OS BICHOS DO CAMPO NA CIDADE: formas de habitar as margens de Pelotas, extremo sul do Brasil

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DOI:

https://doi.org/10.47456/cadecs.v12i1.45360

Resumo

Este ensaio reflete etnograficamente sobre a presença dos animais na cidade, a partir do trabalho de campo nas margens de Pelotas, extremo sul do Rio Grande do Sul, Brasil. A proposta busca fazer aparecer as coisas, para “descobrir caminhos” e “educar a atenção”, com foco nas linhas emaranhadas produzidas por humanos, bichos e outras vidas, conforme a diversidade vivida por seus habitantes em múltiplos territórios e temporalidades. Pensa, assim, uma Pelotas praticada desde suas margens, nos “bairros”, “vilinhas” e “doquinhas” às beiras do Canal São Gonçalo e da Lagoa dos Patos, a partir de outras formas de habitar. Nossas andanças são acompanhadas por carroceiros, pescadores artesanais, pecuaristas, campeiros, catadores, atentos às linhas de vida da cidade, sobre as quais a especulação, a financeirização e a verticalização urbana avançam, desencadeando conflitos. Nesse sentido, destacamos as relações com os bichos do campo em Pelotas, possibilitando outras leituras sobre as cidades “modernas”, por meio da etnografia nas periferias do urbano e da presença remanescente da pecuária no Rio Grande do Sul.

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Biografia do Autor

Flávia Rieth, UFPEL

Doutora em Antropologia Social na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Professora no Programa de Pós-Graduação em Antropologia da Universidade Federal de Pelotas (PPGAnt-UFPel).

Daniel Vaz Lima, UFPEL

Doutor no Programa de Pós-Graduação em Antropologia da Universidade Federal de Pelotas (PPGAnt-UFPel).

Vagner Barreto Rodrigues, UFPR

Doutorando em Antropologia e Arqueologia na Universidade Federal do Paraná (UFPR).

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Publicado

28-07-2024