O eleitor radical e o paradoxo dos sistemas eleitorais conflitantes

Autores

DOI:

https://doi.org/10.47456/cadecs.v10i1.39676

Resumo

Os estudos sobre as implicações do teorema do eleitor mediano geralmente se relacionam com o sistema eleitoral majoritário – por exemplo, as eleições para os cargos do poder executivo no Brasil. Por outro lado, a literatura atual argumenta que o referido teorema não se aplica ao sistema eleitoral de lista aberta, carecendo, porém, de uma demonstração formalizada sob o prisma da teoria de jogos. O objetivo desse estudo é propor um modelo para o sistema eleitoral de lista aberta, com utilização de teoria de jogos, visando explicar o comportamento estratégico dos jogadores envolvidos e de que forma a diferença entre os sistemas eleitorais pode impactar o processo de formulação de políticas públicas. O método utilizado foi a modelagem de três jogos simplificados e não-cooperativos. Cada jogo foi simulado com diferentes estratégias dos jogadores. Os resultados sugerem que a diferença entre os sistemas eleitorais gera incentivos distintos aos jogadores, criando um paradoxo que poderia gerar desajustes e instabilidade política, impactando o processo de formulação de políticas públicas no Brasil. Esse estudo revela que a teoria de jogos ainda apresenta muitas possibilidades de exploração pela ciência política, especialmente para a construção de modelos simplificados de temas ainda não abordados, além de permitir o desenho de modelos mais sofisticados para tratar de assuntos já estudados sob a luz dessa teoria.

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Biografia do Autor

Felipe Simoyama, Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP

Doutorando em Pesquisa Operacional pela Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP e pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica - ITA

Ricardo Luiz Pereira Bueno, Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS

Doutor em Administração pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS

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Publicado

10-12-2022