A importância da pesquisa crítica em Serviço Social para o enfrentamento da ideologia proibicionista às drogas

Autores

  • Nara Lourdes Azevedo Silva
  • Daniella Borges Ribeiro

Resumo

INTRODUÇÃO

 O presente trabalho insere-se sob o contexto das  reflexões sobre as produções científicas do Serviço Social frente à temática das drogas e à ideologia proibicionista. Resulta dos debates fomentados a partir do estudo bibliográfico sobre o Estado da arte das Pesquisas sobre Drogas no Serviço Social, a qual apresentaremos uma parte da pesquisa bibliográfica debatendo o tema. Sendo assim, este trabalho, com base em uma revisão bibliográfica, tem como objetivo discutir sobre a importância das pesquisas sobre drogas, no âmbito do Serviço Social crítico, no propósito da crítica à ideologia proibicionista. Em consonância com a defesa intransigente dos direitos humanos compreende-se que as pesquisas críticas debatem as respostas do Estado e da classe burguesa frente à utilização dos psicoativos e refutam uma “guerra contra as drogas” que escamoteia a lucratividade que se tem por meio da produção, venda e distribuição dos psicoativos ilegais.  Reafirma-se assim, que a produção científica crítica do Serviço Social, é fundamental para o questionamento da ordem vigente e para o posicionamento ético-político diante à barbárie social instaurada nos pilares doutrinário burguês.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Na perspectiva histórica social, a humanidade sempre conviveu com o uso de substâncias psicoativas (oriundos desde a antiguidade em práticas ritualistas e de satisfação pessoal). Nas civilizações da antiguidade, em seus primaciais relatos, as substâncias psicoativas concentravam-se especialmente nos âmbitos medicinais e ritualísticos (SILVA, 2010). Trata-se de uma prática milenar que na atualidade está fadada na repulsa e no conservadorismo, utilizado majoritariamente na produção de estigmas, exclusão social e lucratividade ilegal. A lógica capitalista tende a generalização e a alienação das mercadorias de modo que todas tenham seu findar na riqueza e na apropriação privada, logo recriam ideias e representações que se expressam nas relações sociais capitalistas e encobrem os antagonismos que as permeiam (CARVALHO; IAMAMOTO, 2014). Por sua vez, e na compreensão ontológica social, o Serviço Social, pontuado na produção científica crítica, responde às indagações frente à barbárie contemporânea do proibicionismo, isto posto, “[...] não há intelectualmente problema, sem considerarmos a vida prática.” (MINAYO; DESLANDES; GOMES, 2011, p.16). Reitera-se assim, somente ser tangível, discutir temática em voga e suas infindáveis consequências sociais, vinculando-se às dimensões investigativas críticas.

 

RESULTADOS

 

A pesquisa auxilia para que sejam enfatizadas as articulações sobre drogas nas relações que adentram sua utilização e na importância do pensar as políticas de saúde pública enquanto um direito de todos e dever do Estado. O trabalho do/a profissional de Serviço Social no recorte das drogas, necessita do alicerce ético-político contrário às vias da ideologia proibicionista e da criação do status de “inimigos” da sociedade a serem condenados no estado penal. (ROCHA, 2013).  O indagar crítico denuncia, não apenas o propósito lucrativo proibicionista e sua tendência conservadora de crime-punição, mas também no destino fadado à juventude negra - o extermínio - e por certo, no encarceramento dos condenados à subalternidade.

 

CONCLUSÃO

 

A produção científica crítica do Serviço Social concorre para a explicação do real, da realidade concreta, e acima de tudo da defesa dos direitos e da cidadania dos usuários de psicoativos. A utilização da vertente teórica-metodológica materialista de Marx corrobora nos avanços de análises críticas frente à totalidade social posta nas contradições existentes onde a classe burguesa se apropria privadamente da riqueza socialmente produzida. (NETTO, 2009).  Na qualidade de instrumento, a pesquisa crítica fornece recursos nas análises dos processos que se estabelecem na produção e reprodução capitalista, e somente é factível identificar a dialética real, sua dinamização, por consequência sua constituição, através do questionamento (GUERRA, 2009).  Para tanto, os conhecimentos e competências do/a assistente social em consonância do projeto ético político e no viés político-investigativo, desvelam-se as intenções factuais políticas-econômicas da proibição de algumas substâncias e os impactos do proibicionismo na questão social e nos debates intransigentes do "combate às drogas".

REFERÊNCIAS

 BRITES, Cristina Maria.  Psicoativos (drogas) e Serviço Social. São Paulo. Cortez. 2017. 251p.

BRITES, Cristina Maria. Psicoativos (drogas) e serviço social: uma crítica ao proibicionismo. Editora: Cortez, 2017.

DESLANDES Ferreira Suely; GOMES, Romeu, Pesquisa social: teoria, método e criatividade Romeu Gomes; Maria Cecília de Souza Minayo (organizadora). 30. ed. — Petrópolis, RJ: Vozes, 2011. 

GUERRA, Yolanda. A dimensão investigativa no exercício profissional. Brasília (DF): CFESS; CRESS. 2009.

IAMAMOTO, Marilda; CARVALHO; Raúl de. Relações Sociais e Serviço Social no Brasil: esboço de uma interpretação histórico-metodológica. São Paulo. Cortez, 2014.

NETTO, José Paulo. Introdução ao método na teoria social. In: SERVIÇO Social: direitos sociais e competências profissionais. Brasília: CFESS/ABEPSS, 2009

ROCHA, Andréa Pires. Proibicionismo e a criminalização de adolescentes pobres por tráfico de drogas. Serv. Soc. Soc., São Paulo, n. 115, p. 561-580, jul./set. 2013.

SILVA, et al. Perfil dos dependentes químicos atendidos em uma unidade de reabilitação de um hospital psiquiátrico. Esc Anna Nery(impr.), v. 14, n. 3, p. 585-590, jul./set. 2010.

 

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Nara Lourdes Azevedo Silva

Graduanda no curso de  Serviço Social da  Universidade Federal de Viçosa. (UFV)

Daniella Borges Ribeiro

Docente do curso de Serviço Social da Universidade Federal de Viçosa (UFV).

Downloads

Publicado

13-06-2023