Cuidando do cuidado: a importância do Serviço Social na mobilização de consciência e no fornecimento de informações às famílias de portadores da Doença de Alzheimer

Autores

  • Mariana Machado Vidal

Resumo

 

            O presente trabalho, ao analisar a questão do envelhecimento como ponte inicial trouxe a ideia de que o envelhecimento acima de tudo é um processo pelo qual todos terão que passar, e pode provocar aspectos negativos e positivos. Isto vai depender do processo de vida econômica, cultural, psicológica e ambiental que o individuo viveu.

O envelhecimento da população é um fenômeno mundial iniciado, a princípio, nos países desenvolvidos em decorrência da queda de mortalidade, a grandes conquistas do conhecimento médico, urbanização adequada das cidades, melhoria nutricional, elevação dos níveis de higiene pessoal e ambiental tanto em residências como no trabalho assim como, em decorrência dos avanços tecnológicos (MENDES, 2005, p. 423).

           

O idoso tem que lidar com algumas adversidades e doenças decorrentes do processo de envelhecimento, devido à idade biológica, e nem todos têm condições de descobrir a tempo o seu diagnóstico e possíveis tratamentos adequados. O Alzheimer é uma dessas doenças decorrentes deste processo, pois ainda são poucos os que a conhecem, e ainda não há um diagnóstico preciso para identifica lá.

            Apontamos que essa doença progride em três estágios. O primeiro estágio caracteriza-se por perda de memória em curto prazo. No segundo estágio ocorrem dificuldades no dia-a-dia, a memória continua a piorar e o paciente se torna dependente. Já no terceiro estágio a perda de memória se acentua ainda mais, não reconhece mais amigos, familiares e lugares. Tem grande dificuldade para entender o que se passa ao seu redor, seu comportamento em público é inadequado. Em função disso ritmo de vida da família é mudado pela doença e a adaptação a essa nova realidade é algumas vezes necessária a mediação de um profissional. Poucas pessoas estão preparadas para a responsabilidade e para a sobrecarga que é cuidar de um portador de Doença de Alzheimer. O impacto do diagnóstico em uma família é extremamente desalentador, pois existe um desconhecimento da doença, do que fazer, como agir, como entender a pessoa afetada e como entender seu próprio sentimento.

Cuidadores de pacientes com Doença de Alzheimer possuem maiores chances de ter sintomas psiquiátricos, mais problemas de saúde, maior frequência de conflitos familiares e problemas no trabalho, se comparados a pessoas da mesma idade que não exercem o papel [...]. Os cuidadores de idosos dementes apresentam um pior julgamento sobre a própria saúde, sentem-se mais estressados e com a vida afetiva e social mais limitada do que cuidadores de idosos não dementes [...] (CRUZ, 2008, p. 225).

            As dúvidas e incertezas com o futuro, a grande responsabilidade, a inversão de papéis onde os filhos passam a se encarregar dos cuidados de seus pais, além da enorme carga de trabalho e sobrecarga emocional, acabam por gerar no meio familiar intenso conflito e angústia submetendo a família à enorme pressão psicológica que vem acompanhada de depressão, estresse, queda de resistência física, problemas de ordem conjugal. Diante disso sabemos que sempre um dos familiares fica com uma maior parte das tarefas, esse é o que mais sofre as consequências com o passar do tempo, onde ele acumula funções que o deixa totalmente desprotegido emocional e fisicamente. 

O serviço social se gesta e se desenvolve como profissão reconhecida na divisão  social  do  trabalho,  tendo  por  pano  de  fundo  o  desenvolvimento capitalista  industrial  e  a  expansão  urbana,  processos  esses  aqui apreendidos  sob  o  ângulo  das  novas  classes  sociais  emergentes,  a constituição  e  expansão  do  proletariado  e  da  burguesia  industrial  e  das modificações  verificadas  na  composição  dos  grupos  e  frações  de  classes que  compartilham  o  poder  de  Estado  em  conjunturas  históricas específicas (IAMAMOTO, 2003, p. 77).

Nesse sentido, considerando que o objeto de trabalho dos assistentes sociais são as expressões da questão social e que as ações destes profissionais incidem diretamente na construção da proteção social na perspectiva dos direitos obviamente o foco de interesse central do serviço social é a relação família e proteção social (CARVALHO, 2010, p. 169).

            Nesse campo de atuação do assistente social, como em todos os demais, a pratica educativa do serviço social deve concorrer para uma realidade transformada, criando espaços de comunicação e aprendizagem nos quais o grupo, através das histórias narradas pelos representantes dos familiares, realizará a escuta, reflexão e troca de experiências, que torna possível para o membro, enxergar a si e sua família diante das questões sociais que os afligem. Por meio dessa ação de caráter educativo, a população se organiza e se mobiliza, desenvolve iniciativas e altera seu contexto social.

Assim, aos assistentes sociais que objetivem romper com práticas conservadoras, não cabe reproduzir o processo de trabalho capitalistas, alienante. Há então que, historicamente, buscarmos a ruptura - através do trabalho e das relações sociais -, com as formas capitalistas de trabalhar e pensar e buscar um trabalho que, além de prestar assistência, resulte num processo educativo; num bem e não num produto a ser consumido. Um trabalho, desse modo, consciente, que exige a capacidade de antecipar, de projetar capacidade que não está dada, mas é um fim a alcançar, algo a construir (VASCONCELOS, 2008, p.114).

           

A ação do assistente social com essa demanda é inovadora e desafia os profissionais a se qualificarem e se atualizarem para acompanhar as inovações. Dessa forma o assistente social poderá explorar esse campo de atuação que ainda é pouco conhecido, debatendo, socializando o assunto e conquistando seu espaço profissional.

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Publicado

08-08-2017