O que a corrida de touros andamarquina pode nos dizer sobre as relações entre humanos e animais nos Andes peruanos?

Autores

  • Indira Viana Caballero Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

Resumo

A corrida de touros figura como um importante acontecimento anual em Andamarca (povoado quéchua andino do departamento de Ayacucho, Peru), muitíssimo esperada por todos. A atração faz parte das atividades da Festa da Água, a maior e principal celebração local realizada sempre em agosto, início do ano agrícola. Trata-se de um ritual herdeiro de duas tradições associadas ao que alguns chamariam de violência: no caso das corridas espanholas, isso aconteceria com a morte do touro ou, eventualmente, do toureiro; e no caso das corridas andinas peruanas, em sua expressão mais sangrenta, conhecida como Festa de Sangue ou Yawar Fiesta, os ferimentos envolveriam touros e condores, uma vez que estas imponentes aves são amarradas ao dorso dos primeiros. Entretanto, esta versão andina das corridas foi se tornando cada vez mais rara ao longo da segunda metade do século XX no Peru, sendo raríssima nos dias de hoje. Em diversos povoados altoandinos o que se vê atualmente é uma transformação de ambos os estilos de corrida em um evento que desperta sobretudo o riso, não havendo mortos nem feridos. O objetivo deste trabalho é realçar alguns aspectos relacionados a tais rituais, tanto da Festa de Sangue como das corridas de touros contemporâneas a partir de dados oriundos de pesquisa etnográfica em Andamarca, na medida em que possam ser reveladores das relações entre humanos e animais nos Andes peruanos.

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Biografia do Autor

Indira Viana Caballero, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

Doutora em Antropologia pelo Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

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Publicado

17-10-2020