Serviço social e pós-modernidade: a ambiência pós-moderna uma reflexão necessária
Resumo
O século XXI, mais precisamente a partir dos longos anos de 1960, tem apresentado diferentes desafios para o serviço social no que tange ao seu posicionamento enquanto profissional crítico, que ao longo de sua trajetória vem respaldando seu aprendizado, construindo sistematizações, produzindo cientificamente conhecimento e saberes, sendo estes fruto de um acúmulo de seus pesquisadores que em um curto período de tempo, tem consolidado um arcabouço teórico-metodológico herdado do pensamento social da modernidade, sofrendo, hoje, os influxos da crítica pós-moderna. (IAMAMOTO, 2012, p. 27).
O novo estágio do processo de desenvolvimento capitalista, cujas tendências parecem ser irreversíveis [...], tem reforçado a fragmentação social, aumentando a diferenciação das classes, ampliando as desigualdades sociais, alterando radicalmente o mercado de trabalho (IAMAMOTO, 2002, p. 179).
As matrizes do pensamento constituído na modernidade lançam luzes sobre os fundamentos teóricos e metodológicos do serviço social, sendo ela um referencial para explicar a profissão e principalmente estabelecer as possibilidades de uma atuação crítica. Os debates sobre teoria, história, e método sofrem com os ataques desta “nova” metodologia estabelecendo uma crise de paradigmas. (MARILDA, 2012 apud NETTO, 1996). A ciência moderna passa a ser questionada em seus estatutos de verdade, seja em seu conteúdo social ou em seus modelos analíticos de explicação da realidade.
Ao se estabelecer uma conexão histórica do conceito que versa sobre pós-modernidade observa-se que a mesma surge como uma expectativa em substituição ao projeto da modernidade em um momento histórico de transformações social. Assim, é no final da década de 1970, com a publicação do livro de Lyotard “A condição pós-moderna” que o termo passa a ter expressão e a se propagar, “[...] o uso nesse sentido do termo ‘pós-moderno’ sempre foi de importância circunstancial. Mas o desenvolvimento teórico é outra coisa. A noção de pós-moderno só ganhou difusão mais ampla a partir dos anos 70” (ANDERSON, 1999, p. 20). Nesta compreensão o pós-modernismo estabelece uma suposta crise da sociedade moderna, difundindo ideias de que não existem mais classes sociais e estamos vivenciando um “novo” período histórico, uma sociedade “pós-industrial”, no qual os valores defendidos pela modernidade e os princípios do iluminismo encontram-se ultrapassados e que o marxismo não compreende a uma leitura correta da realidade. Observa-se através destas formulações levianamente equivocadas que a centralidade do trabalho é posta em xeque.
A compreensão do trabalho do assistente social em seu estágio de amadurecimento deixa clara a sua relação com o processo histórico e crítico, tornando transparentes as contradições que envolvem a dinâmica da sociedade capitalista contemporânea. O Serviço social conta hoje com o Código de Ética, Lei de regulamentação da profissão, instrumentos estes que são à base de consolidação do projeto ético-político da profissão. De acordo com Iamamoto (2012), o que estão postos na atualidade são os elos de novidade e continuidade da ordem burguesa, que reificam as relações sócias repostas pelo pensamento fetichista, transformando pessoas em meras mercadorias, tendo suas origens na economia mercantil de extração de mais valia e exploração da força de trabalho, mas não se podemos perder de vista o elo de superação dessa ordem, que consiste em se apropriar de uma leitura crítica da reprodução das relações em uma analise global dentro de uma perspectiva de totalidade, tendo como principal desafio a defesa dos direitos , as garantias fundamentais do direito a vida e a liberdade em um horizonte de emancipação humana.