O trabalho da/o assistente social no contexto da COVID-19

Autores

  • Mylvia Masako Anaissi Kikuchi Universidade Federal do Pará (UFPA)
  • Laura Michele Lima Serrão Gomes Universidade Federal do Pará (UFPA)
  • Keila de Jesus Dantas da Fonseca Araújo Centro Integrado de Inclusão e Reabilitação (CIIR) Pará
  • Ivanna da Silva Nascimento Universidade Federal do Pará (UFPA)

Resumo

Este estudo é o resultado das reflexões de um grupo de mulheres, assistentes sociais, pesquisadoras do Programa de Pós-Graduação em Serviço Social (PPGSS) da UFPA que atuaram em diferentes espaços sócio-ocupacionais durante a pandemia da COVID-19. O trabalho traz um esforço coletivo de discutir e refletir, a partir da teoria social crítica, acerca do trabalho da/o assistente social neste momento pandêmico.

Analisar o trabalho da/o assistente social no contexto da pandemia da COVID-19 torna-se essencial para compreender e interpretar os impactos das expressões da questão social no estado capitalista contemporâneo. A reflexão proposta neste estudo revela a intensificação das expressões da questão social já vivenciadas neste modo de produção capitalista e que na pandemia, intensificou a desigualdade social, a miséria, o desemprego estrutural, o subemprego e a informalidade (ANTUNES, 2020).

Frente a estes agravos sociais, o país vivenciou uma gestão negacionista que pouco atendeu as recomendações[1] da Organização Mundial da Saúde (OMS) contra a COVID-19, contestou a eficácia da ciência, inferiorizou a gravidade do vírus (“gripezinha”), discursou movimentos anti-vacinas e aglomerou multidões durante o isolamento social.

 

 

É nesse contexto de regressões sociais e dos agravos com os impactos da COVID-19, que o Serviço Social atua na linha de frente das políticas sociais e nas diversas expressões da questão social. Segundo Iamamoto (2008), a profissão, insere-se na divisão social e técnica do trabalho, sendo uma especialização do trabalho coletivo e partícipe do processo de produção e reprodução das relações sociais, configurando-se como trabalhadora/or assalariada/o, estabelecendo uma relação de compra e venda da sua força de trabalho que se organiza diante das exigências do processo de acumulação capitalista.

Neste cenário as/os assistentes sociais enfrentaram e enfrentam dificuldades na atuação profissional, pois devido a ausência de infra-estrutura adequada, e de equipamentos de proteção individual e coletiva (EPI e EPC), profissionais foram expostos aos riscos de contágio e, consequentemente, de propagação do vírus, pondo em risco a saúde pública e a sua própria vida. Diante de tais riscos e questionamentos das/os assistentes sociais foi publicizado pelo CFESS (2020) documentos intitulados: CFESS Manifesta e o Parecer Jurídico N. 5/2020, que abordam sobre os impactos do Coronavírus no trabalho do/a assistente social e sobre a ausência de EPI’s para assistentes sociais.

Por fim, observa-se que durante a pandemia a categoria de assistentes sociais enfrentou diversos desafios, vivenciando várias formas de precarização do trabalho, sob a égide do não trabalho, com ausência de investimentos nas políticas públicas, com trabalhos cada vez mais precarizados e para além disso, no serviço social requisições institucionais para além das competências e atribuições privativas da profissão. Portanto, nesta conjuntura os movimentos e atos de resistência são essenciais para travar uma luta contra as tendências à ordem hegemônica do capital em defesa da vida, da ciência, da implantação de políticas sociais e da garantia dos direitos humanos.

REFERÊNCIAS

ANTUNES, Ricardo. Coronavírus: o trabalho sob fogo cruzado. São Paulo: Boitempo, 2021. E-book. (Coleção Pandemia Capital).

IAMAMOTO, Marilda. Serviço Social em Tempo de Capital Fetiche. Capital Financeiro e Questão Social. São Paulo: Cortez Editora. 2007.

CFESS. CFESS Manifesta. Os impactos do Coronavírus no trabalho do/a assistente social. Brasília (DF), 2020. Disponível em: http://www.cfess.org.br/arquivos/2020CfessManifestaEdEspecialCoronavirus.pdf. Acesso em: mar. 2022.

CFESS. Emissão de PARECER JURÍDICO No 05/2020-E que trata sobre a Ausência de Equipamentos de Proteção Individual – EPI para assistentes sociais. Disponível em: http://www.cfess.org.br/arquivos/Cfess-ParecerJuridico05-2020-E-EPI.pdf. Acesso em: 15 jun. 2021.

[1] Informações extraídas da matéria no site: https://www.agazeta.com.br/es/politica/COVID-19-14-vezes-em-que-bolsonaro-apareceu- sem-máscara-em-aglomeracoes-0521. Acesso em: 17 jun. 2021.

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Biografia do Autor

Mylvia Masako Anaissi Kikuchi, Universidade Federal do Pará (UFPA)

Mestranda do PPGSS da Universidade Federal do Pará (UFPA).

Laura Michele Lima Serrão Gomes, Universidade Federal do Pará (UFPA)

Doutoranda do PPGSS da Universidade Federal do Pará (UFPA).

Keila de Jesus Dantas da Fonseca Araújo, Centro Integrado de Inclusão e Reabilitação (CIIR) Pará

Especialista em Serviço Social e Políticas Públicas da Universidade Federal do Pará (UFPA). Assistente social do Centro Integrado de Inclusão e Reabilitação (CIIR) Pará.

 

Ivanna da Silva Nascimento, Universidade Federal do Pará (UFPA)

Mestranda do PPGSS da Universidade Federal do Pará (UFPA).

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Publicado

13-06-2023