O Kant de Nietzsche: matemática, representação e natureza em Humano, demasiado humano
Resumo
Nosso objetivo é discutir o vínculo entre matemática, natureza e representação estabelecido por Nietzsche no aforismo 19 de Humano, demasiado humano, a propósito da inusitada concordância com a citação direta do parágrafo 36 dos Prolegômenos para toda metafísica futura que possa chamar-se de ciência, de Kant. Nossa hipótese de leitura é de que a recepção de Kant e da matemática em HH seguem uma estratégia de adesão parcial que se beneficia do potencial crítico, mas sem assumir o seu resíduo metafísico, o argumento transcendental ou o conceito de identidade. Para Nietzsche é falsa a pressuposição epistêmico-ontológica de que existem coisas iguais, fundamento metafísico da lei dos números, ou que os números descrevem objetivamente a natureza. A exemplo de Kant, ele também entende que a natureza não é em si constituída por propriedades numéricas e lógicas. Nossos conceitos lógico-matemáticos, bem como os ilógicos sentimentos de prazer e desprazer, são invenções e criações humanas projetadas para a explicação da natureza, melhor dizendo, de uma natureza, nomeadamente, a humana (demasiada humana).
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