A pena como rosário: letras e contas em Carolina Maria de Jesus e Conceição Evaristo

Resumo

Este discute o lugar da autoria feminina em Quarto de despejo: diário deuma favelada, de Carolina Maria de Jesus, de meados do século XX, e em Becosda Memória e Insubmissas Lágrimas de Mulheres, de Conceição Evaristo, daprimeira década do século XXI. Afastadas por meio século, essas narrativasautobiográficas tensionam permanência e ruptura na condição da mulher negrano Brasil. A índole estética do Diário de uma favelada aproxima a escritadocumental de Carolina da escrita ficcional de Conceição especialmente na lavramemorialística desta última. Por um lado, ambas firmam sua condição autoral novértice inesperado de categorias de gênero, cor e classe social. Por outro lado,essa inscrição se traduz num processo árduo, no qual se entrechoca a dissoluçãode identidades coletivas e o esforço de sua recuperação, pela escrita eimaginação.