Ocorrência (O)Detecção (D)ÍndiceNatureza da severidadeÍndiceNatureza da ocorrênciaÍndiceNatureza de detecção1Sem impacto real6Impacto sofrido1Inspeção visual2Trauma irrelevante5Queda com diferença de nível23Trauma que requer primeiros socorros5Impacto contra3
Teste tátil /
teste manual4Incapacidade temporária sem afastamento5Esforço excessivo ou inadequado45Incapacidade temporária com afastamento curto5Prensagem ou aprisionamento5Aplicação de checklist / sequência
de testes antes da tarefa6Incapacidade temporária com afastamento longo5Queda em mesmo nível67Incapacidade permanente parcial4Exposição ao ruído78Incapacidade permanente total4Contato com substância nociva8
Inspeção instrumental /9Óbito de envolvidos no processo4Choque elétrico9Testes mecânicos10Óbito de não envolvidos no processo3Atrito ou abrasão10Ausências de métodos efetivos--3Contato com
temperatura extrema--
Fonte: Autores, 2019; Adaptado CAVAIGNAC & UCHOA (2018)
Nesse sentido, este trabalho visa realizar uma investigação da situação dos trabalhadores da construção civil em obras de pequeno porte – obras unifamiliares – no município de Imperatriz - MA. A partir da investigação in loco, realizar a aplicação da ferramenta de análise de risco FMEA (failure modes and effects analysis).

2. METODOLOGIA
O estudo foi realizado em uma obra de construções unifamiliares no município de Imperatriz-MA. Cada unidade executada possuía apenas o pavimento térreo e de 90 a 110 m² de área construída. No momento do estudo a obra se encontrava na fase de execução de telhados e execução de escavação para fossa séptica. Foi realizado a observação in loco da situação dos trabalhadores e registrados através de fotografias. A partir deste registro fotográfico foi realizado uma discussão acerca das inconformidades encontradas em relação as normas regulamentadoras n° 6, n° 18 e n° 35. Posteriormente, os dados obtidos foram usados para a aplicação do FMEA.
Para a aplicação do FMEA em SSO foi utilizado o modelo proposto por Cavaignac & Forte. Contudo este modelo precisou ser adaptado para o uso da tabela de referência proposta por Cavaignac & Uchoa. A principal alteração foi a inserção de uma coluna de classificação de ocorrência chamada de “natureza de ocorrência”, para relacionar com os índices de ocorrência propostos na tabela de referência.

Tabela 3: Modelo de tabela para aplicação do FMEA em análise de risco ocupacional.
Processo
ou açãoModo de falhaCausa básica da falhaNatureza da ocorrência(O)Efeitos(S)Meios de detecção(D)Índice de riscoAções corretivas1º2º3º4º5º6º7º8º9º10º11ºFonte: Cavaignac & Forte, 2018. Adaptado.
Após a obtenção dos números de priorização de risco (RPN – Risk Priority Number) foi gerada um plano de ações corretivas, com as sugestões de correção dos modos de falha e sua priorização, do maior ao menor RPN, para organizar a correção das situações observadas.

3. INCONFORMIDADES ENCONTRADAS NA OBRA
Ao decorrer das visitas técnicas foram feitos vários registros fotográficos onde ressaltaram as irregularidades quanto ao não cumprimentos das NR`s. Na imagem 1, observamos várias inconformidades.
Figura 1- Inconformidades encontradas nos trabalhadores [1] e [2]: ausência de (a) capacete, (b) luvas, (c) dispositivo de segurança contra queda.

Fonte: Autores, 2019.
Figura 2 – Inconformidades encontradas no trabalhador [1]: ausência de (a) capacete, ausência de (b) dispositivo de segurança contra queda, (c) escada em posição irregular.

Fonte: Autores, 2019.
De acordo com a NR 18.18 telhados e coberturas, é obrigatória a instalação de cabo guia ou cabo de segurança para fixação de mecanismo de ligação por talabarte acoplado ao cinto de segurança tipo paraquedista. Na NR 18.18.2 diz que: nos locais sob as áreas onde se desenvolvam trabalhos em telhados e ou coberturas, é obrigatória a existência de sinalização de advertência e de isolamento da área capazes de evitar a ocorrência de acidentes por eventual queda de materiais, ferramentas e ou equipamentos.
Figura 3 – inconformidades encontradas no trabalhador [1]: ausência de (a) capacete, (b) luvas e (c) botas.

Fonte: Autores, 2019.
A NR 18 no tópico 6.5 diz que: Os taludes instáveis das escavações com profundidade superior a 1,25m (um metro e vinte e cinco centímetros) devem ter sua estabilidade garantida por meio de estruturas dimensionadas para este fim. (118.144-0 / I4). Na NR 18.6.7. As escavações com mais de 1,25m (um metro e vinte e cinco centímetros) de profundidade devem dispor de escadas ou rampas, colocadas próximas aos postos de trabalho, a fim de permitir, em caso de emergência, a saída rápida dos trabalhadores, independentemente do previsto no subitem 18.6.5.
Figura 4 – inconformidades encontradas no trabalhador [1] e [2]: ausência de (a) capacete, (b) luvas e (c) botas.

Fonte: Autores, 2019.


4. APLICAÇÃO DO FMEA

A seguir são apresentadas as tabelas obtidas da aplicação do FMEA a partir dos dados coletados in loco em dois processos: escavação – serviço de execução de escavação para montagem de sistema de fossa séptica – e execução de telhado – trabalho realizado em altura para execução e cobertura da residência. Após as tabelas será realizada uma discussão dos resultados obtidos. A tabela a seguir trata da aplicação do FMEA na escavação de fossa.

Tabela 4. Aplicação do FMEA na Escavação de fossa
ProcessoModo de falhaCausa básica da falhaNatureza da ocorrênciaOEfeitosSMeios de detecçãoDÍndice de riscoAções corretivasou ação DesmoronamentoFalta de escoramentoPrensagem ou aprisionamento5Morte9Visual290Execução de escoramento Queda de pessoa no interior da escavaçãoFalta de sinalizaçãoQueda com diferença de nível5Morte10Visual2100Sinalização do localEscavaçãoSoterramentoMaterial armazenado muito próximo da valaAprisionamento5Trauma que requer primeiros socorros3Visual230Armazenamento do material retirado dist. >1/2 profundidade  Excesso de esforço na colocação da manilhaColocação das manilhas sem equipamento adequadoEsforço excessivo ou inadequado5Incapacidade permanente parcial7Visual270Usar equipamento adequado para colocação das manilhas dentro da vala Contato excessivo com umidadetrabalhador exposto Contato com substância nociva Incapacidade temporária5Visual240Usar vestimenta adequada4Com afastamento curto   Esmagamento de membros na montagem da fossaQueda da manilha sobre membro do operárioImpacto sofrido6Incapacidade permanente total8Visual296Usar epi e maquinário adequado para montar as manilhasFonte: Autores, 2019. Adaptado CAVAIGNAC & FORTE (2018).
Na tabela 4 sobre escavação temos o modo de falha pelo desmoronamento, causado pela falta de escoramento, podendo ocorrer a prensagem ou aprisionamento do trabalhador com índice 5, ocasionando até mesmo a sua morte com índice 9, sua detecção é visual com índice 2, totalizando um RPN de 90.Sua ação corretiva de acordo com a NR 18 no parágrafo 6.5 é que em escavações com profundidade maior que 1,25m devem ter sua instabilidade garantida por meio de estruturas dimensionadas para tal fim.
No modo de falha de queda de pessoa no interior da escavação gerada pela falta de sinalização causando uma queda com diferença de nível de índice 5, podendo causar até a morte de uma pessoa na envolvida no processo com índice 10, sendo detectada por meio de inspeção visual de índice 2, totalizando um RPN de 100. De acordo com a NR 18 no parágrafo 6.12 os acessos de trabalhadores, veículos e equipamentos as áreas de escavação devem ter sinalização de advertência permanente.
Já no modo de falha de soterramento tendo como causa o armazenamento do material retirado muito próximo a vala podendo causar aprisionamento do trabalhador com índice 5, gerando até um trauma que requer primeiros socorros de índice 3, sendo detectado por inspeção visual de índice 2, totalizando um RPN de 30. A NR 18 no parágrafo 6.8 diz que os matérias retirados da escavação devem ser depositados a uma distância superior à metade da profundidade, medida a partir da borda do talude.
No excesso de esforço na colocação das manilhas dentro da vala temos a causa da falha a não utilização de equipamentos adequados levando o trabalhador a um esforço excessivo ou inadequado com índice 5, podendo gerar uma incapacidade permanente parcial com índice 7, sendo detectado através de inspeção visual de índice 2, totalizando um RPN de 70, sua ação corretiva será através de utilização de equipamentos adequados para a colocação das manilhas dentro da vala.
Também temos o trabalhador em contato excessivo com a umidade, levando o mesmo a uma exposição pelo contato com substância nociva de índice 4, podendo levar a uma incapacidade temporária com afastamento curto de índice 5 sendo detectado através de inspeção visual de índice 2, totalizando um RPN de 40, a medida preventiva seria a empresa disponibilizar ao trabalhador exposto vestimentas adequadas para este tipo de tarefa.
O trabalhador também poderá sofrer um esmagamento de membro durante a montagem da fossa pela queda da manilha sofrendo assim um impacto de índice 6, ocasionando uma incapacidade permanente total de índice 8, sendo detectada através de inspeção visual de índice 2, totalizando um RPN de 96, a ação corretiva seria o trabalhador está usando seu EPI devidamente para esta tarefa e também o uso do maquinário correto para o içamento e colocação das manilhas dentro da vala.

Tabela 5. Aplicação do FMEA na execução do telhado

ProcessoModo de falhaCausa básica da falhaNatureza da ocorrênciaOEfeitosSMeios de detecçãoDÍndice de riscoAções corretivasou ação Queda do colaborador do telhadoNão uso de epiQueda com diferença de nível5Incapacidade permanente total8Visual280Uso de EPI Queda de material do telhadoÁrea não sinalizadaImpacto sofrido6Trauma que requer primeiros socorros3Visual236Uso de EPCExecução do telhadoQuebra da escada
Falta de resistência do material
Queda com diferença de nível
5
Incapacidade temporária com afastamento curto
5
Ausência de métodos de avaliação
10250
Troca da escada Queda do colaborador da escadaFalta de estabilidadeQueda com diferença de nível5Incapacidade temporária com afastamento curto5Checklist4100Troca da escadaFonte: Autores, 2019. Adaptado CAVAIGNAC & FORTE (2018).
Nesta tabela podemos observar várias falhas que são muito frequentes no canteiro de obra. Na NR 18, no tópico 18.1 que fala sobre telhados e coberturas diz que para trabalho em telhados e coberturas devem ser utilizados dispositivos dimensionados por profissional legalmente habilitado e que permitam movimentação segura dos trabalhadores, o não uso desse EPI poderá acarretar na queda do colaborador com diferença de nível que tem um índice 5, causando até uma incapacidade permanente total com índice 8, podemos perceber isso por meio de inspeção visual com índice 2, totalizando um RPN de 80.Na mesma NR já no tópico 18.2 diz que: nos locais sob as áreas onde se desenvolvam trabalhos em telhados e ou coberturas, é obrigatória a existência de sinalização de advertência e de isolamento da área capazes de evitara ocorrência de acidentes por eventual queda de materiais, ferramentas e ou equipamentos, o não uso deste EPC o trabalhador poderá sofrer um impacto com índice 6, com trauma que requer primeiros socorros de índice 3, podemos detectar através de inspeção visual de índice 2, totalizando um RPN de 36.
Já no modo de falha da quebra da escada temos como causa da falha a falta de resistência do material causando uma queda do colaborador com diferença de nível com índice 5,podendo gerar uma incapacidade temporária com afastamento curto de índice 5, esta falha é de difícil detecção tendo por isso um índice 10, gerando um RPN de 250, sendo necessário fazer inspeção na mesma com frequência a fim de evitar esse tipo de acidente, pois o mesmo atingiu o maior índice de acordo com a ferramenta para este tipo de trabalho. Agora falando sobre a queda do colaborador da escada temos a causa da falha a falta de estabilidade, podendo causar uma queda com diferença de nível de índice 5, podendo gerar uma incapacidade temporária com afastamento curto de índice 5, sendo detectado através de um checklist de índice 4, totalizando um RPN de 100. A ações corretivas quanto ao uso da escada seria a troca da mesma quando detectado estas falhas.

5. Conclusão

Tanto em grandes quanto em pequenas obras a segurança e saúde do colaborador é de grande importância, devendo assim o empregador investir na qualidade das ferramentas de trabalho, qualificação e treinamento do quadro de funcionários. Nesse sentido o presente trabalho vem contribuir em duas situações de trabalho que é o processo de escavação (serviço de escavação e montagem de sistema de fossa séptica) e telhado (execução do telhado e cobertura de residência), mostrando através da tabela a seguir quais os riscos mais comuns e seu índice (RPN) ordenado do maior para o menor de acordo com o seu grau de gravidade. Além das identificações qualitativas a ferramenta FMEA (failure modes and effects analysis) nos informa dados quantitativos dos riscos relacionados a sua causa e efeito aos trabalhadores.

Tabela 6: Plano de ações corretivas, com sugestões para correções dos modos de falha com suas prioridades de acordo com RPN.
Ordem de prioridadeModo de falhaRPNAções corretivas1ºQuebra da escada250Troca da escada por outra de boa qualidade2ºQueda do colaborador da escada100Troca da escada3ºQueda de pessoa no interior da escavação100Sinalizar o local da escavação4ºEsmagamento de membro na montagem da fossa96Usar EPI e maquinário adequado5ºDesmoronamento90Fazer escoramento6ºQueda do colaborador do telhado80Conscientizar o colaborador ao uso do EPI correto7ºExcesso de esforço na colocação da manilha70Fazer o uso dos EPI´s adequados para colocação das manilhas8ºContato excessivo com umidade40Usar a vestimenta adequada9ºQueda de material do telhado36Uso de EPC10ºSoterramento30Armazenar o material retirado a uma distância maior que ½ da profundidade da vala.Fonte: Autores, 2019.
Após a obtenção dos RPNs (risk priority number) foi possível priorizar os modos de falha encontrados. Para o serviço de escavação, a queda de pessoas na escavação não-sinalizada obteve o maior RPN, seguido de esmagamento de membro durante a colocação da fossa – 100 e 96. Para o trabalho em altura, a quebra da escada obteve o maior RPN, igual a 250 – também o maior RPN geral. Ao final foi proposto um plano de ações corretivas para contribuir para mitigar os riscos ocupacionais presentes na obra investigada.

Referências

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Arquivo de entrada: Manuscrito (111).doc (3391 termos)
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AVALIAÇÃO DE RISCO OCUPACIONAL EM OBRAS DE PEQUENO PORTE DE UNIDADES UNIFAMILIARES COM APLICAÇÃO DO FMEA: UMA INVESTIGAÇÃO SOBRE TRABALHO EM ALTURA E ESCAVAÇÕES
OCCUPATIONAL RISK ASSESSMENT IN SMALL WORKS OF SMALL UNITS WITH FMEA APPLICATION: AN INVESTIGATION ON WORK AT HEIGHT AND EXCAVATIONS
Autor11; Autor22; Autor33

1 2 3Departamento de Engenharias e Tecnologia do Centro Universitário Norte do Espírito Santo da Universidade
Federal do Espírito Santo, Rodovia BR 101 Norte, Km. 60, Bairro Litorâneo, CEP 29932-540, São Mateus. revistabjpe@gmail.com
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*Autor Correspondente: Revista BJPE,
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RESUMO
 A construção civil é o setor com maior índice de acidentes de trabalho, levando em consideração muitos fatores como a falta de planejamento, desorganização do ambiente de trabalho, falta de mão de obra qualificada, a falta de fiscalização pelos responsáveis da obra e também pelos órgãos competentes, além das condições das instalações dos canteiros de obra. O objetivo deste trabalho é realizar uma investigação da situação dos trabalhadores da construção civil em obras de pequeno porte – obras unifamiliares – no município de Imperatriz – MA, com ênfase nos processos de execução de telhado e escavações. A partir dos registros fotográficos foi realizado uma discussão acerca das inconformidades encontradas em relação as normas regulamentadoras n° 6, n° 18 e n° 35. Posteriormente, os dados obtidos foram usados para a aplicação do FMEA (failure mode and effect analysis).
Após a obtenção dos RPNs (risk priority number) foi possível priorizar os modos de falha encontrados. Para o serviço de escavação, a queda de pessoas na escavação não-sinalizada obteve o maior RPN, seguido de esmagamento de membro durante a colocação da fossa – 100 e 96. Para o trabalho em altura, a quebra da escada obteve o maior RPN, igual a 250 – também o maior RPN geral. Ao final foi proposto um plano de ações corretivas para contribuir para mitigar os riscos ocupacionais presentes na obra investigada. ABSTRACT
Civil construction is the sector with the highest rate of occupational accidents, taking into account many factors such as lack of planning, disorganization of the work environment, lack of skilled labor, lack of supervision by those responsible for the work and also by the agencies. in addition to the conditions of the site installations. The objective of this work is to investigate the situation of construction workers in small works - single family works - in the municipality of Imperatriz - MA, with emphasis on the processes of roofing and excavation. From the photographic records, a discussion was made about the nonconformities found in relation to regulatory standards No. 6, No. 18 and No. 35. Subsequently, the data obtained were used for the application of FMEA (failure modes and effects analysis).
After obtaining the RPNs (risk priority number) it was possible to prioritize the failure modes found. For the excavation service, the fall of people on the unmarked excavation obtained the highest RPN, followed by limb crushing during the laying of the pit - 100 and 96. For work at heights, the ladder break obtained the highest RPN, equal to 250 - also the highest overall RPN. At the end, a corrective action plan was proposed to contribute to mitigate the occupational risks present in the investigated work.


 SHAPE \* MERGEFORMAT 

INTRODUÇÃO
A indústria da construção – IC, é um dos setores que mais empregam, sendo clara sua importância social e econômica no país e no mundo. Se ainda considerarmos sua cadeia produtiva, com produção de materiais de construção, de máquinas, equipamentos, prestação de serviços e comercio dos mesmos, o impacto na economia e no âmbito social se torna ainda maior (SESI, 2015). A construção civil é o setor com maior índice de acidentes de trabalho, muitas vezes relacionados aos fatores de risco no ambiente de trabalho, mão de obra não qualificada, falta de fiscalização, falta de planejamento e até mesmo pelas condições das próprias instalações dos canteiros (LOVATO, 2017).
Muitos desses acidentes são referentes ao descumprimento da Norma Regulamentadora nº 18 (NR 18), onde ela estabelece diretrizes de ordem administrativa, de planejamento e de organização, que objetivam a implementação de medidas de controle e sistemas preventivos de segurança nos processos, nas condições e no meio ambiente de trabalho na indústria da construção. Outro fator importante para o acontecimento de acidentes de trabalho está na ausência de profissionais especializados em segurança do trabalho no canteiro de obra, onde se torna difícil fazer com que a higiene ocupacional e segurança no ambiente de trabalho se tornem hábito de um trabalhador (DINIZ JÚNIOR, 2002).
Outro grande fator de risco é a resistência em relação ao uso de EPIs por meios dos empregados, muitas vezes por falta de treinamento ou por falta de conhecimento das normas e legislações sobre o assunto. De maneira geral os EPI´S são fornecidos, na maioria das vezes, sem qualquer critério de escolha, apenas para o cumprimento básico da legislação, causando muitas vezes desconforto nos trabalhadores. Não há qualquer preocupação com a qualidade e desempenho dos equipamentos por parte dos empregadores no geral (DA SILVA et al, 2015)
Acidentes de trabalho geram custos adicionais à construção civil, principalmente com reparação de danos, indenizações e custos por afastamento de funcionários (CAVAIGNAC & FORTE, 2018). Segundo o Anuário da Previdência Social do ano de 2016 foram gastos 312 milhões de reais em benefícios concedidos a acidentários, o que de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU) representou 3% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional no mesmo período. A tabela 01 apresenta as estatísticas da Previdência Social que relaciona os setores de atividade econômica e seus acidentes de trabalho.
Tabela 1 – Acidentes de trabalho nos setores econômicos.
Setor20122013201420152016Agropecuária25.68423.55022.16018.33817.088Extrativa7.3727.1265.9975.0864.025Transformação222.073224.363184.339161.169141.077Construção Civil64.16162.40850.66243.33434.786Serv. de Utilidade Publica17.38217.51615.00614.50613.849Serv. Gerais348.489362.909305.703309.602299.515Ignorado28.78627.720128.43570.34468.595Total713.947725.592712.302622.379578.935Fonte: Anuários da Previdência Social (adaptados), 2012 a 2016.
O processo de planejamento, anterior ao início da execução, é essencial para uma correta execução de obras civis evitando custos não provisionados e os procedimentos de análise e gerenciamento de risco são fundamentais para investigar a situação laboral dos colaboradores prevendo e solucionando futuros riscos inerentes à função (BENNITE, 2004; CAVAIGNAC & FORTE, 2018). As principais ferramentas de análise de risco são a análise preliminar de risco – APR, árvore de falha (Fault Tree Analysis– FTA) e recentemente, a análise de modo de falha e efeitos - FMEA (CAVAIGNAC & FORTE, 2018; CAVAIGNAC & UCHOA, 2018; SANTOS et al. 2019; DIAS JÚNIOR & CAVAIGNAC, 2019; JORGE et al. 2019).
Um dos métodos comumente utilizados na análise de falhas é a FMEA (failure mode and effect analysis), que é amplamente descrito na literatura (HELMAN, 1995). Em termos sintéticos, FMEA é um método de análise estruturada, formalmente documentada para servir também como uma avaliação interna ao projeto do produto ou processo. Seu objetivo básico é identificar os modos de falha, suas causas básicas, seus efeitos, e qual o impacto desses efeitos no produto final. Uma vez estabelecida a relação entre a falha, suas causas e seus efeitos, são determinados índices que avaliam a probabilidade de ocorrência da falha, a gravidade de seus efeitos e a capacidade de detectar-se a falha e bloqueá-la antes do seu efeito ser percebido pelo cliente. O produto dos três índices resulta no chamado “índice de risco”, que permite a hierarquização das falhas e a priorização das ações preventivas que serão tomadas (VANNI et al., 1998).
O FMEA Foi desenvolvida na década de 50 com a finalidade de encontrar a qualidade e confiabilidade nos programas aeroespaciais da NASA. Posteriormente esta técnica foi utilizada em indústrias através das exigências pelos clientes. O FMEA permite uma hierarquia de riscos, priorizando os modos de falha de acordo com um coeficiente chamado número de prioridade de risco ou RPN. Este número é um resultado da multiplicação de três índices independentes - severidade (S), ocorrência (O) e detecção (D) - e variam de 1 a 10, da melhor realidade para a pior (STAMATIS, 2003).
Severidade é a classificação que indica a gravidade de uma consequência possível no modo potencial de uma falha. Classificando a gravidade da falha de 1 a 10, partindo de uma consequência sem danos até danos catastróficos ou irreparáveis. A ocorrência no FMEA é a estimativa da frequência ou probabilidade de ocorrência do modo de falha. O melhor método para determinar o seu valor é através do uso de dados reais do processo, no entanto, no caso onde não há dados anteriores para avaliação podem ser atribuídos escalas qualitativas baseado na experiência dos operadores (MCDERMOTT, et al., 2009). Detecção é a dificuldade de fazer com que a falha seja detectada antes que ocorra o modo de falha. Para a área de manutenção, conceitua-se a probabilidade de detecção entre muito baixo e muito alto, relacionando os conceitos de 1 a 10 com a probabilidade de o defeito ser detectado (STAMATIS, 2003) (MCDERMOTT, et al., 2009).
A tabela 2 é proposta por Cavaignac & Uchoa (2018) como ferramenta de referência rápida aos profissionais que elaboram, executam e pesquisam sobre o tema de segurança do trabalho, com o intuito de diminuir a dificuldade da utilização do FMEA relatado por Laurenti et al (2012).

Tabela 2 – Tabela de referência de índices de Severidade (S), Ocorrência (O) e Detecção (D)
Severidade (S)Ocorrência (O)Detecção (D)ÍndiceNatureza da severidadeÍndiceNatureza da ocorrênciaÍndiceNatureza de detecção1Sem impacto real6Impacto sofrido1Inspeção visual2Trauma irrelevante5Queda com diferença de nível23Trauma que requer primeiros socorros5Impacto contra3
Teste tátil /
teste manual4Incapacidade temporária sem afastamento5Esforço excessivo ou inadequado45Incapacidade temporária com afastamento curto5Prensagem ou aprisionamento5Aplicação de checklist / sequência
de testes antes da tarefa6Incapacidade temporária com afastamento longo5Queda em mesmo nível67Incapacidade permanente parcial4Exposição ao ruído78Incapacidade permanente total4Contato com substância nociva8
Inspeção instrumental /9Óbito de envolvidos no processo4Choque elétrico9Testes mecânicos10Óbito de não envolvidos no processo3Atrito ou abrasão10Ausências de métodos efetivos--3Contato com
temperatura extrema--
Fonte: Autores, 2019; Adaptado CAVAIGNAC & UCHOA (2018)
Nesse sentido, este trabalho visa realizar uma investigação da situação dos trabalhadores da construção civil em obras de pequeno porte – obras unifamiliares – no município de Imperatriz - MA. A partir da investigação in loco, realizar a aplicação da ferramenta de análise de risco FMEA (failure modes and effects analysis).

2. METODOLOGIA
O estudo foi realizado em uma obra de construções unifamiliares no município de Imperatriz-MA. Cada unidade executada possuía apenas o pavimento térreo e de 90 a 110 m² de área construída. No momento do estudo a obra se encontrava na fase de execução de telhados e execução de escavação para fossa séptica. Foi realizado a observação in loco da situação dos trabalhadores e registrados através de fotografias. A partir deste registro fotográfico foi realizado uma discussão acerca das inconformidades encontradas em relação as normas regulamentadoras n° 6, n° 18 e n° 35. Posteriormente, os dados obtidos foram usados para a aplicação do FMEA.
Para a aplicação do FMEA em SSO foi utilizado o modelo proposto por Cavaignac & Forte. Contudo este modelo precisou ser adaptado para o uso da tabela de referência proposta por Cavaignac & Uchoa. A principal alteração foi a inserção de uma coluna de classificação de ocorrência chamada de “natureza de ocorrência”, para relacionar com os índices de ocorrência propostos na tabela de referência.

Tabela 3: Modelo de tabela para aplicação do FMEA em análise de risco ocupacional.
Processo
ou açãoModo de falhaCausa básica da falhaNatureza da ocorrência(O)Efeitos(S)Meios de detecção(D)Índice de riscoAções corretivas1º2º3º4º5º6º7º8º9º10º11ºFonte: Cavaignac & Forte, 2018. Adaptado.
Após a obtenção dos números de priorização de risco (RPN – Risk Priority Number) foi gerada um plano de ações corretivas, com as sugestões de correção dos modos de falha e sua priorização, do maior ao menor RPN, para organizar a correção das situações observadas.

3. INCONFORMIDADES ENCONTRADAS NA OBRA
Ao decorrer das visitas técnicas foram feitos vários registros fotográficos onde ressaltaram as irregularidades quanto ao não cumprimentos das NR`s. Na imagem 1, observamos várias inconformidades.
Figura 1- Inconformidades encontradas nos trabalhadores [1] e [2]: ausência de (a) capacete, (b) luvas, (c) dispositivo de segurança contra queda.

Fonte: Autores, 2019.
Figura 2 – Inconformidades encontradas no trabalhador [1]: ausência de (a) capacete, ausência de (b) dispositivo de segurança contra queda, (c) escada em posição irregular.

Fonte: Autores, 2019.
De acordo com a NR 18.18 telhados e coberturas, é obrigatória a instalação de cabo guia ou cabo de segurança para fixação de mecanismo de ligação por talabarte acoplado ao cinto de segurança tipo paraquedista. Na NR 18.18.2 diz que: nos locais sob as áreas onde se desenvolvam trabalhos em telhados e ou coberturas, é obrigatória a existência de sinalização de advertência e de isolamento da área capazes de evitar a ocorrência de acidentes por eventual queda de materiais, ferramentas e ou equipamentos.
Figura 3 – inconformidades encontradas no trabalhador [1]: ausência de (a) capacete, (b) luvas e (c) botas.

Fonte: Autores, 2019.
A NR 18 no tópico 6.5 diz que: Os taludes instáveis das escavações com profundidade superior a 1,25m (um metro e vinte e cinco centímetros) devem ter sua estabilidade garantida por meio de estruturas dimensionadas para este fim. (118.144-0 / I4). Na NR 18.6.7. As escavações com mais de 1,25m (um metro e vinte e cinco centímetros) de profundidade devem dispor de escadas ou rampas, colocadas próximas aos postos de trabalho, a fim de permitir, em caso de emergência, a saída rápida dos trabalhadores, independentemente do previsto no subitem 18.6.5.
Figura 4 – inconformidades encontradas no trabalhador [1] e [2]: ausência de (a) capacete, (b) luvas e (c) botas.

Fonte: Autores, 2019.


4. APLICAÇÃO DO FMEA

A seguir são apresentadas as tabelas obtidas da aplicação do FMEA a partir dos dados coletados in loco em dois processos: escavação – serviço de execução de escavação para montagem de sistema de fossa séptica – e execução de telhado – trabalho realizado em altura para execução e cobertura da residência. Após as tabelas será realizada uma discussão dos resultados obtidos. A tabela a seguir trata da aplicação do FMEA na escavação de fossa.

Tabela 4. Aplicação do FMEA na Escavação de fossa
ProcessoModo de falhaCausa básica da falhaNatureza da ocorrênciaOEfeitosSMeios de detecçãoDÍndice de riscoAções corretivasou ação DesmoronamentoFalta de escoramentoPrensagem ou aprisionamento5Morte9Visual290Execução de escoramento Queda de pessoa no interior da escavaçãoFalta de sinalizaçãoQueda com diferença de nível5Morte10Visual2100Sinalização do localEscavaçãoSoterramentoMaterial armazenado muito próximo da valaAprisionamento5Trauma que requer primeiros socorros3Visual230Armazenamento do material retirado dist. >1/2 profundidade  Excesso de esforço na colocação da manilhaColocação das manilhas sem equipamento adequadoEsforço excessivo ou inadequado5Incapacidade permanente parcial7Visual270Usar equipamento adequado para colocação das manilhas dentro da vala Contato excessivo com umidadetrabalhador exposto Contato com substância nociva Incapacidade temporária5Visual240Usar vestimenta adequada4Com afastamento curto   Esmagamento de membros na montagem da fossaQueda da manilha sobre membro do operárioImpacto sofrido6Incapacidade permanente total8Visual296Usar epi e maquinário adequado para montar as manilhasFonte: Autores, 2019. Adaptado CAVAIGNAC & FORTE (2018).
Na tabela 4 sobre escavação temos o modo de falha pelo desmoronamento, causado pela falta de escoramento, podendo ocorrer a prensagem ou aprisionamento do trabalhador com índice 5, ocasionando até mesmo a sua morte com índice 9, sua detecção é visual com índice 2, totalizando um RPN de 90.Sua ação corretiva de acordo com a NR 18 no parágrafo 6.5 é que em escavações com profundidade maior que 1,25m devem ter sua instabilidade garantida por meio de estruturas dimensionadas para tal fim.
No modo de falha de queda de pessoa no interior da escavação gerada pela falta de sinalização causando uma queda com diferença de nível de índice 5, podendo causar até a morte de uma pessoa na envolvida no processo com índice 10, sendo detectada por meio de inspeção visual de índice 2, totalizando um RPN de 100. De acordo com a NR 18 no parágrafo 6.12 os acessos de trabalhadores, veículos e equipamentos as áreas de escavação devem ter sinalização de advertência permanente.
Já no modo de falha de soterramento tendo como causa o armazenamento do material retirado muito próximo a vala podendo causar aprisionamento do trabalhador com índice 5, gerando até um trauma que requer primeiros socorros de índice 3, sendo detectado por inspeção visual de índice 2, totalizando um RPN de 30. A NR 18 no parágrafo 6.8 diz que os matérias retirados da escavação devem ser depositados a uma distância superior à metade da profundidade, medida a partir da borda do talude.
No excesso de esforço na colocação das manilhas dentro da vala temos a causa da falha a não utilização de equipamentos adequados levando o trabalhador a um esforço excessivo ou inadequado com índice 5, podendo gerar uma incapacidade permanente parcial com índice 7, sendo detectado através de inspeção visual de índice 2, totalizando um RPN de 70, sua ação corretiva será através de utilização de equipamentos adequados para a colocação das manilhas dentro da vala.
Também temos o trabalhador em contato excessivo com a umidade, levando o mesmo a uma exposição pelo contato com substância nociva de índice 4, podendo levar a uma incapacidade temporária com afastamento curto de índice 5 sendo detectado através de inspeção visual de índice 2, totalizando um RPN de 40, a medida preventiva seria a empresa disponibilizar ao trabalhador exposto vestimentas adequadas para este tipo de tarefa.
O trabalhador também poderá sofrer um esmagamento de membro durante a montagem da fossa pela queda da manilha sofrendo assim um impacto de índice 6, ocasionando uma incapacidade permanente total de índice 8, sendo detectada através de inspeção visual de índice 2, totalizando um RPN de 96, a ação corretiva seria o trabalhador está usando seu EPI devidamente para esta tarefa e também o uso do maquinário correto para o içamento e colocação das manilhas dentro da vala.

Tabela 5. Aplicação do FMEA na execução do telhado

ProcessoModo de falhaCausa básica da falhaNatureza da ocorrênciaOEfeitosSMeios de detecçãoDÍndice de riscoAções corretivasou ação Queda do colaborador do telhadoNão uso de epiQueda com diferença de nível5Incapacidade permanente total8Visual280Uso de EPI Queda de material do telhadoÁrea não sinalizadaImpacto sofrido6Trauma que requer primeiros socorros3Visual236Uso de EPCExecução do telhadoQuebra da escada
Falta de resistência do material
Queda com diferença de nível
5
Incapacidade temporária com afastamento curto
5
Ausência de métodos de avaliação
10250
Troca da escada Queda do colaborador da escadaFalta de estabilidadeQueda com diferença de nível5Incapacidade temporária com afastamento curto5Checklist4100Troca da escadaFonte: Autores, 2019. Adaptado CAVAIGNAC & FORTE (2018).
Nesta tabela podemos observar várias falhas que são muito frequentes no canteiro de obra. Na NR 18, no tópico 18.1 que fala sobre telhados e coberturas diz que para trabalho em telhados e coberturas devem ser utilizados dispositivos dimensionados por profissional legalmente habilitado e que permitam movimentação segura dos trabalhadores, o não uso desse EPI poderá acarretar na queda do colaborador com diferença de nível que tem um índice 5, causando até uma incapacidade permanente total com índice 8, podemos perceber isso por meio de inspeção visual com índice 2, totalizando um RPN de 80.Na mesma NR já no tópico 18.2 diz que: nos locais sob as áreas onde se desenvolvam trabalhos em telhados e ou coberturas, é obrigatória a existência de sinalização de advertência e de isolamento da área capazes de evitara ocorrência de acidentes por eventual queda de materiais, ferramentas e ou equipamentos, o não uso deste EPC o trabalhador poderá sofrer um impacto com índice 6, com trauma que requer primeiros socorros de índice 3, podemos detectar através de inspeção visual de índice 2, totalizando um RPN de 36.
Já no modo de falha da quebra da escada temos como causa da falha a falta de resistência do material causando uma queda do colaborador com diferença de nível com índice 5,podendo gerar uma incapacidade temporária com afastamento curto de índice 5, esta falha é de difícil detecção tendo por isso um índice 10, gerando um RPN de 250, sendo necessário fazer inspeção na mesma com frequência a fim de evitar esse tipo de acidente, pois o mesmo atingiu o maior índice de acordo com a ferramenta para este tipo de trabalho. Agora falando sobre a queda do colaborador da escada temos a causa da falha a falta de estabilidade, podendo causar uma queda com diferença de nível de índice 5, podendo gerar uma incapacidade temporária com afastamento curto de índice 5, sendo detectado através de um checklist de índice 4, totalizando um RPN de 100. A ações corretivas quanto ao uso da escada seria a troca da mesma quando detectado estas falhas.

5. Conclusão

Tanto em grandes quanto em pequenas obras a segurança e saúde do colaborador é de grande importância, devendo assim o empregador investir na qualidade das ferramentas de trabalho, qualificação e treinamento do quadro de funcionários. Nesse sentido o presente trabalho vem contribuir em duas situações de trabalho que é o processo de escavação (serviço de escavação e montagem de sistema de fossa séptica) e telhado (execução do telhado e cobertura de residência), mostrando através da tabela a seguir quais os riscos mais comuns e seu índice (RPN) ordenado do maior para o menor de acordo com o seu grau de gravidade. Além das identificações qualitativas a ferramenta FMEA (failure modes and effects analysis) nos informa dados quantitativos dos riscos relacionados a sua causa e efeito aos trabalhadores.

Tabela 6: Plano de ações corretivas, com sugestões para correções dos modos de falha com suas prioridades de acordo com RPN.
Ordem de prioridadeModo de falhaRPNAções corretivas1ºQuebra da escada250Troca da escada por outra de boa qualidade2ºQueda do colaborador da escada100Troca da escada3ºQueda de pessoa no interior da escavação100Sinalizar o local da escavação4ºEsmagamento de membro na montagem da fossa96Usar EPI e maquinário adequado5ºDesmoronamento90Fazer escoramento6ºQueda do colaborador do telhado80Conscientizar o colaborador ao uso do EPI correto7ºExcesso de esforço na colocação da manilha70Fazer o uso dos EPI´s adequados para colocação das manilhas8ºContato excessivo com umidade40Usar a vestimenta adequada9ºQueda de material do telhado36Uso de EPC10ºSoterramento30Armazenar o material retirado a uma distância maior que ½ da profundidade da vala.Fonte: Autores, 2019.
Após a obtenção dos RPNs (risk priority number) foi possível priorizar os modos de falha encontrados. Para o serviço de escavação, a queda de pessoas na escavação não-sinalizada obteve o maior RPN, seguido de esmagamento de membro durante a colocação da fossa – 100 e 96. Para o trabalho em altura, a quebra da escada obteve o maior RPN, igual a 250 – também o maior RPN geral. Ao final foi proposto um plano de ações corretivas para contribuir para mitigar os riscos ocupacionais presentes na obra investigada.

Referências

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AVALIAÇÃO DE RISCO OCUPACIONAL EM OBRAS DE PEQUENO PORTE DE UNIDADES UNIFAMILIARES COM APLICAÇÃO DO FMEA: UMA INVESTIGAÇÃO SOBRE TRABALHO EM ALTURA E ESCAVAÇÕES
OCCUPATIONAL RISK ASSESSMENT IN SMALL WORKS OF SMALL UNITS WITH FMEA APPLICATION: AN INVESTIGATION ON WORK AT HEIGHT AND EXCAVATIONS
Autor11; Autor22; Autor33

1 2 3Departamento de Engenharias e Tecnologia do Centro Universitário Norte do Espírito Santo da Universidade
Federal do Espírito Santo, Rodovia BR 101 Norte, Km. 60, Bairro Litorâneo, CEP 29932-540, São Mateus. revistabjpe@gmail.com
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FastFormat; ABNT; artigos científicos; formatação automática.
Keywords:
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*Autor Correspondente: Revista BJPE,
Departamento de Engenharias e Tecnologia do Centro Universitário Norte do Espírito Santo da Universidade Federal do Espírito Santo, Rodovia BR 101 Norte, Km. 60, Bairro Litorâneo, CEP 29932-540, São Mateus, Espírito Santo, Brasil.
RESUMO
 A construção civil é o setor com maior índice de acidentes de trabalho, levando em consideração muitos fatores como a falta de planejamento, desorganização do ambiente de trabalho, falta de mão de obra qualificada, a falta de fiscalização pelos responsáveis da obra e também pelos órgãos competentes, além das condições das instalações dos canteiros de obra. O objetivo deste trabalho é realizar uma investigação da situação dos trabalhadores da construção civil em obras de pequeno porte – obras unifamiliares – no município de Imperatriz – MA, com ênfase nos processos de execução de telhado e escavações. A partir dos registros fotográficos foi realizado uma discussão acerca das inconformidades encontradas em relação as normas regulamentadoras n° 6, n° 18 e n° 35. Posteriormente, os dados obtidos foram usados para a aplicação do FMEA (failure mode and effect analysis).
Após a obtenção dos RPNs (risk priority number) foi possível priorizar os modos de falha encontrados. Para o serviço de escavação, a queda de pessoas na escavação não-sinalizada obteve o maior RPN, seguido de esmagamento de membro durante a colocação da fossa – 100 e 96. Para o trabalho em altura, a quebra da escada obteve o maior RPN, igual a 250 – também o maior RPN geral. Ao final foi proposto um plano de ações corretivas para contribuir para mitigar os riscos ocupacionais presentes na obra investigada. ABSTRACT
Civil construction is the sector with the highest rate of occupational accidents, taking into account many factors such as lack of planning, disorganization of the work environment, lack of skilled labor, lack of supervision by those responsible for the work and also by the agencies. in addition to the conditions of the site installations. The objective of this work is to investigate the situation of construction workers in small works - single family works - in the municipality of Imperatriz - MA, with emphasis on the processes of roofing and excavation. From the photographic records, a discussion was made about the nonconformities found in relation to regulatory standards No. 6, No. 18 and No. 35. Subsequently, the data obtained were used for the application of FMEA (failure modes and effects analysis).
After obtaining the RPNs (risk priority number) it was possible to prioritize the failure modes found. For the excavation service, the fall of people on the unmarked excavation obtained the highest RPN, followed by limb crushing during the laying of the pit - 100 and 96. For work at heights, the ladder break obtained the highest RPN, equal to 250 - also the highest overall RPN. At the end, a corrective action plan was proposed to contribute to mitigate the occupational risks present in the investigated work.


 SHAPE \* MERGEFORMAT 

INTRODUÇÃO
A indústria da construção – IC, é um dos setores que mais empregam, sendo clara sua importância social e econômica no país e no mundo. Se ainda considerarmos sua cadeia produtiva, com produção de materiais de construção, de máquinas, equipamentos, prestação de serviços e comercio dos mesmos, o impacto na economia e no âmbito social se torna ainda maior (SESI, 2015). A construção civil é o setor com maior índice de acidentes de trabalho, muitas vezes relacionados aos fatores de risco no ambiente de trabalho, mão de obra não qualificada, falta de fiscalização, falta de planejamento e até mesmo pelas condições das próprias instalações dos canteiros (LOVATO, 2017).
Muitos desses acidentes são referentes ao descumprimento da Norma Regulamentadora nº 18 (NR 18), onde ela estabelece diretrizes de ordem administrativa, de planejamento e de organização, que objetivam a implementação de medidas de controle e sistemas preventivos de segurança nos processos, nas condições e no meio ambiente de trabalho na indústria da construção. Outro fator importante para o acontecimento de acidentes de trabalho está na ausência de profissionais especializados em segurança do trabalho no canteiro de obra, onde se torna difícil fazer com que a higiene ocupacional e segurança no ambiente de trabalho se tornem hábito de um trabalhador (DINIZ JÚNIOR, 2002).
Outro grande fator de risco é a resistência em relação ao uso de EPIs por meios dos empregados, muitas vezes por falta de treinamento ou por falta de conhecimento das normas e legislações sobre o assunto. De maneira geral os EPI´S são fornecidos, na maioria das vezes, sem qualquer critério de escolha, apenas para o cumprimento básico da legislação, causando muitas vezes desconforto nos trabalhadores. Não há qualquer preocupação com a qualidade e desempenho dos equipamentos por parte dos empregadores no geral (DA SILVA et al, 2015)
Acidentes de trabalho geram custos adicionais à construção civil, principalmente com reparação de danos, indenizações e custos por afastamento de funcionários (CAVAIGNAC & FORTE, 2018). Segundo o Anuário da Previdência Social do ano de 2016 foram gastos 312 milhões de reais em benefícios concedidos a acidentários, o que de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU) representou 3% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional no mesmo período. A tabela 01 apresenta as estatísticas da Previdência Social que relaciona os setores de atividade econômica e seus acidentes de trabalho.
Tabela 1 – Acidentes de trabalho nos setores econômicos.
Setor20122013201420152016Agropecuária25.68423.55022.16018.33817.088Extrativa7.3727.1265.9975.0864.025Transformação222.073224.363184.339161.169141.077Construção Civil64.16162.40850.66243.33434.786Serv. de Utilidade Publica17.38217.51615.00614.50613.849Serv. Gerais348.489362.909305.703309.602299.515Ignorado28.78627.720128.43570.34468.595Total713.947725.592712.302622.379578.935Fonte: Anuários da Previdência Social (adaptados), 2012 a 2016.
O processo de planejamento, anterior ao início da execução, é essencial para uma correta execução de obras civis evitando custos não provisionados e os procedimentos de análise e gerenciamento de risco são fundamentais para investigar a situação laboral dos colaboradores prevendo e solucionando futuros riscos inerentes à função (BENNITE, 2004; CAVAIGNAC & FORTE, 2018). As principais ferramentas de análise de risco são a análise preliminar de risco – APR, árvore de falha (Fault Tree Analysis– FTA) e recentemente, a análise de modo de falha e efeitos - FMEA (CAVAIGNAC & FORTE, 2018; CAVAIGNAC & UCHOA, 2018; SANTOS et al. 2019; DIAS JÚNIOR & CAVAIGNAC, 2019; JORGE et al. 2019).
Um dos métodos comumente utilizados na análise de falhas é a FMEA (failure mode and effect analysis), que é amplamente descrito na literatura (HELMAN, 1995). Em termos sintéticos, FMEA é um método de análise estruturada, formalmente documentada para servir também como uma avaliação interna ao projeto do produto ou processo. Seu objetivo básico é identificar os modos de falha, suas causas básicas, seus efeitos, e qual o impacto desses efeitos no produto final. Uma vez estabelecida a relação entre a falha, suas causas e seus efeitos, são determinados índices que avaliam a probabilidade de ocorrência da falha, a gravidade de seus efeitos e a capacidade de detectar-se a falha e bloqueá-la antes do seu efeito ser percebido pelo cliente. O produto dos três índices resulta no chamado “índice de risco”, que permite a hierarquização das falhas e a priorização das ações preventivas que serão tomadas (VANNI et al., 1998).
O FMEA Foi desenvolvida na década de 50 com a finalidade de encontrar a qualidade e confiabilidade nos programas aeroespaciais da NASA. Posteriormente esta técnica foi utilizada em indústrias através das exigências pelos clientes. O FMEA permite uma hierarquia de riscos, priorizando os modos de falha de acordo com um coeficiente chamado número de prioridade de risco ou RPN. Este número é um resultado da multiplicação de três índices independentes - severidade (S), ocorrência (O) e detecção (D) - e variam de 1 a 10, da melhor realidade para a pior (STAMATIS, 2003).
Severidade é a classificação que indica a gravidade de uma consequência possível no modo potencial de uma falha. Classificando a gravidade da falha de 1 a 10, partindo de uma consequência sem danos até danos catastróficos ou irreparáveis. A ocorrência no FMEA é a estimativa da frequência ou probabilidade de ocorrência do modo de falha. O melhor método para determinar o seu valor é através do uso de dados reais do processo, no entanto, no caso onde não há dados anteriores para avaliação podem ser atribuídos escalas qualitativas baseado na experiência dos operadores (MCDERMOTT, et al., 2009). Detecção é a dificuldade de fazer com que a falha seja detectada antes que ocorra o modo de falha. Para a área de manutenção, conceitua-se a probabilidade de detecção entre muito baixo e muito alto, relacionando os conceitos de 1 a 10 com a probabilidade de o defeito ser detectado (STAMATIS, 2003) (MCDERMOTT, et al., 2009).
A tabela 2 é proposta por Cavaignac & Uchoa (2018) como ferramenta de referência rápida aos profissionais que elaboram, executam e pesquisam sobre o tema de segurança do trabalho, com o intuito de diminuir a dificuldade da utilização do FMEA relatado por Laurenti et al (2012).

Tabela 2 – Tabela de referência de índices de Severidade (S), Ocorrência (O) e Detecção (D)
Severidade (S)Ocorrência (O)Detecção (D)ÍndiceNatureza da severidadeÍndiceNatureza da ocorrênciaÍndiceNatureza de detecção1Sem impacto real6Impacto sofrido1Inspeção visual2Trauma irrelevante5Queda com diferença de nível23Trauma que requer primeiros socorros5Impacto contra3
Teste tátil /
teste manual4Incapacidade temporária sem afastamento5Esforço excessivo ou inadequado45Incapacidade temporária com afastamento curto5Prensagem ou aprisionamento5Aplicação de checklist / sequência
de testes antes da tarefa6Incapacidade temporária com afastamento longo5Queda em mesmo nível67Incapacidade permanente parcial4Exposição ao ruído78Incapacidade permanente total4Contato com substância nociva8
Inspeção instrumental /9Óbito de envolvidos no processo4Choque elétrico9Testes mecânicos10Óbito de não envolvidos no processo3Atrito ou abrasão10Ausências de métodos efetivos--3Contato com
temperatura extrema--
Fonte: Autores, 2019; Adaptado CAVAIGNAC & UCHOA (2018)
Nesse sentido, este trabalho visa realizar uma investigação da situação dos trabalhadores da construção civil em obras de pequeno porte – obras unifamiliares – no município de Imperatriz - MA. A partir da investigação in loco, realizar a aplicação da ferramenta de análise de risco FMEA (failure modes and effects analysis).

2. METODOLOGIA
O estudo foi realizado em uma obra de construções unifamiliares no município de Imperatriz-MA. Cada unidade executada possuía apenas o pavimento térreo e de 90 a 110 m² de área construída. No momento do estudo a obra se encontrava na fase de execução de telhados e execução de escavação para fossa séptica. Foi realizado a observação in loco da situação dos trabalhadores e registrados através de fotografias. A partir deste registro fotográfico foi realizado uma discussão acerca das inconformidades encontradas em relação as normas regulamentadoras n° 6, n° 18 e n° 35. Posteriormente, os dados obtidos foram usados para a aplicação do FMEA.
Para a aplicação do FMEA em SSO foi utilizado o modelo proposto por Cavaignac & Forte. Contudo este modelo precisou ser adaptado para o uso da tabela de referência proposta por Cavaignac & Uchoa. A principal alteração foi a inserção de uma coluna de classificação de ocorrência chamada de “natureza de ocorrência”, para relacionar com os índices de ocorrência propostos na tabela de referência.

Tabela 3: Modelo de tabela para aplicação do FMEA em análise de risco ocupacional.
Processo
ou açãoModo de falhaCausa básica da falhaNatureza da ocorrência(O)Efeitos(S)Meios de detecção(D)Índice de riscoAções corretivas1º2º3º4º5º6º7º8º9º10º11ºFonte: Cavaignac & Forte, 2018. Adaptado.
Após a obtenção dos números de priorização de risco (RPN – Risk Priority Number) foi gerada um plano de ações corretivas, com as sugestões de correção dos modos de falha e sua priorização, do maior ao menor RPN, para organizar a correção das situações observadas.

3. INCONFORMIDADES ENCONTRADAS NA OBRA
Ao decorrer das visitas técnicas foram feitos vários registros fotográficos onde ressaltaram as irregularidades quanto ao não cumprimentos das NR`s. Na imagem 1, observamos várias inconformidades.
Figura 1- Inconformidades encontradas nos trabalhadores [1] e [2]: ausência de (a) capacete, (b) luvas, (c) dispositivo de segurança contra queda.

Fonte: Autores, 2019.
Figura 2 – Inconformidades encontradas no trabalhador [1]: ausência de (a) capacete, ausência de (b) dispositivo de segurança contra queda, (c) escada em posição irregular.

Fonte: Autores, 2019.
De acordo com a NR 18.18 telhados e coberturas, é obrigatória a instalação de cabo guia ou cabo de segurança para fixação de mecanismo de ligação por talabarte acoplado ao cinto de segurança tipo paraquedista. Na NR 18.18.2 diz que: nos locais sob as áreas onde se desenvolvam trabalhos em telhados e ou coberturas, é obrigatória a existência de sinalização de advertência e de isolamento da área capazes de evitar a ocorrência de acidentes por eventual queda de materiais, ferramentas e ou equipamentos.
Figura 3 – inconformidades encontradas no trabalhador [1]: ausência de (a) capacete, (b) luvas e (c) botas.

Fonte: Autores, 2019.
A NR 18 no tópico 6.5 diz que: Os taludes instáveis das escavações com profundidade superior a 1,25m (um metro e vinte e cinco centímetros) devem ter sua estabilidade garantida por meio de estruturas dimensionadas para este fim. (118.144-0 / I4). Na NR 18.6.7. As escavações com mais de 1,25m (um metro e vinte e cinco centímetros) de profundidade devem dispor de escadas ou rampas, colocadas próximas aos postos de trabalho, a fim de permitir, em caso de emergência, a saída rápida dos trabalhadores, independentemente do previsto no subitem 18.6.5.
Figura 4 – inconformidades encontradas no trabalhador [1] e [2]: ausência de (a) capacete, (b) luvas e (c) botas.

Fonte: Autores, 2019.


4. APLICAÇÃO DO FMEA

A seguir são apresentadas as tabelas obtidas da aplicação do FMEA a partir dos dados coletados in loco em dois processos: escavação – serviço de execução de escavação para montagem de sistema de fossa séptica – e execução de telhado – trabalho realizado em altura para execução e cobertura da residência. Após as tabelas será realizada uma discussão dos resultados obtidos. A tabela a seguir trata da aplicação do FMEA na escavação de fossa.

Tabela 4. Aplicação do FMEA na Escavação de fossa
ProcessoModo de falhaCausa básica da falhaNatureza da ocorrênciaOEfeitosSMeios de detecçãoDÍndice de riscoAções corretivasou ação DesmoronamentoFalta de escoramentoPrensagem ou aprisionamento5Morte9Visual290Execução de escoramento Queda de pessoa no interior da escavaçãoFalta de sinalizaçãoQueda com diferença de nível5Morte10Visual2100Sinalização do localEscavaçãoSoterramentoMaterial armazenado muito próximo da valaAprisionamento5Trauma que requer primeiros socorros3Visual230Armazenamento do material retirado dist. >1/2 profundidade  Excesso de esforço na colocação da manilhaColocação das manilhas sem equipamento adequadoEsforço excessivo ou inadequado5Incapacidade permanente parcial7Visual270Usar equipamento adequado para colocação das manilhas dentro da vala Contato excessivo com umidadetrabalhador exposto Contato com substância nociva Incapacidade temporária5Visual240Usar vestimenta adequada4Com afastamento curto   Esmagamento de membros na montagem da fossaQueda da manilha sobre membro do operárioImpacto sofrido6Incapacidade permanente total8Visual296Usar epi e maquinário adequado para montar as manilhasFonte: Autores, 2019. Adaptado CAVAIGNAC & FORTE (2018).
Na tabela 4 sobre escavação temos o modo de falha pelo desmoronamento, causado pela falta de escoramento, podendo ocorrer a prensagem ou aprisionamento do trabalhador com índice 5, ocasionando até mesmo a sua morte com índice 9, sua detecção é visual com índice 2, totalizando um RPN de 90.Sua ação corretiva de acordo com a NR 18 no parágrafo 6.5 é que em escavações com profundidade maior que 1,25m devem ter sua instabilidade garantida por meio de estruturas dimensionadas para tal fim.
No modo de falha de queda de pessoa no interior da escavação gerada pela falta de sinalização causando uma queda com diferença de nível de índice 5, podendo causar até a morte de uma pessoa na envolvida no processo com índice 10, sendo detectada por meio de inspeção visual de índice 2, totalizando um RPN de 100. De acordo com a NR 18 no parágrafo 6.12 os acessos de trabalhadores, veículos e equipamentos as áreas de escavação devem ter sinalização de advertência permanente.
Já no modo de falha de soterramento tendo como causa o armazenamento do material retirado muito próximo a vala podendo causar aprisionamento do trabalhador com índice 5, gerando até um trauma que requer primeiros socorros de índice 3, sendo detectado por inspeção visual de índice 2, totalizando um RPN de 30. A NR 18 no parágrafo 6.8 diz que os matérias retirados da escavação devem ser depositados a uma distância superior à metade da profundidade, medida a partir da borda do talude.
No excesso de esforço na colocação das manilhas dentro da vala temos a causa da falha a não utilização de equipamentos adequados levando o trabalhador a um esforço excessivo ou inadequado com índice 5, podendo gerar uma incapacidade permanente parcial com índice 7, sendo detectado através de inspeção visual de índice 2, totalizando um RPN de 70, sua ação corretiva será através de utilização de equipamentos adequados para a colocação das manilhas dentro da vala.
Também temos o trabalhador em contato excessivo com a umidade, levando o mesmo a uma exposição pelo contato com substância nociva de índice 4, podendo levar a uma incapacidade temporária com afastamento curto de índice 5 sendo detectado através de inspeção visual de índice 2, totalizando um RPN de 40, a medida preventiva seria a empresa disponibilizar ao trabalhador exposto vestimentas adequadas para este tipo de tarefa.
O trabalhador também poderá sofrer um esmagamento de membro durante a montagem da fossa pela queda da manilha sofrendo assim um impacto de índice 6, ocasionando uma incapacidade permanente total de índice 8, sendo detectada através de inspeção visual de índice 2, totalizando um RPN de 96, a ação corretiva seria o trabalhador está usando seu EPI devidamente para esta tarefa e também o uso do maquinário correto para o içamento e colocação das manilhas dentro da vala.

Tabela 5. Aplicação do FMEA na execução do telhado

ProcessoModo de falhaCausa básica da falhaNatureza da ocorrênciaOEfeitosSMeios de detecçãoDÍndice de riscoAções corretivasou ação Queda do colaborador do telhadoNão uso de epiQueda com diferença de nível5Incapacidade permanente total8Visual280Uso de EPI Queda de material do telhadoÁrea não sinalizadaImpacto sofrido6Trauma que requer primeiros socorros3Visual236Uso de EPCExecução do telhadoQuebra da escada
Falta de resistência do material
Queda com diferença de nível
5
Incapacidade temporária com afastamento curto
5
Ausência de métodos de avaliação
10250
Troca da escada Queda do colaborador da escadaFalta de estabilidadeQueda com diferença de nível5Incapacidade temporária com afastamento curto5Checklist4100Troca da escadaFonte: Autores, 2019. Adaptado CAVAIGNAC & FORTE (2018).
Nesta tabela podemos observar várias falhas que são muito frequentes no canteiro de obra. Na NR 18, no tópico 18.1 que fala sobre telhados e coberturas diz que para trabalho em telhados e coberturas devem ser utilizados dispositivos dimensionados por profissional legalmente habilitado e que permitam movimentação segura dos trabalhadores, o não uso desse EPI poderá acarretar na queda do colaborador com diferença de nível que tem um índice 5, causando até uma incapacidade permanente total com índice 8, podemos perceber isso por meio de inspeção visual com índice 2, totalizando um RPN de 80.Na mesma NR já no tópico 18.2 diz que: nos locais sob as áreas onde se desenvolvam trabalhos em telhados e ou coberturas, é obrigatória a existência de sinalização de advertência e de isolamento da área capazes de evitara ocorrência de acidentes por eventual queda de materiais, ferramentas e ou equipamentos, o não uso deste EPC o trabalhador poderá sofrer um impacto com índice 6, com trauma que requer primeiros socorros de índice 3, podemos detectar através de inspeção visual de índice 2, totalizando um RPN de 36.
Já no modo de falha da quebra da escada temos como causa da falha a falta de resistência do material causando uma queda do colaborador com diferença de nível com índice 5,podendo gerar uma incapacidade temporária com afastamento curto de índice 5, esta falha é de difícil detecção tendo por isso um índice 10, gerando um RPN de 250, sendo necessário fazer inspeção na mesma com frequência a fim de evitar esse tipo de acidente, pois o mesmo atingiu o maior índice de acordo com a ferramenta para este tipo de trabalho. Agora falando sobre a queda do colaborador da escada temos a causa da falha a falta de estabilidade, podendo causar uma queda com diferença de nível de índice 5, podendo gerar uma incapacidade temporária com afastamento curto de índice 5, sendo detectado através de um checklist de índice 4, totalizando um RPN de 100. A ações corretivas quanto ao uso da escada seria a troca da mesma quando detectado estas falhas.

5. Conclusão

Tanto em grandes quanto em pequenas obras a segurança e saúde do colaborador é de grande importância, devendo assim o empregador investir na qualidade das ferramentas de trabalho, qualificação e treinamento do quadro de funcionários. Nesse sentido o presente trabalho vem contribuir em duas situações de trabalho que é o processo de escavação (serviço de escavação e montagem de sistema de fossa séptica) e telhado (execução do telhado e cobertura de residência), mostrando através da tabela a seguir quais os riscos mais comuns e seu índice (RPN) ordenado do maior para o menor de acordo com o seu grau de gravidade. Além das identificações qualitativas a ferramenta FMEA (failure modes and effects analysis) nos informa dados quantitativos dos riscos relacionados a sua causa e efeito aos trabalhadores.

Tabela 6: Plano de ações corretivas, com sugestões para correções dos modos de falha com suas prioridades de acordo com RPN.
Ordem de prioridadeModo de falhaRPNAções corretivas1ºQuebra da escada250Troca da escada por outra de boa qualidade2ºQueda do colaborador da escada100Troca da escada3ºQueda de pessoa no interior da escavação100Sinalizar o local da escavação4ºEsmagamento de membro na montagem da fossa96Usar EPI e maquinário adequado5ºDesmoronamento90Fazer escoramento6ºQueda do colaborador do telhado80Conscientizar o colaborador ao uso do EPI correto7ºExcesso de esforço na colocação da manilha70Fazer o uso dos EPI´s adequados para colocação das manilhas8ºContato excessivo com umidade40Usar a vestimenta adequada9ºQueda de material do telhado36Uso de EPC10ºSoterramento30Armazenar o material retirado a uma distância maior que ½ da profundidade da vala.Fonte: Autores, 2019.
Após a obtenção dos RPNs (risk priority number) foi possível priorizar os modos de falha encontrados. Para o serviço de escavação, a queda de pessoas na escavação não-sinalizada obteve o maior RPN, seguido de esmagamento de membro durante a colocação da fossa – 100 e 96. Para o trabalho em altura, a quebra da escada obteve o maior RPN, igual a 250 – também o maior RPN geral. Ao final foi proposto um plano de ações corretivas para contribuir para mitigar os riscos ocupacionais presentes na obra investigada.

Referências

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Arquivo de entrada: Manuscrito (111).doc (3391 termos)
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AVALIAÇÃO DE RISCO OCUPACIONAL EM OBRAS DE PEQUENO PORTE DE UNIDADES UNIFAMILIARES COM APLICAÇÃO DO FMEA: UMA INVESTIGAÇÃO SOBRE TRABALHO EM ALTURA E ESCAVAÇÕES
OCCUPATIONAL RISK ASSESSMENT IN SMALL WORKS OF SMALL UNITS WITH FMEA APPLICATION: AN INVESTIGATION ON WORK AT HEIGHT AND EXCAVATIONS
Autor11; Autor22; Autor33

1 2 3Departamento de Engenharias e Tecnologia do Centro Universitário Norte do Espírito Santo da Universidade
Federal do Espírito Santo, Rodovia BR 101 Norte, Km. 60, Bairro Litorâneo, CEP 29932-540, São Mateus. revistabjpe@gmail.com
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FastFormat; ABNT; artigos científicos; formatação automática.
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FastFormat; ABNT; scientific articles;

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*Autor Correspondente: Revista BJPE,
Departamento de Engenharias e Tecnologia do Centro Universitário Norte do Espírito Santo da Universidade Federal do Espírito Santo, Rodovia BR 101 Norte, Km. 60, Bairro Litorâneo, CEP 29932-540, São Mateus, Espírito Santo, Brasil.
RESUMO
 A construção civil é o setor com maior índice de acidentes de trabalho, levando em consideração muitos fatores como a falta de planejamento, desorganização do ambiente de trabalho, falta de mão de obra qualificada, a falta de fiscalização pelos responsáveis da obra e também pelos órgãos competentes, além das condições das instalações dos canteiros de obra. O objetivo deste trabalho é realizar uma investigação da situação dos trabalhadores da construção civil em obras de pequeno porte – obras unifamiliares – no município de Imperatriz – MA, com ênfase nos processos de execução de telhado e escavações. A partir dos registros fotográficos foi realizado uma discussão acerca das inconformidades encontradas em relação as normas regulamentadoras n° 6, n° 18 e n° 35. Posteriormente, os dados obtidos foram usados para a aplicação do FMEA (failure mode and effect analysis).
Após a obtenção dos RPNs (risk priority number) foi possível priorizar os modos de falha encontrados. Para o serviço de escavação, a queda de pessoas na escavação não-sinalizada obteve o maior RPN, seguido de esmagamento de membro durante a colocação da fossa – 100 e 96. Para o trabalho em altura, a quebra da escada obteve o maior RPN, igual a 250 – também o maior RPN geral. Ao final foi proposto um plano de ações corretivas para contribuir para mitigar os riscos ocupacionais presentes na obra investigada. ABSTRACT
Civil construction is the sector with the highest rate of occupational accidents, taking into account many factors such as lack of planning, disorganization of the work environment, lack of skilled labor, lack of supervision by those responsible for the work and also by the agencies. in addition to the conditions of the site installations. The objective of this work is to investigate the situation of construction workers in small works - single family works - in the municipality of Imperatriz - MA, with emphasis on the processes of roofing and excavation. From the photographic records, a discussion was made about the nonconformities found in relation to regulatory standards No. 6, No. 18 and No. 35. Subsequently, the data obtained were used for the application of FMEA (failure modes and effects analysis).
After obtaining the RPNs (risk priority number) it was possible to prioritize the failure modes found. For the excavation service, the fall of people on the unmarked excavation obtained the highest RPN, followed by limb crushing during the laying of the pit - 100 and 96. For work at heights, the ladder break obtained the highest RPN, equal to 250 - also the highest overall RPN. At the end, a corrective action plan was proposed to contribute to mitigate the occupational risks present in the investigated work.


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INTRODUÇÃO
A indústria da construção – IC, é um dos setores que mais empregam, sendo clara sua importância social e econômica no país e no mundo. Se ainda considerarmos sua cadeia produtiva, com produção de materiais de construção, de máquinas, equipamentos, prestação de serviços e comercio dos mesmos, o impacto na economia e no âmbito social se torna ainda maior (SESI, 2015). A construção civil é o setor com maior índice de acidentes de trabalho, muitas vezes relacionados aos fatores de risco no ambiente de trabalho, mão de obra não qualificada, falta de fiscalização, falta de planejamento e até mesmo pelas condições das próprias instalações dos canteiros (LOVATO, 2017).
Muitos desses acidentes são referentes ao descumprimento da Norma Regulamentadora nº 18 (NR 18), onde ela estabelece diretrizes de ordem administrativa, de planejamento e de organização, que objetivam a implementação de medidas de controle e sistemas preventivos de segurança nos processos, nas condições e no meio ambiente de trabalho na indústria da construção. Outro fator importante para o acontecimento de acidentes de trabalho está na ausência de profissionais especializados em segurança do trabalho no canteiro de obra, onde se torna difícil fazer com que a higiene ocupacional e segurança no ambiente de trabalho se tornem hábito de um trabalhador (DINIZ JÚNIOR, 2002).
Outro grande fator de risco é a resistência em relação ao uso de EPIs por meios dos empregados, muitas vezes por falta de treinamento ou por falta de conhecimento das normas e legislações sobre o assunto. De maneira geral os EPI´S são fornecidos, na maioria das vezes, sem qualquer critério de escolha, apenas para o cumprimento básico da legislação, causando muitas vezes desconforto nos trabalhadores. Não há qualquer preocupação com a qualidade e desempenho dos equipamentos por parte dos empregadores no geral (DA SILVA et al, 2015)
Acidentes de trabalho geram custos adicionais à construção civil, principalmente com reparação de danos, indenizações e custos por afastamento de funcionários (CAVAIGNAC & FORTE, 2018). Segundo o Anuário da Previdência Social do ano de 2016 foram gastos 312 milhões de reais em benefícios concedidos a acidentários, o que de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU) representou 3% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional no mesmo período. A tabela 01 apresenta as estatísticas da Previdência Social que relaciona os setores de atividade econômica e seus acidentes de trabalho.
Tabela 1 – Acidentes de trabalho nos setores econômicos.
Setor20122013201420152016Agropecuária25.68423.55022.16018.33817.088Extrativa7.3727.1265.9975.0864.025Transformação222.073224.363184.339161.169141.077Construção Civil64.16162.40850.66243.33434.786Serv. de Utilidade Publica17.38217.51615.00614.50613.849Serv. Gerais348.489362.909305.703309.602299.515Ignorado28.78627.720128.43570.34468.595Total713.947725.592712.302622.379578.935Fonte: Anuários da Previdência Social (adaptados), 2012 a 2016.
O processo de planejamento, anterior ao início da execução, é essencial para uma correta execução de obras civis evitando custos não provisionados e os procedimentos de análise e gerenciamento de risco são fundamentais para investigar a situação laboral dos colaboradores prevendo e solucionando futuros riscos inerentes à função (BENNITE, 2004; CAVAIGNAC & FORTE, 2018). As principais ferramentas de análise de risco são a análise preliminar de risco – APR, árvore de falha (Fault Tree Analysis– FTA) e recentemente, a análise de modo de falha e efeitos - FMEA (CAVAIGNAC & FORTE, 2018; CAVAIGNAC & UCHOA, 2018; SANTOS et al. 2019; DIAS JÚNIOR & CAVAIGNAC, 2019; JORGE et al. 2019).
Um dos métodos comumente utilizados na análise de falhas é a FMEA (failure mode and effect analysis), que é amplamente descrito na literatura (HELMAN, 1995). Em termos sintéticos, FMEA é um método de análise estruturada, formalmente documentada para servir também como uma avaliação interna ao projeto do produto ou processo. Seu objetivo básico é identificar os modos de falha, suas causas básicas, seus efeitos, e qual o impacto desses efeitos no produto final. Uma vez estabelecida a relação entre a falha, suas causas e seus efeitos, são determinados índices que avaliam a probabilidade de ocorrência da falha, a gravidade de seus efeitos e a capacidade de detectar-se a falha e bloqueá-la antes do seu efeito ser percebido pelo cliente. O produto dos três índices resulta no chamado “índice de risco”, que permite a hierarquização das falhas e a priorização das ações preventivas que serão tomadas (VANNI et al., 1998).
O FMEA Foi desenvolvida na década de 50 com a finalidade de encontrar a qualidade e confiabilidade nos programas aeroespaciais da NASA. Posteriormente esta técnica foi utilizada em indústrias através das exigências pelos clientes. O FMEA permite uma hierarquia de riscos, priorizando os modos de falha de acordo com um coeficiente chamado número de prioridade de risco ou RPN. Este número é um resultado da multiplicação de três índices independentes - severidade (S), ocorrência (O) e detecção (D) - e variam de 1 a 10, da melhor realidade para a pior (STAMATIS, 2003).
Severidade é a classificação que indica a gravidade de uma consequência possível no modo potencial de uma falha. Classificando a gravidade da falha de 1 a 10, partindo de uma consequência sem danos até danos catastróficos ou irreparáveis. A ocorrência no FMEA é a estimativa da frequência ou probabilidade de ocorrência do modo de falha. O melhor método para determinar o seu valor é através do uso de dados reais do processo, no entanto, no caso onde não há dados anteriores para avaliação podem ser atribuídos escalas qualitativas baseado na experiência dos operadores (MCDERMOTT, et al., 2009). Detecção é a dificuldade de fazer com que a falha seja detectada antes que ocorra o modo de falha. Para a área de manutenção, conceitua-se a probabilidade de detecção entre muito baixo e muito alto, relacionando os conceitos de 1 a 10 com a probabilidade de o defeito ser detectado (STAMATIS, 2003) (MCDERMOTT, et al., 2009).
A tabela 2 é proposta por Cavaignac & Uchoa (2018) como ferramenta de referência rápida aos profissionais que elaboram, executam e pesquisam sobre o tema de segurança do trabalho, com o intuito de diminuir a dificuldade da utilização do FMEA relatado por Laurenti et al (2012).

Tabela 2 – Tabela de referência de índices de Severidade (S), Ocorrência (O) e Detecção (D)
Severidade (S)Ocorrência (O)Detecção (D)ÍndiceNatureza da severidadeÍndiceNatureza da ocorrênciaÍndiceNatureza de detecção1Sem impacto real6Impacto sofrido1Inspeção visual2Trauma irrelevante5Queda com diferença de nível23Trauma que requer primeiros socorros5Impacto contra3
Teste tátil /
teste manual4Incapacidade temporária sem afastamento5Esforço excessivo ou inadequado45Incapacidade temporária com afastamento curto5Prensagem ou aprisionamento5Aplicação de checklist / sequência
de testes antes da tarefa6Incapacidade temporária com afastamento longo5Queda em mesmo nível67Incapacidade permanente parcial4Exposição ao ruído78Incapacidade permanente total4Contato com substância nociva8
Inspeção instrumental /9Óbito de envolvidos no processo4Choque elétrico9Testes mecânicos10Óbito de não envolvidos no processo3Atrito ou abrasão10Ausências de métodos efetivos--3Contato com
temperatura extrema--
Fonte: Autores, 2019; Adaptado CAVAIGNAC & UCHOA (2018)
Nesse sentido, este trabalho visa realizar uma investigação da situação dos trabalhadores da construção civil em obras de pequeno porte – obras unifamiliares – no município de Imperatriz - MA. A partir da investigação in loco, realizar a aplicação da ferramenta de análise de risco FMEA (failure modes and effects analysis).

2. METODOLOGIA
O estudo foi realizado em uma obra de construções unifamiliares no município de Imperatriz-MA. Cada unidade executada possuía apenas o pavimento térreo e de 90 a 110 m² de área construída. No momento do estudo a obra se encontrava na fase de execução de telhados e execução de escavação para fossa séptica. Foi realizado a observação in loco da situação dos trabalhadores e registrados através de fotografias. A partir deste registro fotográfico foi realizado uma discussão acerca das inconformidades encontradas em relação as normas regulamentadoras n° 6, n° 18 e n° 35. Posteriormente, os dados obtidos foram usados para a aplicação do FMEA.
Para a aplicação do FMEA em SSO foi utilizado o modelo proposto por Cavaignac & Forte. Contudo este modelo precisou ser adaptado para o uso da tabela de referência proposta por Cavaignac & Uchoa. A principal alteração foi a inserção de uma coluna de classificação de ocorrência chamada de “natureza de ocorrência”, para relacionar com os índices de ocorrência propostos na tabela de referência.

Tabela 3: Modelo de tabela para aplicação do FMEA em análise de risco ocupacional.
Processo
ou açãoModo de falhaCausa básica da falhaNatureza da ocorrência(O)Efeitos(S)Meios de detecção(D)Índice de riscoAções corretivas1º2º3º4º5º6º7º8º9º10º11ºFonte: Cavaignac & Forte, 2018. Adaptado.
Após a obtenção dos números de priorização de risco (RPN – Risk Priority Number) foi gerada um plano de ações corretivas, com as sugestões de correção dos modos de falha e sua priorização, do maior ao menor RPN, para organizar a correção das situações observadas.

3. INCONFORMIDADES ENCONTRADAS NA OBRA
Ao decorrer das visitas técnicas foram feitos vários registros fotográficos onde ressaltaram as irregularidades quanto ao não cumprimentos das NR`s. Na imagem 1, observamos várias inconformidades.
Figura 1- Inconformidades encontradas nos trabalhadores [1] e [2]: ausência de (a) capacete, (b) luvas, (c) dispositivo de segurança contra queda.

Fonte: Autores, 2019.
Figura 2 – Inconformidades encontradas no trabalhador [1]: ausência de (a) capacete, ausência de (b) dispositivo de segurança contra queda, (c) escada em posição irregular.

Fonte: Autores, 2019.
De acordo com a NR 18.18 telhados e coberturas, é obrigatória a instalação de cabo guia ou cabo de segurança para fixação de mecanismo de ligação por talabarte acoplado ao cinto de segurança tipo paraquedista. Na NR 18.18.2 diz que: nos locais sob as áreas onde se desenvolvam trabalhos em telhados e ou coberturas, é obrigatória a existência de sinalização de advertência e de isolamento da área capazes de evitar a ocorrência de acidentes por eventual queda de materiais, ferramentas e ou equipamentos.
Figura 3 – inconformidades encontradas no trabalhador [1]: ausência de (a) capacete, (b) luvas e (c) botas.

Fonte: Autores, 2019.
A NR 18 no tópico 6.5 diz que: Os taludes instáveis das escavações com profundidade superior a 1,25m (um metro e vinte e cinco centímetros) devem ter sua estabilidade garantida por meio de estruturas dimensionadas para este fim. (118.144-0 / I4). Na NR 18.6.7. As escavações com mais de 1,25m (um metro e vinte e cinco centímetros) de profundidade devem dispor de escadas ou rampas, colocadas próximas aos postos de trabalho, a fim de permitir, em caso de emergência, a saída rápida dos trabalhadores, independentemente do previsto no subitem 18.6.5.
Figura 4 – inconformidades encontradas no trabalhador [1] e [2]: ausência de (a) capacete, (b) luvas e (c) botas.

Fonte: Autores, 2019.


4. APLICAÇÃO DO FMEA

A seguir são apresentadas as tabelas obtidas da aplicação do FMEA a partir dos dados coletados in loco em dois processos: escavação – serviço de execução de escavação para montagem de sistema de fossa séptica – e execução de telhado – trabalho realizado em altura para execução e cobertura da residência. Após as tabelas será realizada uma discussão dos resultados obtidos. A tabela a seguir trata da aplicação do FMEA na escavação de fossa.

Tabela 4. Aplicação do FMEA na Escavação de fossa
ProcessoModo de falhaCausa básica da falhaNatureza da ocorrênciaOEfeitosSMeios de detecçãoDÍndice de riscoAções corretivasou ação DesmoronamentoFalta de escoramentoPrensagem ou aprisionamento5Morte9Visual290Execução de escoramento Queda de pessoa no interior da escavaçãoFalta de sinalizaçãoQueda com diferença de nível5Morte10Visual2100Sinalização do localEscavaçãoSoterramentoMaterial armazenado muito próximo da valaAprisionamento5Trauma que requer primeiros socorros3Visual230Armazenamento do material retirado dist. >1/2 profundidade  Excesso de esforço na colocação da manilhaColocação das manilhas sem equipamento adequadoEsforço excessivo ou inadequado5Incapacidade permanente parcial7Visual270Usar equipamento adequado para colocação das manilhas dentro da vala Contato excessivo com umidadetrabalhador exposto Contato com substância nociva Incapacidade temporária5Visual240Usar vestimenta adequada4Com afastamento curto   Esmagamento de membros na montagem da fossaQueda da manilha sobre membro do operárioImpacto sofrido6Incapacidade permanente total8Visual296Usar epi e maquinário adequado para montar as manilhasFonte: Autores, 2019. Adaptado CAVAIGNAC & FORTE (2018).
Na tabela 4 sobre escavação temos o modo de falha pelo desmoronamento, causado pela falta de escoramento, podendo ocorrer a prensagem ou aprisionamento do trabalhador com índice 5, ocasionando até mesmo a sua morte com índice 9, sua detecção é visual com índice 2, totalizando um RPN de 90.Sua ação corretiva de acordo com a NR 18 no parágrafo 6.5 é que em escavações com profundidade maior que 1,25m devem ter sua instabilidade garantida por meio de estruturas dimensionadas para tal fim.
No modo de falha de queda de pessoa no interior da escavação gerada pela falta de sinalização causando uma queda com diferença de nível de índice 5, podendo causar até a morte de uma pessoa na envolvida no processo com índice 10, sendo detectada por meio de inspeção visual de índice 2, totalizando um RPN de 100. De acordo com a NR 18 no parágrafo 6.12 os acessos de trabalhadores, veículos e equipamentos as áreas de escavação devem ter sinalização de advertência permanente.
Já no modo de falha de soterramento tendo como causa o armazenamento do material retirado muito próximo a vala podendo causar aprisionamento do trabalhador com índice 5, gerando até um trauma que requer primeiros socorros de índice 3, sendo detectado por inspeção visual de índice 2, totalizando um RPN de 30. A NR 18 no parágrafo 6.8 diz que os matérias retirados da escavação devem ser depositados a uma distância superior à metade da profundidade, medida a partir da borda do talude.
No excesso de esforço na colocação das manilhas dentro da vala temos a causa da falha a não utilização de equipamentos adequados levando o trabalhador a um esforço excessivo ou inadequado com índice 5, podendo gerar uma incapacidade permanente parcial com índice 7, sendo detectado através de inspeção visual de índice 2, totalizando um RPN de 70, sua ação corretiva será através de utilização de equipamentos adequados para a colocação das manilhas dentro da vala.
Também temos o trabalhador em contato excessivo com a umidade, levando o mesmo a uma exposição pelo contato com substância nociva de índice 4, podendo levar a uma incapacidade temporária com afastamento curto de índice 5 sendo detectado através de inspeção visual de índice 2, totalizando um RPN de 40, a medida preventiva seria a empresa disponibilizar ao trabalhador exposto vestimentas adequadas para este tipo de tarefa.
O trabalhador também poderá sofrer um esmagamento de membro durante a montagem da fossa pela queda da manilha sofrendo assim um impacto de índice 6, ocasionando uma incapacidade permanente total de índice 8, sendo detectada através de inspeção visual de índice 2, totalizando um RPN de 96, a ação corretiva seria o trabalhador está usando seu EPI devidamente para esta tarefa e também o uso do maquinário correto para o içamento e colocação das manilhas dentro da vala.

Tabela 5. Aplicação do FMEA na execução do telhado

ProcessoModo de falhaCausa básica da falhaNatureza da ocorrênciaOEfeitosSMeios de detecçãoDÍndice de riscoAções corretivasou ação Queda do colaborador do telhadoNão uso de epiQueda com diferença de nível5Incapacidade permanente total8Visual280Uso de EPI Queda de material do telhadoÁrea não sinalizadaImpacto sofrido6Trauma que requer primeiros socorros3Visual236Uso de EPCExecução do telhadoQuebra da escada
Falta de resistência do material
Queda com diferença de nível
5
Incapacidade temporária com afastamento curto
5
Ausência de métodos de avaliação
10250
Troca da escada Queda do colaborador da escadaFalta de estabilidadeQueda com diferença de nível5Incapacidade temporária com afastamento curto5Checklist4100Troca da escadaFonte: Autores, 2019. Adaptado CAVAIGNAC & FORTE (2018).
Nesta tabela podemos observar várias falhas que são muito frequentes no canteiro de obra. Na NR 18, no tópico 18.1 que fala sobre telhados e coberturas diz que para trabalho em telhados e coberturas devem ser utilizados dispositivos dimensionados por profissional legalmente habilitado e que permitam movimentação segura dos trabalhadores, o não uso desse EPI poderá acarretar na queda do colaborador com diferença de nível que tem um índice 5, causando até uma incapacidade permanente total com índice 8, podemos perceber isso por meio de inspeção visual com índice 2, totalizando um RPN de 80.Na mesma NR já no tópico 18.2 diz que: nos locais sob as áreas onde se desenvolvam trabalhos em telhados e ou coberturas, é obrigatória a existência de sinalização de advertência e de isolamento da área capazes de evitara ocorrência de acidentes por eventual queda de materiais, ferramentas e ou equipamentos, o não uso deste EPC o trabalhador poderá sofrer um impacto com índice 6, com trauma que requer primeiros socorros de índice 3, podemos detectar através de inspeção visual de índice 2, totalizando um RPN de 36.
Já no modo de falha da quebra da escada temos como causa da falha a falta de resistência do material causando uma queda do colaborador com diferença de nível com índice 5,podendo gerar uma incapacidade temporária com afastamento curto de índice 5, esta falha é de difícil detecção tendo por isso um índice 10, gerando um RPN de 250, sendo necessário fazer inspeção na mesma com frequência a fim de evitar esse tipo de acidente, pois o mesmo atingiu o maior índice de acordo com a ferramenta para este tipo de trabalho. Agora falando sobre a queda do colaborador da escada temos a causa da falha a falta de estabilidade, podendo causar uma queda com diferença de nível de índice 5, podendo gerar uma incapacidade temporária com afastamento curto de índice 5, sendo detectado através de um checklist de índice 4, totalizando um RPN de 100. A ações corretivas quanto ao uso da escada seria a troca da mesma quando detectado estas falhas.

5. Conclusão

Tanto em grandes quanto em pequenas obras a segurança e saúde do colaborador é de grande importância, devendo assim o empregador investir na qualidade das ferramentas de trabalho, qualificação e treinamento do quadro de funcionários. Nesse sentido o presente trabalho vem contribuir em duas situações de trabalho que é o processo de escavação (serviço de escavação e montagem de sistema de fossa séptica) e telhado (execução do telhado e cobertura de residência), mostrando através da tabela a seguir quais os riscos mais comuns e seu índice (RPN) ordenado do maior para o menor de acordo com o seu grau de gravidade. Além das identificações qualitativas a ferramenta FMEA (failure modes and effects analysis) nos informa dados quantitativos dos riscos relacionados a sua causa e efeito aos trabalhadores.

Tabela 6: Plano de ações corretivas, com sugestões para correções dos modos de falha com suas prioridades de acordo com RPN.
Ordem de prioridadeModo de falhaRPNAções corretivas1ºQuebra da escada250Troca da escada por outra de boa qualidade2ºQueda do colaborador da escada100Troca da escada3ºQueda de pessoa no interior da escavação100Sinalizar o local da escavação4ºEsmagamento de membro na montagem da fossa96Usar EPI e maquinário adequado5ºDesmoronamento90Fazer escoramento6ºQueda do colaborador do telhado80Conscientizar o colaborador ao uso do EPI correto7ºExcesso de esforço na colocação da manilha70Fazer o uso dos EPI´s adequados para colocação das manilhas8ºContato excessivo com umidade40Usar a vestimenta adequada9ºQueda de material do telhado36Uso de EPC10ºSoterramento30Armazenar o material retirado a uma distância maior que ½ da profundidade da vala.Fonte: Autores, 2019.
Após a obtenção dos RPNs (risk priority number) foi possível priorizar os modos de falha encontrados. Para o serviço de escavação, a queda de pessoas na escavação não-sinalizada obteve o maior RPN, seguido de esmagamento de membro durante a colocação da fossa – 100 e 96. Para o trabalho em altura, a quebra da escada obteve o maior RPN, igual a 250 – também o maior RPN geral. Ao final foi proposto um plano de ações corretivas para contribuir para mitigar os riscos ocupacionais presentes na obra investigada.

Referências

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AVALIAÇÃO DE RISCO OCUPACIONAL EM OBRAS DE PEQUENO PORTE DE UNIDADES UNIFAMILIARES COM APLICAÇÃO DO FMEA: UMA INVESTIGAÇÃO SOBRE TRABALHO EM ALTURA E ESCAVAÇÕES
OCCUPATIONAL RISK ASSESSMENT IN SMALL WORKS OF SMALL UNITS WITH FMEA APPLICATION: AN INVESTIGATION ON WORK AT HEIGHT AND EXCAVATIONS
Autor11; Autor22; Autor33

1 2 3Departamento de Engenharias e Tecnologia do Centro Universitário Norte do Espírito Santo da Universidade
Federal do Espírito Santo, Rodovia BR 101 Norte, Km. 60, Bairro Litorâneo, CEP 29932-540, São Mateus. revistabjpe@gmail.com
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*Autor Correspondente: Revista BJPE,
Departamento de Engenharias e Tecnologia do Centro Universitário Norte do Espírito Santo da Universidade Federal do Espírito Santo, Rodovia BR 101 Norte, Km. 60, Bairro Litorâneo, CEP 29932-540, São Mateus, Espírito Santo, Brasil.
RESUMO
 A construção civil é o setor com maior índice de acidentes de trabalho, levando em consideração muitos fatores como a falta de planejamento, desorganização do ambiente de trabalho, falta de mão de obra qualificada, a falta de fiscalização pelos responsáveis da obra e também pelos órgãos competentes, além das condições das instalações dos canteiros de obra. O objetivo deste trabalho é realizar uma investigação da situação dos trabalhadores da construção civil em obras de pequeno porte – obras unifamiliares – no município de Imperatriz – MA, com ênfase nos processos de execução de telhado e escavações. A partir dos registros fotográficos foi realizado uma discussão acerca das inconformidades encontradas em relação as normas regulamentadoras n° 6, n° 18 e n° 35. Posteriormente, os dados obtidos foram usados para a aplicação do FMEA (failure mode and effect analysis).
Após a obtenção dos RPNs (risk priority number) foi possível priorizar os modos de falha encontrados. Para o serviço de escavação, a queda de pessoas na escavação não-sinalizada obteve o maior RPN, seguido de esmagamento de membro durante a colocação da fossa – 100 e 96. Para o trabalho em altura, a quebra da escada obteve o maior RPN, igual a 250 – também o maior RPN geral. Ao final foi proposto um plano de ações corretivas para contribuir para mitigar os riscos ocupacionais presentes na obra investigada. ABSTRACT
Civil construction is the sector with the highest rate of occupational accidents, taking into account many factors such as lack of planning, disorganization of the work environment, lack of skilled labor, lack of supervision by those responsible for the work and also by the agencies. in addition to the conditions of the site installations. The objective of this work is to investigate the situation of construction workers in small works - single family works - in the municipality of Imperatriz - MA, with emphasis on the processes of roofing and excavation. From the photographic records, a discussion was made about the nonconformities found in relation to regulatory standards No. 6, No. 18 and No. 35. Subsequently, the data obtained were used for the application of FMEA (failure modes and effects analysis).
After obtaining the RPNs (risk priority number) it was possible to prioritize the failure modes found. For the excavation service, the fall of people on the unmarked excavation obtained the highest RPN, followed by limb crushing during the laying of the pit - 100 and 96. For work at heights, the ladder break obtained the highest RPN, equal to 250 - also the highest overall RPN. At the end, a corrective action plan was proposed to contribute to mitigate the occupational risks present in the investigated work.


 SHAPE \* MERGEFORMAT 

INTRODUÇÃO
A indústria da construção – IC, é um dos setores que mais empregam, sendo clara sua importância social e econômica no país e no mundo. Se ainda considerarmos sua cadeia produtiva, com produção de materiais de construção, de máquinas, equipamentos, prestação de serviços e comercio dos mesmos, o impacto na economia e no âmbito social se torna ainda maior (SESI, 2015). A construção civil é o setor com maior índice de acidentes de trabalho, muitas vezes relacionados aos fatores de risco no ambiente de trabalho, mão de obra não qualificada, falta de fiscalização, falta de planejamento e até mesmo pelas condições das próprias instalações dos canteiros (LOVATO, 2017).
Muitos desses acidentes são referentes ao descumprimento da Norma Regulamentadora nº 18 (NR 18), onde ela estabelece diretrizes de ordem administrativa, de planejamento e de organização, que objetivam a implementação de medidas de controle e sistemas preventivos de segurança nos processos, nas condições e no meio ambiente de trabalho na indústria da construção. Outro fator importante para o acontecimento de acidentes de trabalho está na ausência de profissionais especializados em segurança do trabalho no canteiro de obra, onde se torna difícil fazer com que a higiene ocupacional e segurança no ambiente de trabalho se tornem hábito de um trabalhador (DINIZ JÚNIOR, 2002).
Outro grande fator de risco é a resistência em relação ao uso de EPIs por meios dos empregados, muitas vezes por falta de treinamento ou por falta de conhecimento das normas e legislações sobre o assunto. De maneira geral os EPI´S são fornecidos, na maioria das vezes, sem qualquer critério de escolha, apenas para o cumprimento básico da legislação, causando muitas vezes desconforto nos trabalhadores. Não há qualquer preocupação com a qualidade e desempenho dos equipamentos por parte dos empregadores no geral (DA SILVA et al, 2015)
Acidentes de trabalho geram custos adicionais à construção civil, principalmente com reparação de danos, indenizações e custos por afastamento de funcionários (CAVAIGNAC & FORTE, 2018). Segundo o Anuário da Previdência Social do ano de 2016 foram gastos 312 milhões de reais em benefícios concedidos a acidentários, o que de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU) representou 3% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional no mesmo período. A tabela 01 apresenta as estatísticas da Previdência Social que relaciona os setores de atividade econômica e seus acidentes de trabalho.
Tabela 1 – Acidentes de trabalho nos setores econômicos.
Setor20122013201420152016Agropecuária25.68423.55022.16018.33817.088Extrativa7.3727.1265.9975.0864.025Transformação222.073224.363184.339161.169141.077Construção Civil64.16162.40850.66243.33434.786Serv. de Utilidade Publica17.38217.51615.00614.50613.849Serv. Gerais348.489362.909305.703309.602299.515Ignorado28.78627.720128.43570.34468.595Total713.947725.592712.302622.379578.935Fonte: Anuários da Previdência Social (adaptados), 2012 a 2016.
O processo de planejamento, anterior ao início da execução, é essencial para uma correta execução de obras civis evitando custos não provisionados e os procedimentos de análise e gerenciamento de risco são fundamentais para investigar a situação laboral dos colaboradores prevendo e solucionando futuros riscos inerentes à função (BENNITE, 2004; CAVAIGNAC & FORTE, 2018). As principais ferramentas de análise de risco são a análise preliminar de risco – APR, árvore de falha (Fault Tree Analysis– FTA) e recentemente, a análise de modo de falha e efeitos - FMEA (CAVAIGNAC & FORTE, 2018; CAVAIGNAC & UCHOA, 2018; SANTOS et al. 2019; DIAS JÚNIOR & CAVAIGNAC, 2019; JORGE et al. 2019).
Um dos métodos comumente utilizados na análise de falhas é a FMEA (failure mode and effect analysis), que é amplamente descrito na literatura (HELMAN, 1995). Em termos sintéticos, FMEA é um método de análise estruturada, formalmente documentada para servir também como uma avaliação interna ao projeto do produto ou processo. Seu objetivo básico é identificar os modos de falha, suas causas básicas, seus efeitos, e qual o impacto desses efeitos no produto final. Uma vez estabelecida a relação entre a falha, suas causas e seus efeitos, são determinados índices que avaliam a probabilidade de ocorrência da falha, a gravidade de seus efeitos e a capacidade de detectar-se a falha e bloqueá-la antes do seu efeito ser percebido pelo cliente. O produto dos três índices resulta no chamado “índice de risco”, que permite a hierarquização das falhas e a priorização das ações preventivas que serão tomadas (VANNI et al., 1998).
O FMEA Foi desenvolvida na década de 50 com a finalidade de encontrar a qualidade e confiabilidade nos programas aeroespaciais da NASA. Posteriormente esta técnica foi utilizada em indústrias através das exigências pelos clientes. O FMEA permite uma hierarquia de riscos, priorizando os modos de falha de acordo com um coeficiente chamado número de prioridade de risco ou RPN. Este número é um resultado da multiplicação de três índices independentes - severidade (S), ocorrência (O) e detecção (D) - e variam de 1 a 10, da melhor realidade para a pior (STAMATIS, 2003).
Severidade é a classificação que indica a gravidade de uma consequência possível no modo potencial de uma falha. Classificando a gravidade da falha de 1 a 10, partindo de uma consequência sem danos até danos catastróficos ou irreparáveis. A ocorrência no FMEA é a estimativa da frequência ou probabilidade de ocorrência do modo de falha. O melhor método para determinar o seu valor é através do uso de dados reais do processo, no entanto, no caso onde não há dados anteriores para avaliação podem ser atribuídos escalas qualitativas baseado na experiência dos operadores (MCDERMOTT, et al., 2009). Detecção é a dificuldade de fazer com que a falha seja detectada antes que ocorra o modo de falha. Para a área de manutenção, conceitua-se a probabilidade de detecção entre muito baixo e muito alto, relacionando os conceitos de 1 a 10 com a probabilidade de o defeito ser detectado (STAMATIS, 2003) (MCDERMOTT, et al., 2009).
A tabela 2 é proposta por Cavaignac & Uchoa (2018) como ferramenta de referência rápida aos profissionais que elaboram, executam e pesquisam sobre o tema de segurança do trabalho, com o intuito de diminuir a dificuldade da utilização do FMEA relatado por Laurenti et al (2012).

Tabela 2 – Tabela de referência de índices de Severidade (S), Ocorrência (O) e Detecção (D)
Severidade (S)Ocorrência (O)Detecção (D)ÍndiceNatureza da severidadeÍndiceNatureza da ocorrênciaÍndiceNatureza de detecção1Sem impacto real6Impacto sofrido1Inspeção visual2Trauma irrelevante5Queda com diferença de nível23Trauma que requer primeiros socorros5Impacto contra3
Teste tátil /
teste manual4Incapacidade temporária sem afastamento5Esforço excessivo ou inadequado45Incapacidade temporária com afastamento curto5Prensagem ou aprisionamento5Aplicação de checklist / sequência
de testes antes da tarefa6Incapacidade temporária com afastamento longo5Queda em mesmo nível67Incapacidade permanente parcial4Exposição ao ruído78Incapacidade permanente total4Contato com substância nociva8
Inspeção instrumental /9Óbito de envolvidos no processo4Choque elétrico9Testes mecânicos10Óbito de não envolvidos no processo3Atrito ou abrasão10Ausências de métodos efetivos--3Contato com
temperatura extrema--
Fonte: Autores, 2019; Adaptado CAVAIGNAC & UCHOA (2018)
Nesse sentido, este trabalho visa realizar uma investigação da situação dos trabalhadores da construção civil em obras de pequeno porte – obras unifamiliares – no município de Imperatriz - MA. A partir da investigação in loco, realizar a aplicação da ferramenta de análise de risco FMEA (failure modes and effects analysis).

2. METODOLOGIA
O estudo foi realizado em uma obra de construções unifamiliares no município de Imperatriz-MA. Cada unidade executada possuía apenas o pavimento térreo e de 90 a 110 m² de área construída. No momento do estudo a obra se encontrava na fase de execução de telhados e execução de escavação para fossa séptica. Foi realizado a observação in loco da situação dos trabalhadores e registrados através de fotografias. A partir deste registro fotográfico foi realizado uma discussão acerca das inconformidades encontradas em relação as normas regulamentadoras n° 6, n° 18 e n° 35. Posteriormente, os dados obtidos foram usados para a aplicação do FMEA.
Para a aplicação do FMEA em SSO foi utilizado o modelo proposto por Cavaignac & Forte. Contudo este modelo precisou ser adaptado para o uso da tabela de referência proposta por Cavaignac & Uchoa. A principal alteração foi a inserção de uma coluna de classificação de ocorrência chamada de “natureza de ocorrência”, para relacionar com os índices de ocorrência propostos na tabela de referência.

Tabela 3: Modelo de tabela para aplicação do FMEA em análise de risco ocupacional.
Processo
ou açãoModo de falhaCausa básica da falhaNatureza da ocorrência(O)Efeitos(S)Meios de detecção(D)Índice de riscoAções corretivas1º2º3º4º5º6º7º8º9º10º11ºFonte: Cavaignac & Forte, 2018. Adaptado.
Após a obtenção dos números de priorização de risco (RPN – Risk Priority Number) foi gerada um plano de ações corretivas, com as sugestões de correção dos modos de falha e sua priorização, do maior ao menor RPN, para organizar a correção das situações observadas.

3. INCONFORMIDADES ENCONTRADAS NA OBRA
Ao decorrer das visitas técnicas foram feitos vários registros fotográficos onde ressaltaram as irregularidades quanto ao não cumprimentos das NR`s. Na imagem 1, observamos várias inconformidades.
Figura 1- Inconformidades encontradas nos trabalhadores [1] e [2]: ausência de (a) capacete, (b) luvas, (c) dispositivo de segurança contra queda.

Fonte: Autores, 2019.
Figura 2 – Inconformidades encontradas no trabalhador [1]: ausência de (a) capacete, ausência de (b) dispositivo de segurança contra queda, (c) escada em posição irregular.

Fonte: Autores, 2019.
De acordo com a NR 18.18 telhados e coberturas, é obrigatória a instalação de cabo guia ou cabo de segurança para fixação de mecanismo de ligação por talabarte acoplado ao cinto de segurança tipo paraquedista. Na NR 18.18.2 diz que: nos locais sob as áreas onde se desenvolvam trabalhos em telhados e ou coberturas, é obrigatória a existência de sinalização de advertência e de isolamento da área capazes de evitar a ocorrência de acidentes por eventual queda de materiais, ferramentas e ou equipamentos.
Figura 3 – inconformidades encontradas no trabalhador [1]: ausência de (a) capacete, (b) luvas e (c) botas.

Fonte: Autores, 2019.
A NR 18 no tópico 6.5 diz que: Os taludes instáveis das escavações com profundidade superior a 1,25m (um metro e vinte e cinco centímetros) devem ter sua estabilidade garantida por meio de estruturas dimensionadas para este fim. (118.144-0 / I4). Na NR 18.6.7. As escavações com mais de 1,25m (um metro e vinte e cinco centímetros) de profundidade devem dispor de escadas ou rampas, colocadas próximas aos postos de trabalho, a fim de permitir, em caso de emergência, a saída rápida dos trabalhadores, independentemente do previsto no subitem 18.6.5.
Figura 4 – inconformidades encontradas no trabalhador [1] e [2]: ausência de (a) capacete, (b) luvas e (c) botas.

Fonte: Autores, 2019.


4. APLICAÇÃO DO FMEA

A seguir são apresentadas as tabelas obtidas da aplicação do FMEA a partir dos dados coletados in loco em dois processos: escavação – serviço de execução de escavação para montagem de sistema de fossa séptica – e execução de telhado – trabalho realizado em altura para execução e cobertura da residência. Após as tabelas será realizada uma discussão dos resultados obtidos. A tabela a seguir trata da aplicação do FMEA na escavação de fossa.

Tabela 4. Aplicação do FMEA na Escavação de fossa
ProcessoModo de falhaCausa básica da falhaNatureza da ocorrênciaOEfeitosSMeios de detecçãoDÍndice de riscoAções corretivasou ação DesmoronamentoFalta de escoramentoPrensagem ou aprisionamento5Morte9Visual290Execução de escoramento Queda de pessoa no interior da escavaçãoFalta de sinalizaçãoQueda com diferença de nível5Morte10Visual2100Sinalização do localEscavaçãoSoterramentoMaterial armazenado muito próximo da valaAprisionamento5Trauma que requer primeiros socorros3Visual230Armazenamento do material retirado dist. >1/2 profundidade  Excesso de esforço na colocação da manilhaColocação das manilhas sem equipamento adequadoEsforço excessivo ou inadequado5Incapacidade permanente parcial7Visual270Usar equipamento adequado para colocação das manilhas dentro da vala Contato excessivo com umidadetrabalhador exposto Contato com substância nociva Incapacidade temporária5Visual240Usar vestimenta adequada4Com afastamento curto   Esmagamento de membros na montagem da fossaQueda da manilha sobre membro do operárioImpacto sofrido6Incapacidade permanente total8Visual296Usar epi e maquinário adequado para montar as manilhasFonte: Autores, 2019. Adaptado CAVAIGNAC & FORTE (2018).
Na tabela 4 sobre escavação temos o modo de falha pelo desmoronamento, causado pela falta de escoramento, podendo ocorrer a prensagem ou aprisionamento do trabalhador com índice 5, ocasionando até mesmo a sua morte com índice 9, sua detecção é visual com índice 2, totalizando um RPN de 90.Sua ação corretiva de acordo com a NR 18 no parágrafo 6.5 é que em escavações com profundidade maior que 1,25m devem ter sua instabilidade garantida por meio de estruturas dimensionadas para tal fim.
No modo de falha de queda de pessoa no interior da escavação gerada pela falta de sinalização causando uma queda com diferença de nível de índice 5, podendo causar até a morte de uma pessoa na envolvida no processo com índice 10, sendo detectada por meio de inspeção visual de índice 2, totalizando um RPN de 100. De acordo com a NR 18 no parágrafo 6.12 os acessos de trabalhadores, veículos e equipamentos as áreas de escavação devem ter sinalização de advertência permanente.
Já no modo de falha de soterramento tendo como causa o armazenamento do material retirado muito próximo a vala podendo causar aprisionamento do trabalhador com índice 5, gerando até um trauma que requer primeiros socorros de índice 3, sendo detectado por inspeção visual de índice 2, totalizando um RPN de 30. A NR 18 no parágrafo 6.8 diz que os matérias retirados da escavação devem ser depositados a uma distância superior à metade da profundidade, medida a partir da borda do talude.
No excesso de esforço na colocação das manilhas dentro da vala temos a causa da falha a não utilização de equipamentos adequados levando o trabalhador a um esforço excessivo ou inadequado com índice 5, podendo gerar uma incapacidade permanente parcial com índice 7, sendo detectado através de inspeção visual de índice 2, totalizando um RPN de 70, sua ação corretiva será através de utilização de equipamentos adequados para a colocação das manilhas dentro da vala.
Também temos o trabalhador em contato excessivo com a umidade, levando o mesmo a uma exposição pelo contato com substância nociva de índice 4, podendo levar a uma incapacidade temporária com afastamento curto de índice 5 sendo detectado através de inspeção visual de índice 2, totalizando um RPN de 40, a medida preventiva seria a empresa disponibilizar ao trabalhador exposto vestimentas adequadas para este tipo de tarefa.
O trabalhador também poderá sofrer um esmagamento de membro durante a montagem da fossa pela queda da manilha sofrendo assim um impacto de índice 6, ocasionando uma incapacidade permanente total de índice 8, sendo detectada através de inspeção visual de índice 2, totalizando um RPN de 96, a ação corretiva seria o trabalhador está usando seu EPI devidamente para esta tarefa e também o uso do maquinário correto para o içamento e colocação das manilhas dentro da vala.

Tabela 5. Aplicação do FMEA na execução do telhado

ProcessoModo de falhaCausa básica da falhaNatureza da ocorrênciaOEfeitosSMeios de detecçãoDÍndice de riscoAções corretivasou ação Queda do colaborador do telhadoNão uso de epiQueda com diferença de nível5Incapacidade permanente total8Visual280Uso de EPI Queda de material do telhadoÁrea não sinalizadaImpacto sofrido6Trauma que requer primeiros socorros3Visual236Uso de EPCExecução do telhadoQuebra da escada
Falta de resistência do material
Queda com diferença de nível
5
Incapacidade temporária com afastamento curto
5
Ausência de métodos de avaliação
10250
Troca da escada Queda do colaborador da escadaFalta de estabilidadeQueda com diferença de nível5Incapacidade temporária com afastamento curto5Checklist4100Troca da escadaFonte: Autores, 2019. Adaptado CAVAIGNAC & FORTE (2018).
Nesta tabela podemos observar várias falhas que são muito frequentes no canteiro de obra. Na NR 18, no tópico 18.1 que fala sobre telhados e coberturas diz que para trabalho em telhados e coberturas devem ser utilizados dispositivos dimensionados por profissional legalmente habilitado e que permitam movimentação segura dos trabalhadores, o não uso desse EPI poderá acarretar na queda do colaborador com diferença de nível que tem um índice 5, causando até uma incapacidade permanente total com índice 8, podemos perceber isso por meio de inspeção visual com índice 2, totalizando um RPN de 80.Na mesma NR já no tópico 18.2 diz que: nos locais sob as áreas onde se desenvolvam trabalhos em telhados e ou coberturas, é obrigatória a existência de sinalização de advertência e de isolamento da área capazes de evitara ocorrência de acidentes por eventual queda de materiais, ferramentas e ou equipamentos, o não uso deste EPC o trabalhador poderá sofrer um impacto com índice 6, com trauma que requer primeiros socorros de índice 3, podemos detectar através de inspeção visual de índice 2, totalizando um RPN de 36.
Já no modo de falha da quebra da escada temos como causa da falha a falta de resistência do material causando uma queda do colaborador com diferença de nível com índice 5,podendo gerar uma incapacidade temporária com afastamento curto de índice 5, esta falha é de difícil detecção tendo por isso um índice 10, gerando um RPN de 250, sendo necessário fazer inspeção na mesma com frequência a fim de evitar esse tipo de acidente, pois o mesmo atingiu o maior índice de acordo com a ferramenta para este tipo de trabalho. Agora falando sobre a queda do colaborador da escada temos a causa da falha a falta de estabilidade, podendo causar uma queda com diferença de nível de índice 5, podendo gerar uma incapacidade temporária com afastamento curto de índice 5, sendo detectado através de um checklist de índice 4, totalizando um RPN de 100. A ações corretivas quanto ao uso da escada seria a troca da mesma quando detectado estas falhas.

5. Conclusão

Tanto em grandes quanto em pequenas obras a segurança e saúde do colaborador é de grande importância, devendo assim o empregador investir na qualidade das ferramentas de trabalho, qualificação e treinamento do quadro de funcionários. Nesse sentido o presente trabalho vem contribuir em duas situações de trabalho que é o processo de escavação (serviço de escavação e montagem de sistema de fossa séptica) e telhado (execução do telhado e cobertura de residência), mostrando através da tabela a seguir quais os riscos mais comuns e seu índice (RPN) ordenado do maior para o menor de acordo com o seu grau de gravidade. Além das identificações qualitativas a ferramenta FMEA (failure modes and effects analysis) nos informa dados quantitativos dos riscos relacionados a sua causa e efeito aos trabalhadores.

Tabela 6: Plano de ações corretivas, com sugestões para correções dos modos de falha com suas prioridades de acordo com RPN.
Ordem de prioridadeModo de falhaRPNAções corretivas1ºQuebra da escada250Troca da escada por outra de boa qualidade2ºQueda do colaborador da escada100Troca da escada3ºQueda de pessoa no interior da escavação100Sinalizar o local da escavação4ºEsmagamento de membro na montagem da fossa96Usar EPI e maquinário adequado5ºDesmoronamento90Fazer escoramento6ºQueda do colaborador do telhado80Conscientizar o colaborador ao uso do EPI correto7ºExcesso de esforço na colocação da manilha70Fazer o uso dos EPI´s adequados para colocação das manilhas8ºContato excessivo com umidade40Usar a vestimenta adequada9ºQueda de material do telhado36Uso de EPC10ºSoterramento30Armazenar o material retirado a uma distância maior que ½ da profundidade da vala.Fonte: Autores, 2019.
Após a obtenção dos RPNs (risk priority number) foi possível priorizar os modos de falha encontrados. Para o serviço de escavação, a queda de pessoas na escavação não-sinalizada obteve o maior RPN, seguido de esmagamento de membro durante a colocação da fossa – 100 e 96. Para o trabalho em altura, a quebra da escada obteve o maior RPN, igual a 250 – também o maior RPN geral. Ao final foi proposto um plano de ações corretivas para contribuir para mitigar os riscos ocupacionais presentes na obra investigada.

Referências

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AVALIAÇÃO DE RISCO OCUPACIONAL EM OBRAS DE PEQUENO PORTE DE UNIDADES UNIFAMILIARES COM APLICAÇÃO DO FMEA: UMA INVESTIGAÇÃO SOBRE TRABALHO EM ALTURA E ESCAVAÇÕES
OCCUPATIONAL RISK ASSESSMENT IN SMALL WORKS OF SMALL UNITS WITH FMEA APPLICATION: AN INVESTIGATION ON WORK AT HEIGHT AND EXCAVATIONS
Autor11; Autor22; Autor33

1 2 3Departamento de Engenharias e Tecnologia do Centro Universitário Norte do Espírito Santo da Universidade
Federal do Espírito Santo, Rodovia BR 101 Norte, Km. 60, Bairro Litorâneo, CEP 29932-540, São Mateus. revistabjpe@gmail.com
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*Autor Correspondente: Revista BJPE,
Departamento de Engenharias e Tecnologia do Centro Universitário Norte do Espírito Santo da Universidade Federal do Espírito Santo, Rodovia BR 101 Norte, Km. 60, Bairro Litorâneo, CEP 29932-540, São Mateus, Espírito Santo, Brasil.
RESUMO
 A construção civil é o setor com maior índice de acidentes de trabalho, levando em consideração muitos fatores como a falta de planejamento, desorganização do ambiente de trabalho, falta de mão de obra qualificada, a falta de fiscalização pelos responsáveis da obra e também pelos órgãos competentes, além das condições das instalações dos canteiros de obra. O objetivo deste trabalho é realizar uma investigação da situação dos trabalhadores da construção civil em obras de pequeno porte – obras unifamiliares – no município de Imperatriz – MA, com ênfase nos processos de execução de telhado e escavações. A partir dos registros fotográficos foi realizado uma discussão acerca das inconformidades encontradas em relação as normas regulamentadoras n° 6, n° 18 e n° 35. Posteriormente, os dados obtidos foram usados para a aplicação do FMEA (failure mode and effect analysis).
Após a obtenção dos RPNs (risk priority number) foi possível priorizar os modos de falha encontrados. Para o serviço de escavação, a queda de pessoas na escavação não-sinalizada obteve o maior RPN, seguido de esmagamento de membro durante a colocação da fossa – 100 e 96. Para o trabalho em altura, a quebra da escada obteve o maior RPN, igual a 250 – também o maior RPN geral. Ao final foi proposto um plano de ações corretivas para contribuir para mitigar os riscos ocupacionais presentes na obra investigada. ABSTRACT
Civil construction is the sector with the highest rate of occupational accidents, taking into account many factors such as lack of planning, disorganization of the work environment, lack of skilled labor, lack of supervision by those responsible for the work and also by the agencies. in addition to the conditions of the site installations. The objective of this work is to investigate the situation of construction workers in small works - single family works - in the municipality of Imperatriz - MA, with emphasis on the processes of roofing and excavation. From the photographic records, a discussion was made about the nonconformities found in relation to regulatory standards No. 6, No. 18 and No. 35. Subsequently, the data obtained were used for the application of FMEA (failure modes and effects analysis).
After obtaining the RPNs (risk priority number) it was possible to prioritize the failure modes found. For the excavation service, the fall of people on the unmarked excavation obtained the highest RPN, followed by limb crushing during the laying of the pit - 100 and 96. For work at heights, the ladder break obtained the highest RPN, equal to 250 - also the highest overall RPN. At the end, a corrective action plan was proposed to contribute to mitigate the occupational risks present in the investigated work.


 SHAPE \* MERGEFORMAT 

INTRODUÇÃO
A indústria da construção – IC, é um dos setores que mais empregam, sendo clara sua importância social e econômica no país e no mundo. Se ainda considerarmos sua cadeia produtiva, com produção de materiais de construção, de máquinas, equipamentos, prestação de serviços e comercio dos mesmos, o impacto na economia e no âmbito social se torna ainda maior (SESI, 2015). A construção civil é o setor com maior índice de acidentes de trabalho, muitas vezes relacionados aos fatores de risco no ambiente de trabalho, mão de obra não qualificada, falta de fiscalização, falta de planejamento e até mesmo pelas condições das próprias instalações dos canteiros (LOVATO, 2017).
Muitos desses acidentes são referentes ao descumprimento da Norma Regulamentadora nº 18 (NR 18), onde ela estabelece diretrizes de ordem administrativa, de planejamento e de organização, que objetivam a implementação de medidas de controle e sistemas preventivos de segurança nos processos, nas condições e no meio ambiente de trabalho na indústria da construção. Outro fator importante para o acontecimento de acidentes de trabalho está na ausência de profissionais especializados em segurança do trabalho no canteiro de obra, onde se torna difícil fazer com que a higiene ocupacional e segurança no ambiente de trabalho se tornem hábito de um trabalhador (DINIZ JÚNIOR, 2002).
Outro grande fator de risco é a resistência em relação ao uso de EPIs por meios dos empregados, muitas vezes por falta de treinamento ou por falta de conhecimento das normas e legislações sobre o assunto. De maneira geral os EPI´S são fornecidos, na maioria das vezes, sem qualquer critério de escolha, apenas para o cumprimento básico da legislação, causando muitas vezes desconforto nos trabalhadores. Não há qualquer preocupação com a qualidade e desempenho dos equipamentos por parte dos empregadores no geral (DA SILVA et al, 2015)
Acidentes de trabalho geram custos adicionais à construção civil, principalmente com reparação de danos, indenizações e custos por afastamento de funcionários (CAVAIGNAC & FORTE, 2018). Segundo o Anuário da Previdência Social do ano de 2016 foram gastos 312 milhões de reais em benefícios concedidos a acidentários, o que de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU) representou 3% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional no mesmo período. A tabela 01 apresenta as estatísticas da Previdência Social que relaciona os setores de atividade econômica e seus acidentes de trabalho.
Tabela 1 – Acidentes de trabalho nos setores econômicos.
Setor20122013201420152016Agropecuária25.68423.55022.16018.33817.088Extrativa7.3727.1265.9975.0864.025Transformação222.073224.363184.339161.169141.077Construção Civil64.16162.40850.66243.33434.786Serv. de Utilidade Publica17.38217.51615.00614.50613.849Serv. Gerais348.489362.909305.703309.602299.515Ignorado28.78627.720128.43570.34468.595Total713.947725.592712.302622.379578.935Fonte: Anuários da Previdência Social (adaptados), 2012 a 2016.
O processo de planejamento, anterior ao início da execução, é essencial para uma correta execução de obras civis evitando custos não provisionados e os procedimentos de análise e gerenciamento de risco são fundamentais para investigar a situação laboral dos colaboradores prevendo e solucionando futuros riscos inerentes à função (BENNITE, 2004; CAVAIGNAC & FORTE, 2018). As principais ferramentas de análise de risco são a análise preliminar de risco – APR, árvore de falha (Fault Tree Analysis– FTA) e recentemente, a análise de modo de falha e efeitos - FMEA (CAVAIGNAC & FORTE, 2018; CAVAIGNAC & UCHOA, 2018; SANTOS et al. 2019; DIAS JÚNIOR & CAVAIGNAC, 2019; JORGE et al. 2019).
Um dos métodos comumente utilizados na análise de falhas é a FMEA (failure mode and effect analysis), que é amplamente descrito na literatura (HELMAN, 1995). Em termos sintéticos, FMEA é um método de análise estruturada, formalmente documentada para servir também como uma avaliação interna ao projeto do produto ou processo. Seu objetivo básico é identificar os modos de falha, suas causas básicas, seus efeitos, e qual o impacto desses efeitos no produto final. Uma vez estabelecida a relação entre a falha, suas causas e seus efeitos, são determinados índices que avaliam a probabilidade de ocorrência da falha, a gravidade de seus efeitos e a capacidade de detectar-se a falha e bloqueá-la antes do seu efeito ser percebido pelo cliente. O produto dos três índices resulta no chamado “índice de risco”, que permite a hierarquização das falhas e a priorização das ações preventivas que serão tomadas (VANNI et al., 1998).
O FMEA Foi desenvolvida na década de 50 com a finalidade de encontrar a qualidade e confiabilidade nos programas aeroespaciais da NASA. Posteriormente esta técnica foi utilizada em indústrias através das exigências pelos clientes. O FMEA permite uma hierarquia de riscos, priorizando os modos de falha de acordo com um coeficiente chamado número de prioridade de risco ou RPN. Este número é um resultado da multiplicação de três índices independentes - severidade (S), ocorrência (O) e detecção (D) - e variam de 1 a 10, da melhor realidade para a pior (STAMATIS, 2003).
Severidade é a classificação que indica a gravidade de uma consequência possível no modo potencial de uma falha. Classificando a gravidade da falha de 1 a 10, partindo de uma consequência sem danos até danos catastróficos ou irreparáveis. A ocorrência no FMEA é a estimativa da frequência ou probabilidade de ocorrência do modo de falha. O melhor método para determinar o seu valor é através do uso de dados reais do processo, no entanto, no caso onde não há dados anteriores para avaliação podem ser atribuídos escalas qualitativas baseado na experiência dos operadores (MCDERMOTT, et al., 2009). Detecção é a dificuldade de fazer com que a falha seja detectada antes que ocorra o modo de falha. Para a área de manutenção, conceitua-se a probabilidade de detecção entre muito baixo e muito alto, relacionando os conceitos de 1 a 10 com a probabilidade de o defeito ser detectado (STAMATIS, 2003) (MCDERMOTT, et al., 2009).
A tabela 2 é proposta por Cavaignac & Uchoa (2018) como ferramenta de referência rápida aos profissionais que elaboram, executam e pesquisam sobre o tema de segurança do trabalho, com o intuito de diminuir a dificuldade da utilização do FMEA relatado por Laurenti et al (2012).

Tabela 2 – Tabela de referência de índices de Severidade (S), Ocorrência (O) e Detecção (D)
Severidade (S)Ocorrência (O)Detecção (D)ÍndiceNatureza da severidadeÍndiceNatureza da ocorrênciaÍndiceNatureza de detecção1Sem impacto real6Impacto sofrido1Inspeção visual2Trauma irrelevante5Queda com diferença de nível23Trauma que requer primeiros socorros5Impacto contra3
Teste tátil /
teste manual4Incapacidade temporária sem afastamento5Esforço excessivo ou inadequado45Incapacidade temporária com afastamento curto5Prensagem ou aprisionamento5Aplicação de checklist / sequência
de testes antes da tarefa6Incapacidade temporária com afastamento longo5Queda em mesmo nível67Incapacidade permanente parcial4Exposição ao ruído78Incapacidade permanente total4Contato com substância nociva8
Inspeção instrumental /9Óbito de envolvidos no processo4Choque elétrico9Testes mecânicos10Óbito de não envolvidos no processo3Atrito ou abrasão10Ausências de métodos efetivos--3Contato com
temperatura extrema--
Fonte: Autores, 2019; Adaptado CAVAIGNAC & UCHOA (2018)
Nesse sentido, este trabalho visa realizar uma investigação da situação dos trabalhadores da construção civil em obras de pequeno porte – obras unifamiliares – no município de Imperatriz - MA. A partir da investigação in loco, realizar a aplicação da ferramenta de análise de risco FMEA (failure modes and effects analysis).

2. METODOLOGIA
O estudo foi realizado em uma obra de construções unifamiliares no município de Imperatriz-MA. Cada unidade executada possuía apenas o pavimento térreo e de 90 a 110 m² de área construída. No momento do estudo a obra se encontrava na fase de execução de telhados e execução de escavação para fossa séptica. Foi realizado a observação in loco da situação dos trabalhadores e registrados através de fotografias. A partir deste registro fotográfico foi realizado uma discussão acerca das inconformidades encontradas em relação as normas regulamentadoras n° 6, n° 18 e n° 35. Posteriormente, os dados obtidos foram usados para a aplicação do FMEA.
Para a aplicação do FMEA em SSO foi utilizado o modelo proposto por Cavaignac & Forte. Contudo este modelo precisou ser adaptado para o uso da tabela de referência proposta por Cavaignac & Uchoa. A principal alteração foi a inserção de uma coluna de classificação de ocorrência chamada de “natureza de ocorrência”, para relacionar com os índices de ocorrência propostos na tabela de referência.

Tabela 3: Modelo de tabela para aplicação do FMEA em análise de risco ocupacional.
Processo
ou açãoModo de falhaCausa básica da falhaNatureza da ocorrência(O)Efeitos(S)Meios de detecção(D)Índice de riscoAções corretivas1º2º3º4º5º6º7º8º9º10º11ºFonte: Cavaignac & Forte, 2018. Adaptado.
Após a obtenção dos números de priorização de risco (RPN – Risk Priority Number) foi gerada um plano de ações corretivas, com as sugestões de correção dos modos de falha e sua priorização, do maior ao menor RPN, para organizar a correção das situações observadas.

3. INCONFORMIDADES ENCONTRADAS NA OBRA
Ao decorrer das visitas técnicas foram feitos vários registros fotográficos onde ressaltaram as irregularidades quanto ao não cumprimentos das NR`s. Na imagem 1, observamos várias inconformidades.
Figura 1- Inconformidades encontradas nos trabalhadores [1] e [2]: ausência de (a) capacete, (b) luvas, (c) dispositivo de segurança contra queda.

Fonte: Autores, 2019.
Figura 2 – Inconformidades encontradas no trabalhador [1]: ausência de (a) capacete, ausência de (b) dispositivo de segurança contra queda, (c) escada em posição irregular.

Fonte: Autores, 2019.
De acordo com a NR 18.18 telhados e coberturas, é obrigatória a instalação de cabo guia ou cabo de segurança para fixação de mecanismo de ligação por talabarte acoplado ao cinto de segurança tipo paraquedista. Na NR 18.18.2 diz que: nos locais sob as áreas onde se desenvolvam trabalhos em telhados e ou coberturas, é obrigatória a existência de sinalização de advertência e de isolamento da área capazes de evitar a ocorrência de acidentes por eventual queda de materiais, ferramentas e ou equipamentos.
Figura 3 – inconformidades encontradas no trabalhador [1]: ausência de (a) capacete, (b) luvas e (c) botas.

Fonte: Autores, 2019.
A NR 18 no tópico 6.5 diz que: Os taludes instáveis das escavações com profundidade superior a 1,25m (um metro e vinte e cinco centímetros) devem ter sua estabilidade garantida por meio de estruturas dimensionadas para este fim. (118.144-0 / I4). Na NR 18.6.7. As escavações com mais de 1,25m (um metro e vinte e cinco centímetros) de profundidade devem dispor de escadas ou rampas, colocadas próximas aos postos de trabalho, a fim de permitir, em caso de emergência, a saída rápida dos trabalhadores, independentemente do previsto no subitem 18.6.5.
Figura 4 – inconformidades encontradas no trabalhador [1] e [2]: ausência de (a) capacete, (b) luvas e (c) botas.

Fonte: Autores, 2019.


4. APLICAÇÃO DO FMEA

A seguir são apresentadas as tabelas obtidas da aplicação do FMEA a partir dos dados coletados in loco em dois processos: escavação – serviço de execução de escavação para montagem de sistema de fossa séptica – e execução de telhado – trabalho realizado em altura para execução e cobertura da residência. Após as tabelas será realizada uma discussão dos resultados obtidos. A tabela a seguir trata da aplicação do FMEA na escavação de fossa.

Tabela 4. Aplicação do FMEA na Escavação de fossa
ProcessoModo de falhaCausa básica da falhaNatureza da ocorrênciaOEfeitosSMeios de detecçãoDÍndice de riscoAções corretivasou ação DesmoronamentoFalta de escoramentoPrensagem ou aprisionamento5Morte9Visual290Execução de escoramento Queda de pessoa no interior da escavaçãoFalta de sinalizaçãoQueda com diferença de nível5Morte10Visual2100Sinalização do localEscavaçãoSoterramentoMaterial armazenado muito próximo da valaAprisionamento5Trauma que requer primeiros socorros3Visual230Armazenamento do material retirado dist. >1/2 profundidade  Excesso de esforço na colocação da manilhaColocação das manilhas sem equipamento adequadoEsforço excessivo ou inadequado5Incapacidade permanente parcial7Visual270Usar equipamento adequado para colocação das manilhas dentro da vala Contato excessivo com umidadetrabalhador exposto Contato com substância nociva Incapacidade temporária5Visual240Usar vestimenta adequada4Com afastamento curto   Esmagamento de membros na montagem da fossaQueda da manilha sobre membro do operárioImpacto sofrido6Incapacidade permanente total8Visual296Usar epi e maquinário adequado para montar as manilhasFonte: Autores, 2019. Adaptado CAVAIGNAC & FORTE (2018).
Na tabela 4 sobre escavação temos o modo de falha pelo desmoronamento, causado pela falta de escoramento, podendo ocorrer a prensagem ou aprisionamento do trabalhador com índice 5, ocasionando até mesmo a sua morte com índice 9, sua detecção é visual com índice 2, totalizando um RPN de 90.Sua ação corretiva de acordo com a NR 18 no parágrafo 6.5 é que em escavações com profundidade maior que 1,25m devem ter sua instabilidade garantida por meio de estruturas dimensionadas para tal fim.
No modo de falha de queda de pessoa no interior da escavação gerada pela falta de sinalização causando uma queda com diferença de nível de índice 5, podendo causar até a morte de uma pessoa na envolvida no processo com índice 10, sendo detectada por meio de inspeção visual de índice 2, totalizando um RPN de 100. De acordo com a NR 18 no parágrafo 6.12 os acessos de trabalhadores, veículos e equipamentos as áreas de escavação devem ter sinalização de advertência permanente.
Já no modo de falha de soterramento tendo como causa o armazenamento do material retirado muito próximo a vala podendo causar aprisionamento do trabalhador com índice 5, gerando até um trauma que requer primeiros socorros de índice 3, sendo detectado por inspeção visual de índice 2, totalizando um RPN de 30. A NR 18 no parágrafo 6.8 diz que os matérias retirados da escavação devem ser depositados a uma distância superior à metade da profundidade, medida a partir da borda do talude.
No excesso de esforço na colocação das manilhas dentro da vala temos a causa da falha a não utilização de equipamentos adequados levando o trabalhador a um esforço excessivo ou inadequado com índice 5, podendo gerar uma incapacidade permanente parcial com índice 7, sendo detectado através de inspeção visual de índice 2, totalizando um RPN de 70, sua ação corretiva será através de utilização de equipamentos adequados para a colocação das manilhas dentro da vala.
Também temos o trabalhador em contato excessivo com a umidade, levando o mesmo a uma exposição pelo contato com substância nociva de índice 4, podendo levar a uma incapacidade temporária com afastamento curto de índice 5 sendo detectado através de inspeção visual de índice 2, totalizando um RPN de 40, a medida preventiva seria a empresa disponibilizar ao trabalhador exposto vestimentas adequadas para este tipo de tarefa.
O trabalhador também poderá sofrer um esmagamento de membro durante a montagem da fossa pela queda da manilha sofrendo assim um impacto de índice 6, ocasionando uma incapacidade permanente total de índice 8, sendo detectada através de inspeção visual de índice 2, totalizando um RPN de 96, a ação corretiva seria o trabalhador está usando seu EPI devidamente para esta tarefa e também o uso do maquinário correto para o içamento e colocação das manilhas dentro da vala.

Tabela 5. Aplicação do FMEA na execução do telhado

ProcessoModo de falhaCausa básica da falhaNatureza da ocorrênciaOEfeitosSMeios de detecçãoDÍndice de riscoAções corretivasou ação Queda do colaborador do telhadoNão uso de epiQueda com diferença de nível5Incapacidade permanente total8Visual280Uso de EPI Queda de material do telhadoÁrea não sinalizadaImpacto sofrido6Trauma que requer primeiros socorros3Visual236Uso de EPCExecução do telhadoQuebra da escada
Falta de resistência do material
Queda com diferença de nível
5
Incapacidade temporária com afastamento curto
5
Ausência de métodos de avaliação
10250
Troca da escada Queda do colaborador da escadaFalta de estabilidadeQueda com diferença de nível5Incapacidade temporária com afastamento curto5Checklist4100Troca da escadaFonte: Autores, 2019. Adaptado CAVAIGNAC & FORTE (2018).
Nesta tabela podemos observar várias falhas que são muito frequentes no canteiro de obra. Na NR 18, no tópico 18.1 que fala sobre telhados e coberturas diz que para trabalho em telhados e coberturas devem ser utilizados dispositivos dimensionados por profissional legalmente habilitado e que permitam movimentação segura dos trabalhadores, o não uso desse EPI poderá acarretar na queda do colaborador com diferença de nível que tem um índice 5, causando até uma incapacidade permanente total com índice 8, podemos perceber isso por meio de inspeção visual com índice 2, totalizando um RPN de 80.Na mesma NR já no tópico 18.2 diz que: nos locais sob as áreas onde se desenvolvam trabalhos em telhados e ou coberturas, é obrigatória a existência de sinalização de advertência e de isolamento da área capazes de evitara ocorrência de acidentes por eventual queda de materiais, ferramentas e ou equipamentos, o não uso deste EPC o trabalhador poderá sofrer um impacto com índice 6, com trauma que requer primeiros socorros de índice 3, podemos detectar através de inspeção visual de índice 2, totalizando um RPN de 36.
Já no modo de falha da quebra da escada temos como causa da falha a falta de resistência do material causando uma queda do colaborador com diferença de nível com índice 5,podendo gerar uma incapacidade temporária com afastamento curto de índice 5, esta falha é de difícil detecção tendo por isso um índice 10, gerando um RPN de 250, sendo necessário fazer inspeção na mesma com frequência a fim de evitar esse tipo de acidente, pois o mesmo atingiu o maior índice de acordo com a ferramenta para este tipo de trabalho. Agora falando sobre a queda do colaborador da escada temos a causa da falha a falta de estabilidade, podendo causar uma queda com diferença de nível de índice 5, podendo gerar uma incapacidade temporária com afastamento curto de índice 5, sendo detectado através de um checklist de índice 4, totalizando um RPN de 100. A ações corretivas quanto ao uso da escada seria a troca da mesma quando detectado estas falhas.

5. Conclusão

Tanto em grandes quanto em pequenas obras a segurança e saúde do colaborador é de grande importância, devendo assim o empregador investir na qualidade das ferramentas de trabalho, qualificação e treinamento do quadro de funcionários. Nesse sentido o presente trabalho vem contribuir em duas situações de trabalho que é o processo de escavação (serviço de escavação e montagem de sistema de fossa séptica) e telhado (execução do telhado e cobertura de residência), mostrando através da tabela a seguir quais os riscos mais comuns e seu índice (RPN) ordenado do maior para o menor de acordo com o seu grau de gravidade. Além das identificações qualitativas a ferramenta FMEA (failure modes and effects analysis) nos informa dados quantitativos dos riscos relacionados a sua causa e efeito aos trabalhadores.

Tabela 6: Plano de ações corretivas, com sugestões para correções dos modos de falha com suas prioridades de acordo com RPN.
Ordem de prioridadeModo de falhaRPNAções corretivas1ºQuebra da escada250Troca da escada por outra de boa qualidade2ºQueda do colaborador da escada100Troca da escada3ºQueda de pessoa no interior da escavação100Sinalizar o local da escavação4ºEsmagamento de membro na montagem da fossa96Usar EPI e maquinário adequado5ºDesmoronamento90Fazer escoramento6ºQueda do colaborador do telhado80Conscientizar o colaborador ao uso do EPI correto7ºExcesso de esforço na colocação da manilha70Fazer o uso dos EPI´s adequados para colocação das manilhas8ºContato excessivo com umidade40Usar a vestimenta adequada9ºQueda de material do telhado36Uso de EPC10ºSoterramento30Armazenar o material retirado a uma distância maior que ½ da profundidade da vala.Fonte: Autores, 2019.
Após a obtenção dos RPNs (risk priority number) foi possível priorizar os modos de falha encontrados. Para o serviço de escavação, a queda de pessoas na escavação não-sinalizada obteve o maior RPN, seguido de esmagamento de membro durante a colocação da fossa – 100 e 96. Para o trabalho em altura, a quebra da escada obteve o maior RPN, igual a 250 – também o maior RPN geral. Ao final foi proposto um plano de ações corretivas para contribuir para mitigar os riscos ocupacionais presentes na obra investigada.

Referências

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Arquivo de entrada: Manuscrito (111).doc (3391 termos)
Arquivo encontrado: https://www.sciencedirect.com/topics/engineering/failure-mode-and-effect-analysis (4494 termos)

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 "Manuscrito (111).doc".
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AVALIAÇÃO DE RISCO OCUPACIONAL EM OBRAS DE PEQUENO PORTE DE UNIDADES UNIFAMILIARES COM APLICAÇÃO DO FMEA: UMA INVESTIGAÇÃO SOBRE TRABALHO EM ALTURA E ESCAVAÇÕES
OCCUPATIONAL RISK ASSESSMENT IN SMALL WORKS OF SMALL UNITS WITH FMEA APPLICATION: AN INVESTIGATION ON WORK AT HEIGHT AND EXCAVATIONS
Autor11; Autor22; Autor33

1 2 3Departamento de Engenharias e Tecnologia do Centro Universitário Norte do Espírito Santo da Universidade
Federal do Espírito Santo, Rodovia BR 101 Norte, Km. 60, Bairro Litorâneo, CEP 29932-540, São Mateus. revistabjpe@gmail.com
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FastFormat; ABNT; artigos científicos; formatação automática.
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*Autor Correspondente: Revista BJPE,
Departamento de Engenharias e Tecnologia do Centro Universitário Norte do Espírito Santo da Universidade Federal do Espírito Santo, Rodovia BR 101 Norte, Km. 60, Bairro Litorâneo, CEP 29932-540, São Mateus, Espírito Santo, Brasil.
RESUMO
 A construção civil é o setor com maior índice de acidentes de trabalho, levando em consideração muitos fatores como a falta de planejamento, desorganização do ambiente de trabalho, falta de mão de obra qualificada, a falta de fiscalização pelos responsáveis da obra e também pelos órgãos competentes, além das condições das instalações dos canteiros de obra. O objetivo deste trabalho é realizar uma investigação da situação dos trabalhadores da construção civil em obras de pequeno porte – obras unifamiliares – no município de Imperatriz – MA, com ênfase nos processos de execução de telhado e escavações. A partir dos registros fotográficos foi realizado uma discussão acerca das inconformidades encontradas em relação as normas regulamentadoras n° 6, n° 18 e n° 35. Posteriormente, os dados obtidos foram usados para a aplicação do FMEA (failure mode and effect analysis).
Após a obtenção dos RPNs (risk priority number) foi possível priorizar os modos de falha encontrados. Para o serviço de escavação, a queda de pessoas na escavação não-sinalizada obteve o maior RPN, seguido de esmagamento de membro durante a colocação da fossa – 100 e 96. Para o trabalho em altura, a quebra da escada obteve o maior RPN, igual a 250 – também o maior RPN geral. Ao final foi proposto um plano de ações corretivas para contribuir para mitigar os riscos ocupacionais presentes na obra investigada. ABSTRACT
Civil construction is the sector with the highest rate of occupational accidents, taking into account many factors such as lack of planning, disorganization of the work environment, lack of skilled labor, lack of supervision by those responsible for the work and also by the agencies. in addition to the conditions of the site installations. The objective of this work is to investigate the situation of construction workers in small works - single family works - in the municipality of Imperatriz - MA, with emphasis on the processes of roofing and excavation. From the photographic records, a discussion was made about the nonconformities found in relation to regulatory standards No. 6, No. 18 and No. 35. Subsequently, the data obtained were used for the application of FMEA (failure modes and effects analysis).
After obtaining the RPNs (risk priority number) it was possible to prioritize the failure modes found. For the excavation service, the fall of people on the unmarked excavation obtained the highest RPN, followed by limb crushing during the laying of the pit - 100 and 96. For work at heights, the ladder break obtained the highest RPN, equal to 250 - also the highest overall RPN. At the end, a corrective action plan was proposed to contribute to mitigate the occupational risks present in the investigated work.


 SHAPE \* MERGEFORMAT 

INTRODUÇÃO
A indústria da construção – IC, é um dos setores que mais empregam, sendo clara sua importância social e econômica no país e no mundo. Se ainda considerarmos sua cadeia produtiva, com produção de materiais de construção, de máquinas, equipamentos, prestação de serviços e comercio dos mesmos, o impacto na economia e no âmbito social se torna ainda maior (SESI, 2015). A construção civil é o setor com maior índice de acidentes de trabalho, muitas vezes relacionados aos fatores de risco no ambiente de trabalho, mão de obra não qualificada, falta de fiscalização, falta de planejamento e até mesmo pelas condições das próprias instalações dos canteiros (LOVATO, 2017).
Muitos desses acidentes são referentes ao descumprimento da Norma Regulamentadora nº 18 (NR 18), onde ela estabelece diretrizes de ordem administrativa, de planejamento e de organização, que objetivam a implementação de medidas de controle e sistemas preventivos de segurança nos processos, nas condições e no meio ambiente de trabalho na indústria da construção. Outro fator importante para o acontecimento de acidentes de trabalho está na ausência de profissionais especializados em segurança do trabalho no canteiro de obra, onde se torna difícil fazer com que a higiene ocupacional e segurança no ambiente de trabalho se tornem hábito de um trabalhador (DINIZ JÚNIOR, 2002).
Outro grande fator de risco é a resistência em relação ao uso de EPIs por meios dos empregados, muitas vezes por falta de treinamento ou por falta de conhecimento das normas e legislações sobre o assunto. De maneira geral os EPI´S são fornecidos, na maioria das vezes, sem qualquer critério de escolha, apenas para o cumprimento básico da legislação, causando muitas vezes desconforto nos trabalhadores. Não há qualquer preocupação com a qualidade e desempenho dos equipamentos por parte dos empregadores no geral (DA SILVA et al, 2015)
Acidentes de trabalho geram custos adicionais à construção civil, principalmente com reparação de danos, indenizações e custos por afastamento de funcionários (CAVAIGNAC & FORTE, 2018). Segundo o Anuário da Previdência Social do ano de 2016 foram gastos 312 milhões de reais em benefícios concedidos a acidentários, o que de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU) representou 3% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional no mesmo período. A tabela 01 apresenta as estatísticas da Previdência Social que relaciona os setores de atividade econômica e seus acidentes de trabalho.
Tabela 1 – Acidentes de trabalho nos setores econômicos.
Setor20122013201420152016Agropecuária25.68423.55022.16018.33817.088Extrativa7.3727.1265.9975.0864.025Transformação222.073224.363184.339161.169141.077Construção Civil64.16162.40850.66243.33434.786Serv. de Utilidade Publica17.38217.51615.00614.50613.849Serv. Gerais348.489362.909305.703309.602299.515Ignorado28.78627.720128.43570.34468.595Total713.947725.592712.302622.379578.935Fonte: Anuários da Previdência Social (adaptados), 2012 a 2016.
O processo de planejamento, anterior ao início da execução, é essencial para uma correta execução de obras civis evitando custos não provisionados e os procedimentos de análise e gerenciamento de risco são fundamentais para investigar a situação laboral dos colaboradores prevendo e solucionando futuros riscos inerentes à função (BENNITE, 2004; CAVAIGNAC & FORTE, 2018). As principais ferramentas de análise de risco são a análise preliminar de risco – APR, árvore de falha (Fault Tree Analysis– FTA) e recentemente, a análise de modo de falha e efeitos - FMEA (CAVAIGNAC & FORTE, 2018; CAVAIGNAC & UCHOA, 2018; SANTOS et al. 2019; DIAS JÚNIOR & CAVAIGNAC, 2019; JORGE et al. 2019).
Um dos métodos comumente utilizados na análise de falhas é a FMEA (failure mode and effect analysis), que é amplamente descrito na literatura (HELMAN, 1995). Em termos sintéticos, FMEA é um método de análise estruturada, formalmente documentada para servir também como uma avaliação interna ao projeto do produto ou processo. Seu objetivo básico é identificar os modos de falha, suas causas básicas, seus efeitos, e qual o impacto desses efeitos no produto final. Uma vez estabelecida a relação entre a falha, suas causas e seus efeitos, são determinados índices que avaliam a probabilidade de ocorrência da falha, a gravidade de seus efeitos e a capacidade de detectar-se a falha e bloqueá-la antes do seu efeito ser percebido pelo cliente. O produto dos três índices resulta no chamado “índice de risco”, que permite a hierarquização das falhas e a priorização das ações preventivas que serão tomadas (VANNI et al., 1998).
O FMEA Foi desenvolvida na década de 50 com a finalidade de encontrar a qualidade e confiabilidade nos programas aeroespaciais da NASA. Posteriormente esta técnica foi utilizada em indústrias através das exigências pelos clientes. O FMEA permite uma hierarquia de riscos, priorizando os modos de falha de acordo com um coeficiente chamado número de prioridade de risco ou RPN. Este número é um resultado da multiplicação de três índices independentes - severidade (S), ocorrência (O) e detecção (D) - e variam de 1 a 10, da melhor realidade para a pior (STAMATIS, 2003).
Severidade é a classificação que indica a gravidade de uma consequência possível no modo potencial de uma falha. Classificando a gravidade da falha de 1 a 10, partindo de uma consequência sem danos até danos catastróficos ou irreparáveis. A ocorrência no FMEA é a estimativa da frequência ou probabilidade de ocorrência do modo de falha. O melhor método para determinar o seu valor é através do uso de dados reais do processo, no entanto, no caso onde não há dados anteriores para avaliação podem ser atribuídos escalas qualitativas baseado na experiência dos operadores (MCDERMOTT, et al., 2009). Detecção é a dificuldade de fazer com que a falha seja detectada antes que ocorra o modo de falha. Para a área de manutenção, conceitua-se a probabilidade de detecção entre muito baixo e muito alto, relacionando os conceitos de 1 a 10 com a probabilidade de o defeito ser detectado (STAMATIS, 2003) (MCDERMOTT, et al., 2009).
A tabela 2 é proposta por Cavaignac & Uchoa (2018) como ferramenta de referência rápida aos profissionais que elaboram, executam e pesquisam sobre o tema de segurança do trabalho, com o intuito de diminuir a dificuldade da utilização do FMEA relatado por Laurenti et al (2012).

Tabela 2 – Tabela de referência de índices de Severidade (S), Ocorrência (O) e Detecção (D)
Severidade (S)Ocorrência (O)Detecção (D)ÍndiceNatureza da severidadeÍndiceNatureza da ocorrênciaÍndiceNatureza de detecção1Sem impacto real6Impacto sofrido1Inspeção visual2Trauma irrelevante5Queda com diferença de nível23Trauma que requer primeiros socorros5Impacto contra3
Teste tátil /
teste manual4Incapacidade temporária sem afastamento5Esforço excessivo ou inadequado45Incapacidade temporária com afastamento curto5Prensagem ou aprisionamento5Aplicação de checklist / sequência
de testes antes da tarefa6Incapacidade temporária com afastamento longo5Queda em mesmo nível67Incapacidade permanente parcial4Exposição ao ruído78Incapacidade permanente total4Contato com substância nociva8
Inspeção instrumental /9Óbito de envolvidos no processo4Choque elétrico9Testes mecânicos10Óbito de não envolvidos no processo3Atrito ou abrasão10Ausências de métodos efetivos--3Contato com
temperatura extrema--
Fonte: Autores, 2019; Adaptado CAVAIGNAC & UCHOA (2018)
Nesse sentido, este trabalho visa realizar uma investigação da situação dos trabalhadores da construção civil em obras de pequeno porte – obras unifamiliares – no município de Imperatriz - MA. A partir da investigação in loco, realizar a aplicação da ferramenta de análise de risco FMEA (failure modes and effects analysis).

2. METODOLOGIA
O estudo foi realizado em uma obra de construções unifamiliares no município de Imperatriz-MA. Cada unidade executada possuía apenas o pavimento térreo e de 90 a 110 m² de área construída. No momento do estudo a obra se encontrava na fase de execução de telhados e execução de escavação para fossa séptica. Foi realizado a observação in loco da situação dos trabalhadores e registrados através de fotografias. A partir deste registro fotográfico foi realizado uma discussão acerca das inconformidades encontradas em relação as normas regulamentadoras n° 6, n° 18 e n° 35. Posteriormente, os dados obtidos foram usados para a aplicação do FMEA.
Para a aplicação do FMEA em SSO foi utilizado o modelo proposto por Cavaignac & Forte. Contudo este modelo precisou ser adaptado para o uso da tabela de referência proposta por Cavaignac & Uchoa. A principal alteração foi a inserção de uma coluna de classificação de ocorrência chamada de “natureza de ocorrência”, para relacionar com os índices de ocorrência propostos na tabela de referência.

Tabela 3: Modelo de tabela para aplicação do FMEA em análise de risco ocupacional.
Processo
ou açãoModo de falhaCausa básica da falhaNatureza da ocorrência(O)Efeitos(S)Meios de detecção(D)Índice de riscoAções corretivas1º2º3º4º5º6º7º8º9º10º11ºFonte: Cavaignac & Forte, 2018. Adaptado.
Após a obtenção dos números de priorização de risco (RPN – Risk Priority Number) foi gerada um plano de ações corretivas, com as sugestões de correção dos modos de falha e sua priorização, do maior ao menor RPN, para organizar a correção das situações observadas.

3. INCONFORMIDADES ENCONTRADAS NA OBRA
Ao decorrer das visitas técnicas foram feitos vários registros fotográficos onde ressaltaram as irregularidades quanto ao não cumprimentos das NR`s. Na imagem 1, observamos várias inconformidades.
Figura 1- Inconformidades encontradas nos trabalhadores [1] e [2]: ausência de (a) capacete, (b) luvas, (c) dispositivo de segurança contra queda.

Fonte: Autores, 2019.
Figura 2 – Inconformidades encontradas no trabalhador [1]: ausência de (a) capacete, ausência de (b) dispositivo de segurança contra queda, (c) escada em posição irregular.

Fonte: Autores, 2019.
De acordo com a NR 18.18 telhados e coberturas, é obrigatória a instalação de cabo guia ou cabo de segurança para fixação de mecanismo de ligação por talabarte acoplado ao cinto de segurança tipo paraquedista. Na NR 18.18.2 diz que: nos locais sob as áreas onde se desenvolvam trabalhos em telhados e ou coberturas, é obrigatória a existência de sinalização de advertência e de isolamento da área capazes de evitar a ocorrência de acidentes por eventual queda de materiais, ferramentas e ou equipamentos.
Figura 3 – inconformidades encontradas no trabalhador [1]: ausência de (a) capacete, (b) luvas e (c) botas.

Fonte: Autores, 2019.
A NR 18 no tópico 6.5 diz que: Os taludes instáveis das escavações com profundidade superior a 1,25m (um metro e vinte e cinco centímetros) devem ter sua estabilidade garantida por meio de estruturas dimensionadas para este fim. (118.144-0 / I4). Na NR 18.6.7. As escavações com mais de 1,25m (um metro e vinte e cinco centímetros) de profundidade devem dispor de escadas ou rampas, colocadas próximas aos postos de trabalho, a fim de permitir, em caso de emergência, a saída rápida dos trabalhadores, independentemente do previsto no subitem 18.6.5.
Figura 4 – inconformidades encontradas no trabalhador [1] e [2]: ausência de (a) capacete, (b) luvas e (c) botas.

Fonte: Autores, 2019.


4. APLICAÇÃO DO FMEA

A seguir são apresentadas as tabelas obtidas da aplicação do FMEA a partir dos dados coletados in loco em dois processos: escavação – serviço de execução de escavação para montagem de sistema de fossa séptica – e execução de telhado – trabalho realizado em altura para execução e cobertura da residência. Após as tabelas será realizada uma discussão dos resultados obtidos. A tabela a seguir trata da aplicação do FMEA na escavação de fossa.

Tabela 4. Aplicação do FMEA na Escavação de fossa
ProcessoModo de falhaCausa básica da falhaNatureza da ocorrênciaOEfeitosSMeios de detecçãoDÍndice de riscoAções corretivasou ação DesmoronamentoFalta de escoramentoPrensagem ou aprisionamento5Morte9Visual290Execução de escoramento Queda de pessoa no interior da escavaçãoFalta de sinalizaçãoQueda com diferença de nível5Morte10Visual2100Sinalização do localEscavaçãoSoterramentoMaterial armazenado muito próximo da valaAprisionamento5Trauma que requer primeiros socorros3Visual230Armazenamento do material retirado dist. >1/2 profundidade  Excesso de esforço na colocação da manilhaColocação das manilhas sem equipamento adequadoEsforço excessivo ou inadequado5Incapacidade permanente parcial7Visual270Usar equipamento adequado para colocação das manilhas dentro da vala Contato excessivo com umidadetrabalhador exposto Contato com substância nociva Incapacidade temporária5Visual240Usar vestimenta adequada4Com afastamento curto   Esmagamento de membros na montagem da fossaQueda da manilha sobre membro do operárioImpacto sofrido6Incapacidade permanente total8Visual296Usar epi e maquinário adequado para montar as manilhasFonte: Autores, 2019. Adaptado CAVAIGNAC & FORTE (2018).
Na tabela 4 sobre escavação temos o modo de falha pelo desmoronamento, causado pela falta de escoramento, podendo ocorrer a prensagem ou aprisionamento do trabalhador com índice 5, ocasionando até mesmo a sua morte com índice 9, sua detecção é visual com índice 2, totalizando um RPN de 90.Sua ação corretiva de acordo com a NR 18 no parágrafo 6.5 é que em escavações com profundidade maior que 1,25m devem ter sua instabilidade garantida por meio de estruturas dimensionadas para tal fim.
No modo de falha de queda de pessoa no interior da escavação gerada pela falta de sinalização causando uma queda com diferença de nível de índice 5, podendo causar até a morte de uma pessoa na envolvida no processo com índice 10, sendo detectada por meio de inspeção visual de índice 2, totalizando um RPN de 100. De acordo com a NR 18 no parágrafo 6.12 os acessos de trabalhadores, veículos e equipamentos as áreas de escavação devem ter sinalização de advertência permanente.
Já no modo de falha de soterramento tendo como causa o armazenamento do material retirado muito próximo a vala podendo causar aprisionamento do trabalhador com índice 5, gerando até um trauma que requer primeiros socorros de índice 3, sendo detectado por inspeção visual de índice 2, totalizando um RPN de 30. A NR 18 no parágrafo 6.8 diz que os matérias retirados da escavação devem ser depositados a uma distância superior à metade da profundidade, medida a partir da borda do talude.
No excesso de esforço na colocação das manilhas dentro da vala temos a causa da falha a não utilização de equipamentos adequados levando o trabalhador a um esforço excessivo ou inadequado com índice 5, podendo gerar uma incapacidade permanente parcial com índice 7, sendo detectado através de inspeção visual de índice 2, totalizando um RPN de 70, sua ação corretiva será através de utilização de equipamentos adequados para a colocação das manilhas dentro da vala.
Também temos o trabalhador em contato excessivo com a umidade, levando o mesmo a uma exposição pelo contato com substância nociva de índice 4, podendo levar a uma incapacidade temporária com afastamento curto de índice 5 sendo detectado através de inspeção visual de índice 2, totalizando um RPN de 40, a medida preventiva seria a empresa disponibilizar ao trabalhador exposto vestimentas adequadas para este tipo de tarefa.
O trabalhador também poderá sofrer um esmagamento de membro durante a montagem da fossa pela queda da manilha sofrendo assim um impacto de índice 6, ocasionando uma incapacidade permanente total de índice 8, sendo detectada através de inspeção visual de índice 2, totalizando um RPN de 96, a ação corretiva seria o trabalhador está usando seu EPI devidamente para esta tarefa e também o uso do maquinário correto para o içamento e colocação das manilhas dentro da vala.

Tabela 5. Aplicação do FMEA na execução do telhado

ProcessoModo de falhaCausa básica da falhaNatureza da ocorrênciaOEfeitosSMeios de detecçãoDÍndice de riscoAções corretivasou ação Queda do colaborador do telhadoNão uso de epiQueda com diferença de nível5Incapacidade permanente total8Visual280Uso de EPI Queda de material do telhadoÁrea não sinalizadaImpacto sofrido6Trauma que requer primeiros socorros3Visual236Uso de EPCExecução do telhadoQuebra da escada
Falta de resistência do material
Queda com diferença de nível
5
Incapacidade temporária com afastamento curto
5
Ausência de métodos de avaliação
10250
Troca da escada Queda do colaborador da escadaFalta de estabilidadeQueda com diferença de nível5Incapacidade temporária com afastamento curto5Checklist4100Troca da escadaFonte: Autores, 2019. Adaptado CAVAIGNAC & FORTE (2018).
Nesta tabela podemos observar várias falhas que são muito frequentes no canteiro de obra. Na NR 18, no tópico 18.1 que fala sobre telhados e coberturas diz que para trabalho em telhados e coberturas devem ser utilizados dispositivos dimensionados por profissional legalmente habilitado e que permitam movimentação segura dos trabalhadores, o não uso desse EPI poderá acarretar na queda do colaborador com diferença de nível que tem um índice 5, causando até uma incapacidade permanente total com índice 8, podemos perceber isso por meio de inspeção visual com índice 2, totalizando um RPN de 80.Na mesma NR já no tópico 18.2 diz que: nos locais sob as áreas onde se desenvolvam trabalhos em telhados e ou coberturas, é obrigatória a existência de sinalização de advertência e de isolamento da área capazes de evitara ocorrência de acidentes por eventual queda de materiais, ferramentas e ou equipamentos, o não uso deste EPC o trabalhador poderá sofrer um impacto com índice 6, com trauma que requer primeiros socorros de índice 3, podemos detectar através de inspeção visual de índice 2, totalizando um RPN de 36.
Já no modo de falha da quebra da escada temos como causa da falha a falta de resistência do material causando uma queda do colaborador com diferença de nível com índice 5,podendo gerar uma incapacidade temporária com afastamento curto de índice 5, esta falha é de difícil detecção tendo por isso um índice 10, gerando um RPN de 250, sendo necessário fazer inspeção na mesma com frequência a fim de evitar esse tipo de acidente, pois o mesmo atingiu o maior índice de acordo com a ferramenta para este tipo de trabalho. Agora falando sobre a queda do colaborador da escada temos a causa da falha a falta de estabilidade, podendo causar uma queda com diferença de nível de índice 5, podendo gerar uma incapacidade temporária com afastamento curto de índice 5, sendo detectado através de um checklist de índice 4, totalizando um RPN de 100. A ações corretivas quanto ao uso da escada seria a troca da mesma quando detectado estas falhas.

5. Conclusão

Tanto em grandes quanto em pequenas obras a segurança e saúde do colaborador é de grande importância, devendo assim o empregador investir na qualidade das ferramentas de trabalho, qualificação e treinamento do quadro de funcionários. Nesse sentido o presente trabalho vem contribuir em duas situações de trabalho que é o processo de escavação (serviço de escavação e montagem de sistema de fossa séptica) e telhado (execução do telhado e cobertura de residência), mostrando através da tabela a seguir quais os riscos mais comuns e seu índice (RPN) ordenado do maior para o menor de acordo com o seu grau de gravidade. Além das identificações qualitativas a ferramenta FMEA (failure modes and effects analysis) nos informa dados quantitativos dos riscos relacionados a sua causa e efeito aos trabalhadores.

Tabela 6: Plano de ações corretivas, com sugestões para correções dos modos de falha com suas prioridades de acordo com RPN.
Ordem de prioridadeModo de falhaRPNAções corretivas1ºQuebra da escada250Troca da escada por outra de boa qualidade2ºQueda do colaborador da escada100Troca da escada3ºQueda de pessoa no interior da escavação100Sinalizar o local da escavação4ºEsmagamento de membro na montagem da fossa96Usar EPI e maquinário adequado5ºDesmoronamento90Fazer escoramento6ºQueda do colaborador do telhado80Conscientizar o colaborador ao uso do EPI correto7ºExcesso de esforço na colocação da manilha70Fazer o uso dos EPI´s adequados para colocação das manilhas8ºContato excessivo com umidade40Usar a vestimenta adequada9ºQueda de material do telhado36Uso de EPC10ºSoterramento30Armazenar o material retirado a uma distância maior que ½ da profundidade da vala.Fonte: Autores, 2019.
Após a obtenção dos RPNs (risk priority number) foi possível priorizar os modos de falha encontrados. Para o serviço de escavação, a queda de pessoas na escavação não-sinalizada obteve o maior RPN, seguido de esmagamento de membro durante a colocação da fossa – 100 e 96. Para o trabalho em altura, a quebra da escada obteve o maior RPN, igual a 250 – também o maior RPN geral. Ao final foi proposto um plano de ações corretivas para contribuir para mitigar os riscos ocupacionais presentes na obra investigada.

Referências

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AVALIAÇÃO DE RISCO OCUPACIONAL EM OBRAS DE PEQUENO PORTE DE UNIDADES UNIFAMILIARES COM APLICAÇÃO DO FMEA: UMA INVESTIGAÇÃO SOBRE TRABALHO EM ALTURA E ESCAVAÇÕES
OCCUPATIONAL RISK ASSESSMENT IN SMALL WORKS OF SMALL UNITS WITH FMEA APPLICATION: AN INVESTIGATION ON WORK AT HEIGHT AND EXCAVATIONS
Autor11; Autor22; Autor33

1 2 3Departamento de Engenharias e Tecnologia do Centro Universitário Norte do Espírito Santo da Universidade
Federal do Espírito Santo, Rodovia BR 101 Norte, Km. 60, Bairro Litorâneo, CEP 29932-540, São Mateus. revistabjpe@gmail.com
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FastFormat; ABNT; artigos científicos; formatação automática.
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*Autor Correspondente: Revista BJPE,
Departamento de Engenharias e Tecnologia do Centro Universitário Norte do Espírito Santo da Universidade Federal do Espírito Santo, Rodovia BR 101 Norte, Km. 60, Bairro Litorâneo, CEP 29932-540, São Mateus, Espírito Santo, Brasil.
RESUMO
 A construção civil é o setor com maior índice de acidentes de trabalho, levando em consideração muitos fatores como a falta de planejamento, desorganização do ambiente de trabalho, falta de mão de obra qualificada, a falta de fiscalização pelos responsáveis da obra e também pelos órgãos competentes, além das condições das instalações dos canteiros de obra. O objetivo deste trabalho é realizar uma investigação da situação dos trabalhadores da construção civil em obras de pequeno porte – obras unifamiliares – no município de Imperatriz – MA, com ênfase nos processos de execução de telhado e escavações. A partir dos registros fotográficos foi realizado uma discussão acerca das inconformidades encontradas em relação as normas regulamentadoras n° 6, n° 18 e n° 35. Posteriormente, os dados obtidos foram usados para a aplicação do FMEA (failure mode and effect analysis).
Após a obtenção dos RPNs (risk priority number) foi possível priorizar os modos de falha encontrados. Para o serviço de escavação, a queda de pessoas na escavação não-sinalizada obteve o maior RPN, seguido de esmagamento de membro durante a colocação da fossa – 100 e 96. Para o trabalho em altura, a quebra da escada obteve o maior RPN, igual a 250 – também o maior RPN geral. Ao final foi proposto um plano de ações corretivas para contribuir para mitigar os riscos ocupacionais presentes na obra investigada. ABSTRACT
Civil construction is the sector with the highest rate of occupational accidents, taking into account many factors such as lack of planning, disorganization of the work environment, lack of skilled labor, lack of supervision by those responsible for the work and also by the agencies. in addition to the conditions of the site installations. The objective of this work is to investigate the situation of construction workers in small works - single family works - in the municipality of Imperatriz - MA, with emphasis on the processes of roofing and excavation. From the photographic records, a discussion was made about the nonconformities found in relation to regulatory standards No. 6, No. 18 and No. 35. Subsequently, the data obtained were used for the application of FMEA (failure modes and effects analysis).
After obtaining the RPNs (risk priority number) it was possible to prioritize the failure modes found. For the excavation service, the fall of people on the unmarked excavation obtained the highest RPN, followed by limb crushing during the laying of the pit - 100 and 96. For work at heights, the ladder break obtained the highest RPN, equal to 250 - also the highest overall RPN. At the end, a corrective action plan was proposed to contribute to mitigate the occupational risks present in the investigated work.


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INTRODUÇÃO
A indústria da construção – IC, é um dos setores que mais empregam, sendo clara sua importância social e econômica no país e no mundo. Se ainda considerarmos sua cadeia produtiva, com produção de materiais de construção, de máquinas, equipamentos, prestação de serviços e comercio dos mesmos, o impacto na economia e no âmbito social se torna ainda maior (SESI, 2015). A construção civil é o setor com maior índice de acidentes de trabalho, muitas vezes relacionados aos fatores de risco no ambiente de trabalho, mão de obra não qualificada, falta de fiscalização, falta de planejamento e até mesmo pelas condições das próprias instalações dos canteiros (LOVATO, 2017).
Muitos desses acidentes são referentes ao descumprimento da Norma Regulamentadora nº 18 (NR 18), onde ela estabelece diretrizes de ordem administrativa, de planejamento e de organização, que objetivam a implementação de medidas de controle e sistemas preventivos de segurança nos processos, nas condições e no meio ambiente de trabalho na indústria da construção. Outro fator importante para o acontecimento de acidentes de trabalho está na ausência de profissionais especializados em segurança do trabalho no canteiro de obra, onde se torna difícil fazer com que a higiene ocupacional e segurança no ambiente de trabalho se tornem hábito de um trabalhador (DINIZ JÚNIOR, 2002).
Outro grande fator de risco é a resistência em relação ao uso de EPIs por meios dos empregados, muitas vezes por falta de treinamento ou por falta de conhecimento das normas e legislações sobre o assunto. De maneira geral os EPI´S são fornecidos, na maioria das vezes, sem qualquer critério de escolha, apenas para o cumprimento básico da legislação, causando muitas vezes desconforto nos trabalhadores. Não há qualquer preocupação com a qualidade e desempenho dos equipamentos por parte dos empregadores no geral (DA SILVA et al, 2015)
Acidentes de trabalho geram custos adicionais à construção civil, principalmente com reparação de danos, indenizações e custos por afastamento de funcionários (CAVAIGNAC & FORTE, 2018). Segundo o Anuário da Previdência Social do ano de 2016 foram gastos 312 milhões de reais em benefícios concedidos a acidentários, o que de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU) representou 3% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional no mesmo período. A tabela 01 apresenta as estatísticas da Previdência Social que relaciona os setores de atividade econômica e seus acidentes de trabalho.
Tabela 1 – Acidentes de trabalho nos setores econômicos.
Setor20122013201420152016Agropecuária25.68423.55022.16018.33817.088Extrativa7.3727.1265.9975.0864.025Transformação222.073224.363184.339161.169141.077Construção Civil64.16162.40850.66243.33434.786Serv. de Utilidade Publica17.38217.51615.00614.50613.849Serv. Gerais348.489362.909305.703309.602299.515Ignorado28.78627.720128.43570.34468.595Total713.947725.592712.302622.379578.935Fonte: Anuários da Previdência Social (adaptados), 2012 a 2016.
O processo de planejamento, anterior ao início da execução, é essencial para uma correta execução de obras civis evitando custos não provisionados e os procedimentos de análise e gerenciamento de risco são fundamentais para investigar a situação laboral dos colaboradores prevendo e solucionando futuros riscos inerentes à função (BENNITE, 2004; CAVAIGNAC & FORTE, 2018). As principais ferramentas de análise de risco são a análise preliminar de risco – APR, árvore de falha (Fault Tree Analysis– FTA) e recentemente, a análise de modo de falha e efeitos - FMEA (CAVAIGNAC & FORTE, 2018; CAVAIGNAC & UCHOA, 2018; SANTOS et al. 2019; DIAS JÚNIOR & CAVAIGNAC, 2019; JORGE et al. 2019).
Um dos métodos comumente utilizados na análise de falhas é a FMEA (failure mode and effect analysis), que é amplamente descrito na literatura (HELMAN, 1995). Em termos sintéticos, FMEA é um método de análise estruturada, formalmente documentada para servir também como uma avaliação interna ao projeto do produto ou processo. Seu objetivo básico é identificar os modos de falha, suas causas básicas, seus efeitos, e qual o impacto desses efeitos no produto final. Uma vez estabelecida a relação entre a falha, suas causas e seus efeitos, são determinados índices que avaliam a probabilidade de ocorrência da falha, a gravidade de seus efeitos e a capacidade de detectar-se a falha e bloqueá-la antes do seu efeito ser percebido pelo cliente. O produto dos três índices resulta no chamado “índice de risco”, que permite a hierarquização das falhas e a priorização das ações preventivas que serão tomadas (VANNI et al., 1998).
O FMEA Foi desenvolvida na década de 50 com a finalidade de encontrar a qualidade e confiabilidade nos programas aeroespaciais da NASA. Posteriormente esta técnica foi utilizada em indústrias através das exigências pelos clientes. O FMEA permite uma hierarquia de riscos, priorizando os modos de falha de acordo com um coeficiente chamado número de prioridade de risco ou RPN. Este número é um resultado da multiplicação de três índices independentes - severidade (S), ocorrência (O) e detecção (D) - e variam de 1 a 10, da melhor realidade para a pior (STAMATIS, 2003).
Severidade é a classificação que indica a gravidade de uma consequência possível no modo potencial de uma falha. Classificando a gravidade da falha de 1 a 10, partindo de uma consequência sem danos até danos catastróficos ou irreparáveis. A ocorrência no FMEA é a estimativa da frequência ou probabilidade de ocorrência do modo de falha. O melhor método para determinar o seu valor é através do uso de dados reais do processo, no entanto, no caso onde não há dados anteriores para avaliação podem ser atribuídos escalas qualitativas baseado na experiência dos operadores (MCDERMOTT, et al., 2009). Detecção é a dificuldade de fazer com que a falha seja detectada antes que ocorra o modo de falha. Para a área de manutenção, conceitua-se a probabilidade de detecção entre muito baixo e muito alto, relacionando os conceitos de 1 a 10 com a probabilidade de o defeito ser detectado (STAMATIS, 2003) (MCDERMOTT, et al., 2009).
A tabela 2 é proposta por Cavaignac & Uchoa (2018) como ferramenta de referência rápida aos profissionais que elaboram, executam e pesquisam sobre o tema de segurança do trabalho, com o intuito de diminuir a dificuldade da utilização do FMEA relatado por Laurenti et al (2012).

Tabela 2 – Tabela de referência de índices de Severidade (S), Ocorrência (O) e Detecção (D)
Severidade (S)Ocorrência (O)Detecção (D)ÍndiceNatureza da severidadeÍndiceNatureza da ocorrênciaÍndiceNatureza de detecção1Sem impacto real6Impacto sofrido1Inspeção visual2Trauma irrelevante5Queda com diferença de nível23Trauma que requer primeiros socorros5Impacto contra3
Teste tátil /
teste manual4Incapacidade temporária sem afastamento5Esforço excessivo ou inadequado45Incapacidade temporária com afastamento curto5Prensagem ou aprisionamento5Aplicação de checklist / sequência
de testes antes da tarefa6Incapacidade temporária com afastamento longo5Queda em mesmo nível67Incapacidade permanente parcial4Exposição ao ruído78Incapacidade permanente total4Contato com substância nociva8
Inspeção instrumental /9Óbito de envolvidos no processo4Choque elétrico9Testes mecânicos10Óbito de não envolvidos no processo3Atrito ou abrasão10Ausências de métodos efetivos--3Contato com
temperatura extrema--
Fonte: Autores, 2019; Adaptado CAVAIGNAC & UCHOA (2018)
Nesse sentido, este trabalho visa realizar uma investigação da situação dos trabalhadores da construção civil em obras de pequeno porte – obras unifamiliares – no município de Imperatriz - MA. A partir da investigação in loco, realizar a aplicação da ferramenta de análise de risco FMEA (failure modes and effects analysis).

2. METODOLOGIA
O estudo foi realizado em uma obra de construções unifamiliares no município de Imperatriz-MA. Cada unidade executada possuía apenas o pavimento térreo e de 90 a 110 m² de área construída. No momento do estudo a obra se encontrava na fase de execução de telhados e execução de escavação para fossa séptica. Foi realizado a observação in loco da situação dos trabalhadores e registrados através de fotografias. A partir deste registro fotográfico foi realizado uma discussão acerca das inconformidades encontradas em relação as normas regulamentadoras n° 6, n° 18 e n° 35. Posteriormente, os dados obtidos foram usados para a aplicação do FMEA.
Para a aplicação do FMEA em SSO foi utilizado o modelo proposto por Cavaignac & Forte. Contudo este modelo precisou ser adaptado para o uso da tabela de referência proposta por Cavaignac & Uchoa. A principal alteração foi a inserção de uma coluna de classificação de ocorrência chamada de “natureza de ocorrência”, para relacionar com os índices de ocorrência propostos na tabela de referência.

Tabela 3: Modelo de tabela para aplicação do FMEA em análise de risco ocupacional.
Processo
ou açãoModo de falhaCausa básica da falhaNatureza da ocorrência(O)Efeitos(S)Meios de detecção(D)Índice de riscoAções corretivas1º2º3º4º5º6º7º8º9º10º11ºFonte: Cavaignac & Forte, 2018. Adaptado.
Após a obtenção dos números de priorização de risco (RPN – Risk Priority Number) foi gerada um plano de ações corretivas, com as sugestões de correção dos modos de falha e sua priorização, do maior ao menor RPN, para organizar a correção das situações observadas.

3. INCONFORMIDADES ENCONTRADAS NA OBRA
Ao decorrer das visitas técnicas foram feitos vários registros fotográficos onde ressaltaram as irregularidades quanto ao não cumprimentos das NR`s. Na imagem 1, observamos várias inconformidades.
Figura 1- Inconformidades encontradas nos trabalhadores [1] e [2]: ausência de (a) capacete, (b) luvas, (c) dispositivo de segurança contra queda.

Fonte: Autores, 2019.
Figura 2 – Inconformidades encontradas no trabalhador [1]: ausência de (a) capacete, ausência de (b) dispositivo de segurança contra queda, (c) escada em posição irregular.

Fonte: Autores, 2019.
De acordo com a NR 18.18 telhados e coberturas, é obrigatória a instalação de cabo guia ou cabo de segurança para fixação de mecanismo de ligação por talabarte acoplado ao cinto de segurança tipo paraquedista. Na NR 18.18.2 diz que: nos locais sob as áreas onde se desenvolvam trabalhos em telhados e ou coberturas, é obrigatória a existência de sinalização de advertência e de isolamento da área capazes de evitar a ocorrência de acidentes por eventual queda de materiais, ferramentas e ou equipamentos.
Figura 3 – inconformidades encontradas no trabalhador [1]: ausência de (a) capacete, (b) luvas e (c) botas.

Fonte: Autores, 2019.
A NR 18 no tópico 6.5 diz que: Os taludes instáveis das escavações com profundidade superior a 1,25m (um metro e vinte e cinco centímetros) devem ter sua estabilidade garantida por meio de estruturas dimensionadas para este fim. (118.144-0 / I4). Na NR 18.6.7. As escavações com mais de 1,25m (um metro e vinte e cinco centímetros) de profundidade devem dispor de escadas ou rampas, colocadas próximas aos postos de trabalho, a fim de permitir, em caso de emergência, a saída rápida dos trabalhadores, independentemente do previsto no subitem 18.6.5.
Figura 4 – inconformidades encontradas no trabalhador [1] e [2]: ausência de (a) capacete, (b) luvas e (c) botas.

Fonte: Autores, 2019.


4. APLICAÇÃO DO FMEA

A seguir são apresentadas as tabelas obtidas da aplicação do FMEA a partir dos dados coletados in loco em dois processos: escavação – serviço de execução de escavação para montagem de sistema de fossa séptica – e execução de telhado – trabalho realizado em altura para execução e cobertura da residência. Após as tabelas será realizada uma discussão dos resultados obtidos. A tabela a seguir trata da aplicação do FMEA na escavação de fossa.

Tabela 4. Aplicação do FMEA na Escavação de fossa
ProcessoModo de falhaCausa básica da falhaNatureza da ocorrênciaOEfeitosSMeios de detecçãoDÍndice de riscoAções corretivasou ação DesmoronamentoFalta de escoramentoPrensagem ou aprisionamento5Morte9Visual290Execução de escoramento Queda de pessoa no interior da escavaçãoFalta de sinalizaçãoQueda com diferença de nível5Morte10Visual2100Sinalização do localEscavaçãoSoterramentoMaterial armazenado muito próximo da valaAprisionamento5Trauma que requer primeiros socorros3Visual230Armazenamento do material retirado dist. >1/2 profundidade  Excesso de esforço na colocação da manilhaColocação das manilhas sem equipamento adequadoEsforço excessivo ou inadequado5Incapacidade permanente parcial7Visual270Usar equipamento adequado para colocação das manilhas dentro da vala Contato excessivo com umidadetrabalhador exposto Contato com substância nociva Incapacidade temporária5Visual240Usar vestimenta adequada4Com afastamento curto   Esmagamento de membros na montagem da fossaQueda da manilha sobre membro do operárioImpacto sofrido6Incapacidade permanente total8Visual296Usar epi e maquinário adequado para montar as manilhasFonte: Autores, 2019. Adaptado CAVAIGNAC & FORTE (2018).
Na tabela 4 sobre escavação temos o modo de falha pelo desmoronamento, causado pela falta de escoramento, podendo ocorrer a prensagem ou aprisionamento do trabalhador com índice 5, ocasionando até mesmo a sua morte com índice 9, sua detecção é visual com índice 2, totalizando um RPN de 90.Sua ação corretiva de acordo com a NR 18 no parágrafo 6.5 é que em escavações com profundidade maior que 1,25m devem ter sua instabilidade garantida por meio de estruturas dimensionadas para tal fim.
No modo de falha de queda de pessoa no interior da escavação gerada pela falta de sinalização causando uma queda com diferença de nível de índice 5, podendo causar até a morte de uma pessoa na envolvida no processo com índice 10, sendo detectada por meio de inspeção visual de índice 2, totalizando um RPN de 100. De acordo com a NR 18 no parágrafo 6.12 os acessos de trabalhadores, veículos e equipamentos as áreas de escavação devem ter sinalização de advertência permanente.
Já no modo de falha de soterramento tendo como causa o armazenamento do material retirado muito próximo a vala podendo causar aprisionamento do trabalhador com índice 5, gerando até um trauma que requer primeiros socorros de índice 3, sendo detectado por inspeção visual de índice 2, totalizando um RPN de 30. A NR 18 no parágrafo 6.8 diz que os matérias retirados da escavação devem ser depositados a uma distância superior à metade da profundidade, medida a partir da borda do talude.
No excesso de esforço na colocação das manilhas dentro da vala temos a causa da falha a não utilização de equipamentos adequados levando o trabalhador a um esforço excessivo ou inadequado com índice 5, podendo gerar uma incapacidade permanente parcial com índice 7, sendo detectado através de inspeção visual de índice 2, totalizando um RPN de 70, sua ação corretiva será através de utilização de equipamentos adequados para a colocação das manilhas dentro da vala.
Também temos o trabalhador em contato excessivo com a umidade, levando o mesmo a uma exposição pelo contato com substância nociva de índice 4, podendo levar a uma incapacidade temporária com afastamento curto de índice 5 sendo detectado através de inspeção visual de índice 2, totalizando um RPN de 40, a medida preventiva seria a empresa disponibilizar ao trabalhador exposto vestimentas adequadas para este tipo de tarefa.
O trabalhador também poderá sofrer um esmagamento de membro durante a montagem da fossa pela queda da manilha sofrendo assim um impacto de índice 6, ocasionando uma incapacidade permanente total de índice 8, sendo detectada através de inspeção visual de índice 2, totalizando um RPN de 96, a ação corretiva seria o trabalhador está usando seu EPI devidamente para esta tarefa e também o uso do maquinário correto para o içamento e colocação das manilhas dentro da vala.

Tabela 5. Aplicação do FMEA na execução do telhado

ProcessoModo de falhaCausa básica da falhaNatureza da ocorrênciaOEfeitosSMeios de detecçãoDÍndice de riscoAções corretivasou ação Queda do colaborador do telhadoNão uso de epiQueda com diferença de nível5Incapacidade permanente total8Visual280Uso de EPI Queda de material do telhadoÁrea não sinalizadaImpacto sofrido6Trauma que requer primeiros socorros3Visual236Uso de EPCExecução do telhadoQuebra da escada
Falta de resistência do material
Queda com diferença de nível
5
Incapacidade temporária com afastamento curto
5
Ausência de métodos de avaliação
10250
Troca da escada Queda do colaborador da escadaFalta de estabilidadeQueda com diferença de nível5Incapacidade temporária com afastamento curto5Checklist4100Troca da escadaFonte: Autores, 2019. Adaptado CAVAIGNAC & FORTE (2018).
Nesta tabela podemos observar várias falhas que são muito frequentes no canteiro de obra. Na NR 18, no tópico 18.1 que fala sobre telhados e coberturas diz que para trabalho em telhados e coberturas devem ser utilizados dispositivos dimensionados por profissional legalmente habilitado e que permitam movimentação segura dos trabalhadores, o não uso desse EPI poderá acarretar na queda do colaborador com diferença de nível que tem um índice 5, causando até uma incapacidade permanente total com índice 8, podemos perceber isso por meio de inspeção visual com índice 2, totalizando um RPN de 80.Na mesma NR já no tópico 18.2 diz que: nos locais sob as áreas onde se desenvolvam trabalhos em telhados e ou coberturas, é obrigatória a existência de sinalização de advertência e de isolamento da área capazes de evitara ocorrência de acidentes por eventual queda de materiais, ferramentas e ou equipamentos, o não uso deste EPC o trabalhador poderá sofrer um impacto com índice 6, com trauma que requer primeiros socorros de índice 3, podemos detectar através de inspeção visual de índice 2, totalizando um RPN de 36.
Já no modo de falha da quebra da escada temos como causa da falha a falta de resistência do material causando uma queda do colaborador com diferença de nível com índice 5,podendo gerar uma incapacidade temporária com afastamento curto de índice 5, esta falha é de difícil detecção tendo por isso um índice 10, gerando um RPN de 250, sendo necessário fazer inspeção na mesma com frequência a fim de evitar esse tipo de acidente, pois o mesmo atingiu o maior índice de acordo com a ferramenta para este tipo de trabalho. Agora falando sobre a queda do colaborador da escada temos a causa da falha a falta de estabilidade, podendo causar uma queda com diferença de nível de índice 5, podendo gerar uma incapacidade temporária com afastamento curto de índice 5, sendo detectado através de um checklist de índice 4, totalizando um RPN de 100. A ações corretivas quanto ao uso da escada seria a troca da mesma quando detectado estas falhas.

5. Conclusão

Tanto em grandes quanto em pequenas obras a segurança e saúde do colaborador é de grande importância, devendo assim o empregador investir na qualidade das ferramentas de trabalho, qualificação e treinamento do quadro de funcionários. Nesse sentido o presente trabalho vem contribuir em duas situações de trabalho que é o processo de escavação (serviço de escavação e montagem de sistema de fossa séptica) e telhado (execução do telhado e cobertura de residência), mostrando através da tabela a seguir quais os riscos mais comuns e seu índice (RPN) ordenado do maior para o menor de acordo com o seu grau de gravidade. Além das identificações qualitativas a ferramenta FMEA (failure modes and effects analysis) nos informa dados quantitativos dos riscos relacionados a sua causa e efeito aos trabalhadores.

Tabela 6: Plano de ações corretivas, com sugestões para correções dos modos de falha com suas prioridades de acordo com RPN.
Ordem de prioridadeModo de falhaRPNAções corretivas1ºQuebra da escada250Troca da escada por outra de boa qualidade2ºQueda do colaborador da escada100Troca da escada3ºQueda de pessoa no interior da escavação100Sinalizar o local da escavação4ºEsmagamento de membro na montagem da fossa96Usar EPI e maquinário adequado5ºDesmoronamento90Fazer escoramento6ºQueda do colaborador do telhado80Conscientizar o colaborador ao uso do EPI correto7ºExcesso de esforço na colocação da manilha70Fazer o uso dos EPI´s adequados para colocação das manilhas8ºContato excessivo com umidade40Usar a vestimenta adequada9ºQueda de material do telhado36Uso de EPC10ºSoterramento30Armazenar o material retirado a uma distância maior que ½ da profundidade da vala.Fonte: Autores, 2019.
Após a obtenção dos RPNs (risk priority number) foi possível priorizar os modos de falha encontrados. Para o serviço de escavação, a queda de pessoas na escavação não-sinalizada obteve o maior RPN, seguido de esmagamento de membro durante a colocação da fossa – 100 e 96. Para o trabalho em altura, a quebra da escada obteve o maior RPN, igual a 250 – também o maior RPN geral. Ao final foi proposto um plano de ações corretivas para contribuir para mitigar os riscos ocupacionais presentes na obra investigada.

Referências

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