Tradução e alteridade: um projeto de tradução estrangeirizante da contística de Yvonne Vera
Resumo
Para cumprir o objetivo de traduzir a coletânea de contos Why Don’t You Carve Other Animals (1992), obra inaugural da laureada contista e romancista zimbabuense Yvonne Vera, e assim introduzi-la no sistema literário brasileiro, construímos um projeto de tradução, cujas linhas gerais apresentamos neste texto. A obra é composta por quinze contos4, escritos em elevado registro do inglês, idioma imposto pelo colonizador britânico e que permanece como língua franca no país, em que são impressas referências culturais do povo colonizado e, dentro desse grupo, da minoria feminina, duplamente oprimida, pelo colonizador, que vem de fora, e pelo sistema patriarcal tribal, predominante e tradicional na estrutura social do Zimbábue. O “universo do discurso” (LEFEVERE, 2007) representado é, principalmente, o autóctone, com vocábulos, crenças, hábitos e situações próprios dos grupos étnicos, shona e ndebele. Existem ainda elementos da hibridização cultural entre colonos e colonizados, forjada na convivência forçada, ditada por relações de poder assimétricas.