Arte e conceito no jovem Nietzsche

Autores

DOI:

https://doi.org/10.47456/en.v13i2.36423

Resumo

O propósito deste artigo é refletir sobre as questões nietzschianas acerca das limitações da linguagem gramatical e do conceito a partir do texto póstumo Sobre Verdade e Mentira no Sentido Extramoral e de como, em alguma medida, elas fundamentam parte das críticas dirigidas por Nietzsche, em O Nascimento da Tragédia, a Sócrates, ao homem teórico e ao socratismo estético. Se em seu texto póstumo de 1873 temos que o conceito, além de refletir a igualação do não-igual, impede a expressão individual e sensível de cada sujeito, em sua primeira obra publicada observa-se censuras ao método socrático, essencialmente racionalista e conceitual. Desse modo, vê-se que, se o socratismo estético corrompeu a tragédia grega, desclassificando o dionisíaco, ele o fez com base no pressuposto de que a razão, criadora da linguagem e do conceito, é suficientemente qualificada para tudo expressar. Isso enquanto, para Nietzsche, o conceito, um produto da razão, é incapaz de conduzir à essência das coisas. Daí o socratismo estético, enquanto crente no conceito, afora coibir a expressão individual e sensível, estar todo ele assentado em generalizações e falsificações do mundo.

Palavras-chave: Nietzsche. Sobre Verdade e Mentira no Sentido Extramoral. Linguagem.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Thiago Kistenmacher Vieira, USP

Doutorando em filosofia pela Universidade de São Paulo, USP

Referências

ABEL, Günter. “Bewußtsein - Sprache - Natur. Nietzsches Philosophie des Geistes”, Nietzsche-Studien 30 1, 2001. pp. 1-43. DOI: https://doi.org/10.1515/9783110172409.1

_____. “Logik und Ästhetik”, Nietzsche-Studien 16, 1987. pp. 112-148. DOI: https://doi.org/10.1515/9783110244359.112

ARISTÓFANES, As Rãs. Tradução de Maria de Fátima Silva. Imprensa da Universidade de Coimbra, 2014.

BENVENHO, Célia Machado. “Sobre a origem da linguagem em Nietzsche e E. von Hartmann”, Diaphonía, vol. 6, n. 1, 2020. DOI: https://doi.org/10.48075/rd.v6i1.25070

CASARES, Manuel Barrios. “O ‘giro retórico’ de Nietzsche”, Cadernos Nietzsche, São Paulo, n. 13, 2002, pp. 7-36. DOI: https://doi.org/10.1590/2316-82422015v3602mbc

CONSTÂNCIO, João; BRANCO, Maria João Mayer. Nietzsche on Instinct and Language. Internacional Conference. Lisboa: Universidade Nova de Lisboa, 2011. DOI: https://doi.org/10.1515/9783110246575

GLITZA, Ralf. “Die Welt als Dichtung und die Dichtung als Welt”: Eine Untersuchung zur Bedeutung der Metapher im Werk Friedrich Nietzsches. In: YUSHU, Z. Thomé, Horst. Maoping, Wei. Literaturstraße: chinesisch-deutsches Jahrbuch für Sprache, Literatur und Kultur. Verlag Königshausen & Neumann GmbH, Würzburg, 2012.

GERBER, Gustav. Die Sprache als Kunst, Mittler'sche Buchhandlung, H. Hayfelder, Bromberg, 1871.

HARTMANN, Eduard von. Philosophie des Unbewussten. Versuch einer Weltanschauung. Berlin, 1869.

JANZ, Paul Curt. Friedrich Nietzsche: uma biografia, volume I: infância, juventude, os anos em Basileia. Tradução de Markus A. Hediger. Petrópolis: Vozes, 2016.

KAUFMANN, Walter A. Nietzsche: Philosopher, Psychologist, Antichrist. Princeton, New Jersey. Princeton University Press, 1974.

LACOUE-LABARTHE, Philippe; NANCY, Jean-Luc. The Literary Absolute. Albany, The Theory of Literature in German Romanticism Intersections. State University of New York Press Press, 1988.

LÖWITH, Karl. Nietzsche’s Philosophy and the Eternal Recurrence of the Same. University of California Press, London, 1997. DOI: https://doi.org/10.1525/9780520353633

MACHADO, Roberto. Nietzsche e a Verdade. Rio de Janeiro / São Paulo: Paz e Terra, 2017.

MARTON, Scarlett. “Le problème du langage chez Nietzsche. La critique en tant que création”, Revue de métaphysique et de morale 2012/2 (N° 74), p. 225-245. Disponível em: https://www.cairn.info/revue-de-metaphysique-et-de-morale-2012-2-page-225.htm. Acesso em: 15/08/2021. DOI: https://doi.org/10.3917/rmm.122.0225

MOREIRA, Fernando Sá. “Linguagem e Verdade: a relação entre Schopenhauer e Nietzsche em Sobre Verdade e Mentira no Sentido Extramoral”, Cadernos Nietzsche, São Paulo, n. 33, pp. 273-300, 2013. DOI: https://doi.org/10.1590/S2316-82422013000200012

MÜLLER-LAUTER, Wolfgang. Nietzsche: sua filosofia dos antagonismos e os antagonismos de sua filosofia. Tradução de Clademir Araldi. São Paulo: Editora Unifesp, 2009.

NIETZSCHE, Friedrich. A Filosofia na Era Trágica dos Gregos. Org. e trad. de Fernando R de Moraes Barros. São Paulo: Hedra, 2008.

_____. Ecce Homo: como alguém se torna o que é. Tradução, notas e posfácio Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.

_____. O Nascimento da Tragédia ou Helenismo e Pessimismo. Tradução, notas e posfácio: J. Guinsburg. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.

_____. Sämtliche Werke. Kritische Studienausgabe in 15 Bänden. Herausgegeben von Colli und Montinari. Berlin/ München: Walter de Gruyter/ DTV, 1988.

_____. Sobre Verdade e Mentira. Tradução e organização de Fernando de Moraes Barros. São Paulo: Hedra, 2008.

SANTNER, Eric L. In: HÖLDERLIN, Friedrich. Hyperion and selected poems. Edição de Eric L. Santner. Continuum. New York, 1990.

SCHOPENHAUER, Arthur. O Mundo como vontade e representação. 1º tomo. Tradução, apresentação, notas e índices de Jair Barboza. São Paulo: Editora Unesp, 2015.

WOTLING, Patrick. Nietzsche e o problema da civilização. Tradução de Vinicius de Andrade ; revisão técnica Maria Aparecida Correa-Paty. São Paulo: Editora Barcarolla, 2013. – (Sendas & veredas).

Downloads

Publicado

17-02-2023 — Atualizado em 19-02-2023

Versões