ENTRE A RUA E O PASTO, ENTRE O PAVÃO E A VACA: Relações humano-animais no nascimento do Urbanismo e do Paisagismo brasileiros

Autores

DOI:

https://doi.org/10.47456/cadecs.v12i1.45340

Resumo

Resumo: Partindo da premissa que a Arquitetura, o Urbanismo e o Paisagismo se estabelecem como uma forma privilegiada de normatização da relação entre ser humano e natureza nas cidades, o artigo propõe analisar as transformações empreendidas no processo brasileiro de urbanização (ou desruralização) da metade do século XIX ao início do século XX, com foco na cidade do Rio de Janeiro, então capital do país. Trata-se de analisar como a presença na cidade da natureza no geral e dos animais em particular foram classificados de diferentes maneiras: ora permitidos ora proibidos a partir da dicotomia rural e urbano e conforme os diferentes contextos socioambientais. A partir de referências documentais/iconográficas e de pesquisa bibliográfica em diálogo com os estudos sobre as relações humano-animais foi possível observar como as práticas e atividades que articulam a vida entre humanos e animais são atravessadas por fenômenos multifacetados, que, longe de serem uma resposta objetiva e racional aos problemas da cidade, caracterizam-se como formas de intervenção que atendem aos ideais modernizantes e civilizatórios conformadores das reformas urbanas.

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Biografia do Autor

Ana Paula Perrota, UFRRJ

Doutora em Antropologia Social pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia da
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Professora Adjunta da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e do Programa de Pós Graduação em Ciências Sociais da UFRRJ. Coordenadora do Núcleo de Pesquisa em Socialidades mais que humanas (SOMAH).

Diana Helene, UFAL

Doutora em Planejamento Urbano e Regional pelo Instituto de Planejamento Urbano e Regional da Universidade Federal do Rio de Janeiro; Professora Adjunta da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo e Design da Universidade Federal de Alagoas.

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Publicado

26-07-2024