O eleitor radical e o paradoxo dos sistemas eleitorais conflitantes
DOI:
https://doi.org/10.47456/cadecs.v10i1.39676Resumo
Os estudos sobre as implicações do teorema do eleitor mediano geralmente se relacionam com o sistema eleitoral majoritário – por exemplo, as eleições para os cargos do poder executivo no Brasil. Por outro lado, a literatura atual argumenta que o referido teorema não se aplica ao sistema eleitoral de lista aberta, carecendo, porém, de uma demonstração formalizada sob o prisma da teoria de jogos. O objetivo desse estudo é propor um modelo para o sistema eleitoral de lista aberta, com utilização de teoria de jogos, visando explicar o comportamento estratégico dos jogadores envolvidos e de que forma a diferença entre os sistemas eleitorais pode impactar o processo de formulação de políticas públicas. O método utilizado foi a modelagem de três jogos simplificados e não-cooperativos. Cada jogo foi simulado com diferentes estratégias dos jogadores. Os resultados sugerem que a diferença entre os sistemas eleitorais gera incentivos distintos aos jogadores, criando um paradoxo que poderia gerar desajustes e instabilidade política, impactando o processo de formulação de políticas públicas no Brasil. Esse estudo revela que a teoria de jogos ainda apresenta muitas possibilidades de exploração pela ciência política, especialmente para a construção de modelos simplificados de temas ainda não abordados, além de permitir o desenho de modelos mais sofisticados para tratar de assuntos já estudados sob a luz dessa teoria.
Downloads
Referências
ALMEIDA, A. 2015. Superando o caos: Legislativos como sistemas complexos adaptativos. In: FURTADO, B. A.; SAKOWSKI, P. A. M.; TÓVOLLI, M. H. (orgs.) Modelagem de sistemas complexos para políticas públicas. Brasília: IPEA, pp. 375-401.
AMES, B. 2001. Electoral strategy under open-list proportional representation. In: DOMÍNGUEZ, J. I. (org.) Political Parties, New York: Routledge, pp. 02-29.
ARROW, K. J. 2012. Social choice and individual values (v. 12). Yale university press.
BLACK, D. 1948. On the rationale of group decision-making. Journal of political economy, v. 56, n. 1, pp. 23-34.
CARREIRÃO, Y. D. S., & Kinzo, M. D. A. G. (2004). Partidos políticos, preferência partidária e decisão eleitoral no Brasil (1989/2002). Dados, 47, pp. 131-167.
DOWNS, A. 1957. An Economic Theory of Political Action in a Democracy. Journal of Political Economy, v. 65, n. 2, pp. 135–150.
FIANI, R. 2006. Teoria dos jogos. Rio de Janeiro: Elsevier Brasil.
GALE, D., & Shapley, L. S. 1962. College admissions and the stability of marriage. The American Mathematical Monthly, v. 69, n. 1, pp. 9-15.
GEDDES, B. 1991. Paradigms and sand castles in comparative politics of developing areas. Political Science: Looking to the Future, n. 2, pp. 45-75.
GINTIS, H. 2000. Game theory evolving: A problem-centered introduction to modeling strategic behavior. Princeton university press.
GRAÇA, L. F. G. D.; SOUZA, C. P. R. D. 2014. Uso estratégico de eleições alternadas? Efeitos da candidatura para prefeito sobre a votação dos concorrentes ao cargo de deputado federal no Brasil. Opinião Pública, 20, pp. 326-345.
GUARNIERI, F. 2014. Comportamento eleitoral e estratégia partidária nas eleições presidenciais no Brasil (2002-2010). Opinião Pública, 20, pp. 157-177.
HOTELLING, H. 1929. Stability in competition. The Economic Journal, v. 39, n. 153, pp. 41-57.
KINZO, M. D. A. G. 2004. Partidos, eleições e democracia no Brasil pós-1985. Revista Brasileira de ciências sociais, n. 19, pp. 23-40.
KINZO, M. D. A. 2005. Os partidos no eleitorado: percepções públicas e laços partidários no Brasil. Revista Brasileira de Ciências Sociais, n. 20, pp. 65-81.
KINZO, M. D. A. G. (Eds.). 2007. Eleitores e representação partidária no Brasil. São Paulo: Editora Humanitas.
LUEBKER, M. 2014. Income inequality, redistribution, and poverty: Contrasting rational choice and behavioral perspectives. Review of Income and Wealth, v. 60 n. 1, pp. 133-154.
MARENGO, L.; PASQUALI, C. 2011. The construction of choice: a computational voting model. Journal of Economic Interaction and Coordination, v. 6, n. 2, pp. 139-156.
MENEZES, R. T. D., SAIANI, C. C. S., & ZOGHBI, A. C. P. 2011. Demanda mediana por serviços públicos e desempenho eleitoral: evidências do modelo do eleitor mediano para os municípios brasileiros. Estudos Econômicos (São Paulo), n. 41, pp. 25-57.
MUNCK, G. L. 2000. Teoria dos jogos e política comparada: novas perspectivas, velhos interesses. Dados, n. 43, pp. 559-600.
NASH, J. 1951. Non-cooperative games. Annals of mathematics, pp. 286-295.
NICOLAU, J. 2006. O sistema eleitoral de lista aberta no Brasil. Dados, n. 49, pp. 689-720.
NICOLAU, J. 2014. Determinantes do voto no primeiro turno das eleições presidenciais brasileiras de 2010: uma análise exploratória. Opinião Pública, n. 20, pp. 311-325.
PAIVA, D.; BRAGA, M. D. S. S., & Pimentel Jr, J. T. P. (2007). Eleitorado e partidos políticos no Brasil. Opinião pública, n. 13, pp. 388-408.
PAIVA, D.; TAROUCO, G. D. S. 2011. Voto e identificação partidária: os partidos brasileiros e a preferência dos eleitores. Opinião Pública, n. 17, pp. 426-451.
PEREIRA, C.; RENNÓ, L. 2001. O que é que o reeleito tem? Dinâmicas político-institucionais locais e nacionais nas eleições de 1998 para a Câmara dos Deputados. Dados, n. 44, pp. 133-172.
PERESS, M. 2013. Candidate positioning and responsiveness to constituent opinion in the US House of Representatives. Public Choice, v. 156, n. 1, pp. 77-94.
PRASNIKAR, V., MILLER, R. 2008. Strategic Play: experimental methods for business and economics. Stanford: Stanford University Press.
RASMUSEN, E. 2005. Games and Information: an introduction to game theory. Oxford: Basil Blackwell.
ROTH, A. E.; SOTOMAYOR, M. (1990). Two-sided matching. Handbook of game theory with economic applications, n. 1, pp. 485-541.
ROTH, A. E.; SÖNMEZ, T.; & ÜNVER, M. U. 2004. Kidney exchange. The Quarterly journal of economics, v. 119, n. 2, pp. 457-488.
ROTH, A. E., SÖNMEZ, T., & ÜNVER, M. U. 2007. Efficient kidney exchange: Coincidence of wants in markets with compatibility-based preferences. American Economic Review, v. 97, n. 3, pp. 828-851.
ROTH, A. E. 2008. What have we learned from market design?. The Economic Journal, v. 118, n. 527, pp. 285-310.
SINGER, A. 1999. Esquerda e direita no eleitorado brasileiro: a identificação ideológica nas disputas presidenciais de 1989 e 1994. São Paulo: Edusp.
SURANOVIC, S. 2010. A moderate compromise: Economic policy choice in an era of globalization. New York: Palgrave MacMillan.
SCERVINI, F. 2012. Empirics of the median voter: democracy, redistribution and the role of the middle class. The Journal of Economic Inequality, v. 10, n. 4, pp. 529-550.
TAROUCO, G.; MADEIRA, R. M. 2013. Esquerda e direita no sistema partidário brasileiro: análise de conteúdo de documentos programáticos. Revista Debates, v. 7, n. 2, pp. 93-114.
VON MISES, L. 2010. Ação humana: um tratado de economia. 3ª. Edição. São Paulo: Instituto Ludwig von Mises.
WALD, A. 1999. A Estabilidade do direito e o custo Brasil. Revista da EMERJ, v. 2, n. 8, pp. 118-128.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
O Caderno Eletrônico de Ciências Sociais detém os direitos autorais dos artigos nele publicados mediante submissão dos autores .O envio espontâneo de qualquer colaboração implica automaticamente a cessão integral dos direitos autorais ao Cadecs.