A incorporação das TICs no trabalho profissional das/os Assistentes Sociais durante a pandemia de COVID-19

Autores

  • Luna Alves de Souza Rodrigues Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes)

Resumo

O presente estudo objetiva refletir sobre as condições e relações de trabalho das/dos assistentes sociais, considerando a incorporação de novas Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) durante pandemia de COVID-19[1]. Não podemos negar que estamos diante de um contexto social marcado pelas transformações advindas do chamado “mundo do trabalho”, em que tais mudanças se destacam, principalmente, por tendências que impulsionam a perversidade da lei geral da acumulação capitalista. Ou seja, trata-se de uma lógica, que situa os trabalhadores à mercê do processo de desenvolvimento das forças produtivas na dinâmica das relações sociais capitalistas (NETTO, 2012)

Neste sentido, atentamos a discussão sobre o trabalho no capitalismo do século XXI, mundializado, financeirizado e sob a hegemonia neoliberal, que mais do que nunca condiciona a sobrevivência dos/as trabalhadores/as a venda da sua força de trabalho. Reconfigurando a complexas questões relacionadas à natureza do trabalho e criando novas modalidades em sua morfologia atual definidas, conforme Antunes (2003, p. 52), como “[...] sendo um trabalho cada vez mais, precário, parcial, temporário, subcontratado, ‘terceirizado’, vinculados à ‘economia informal’”.

Ao indagarmos sobre o significado social do Serviço Social no processo de produção e reprodução das relações sociais capitalistas, identificamos que a profissão também tende a sofrer todos esses impactos gerados pela alienação enraizada no desenvolvimento da divisão sócio sexual, racial, e ética do trabalho. Por esse motivo, Raichelis et al. (2018) vão dizer que a nova morfologia do trabalho de assistentes sociais pode ser observada nas diferentes políticas na qual esses profissionais estão inseridos, confirmado as novas configurações do mundo do trabalho que vem sendo subcontratado, terceirizado, precarizado, assim como é para os demais trabalhadores assalariados.

Este cenário do mundo do trabalho vem sendo ainda mais intensificado no período da pandemia de COVID-19 em que pode-se observar múltiplos experimentos que os laboratórios do capital deram para justificar a necessidade de recuperação da economia (ANTUNES, 2022).

No que tange ao cotidiano profissional das/os assistentes sociais é possível observar alguns processos contraditórios durante o período da pandemia, em que observa-se o crescimento da demanda de trabalho, porém cada vez mais do trabalho burocrático, pragmático, voltados para respostas imediatas. Em detrimento do trabalho técnico criativo, educativo e de mobilização e organização popular (CFESS, 2021).

Foi com base nesse cenário, que o Conselho Federal de Serviço Social (CFESS), a partir da demanda da categoria e dos Conselhos Regionais de Serviço Social (CRESS), construíram uma série de aparatos normativo-legal, matérias e posicionamentos políticos, que além de situar alguns dados da realidade neste período, trazem orientações importantes para o trabalho profissional. Um desses documentos refletem justamente sobre como a pandemia acelerou o processo de entrada das TICs no trabalho profissional de assistentes sociais, e como o teletrabalho ou trabalho remoto se insere como um dos experimentos para intensificar a exploração da força de trabalho e dificultar a organização política da classe trabalhadora (CFESS, 2020).

Referências

ANTUNES, Ricardo. Adeus ao trabalho?: Ensaio sobre as metamorfoses e a centralidade do mundo do trabalho. 9. ed. Campinas: Cortez, 2003. 200 p.

ANTUNES, Ricardo. Capitalismo pandêmico. São Paulo: Boitempo, 2022.

CFESS. Conselho Federal de Serviço Social. Assistente Social. Reflexões sobre o trabalho cotidiano. Brasília: CFESS, 2021, Caderno 1, Disponível em: 12021Cfess-DialogosDoCotidianoVol1-Site.pdf .Acesso em: 20 jun. 2022.

NETTO, José Paulo. Crise do capital e consequências societárias. Serviço Social e Sociedade, São Paulo, n. 111, jul./set., 2012.

RAICHELIS, Raquel; VICENTE, Damares; ALBUQUERQUE, Valéria. A nova morfologia do trabalho no Serviço Social. São Paulo: Cortez, 2018.

[1]  Essas reflexões fazem parte da Dissertação, em fase de elaboração, que aborda essa temática.

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Biografia do Autor

Luna Alves de Souza Rodrigues, Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes)

Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Política Social da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).

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Publicado

13-06-2023