Interpretações e poderes em disputa: o ressurgimento do Centrão na política brasileira
DOI:
https://doi.org/10.47456/cadecs.v10i1.39670Resumo
A vitória de Eduardo Cunha (PMDB/MDB-RJ) para a presidência da Câmara dos Deputados, em 2015, emplacou nas notícias sobre política o termo “centrão”. Diante da crescente utilização dessa denominação e da reviravolta dos poderes desse grupo de partidos nas relações entre executivo e legislativo no governo Bolsonaro, buscamos neste artigo: 1) refletir sobre o uso do termo nos debates políticos brasileiros, identificando, a origem dessa denominação e os sentidos correntes dessa caracterização, como também, 2) analisar as possíveis transformações na disputa política, com o seu ressurgimento e ascendência. No trabalho reconstruímos a origem do termo e seu ressurgimento, identificando a metamorfose da sua aplicação. Analisamos os significados do uso do termo “Centrão” nos debates políticos nacionais atuais nas colunas da Folha de São Paulo no período de 2016 a 2020. Como desdobramento, buscamos identificar os partidos vinculados ao Centrão no governo Bolsonaro e a composição das bancadas. Para finalizar, recuperamos o debate dos estudos legislativos sobre os incentivos institucionais e o comportamento parlamentar no Brasil, destacando a complexidade e o desafio analítico para a ciência política brasileira, na berlinda entre a crítica e uma visão moralizante da política. Consequentemente, nesse exercício argumentativo, destacamos que as contradições que o uso do termo carrega incentiva a ampliação analítica do fenômeno, especialmente, a inclusão dos incentivos institucionais para a compreensão do comportamento dos atores parlamentares identificados com esse bloco.
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