Agricultura familiar no Semiárido potiguar: desafios socioambientais para o desenvolvimento sustentável

Autores

  • Joyce da Silva dos Santos Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
  • Julia Mariane Januario de Souza Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
  • Letícia Gabriela Dias Coutinho Cabral Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
  • Maria Luiza Santos Nascimento Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)

Resumo

Este resumo apresenta características socioeconômicas e produtivas da agricultura familiar (AF) no Semiárido potiguar, buscando uma apropriação das determinações das condições de vida e trabalho desse segmento e os desafios socioambientais que devem ser considerados nas políticas públicas de desenvolvimento rural sustentável no território. Orientado por categorias de análise do método histórico dialético, o estudo bibliográfico e documental foi realizado no âmbito da pesquisa sobre “Resistências sertanejas no Semiárido brasileiro: a Agricultura Familiar entre mudanças climáticas, secas, ajuste fiscal e pandemia no século XXI (2010 a 2020)”.

O Semiárido brasileiro abrange nove estados do Nordeste e o norte de Minas Gerais, cujas características de semiaridez com escassez hídrica e irregularidade pluviométrica, modelam a paisagem predominante do bioma Caatinga, com centenas de ecossistemas e milhares de espécies vivas adaptadas ao ambiente. No estado do Rio Grande do Norte, a área de domínio do clima semiárido abrange 93% do território, onde vivem 1,7 milhão de pessoas, sendo 549 mil em áreas rurais (Aquino et al, 2020). Nesse território, o Censo Agropecuário realizado pelo IBGE em 2017 identificou 47.283 estabelecimentos de Agricultura Familiar (80,2% do total), sendo os mesmos responsáveis pela geração de cerca de 70% dos postos de trabalho e da produção de alimentos básicos da dieta sertaneja, detendo apenas 36% da área total.

Os dados revelam que 83,6% dos responsáveis dos estabelecimentos familiares são homens, em sua maioria com mais de 55 anos (51% do total), enquanto que apenas 1,3% tem menos de 25 anos. Os produtores possuem nível de escolaridade baixo, onde 44,3% não sabe ler e escrever, 85,4% não têm acesso à Assistência Técnica e Extensão Rural e 81,1% não obtiveram crédito. Com isso, são identificadas fragilidades socioambientais nas práticas agrícolas da AF com impactos causados pelo uso intensivo de recursos naturais (solo, vegetação e água) sem manejo correto, devido à necessidade de diversificação das fontes de renda, o que agrava ainda mais no contexto dos riscos eminentes das mudanças climáticas.

Mesmo com esses desafios de acesso à terra, apropriação de conhecimentos técnicos e de obtenção de ativos necessários às atividades produtivas, a AF é responsável por 35,9% do Valor Total da Produção no Semiárido potiguar, o que revela que esse segmento é estratégico para a soberania e segurança alimentar e para geração de trabalho no campo. Ademais, a AF tem a maior área preservada de vegetação natural e sistemas agroflorestais em percentual superior ao verificado pela agricultura empresarial, da mesma forma que o uso de agrotóxico também é menor, o que possibilita transições agroecológicas (SILVA et al, 2020). Verifica-se  a necessidade de políticas públicas de desenvolvimento sustentável com fortalecimento da AF, incluindo as práticas de mitigação e adaptação necessárias à convivência no semiárido potiguar.

 

REFERÊNCIAS

 

AQUINO, J. R.; SILVA, R. M. A.; NUNES, E. M.; COSTA, F. B.; ALBUQUERQUE, W. F. Agricultura familiar no Rio Grande do Norte segundo o Censo Agropecuário 2017: perfil e desafios para o desenvolvimento rural. Revista Econômica do Nordeste, v. 51, p.113-130, 2020.

 

SILVA, R. M. A.; AQUINO, J. R.; COSTA, F. B.; NUNES, E. M. Características produtivas e socioambientais da agricultura familiar no Semiárido brasileiro: evidências a partir do Censo Agropecuário de 2017. Desenvolvimento e Meio Ambiente, v. 55, p. 314-338, 2020.

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Biografia do Autor

Joyce da Silva dos Santos, Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)

Graduada em Serviço Social pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

Julia Mariane Januario de Souza, Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)

Graduanda de Serviço Social da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

Letícia Gabriela Dias Coutinho Cabral, Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)

Graduanda de Serviço Social da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

Maria Luiza Santos Nascimento, Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)

Graduanda de Serviço Social da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

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Publicado

13-06-2023