A importância da pesquisa crítica em Serviço Social para o enfrentamento da ideologia proibicionista às drogas
Resumo
INTRODUÇÃO
O presente trabalho insere-se sob o contexto das reflexões sobre as produções científicas do Serviço Social frente à temática das drogas e à ideologia proibicionista. Resulta dos debates fomentados a partir do estudo bibliográfico sobre o Estado da arte das Pesquisas sobre Drogas no Serviço Social, a qual apresentaremos uma parte da pesquisa bibliográfica debatendo o tema. Sendo assim, este trabalho, com base em uma revisão bibliográfica, tem como objetivo discutir sobre a importância das pesquisas sobre drogas, no âmbito do Serviço Social crítico, no propósito da crítica à ideologia proibicionista. Em consonância com a defesa intransigente dos direitos humanos compreende-se que as pesquisas críticas debatem as respostas do Estado e da classe burguesa frente à utilização dos psicoativos e refutam uma “guerra contra as drogas” que escamoteia a lucratividade que se tem por meio da produção, venda e distribuição dos psicoativos ilegais. Reafirma-se assim, que a produção científica crítica do Serviço Social, é fundamental para o questionamento da ordem vigente e para o posicionamento ético-político diante à barbárie social instaurada nos pilares doutrinário burguês.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Na perspectiva histórica social, a humanidade sempre conviveu com o uso de substâncias psicoativas (oriundos desde a antiguidade em práticas ritualistas e de satisfação pessoal). Nas civilizações da antiguidade, em seus primaciais relatos, as substâncias psicoativas concentravam-se especialmente nos âmbitos medicinais e ritualísticos (SILVA, 2010). Trata-se de uma prática milenar que na atualidade está fadada na repulsa e no conservadorismo, utilizado majoritariamente na produção de estigmas, exclusão social e lucratividade ilegal. A lógica capitalista tende a generalização e a alienação das mercadorias de modo que todas tenham seu findar na riqueza e na apropriação privada, logo recriam ideias e representações que se expressam nas relações sociais capitalistas e encobrem os antagonismos que as permeiam (CARVALHO; IAMAMOTO, 2014). Por sua vez, e na compreensão ontológica social, o Serviço Social, pontuado na produção científica crítica, responde às indagações frente à barbárie contemporânea do proibicionismo, isto posto, “[...] não há intelectualmente problema, sem considerarmos a vida prática.” (MINAYO; DESLANDES; GOMES, 2011, p.16). Reitera-se assim, somente ser tangível, discutir temática em voga e suas infindáveis consequências sociais, vinculando-se às dimensões investigativas críticas.
RESULTADOS
A pesquisa auxilia para que sejam enfatizadas as articulações sobre drogas nas relações que adentram sua utilização e na importância do pensar as políticas de saúde pública enquanto um direito de todos e dever do Estado. O trabalho do/a profissional de Serviço Social no recorte das drogas, necessita do alicerce ético-político contrário às vias da ideologia proibicionista e da criação do status de “inimigos” da sociedade a serem condenados no estado penal. (ROCHA, 2013). O indagar crítico denuncia, não apenas o propósito lucrativo proibicionista e sua tendência conservadora de crime-punição, mas também no destino fadado à juventude negra - o extermínio - e por certo, no encarceramento dos condenados à subalternidade.
CONCLUSÃO
A produção científica crítica do Serviço Social concorre para a explicação do real, da realidade concreta, e acima de tudo da defesa dos direitos e da cidadania dos usuários de psicoativos. A utilização da vertente teórica-metodológica materialista de Marx corrobora nos avanços de análises críticas frente à totalidade social posta nas contradições existentes onde a classe burguesa se apropria privadamente da riqueza socialmente produzida. (NETTO, 2009). Na qualidade de instrumento, a pesquisa crítica fornece recursos nas análises dos processos que se estabelecem na produção e reprodução capitalista, e somente é factível identificar a dialética real, sua dinamização, por consequência sua constituição, através do questionamento (GUERRA, 2009). Para tanto, os conhecimentos e competências do/a assistente social em consonância do projeto ético político e no viés político-investigativo, desvelam-se as intenções factuais políticas-econômicas da proibição de algumas substâncias e os impactos do proibicionismo na questão social e nos debates intransigentes do "combate às drogas".
REFERÊNCIAS
BRITES, Cristina Maria. Psicoativos (drogas) e Serviço Social. São Paulo. Cortez. 2017. 251p.
BRITES, Cristina Maria. Psicoativos (drogas) e serviço social: uma crítica ao proibicionismo. Editora: Cortez, 2017.
DESLANDES Ferreira Suely; GOMES, Romeu, Pesquisa social: teoria, método e criatividade Romeu Gomes; Maria Cecília de Souza Minayo (organizadora). 30. ed. — Petrópolis, RJ: Vozes, 2011.
GUERRA, Yolanda. A dimensão investigativa no exercício profissional. Brasília (DF): CFESS; CRESS. 2009.
IAMAMOTO, Marilda; CARVALHO; Raúl de. Relações Sociais e Serviço Social no Brasil: esboço de uma interpretação histórico-metodológica. São Paulo. Cortez, 2014.
NETTO, José Paulo. Introdução ao método na teoria social. In: SERVIÇO Social: direitos sociais e competências profissionais. Brasília: CFESS/ABEPSS, 2009
ROCHA, Andréa Pires. Proibicionismo e a criminalização de adolescentes pobres por tráfico de drogas. Serv. Soc. Soc., São Paulo, n. 115, p. 561-580, jul./set. 2013.
SILVA, et al. Perfil dos dependentes químicos atendidos em uma unidade de reabilitação de um hospital psiquiátrico. Esc Anna Nery(impr.), v. 14, n. 3, p. 585-590, jul./set. 2010.