O Emparedado, peça teatral de Tasso da Silveira (1861-1968): os labirintos das cores
Resumo
Em diálogo com o poema Emparedado, do escritor negro João da Cruz e Sousa (1861-1898), Tasso da Silveira escreveu a peça teatral homônima, na qual aborda a questão do afro-descendente no Brasil, que tem dificuldades em aceitar a pigmentação de sua pele e elementos da cultura musical ancestral, e se sente rejeitado na sociedade racista nacional, no final do século XIX.
O objetivo do estudo do texto teatral, baseado em aspectos biográficos do escritor simbolista, que foi escrito no ano de 1949, para ser encenado pelo grupo do Teatro Experimental do Negro (TEN), é mostrar a faceta melancólica de João que, apesar do reconhecimento social de sua formação intelectual e de seu talento literário, não se alegra, pois se sente imerso na segregação racial e atormenta a si e à sua esposa com os labirintos da cor branca e da matiz negra.
As considerações sobre o dilaceramento psicológico do protagonista da peça de Silveira serão baseadas nas reflexões de Frantz Fanon acerca das categorias da ideologia da inferiorização negra e da superiorização europeia.