A pandemia de Covid-19 e o mercado de trabalho de assistentes sociais no município de Campos dos Goytacazes (RJ)

Autores

  • Laísa Cunha da Silva Universidade Federal Fluminense (UFF)
  • Carlos Antonio de Souza Moraes Universidade Federal Fluminense (UFF)

Resumo

INTRODUÇÃO
Esta proposta vincula-se a um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), produto da experiência de Iniciação Científica (2020-2022) da primeira autora e vinculada ao Grupo Interdisciplinar de Estudo e Pesquisa em Cotidiano e Saúde (Gripes/CNPq). Seu objetivo consistiu em investigar as principais implicações da pandemia da COVID-19para o mercado de trabalho das/os assistentes sociais, atuantes na Prefeitura Municipal da cidade de Campos dos Goytacazes (RJ), nas políticas de saúde, assistência social e educação, entre os anos de 2020 e 2021. Para a sua construção, fundamentou-se nos dados brasileiros a respeito do mercado de trabalho profissional pré-pandemia (2000 a 2019), publicados em artigos científicos classificados pelo Qualis Capes (2013-2016), entre a1 e b2, em teses de doutorado e dissertações de mestrado disponíveis no Catálogo de Teses e Dissertações da Capes, além de recorrer a análises relativas àsparticularidades socioeconômicas e políticas de Campos dos Goytacazes (RJ), antes e no curso da pandemia de COVID-19.
Além disso, à pesquisa recorreu a dimensão quali-quantitativa, de tipo
descritiva, por meio de estudo bibliográfico, documental e de campo. Em relação ao estudo de campo foi disponibilizado para as assistentes sociais atuantes nas políticas acima descritas, questionário pelo Google Forms, no mês de julho (2022), recorreu-se ao Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, obtendo-se 38 respostas.
As análises partem do reconhecimento da pandemia como uma infecção respiratória aguda, causada pelo coronavírus SARS-CoV-2. O vírus em questão apresenta gravidade nas infecções e disseminação geográfica rápida, ou seja, um alto nível de contágio, a qual levou no dia 11 de março de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS), declarar estado de pandemia. Segundo Mota (2021), além de questões sanitárias, a pandemia configura-se como uma catástrofe humanitária, deste modo se faz necessário problematizar a pandemia de COVID-19 e seu tratamento pelo Estado brasileiro, compreendendo suas várias facetas: econômico, social, político e ecológico.Reconhecendo que o Serviço Social inserido na dinâmica da sociedade capitalista, em suas transformações e no projeto neoliberal que é instalado no Brasil a partir da década de 1990, é atravessado pelas problemáticas estruturais e pelos desdobramentos com o advento da pandemia de COVID-19. Assim, entre os/asassistentes sociais que responderam ao questionário buscava-se compreender a realidade profissional nos anos de 2020 e 2021 no município de Campos dos Goytacazes.
Entre as/os 38 respondentes, 65,7% trabalham na política de saúde, 28,9% de assistência social e 15,7% na política de Educação, no município de Campos dos Goytacazes. Destas, 92,1% são mulheres e 56,3%, autodeclaram-se brancas. Quando questionadas/os sobre a forma do trabalho, desenvolvido nos anos de 2020 e 2021,verifica-se a predominância de trabalhadores/as que no formato presencial, com a distribuição de Equipamento de Proteção Individual (EPI) de forma rápida e pelo município. No entanto, é alarmante o quantitativo de profissionais das três áreas que não possuíam aceso a internet em seus postos de trabalho (36,4%), tendo em vista as novas exigências pela inserção da Tecnologia da Informação e Comunicação (TICs) no mercado de trabalho.
Como resultado, a pesquisa também verificou a intensificação do trabalho e a sobrecarga profissional, diante da precarização de vínculos e das condições de trabalho existentes no município, que estão incorporados ao que Antunes (2020), aponta como a nova morfologia do trabalho, em que a classe trabalhadora se apresenta cada vez mais heterógena e precarizada. Por fim, vincular o “efeito” do isolamento social nos sujeitos ao impacto dessa intensificação em uma profissão com a identidade feminina que é atrelada a sua dupla jornada (trabalho e cuidados domésticos).
REFERÊNCIAS
ANTUNES, R. Coronavírus: o trabalho sob fogo cruzado. 1 ed., São Paulo, Boitempo,
2020
MOTA, A. E. Crise sanitária, políticas públicas e sociabilidade: desafios ao Serviço Social brasileiro. In: CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL (org.). Diálogos do Cotidiano: Reflexões sobre o trabalho profissional. Brasília: CFESS, 2021.
SILVA, Laísa Cunha. O contágio da precarização: um estudo sobre o mercado de trabalho de assistentes sociais em Campos dos Goytacazes (RJ), durante a pandemia de COVID-19. 2022. 76 f. TCC (Graduação em Serviço Social) – Curso de Serviço Social,
Universidade Federal Fluminense, Campos dos Goytacazes, 2022

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Biografia do Autor

Laísa Cunha da Silva , Universidade Federal Fluminense (UFF)

Assistente Social formada pela Universidade Federal Fluminense (UFF).

Carlos Antonio de Souza Moraes , Universidade Federal Fluminense (UFF)

Doutor em Serviço Social pela PUC/SP; Professor da Universidade Federal Fluminense (UFF), Departamento de Serviço Social de Campos e do Programa de Estudos Pós-Graduados em Política Social (UFF/Niterói).

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Publicado

13-06-2023