Diálogo e teoria crítica: uma reflexão a partir do seminal “Xamanismo, Colonialismo e o Homem Selvagem: Um estudo sobre o terror e a cura”, de Michael Taussig

Autores

  • Daniele da Costa Rebuzzi Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

DOI:

https://doi.org/10.24305/cadecs.v3i1.12279

Resumo

A partir da consagrada etnografia de Michael Taussig (1987), reflete-se sobre o uso da teoria crítica de Walter Benjamin em antropologia e os conflitos epistemológicos da disciplina que emergiram a partir da década de oitenta. Embora os debates se deem em contexto pós-colonialista, as diferentes propostas teóricas ensejam consequências diversas. Enquanto para os defensores do “encontro etnográfico” as aporias da teoria social levam a uma falta de diálogo com o outro, a teoria crítica, na qual Taussig busca inspiração, coloca-se ao lado da problemática da consciência histórica, projetando o outro como espelho do ocidente. Tais questões remetem à tradição compreensiva da disciplina antropológica e sua função política.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

AGGER, Ben. 1991. Critical Theory, Poststructuralism, Postmodernism: Their Sociological Relevance. Annual Review of Sociology. Palo Alto, v. 17, n. 1, pp. 105-131, agosto.
ALMEIDA, Mauro W. B. 2004. A etnografia em tempos de guerra: contextos nacionais e temporais do objeto da antropologia. In: PEIXOTO, F. A.; PONTES, H.; SCHWARCZ, L. (orgs.): Antropologias, histórias, experiências. São Paulo: Humanitas. Pp. 61-81.
BAKHTIN, Mikhail. 1987 [1975]. Questões de literatura e de estética: a teoria do romance. São Paulo: Unesp/Hucitec.
BAKHTIN, Mikhail. 1981 [1972]. Problemas da poética de Dostoiévski. 1ªed. Rio de Janeiro: Forense Universitária.
BENJAMIN, Walter. 1994. O surrealismo: o último instantâneo da inteligência europeia. In: BENJAMIN, Walter. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. São Paulo: Brasiliense.
BENJAMIN, Walter. 1969. Theses on the Philosophy of History. In: ARENDT, Hannah (org.). Illuminations. Trad. por Harry Zohn. Nova York: Schocken.
CLIFFORD, James; MARCUS, George E., eds. 1986. Writing culture: The poetics and politics of ethnography. Berkeley: University of California Press.
CRAPANZANO, Vincent. 1980. Tuhami: A portrait of a Moroccan. Chicago: University of Chicago Press.
FABIAN, Johannes. 2013 [1983]. O tempo e o outro: como a antropologia estabelece o seu objeto. Petrópolis: Vozes.
FABIAN, Johannes. 1999. Remembering the Other: Knowledge and Recognition in the Exploration of Central Africa. Critical Inquiry, Chicago, v. 26, n. 1, pp. 49-69, outono.
FAUSTO, Carlos. 1988. A antropologia Xamanística de Michael Taussig e as Desventuras da Etnografia. Anuário Antropológico, 86, pp. 184-198. Ed. UnB/Tempo Brasileiro.
FOUCAULT, Michel. 1966. Les mots et les choses. Paris: Gallimard.
FOUCAULT, Michel. 1980. Truth and Power. In: FOUCAULT, Michel. Power/Knowledge: selected interviews and other writings, 1972-1977. Nova York: Pantheon. Pp. 109-134.
GUMBRECHT, H. U. 2010. Produção de presença: o que o sentido não consegue transmitir. Rio de Janeiro: Contraponto/ PUC-Rio.
KUPER, Adam. 1983. Anthropology and Anthropologists: the Modern British School. London: Routledge.
MARCUS, George; CUSHMAN, Dick. 1982, Ethnographies as texts. Annual Review of Anthropology, Palo Alto, v. 11, pp. 25-69, outubro.
PRICE, David H. 2008. Anthropological Intelligence: The Deployment and Neglect of American Anthropology in the Second World War. Durham, NC: Duke University.
SHIELDS, Robert , 1996. Meeting or Mismeeting: The Dialogical Challenge to Verstehen. British Journal of Sociology, Londres, v. 47, n. 2, pp. 275-294, junho.
SILVA, Helio. 2009. A situação etnográfica: andar e ver. Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, v. 15, n. 32, p. 171-188, julho/dezembro.
SPIVAK, Gayatri Chakravorty. 2010. Pode o subalterno falar? Belo Horizonte: Editora UFMG.
STOLLER, Paul. 1989. The Taste of Ethnographic Things: The Senses in Anthropology. Philadelphia: University of Pensylvania Press.
TAUSSIG, Michael. 1993 [1987]. Xamanismo, colonialismo e o homem selvagem: um estudo sobre o terror e a cura. Rio de Janeiro: Paz e Terra.
____________. 2010 [1980]. O diabo e o fetichismo da mercadoria na América do Sul. Trad. por Priscila Santos da Costa. 1° Ed. São Paulo: Editora Unesp.
TEDLOCK, Dennis. 1986. A Tradição Analógica e o Surgimento de uma Antropologia Dialógica. Anuário Antropológico, Brasília, 85, pp. 183-202. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro.
TOBIN, Joseph. 1990. The HRAF as radical text?. Cultural Anthropology, Houston, v. 5, n. 4, pp. 473-487, novembro.
VIVEIROS DE CASTRO, E. 2003. Anthropology (AND) Science. Manchester: Manchester Papers in Social Anthropology. Disponível em http://nansi.abaetenet.net/abaetextos/anthropology-and-science-e-viveiros-de-castro. Acessado em 01 de fevereiro de 2015.
VIVEIROS DE CASTRO, E. 2002. O nativo relativo. Mana, Rio de Janeiro, v. 8, n. 1, pp. 113-148, abril.
WOLIN, Richard. 1982. Walter Benjamin: an aesthetic of redemption. New York: Columbia University Press.

Downloads

Publicado

03-09-2017