Trabalho e Tecnologia: o trabalho na era digital

Autores

  • Jade Penalva Nascimento Skroch Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes)
  • Maria Angelina B. de Carvalho de A. Camargo Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes)

Resumo

Este resumo expandido apresenta o relato da pesquisa “Trabalho e tecnologia: o trabalho na era digital”[1]. O eixo da investigação é o mundo do trabalho nas conexões entre trabalho e tecnologia. O recorte histórico-social é a Indústria 4.0 e suas repercussões no mundo produtivo com as tecnologias de base digital. Esse processo levou pesquisadores, especialmente da sociologia do trabalho, cunharem expressões como uberização do trabalho, automação, capitalismo de plataforma, trabalho digital para caracterizar as novas tendências no mundo do trabalho[2]. São tempos de agudização das formas de subsunção do trabalho ao capital, estando intrínseco a profunda precarização manifestada em todas as dimensões da vida social, com a aniquilação de garantias contratuais mínimas de remuneração e de carga horária, conforme vem demonstrando estudos de Antunes (2020), Abílio (2021) e Grohmann (2021). A pesquisa foi planejada, tendo por objetivo analisar o imbricamento entre trabalho e tecnologia a partir da Indústria 4.0, os impactos sociais no mundo produtivo, esclarecendo as expressões uberização do trabalho, capitalismo de plataforma e trabalho digital na sua relação com o trabalho na era digital. Estrategicamente realizou três movimentos. 1) Caracterização da relação entre trabalho e tecnologia como ato histórico e social e suas novas formas de objetivação no capitalismo contemporâneo. 2) Identificação das principais alterações introduzidas pela Indústria 4.0 tanto nas formas de produção quanto nas relações de trabalho. Por último, explora o significado das expressões uberização do trabalho, automação, capitalismo de plataforma, trabalho digital e a utilização na literatura especializada. Considera-se o pressuposto marxiano e marxista que existe uma relação entre trabalho e tecnologia. Aquele é fonte criadora do homem e meio de reprodução dos sistemas de objetivações do ser social e a tecnologia expressa o crescente domínio do homem sobre a natureza. Constata-se que o capitalismo atinge um novo estágio de desenvolvimento das forças produtivas do trabalho com a Indústria 4.0. Destaca-se a ampla digitalização dos processos de trabalho que aprofunda a expansão das subcontratações, baixa remuneração, salários flexíveis e, etc; especialmente com o trabalho mediado por plataformas digitais e com a gestão algorítmica. Para Abílio (2021) se consolida o/a trabalhador/a just-in-time, o trabalho por demanda, em que o/a trabalhador/a se vê como um “autogerente subordinado” – com ameaças constantes de concorrência e desemprego –; autônomo e arcando com os próprios riscos e custos de sua produção e; ainda, sem garantia de leis trabalhistas. Grohmann (2021) destaca as dificuldades conceituais para caracterizar as expressões uberização, uberismo, trabalho digital, trabalho por aplicativos e, etc. Sintetizadas, na pesquisa, a partir de três categorias analíticas: trabalho digital[3], uberização e plataformização do trabalho. Destaca, ainda, o potencial explicativo dessas terminologias para criar uma agenda comum que tenha no centro a luta de classes, pois o seu eixo reside na necessidade de elucidar as novas tendências de extração do valor e, pelo mesmo movimento criar formas de resistências.

Referências

ANTUNES, Ricardo (org). Uberização, Trabalho Digital e Indústria 4.0. 1. Ed. São Paulo: Boitempo, 2020.

 

ABÍLIO, Ludmila Costhek. Uberização, autogerenciamento e o governo da viração. Revista Margem Esquerda. n. 36. São Paulo: Boitempo, 2021.

 

GROHMANN, Rafael (org). Os laboratórios do trabalho digital: entrevistas. São Paulo: Boitempo, 2021.

 

[1]     Pesquisa realizada através do Programa Institucional de Iniciação Científica (Piic) da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), no edital 2021/2022 e, integra o projeto guarda-chuva “Relações sociais e processos de trabalho no capitalismo contemporâneo”.

[2]     É uma pesquisa qualitativa. A estratégia metodológica foi a pesquisa bibliográfica que tomou por base a Coleção Mundo do Trabalho, de publicação da Boitempo Editorial no período de 2020 a 2021. Para a escolha dos artigos utilizou-se os descritores: trabalho, tecnologia, automação, trabalho digital, capitalismo de plataforma, uberização e plataformização.

[3]     Para Grohmann (2021), o trabalho digital é uma área de estudos e não como um conceito. A partir de 2016, a temática é redirecionada para analisar em circuito internacional de emergência do trabalho realizado nas plataformas, com destaque para a plataforma Uber, denominação genericamente de “trabalho uberizado”, na sequência trabalho plataformizado ou plataformização do trabalho.

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Biografia do Autor

Jade Penalva Nascimento Skroch, Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes)

Graduada em Serviço Social pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Bolsista do Programa de Iniciação Científica (PIIC)/Ufes, no período de 2021 a 2022, na pesquisa “Trabalho e tecnologia: o trabalho na era digital”.

Maria Angelina B. de Carvalho de A. Camargo, Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes)

Doutora em Serviço Social. Professora do Departamento de Serviço Social da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Membro do Grupo de Estudos do Trabalho (DSS/Ufes). Coordenadora do Projeto de Pesquisa “Relações sociais e processos de trabalho no capitalismo contemporâneo”.

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Publicado

13-06-2023