O espírito cômico no pensamento de Nietzsche
DOI:
https://doi.org/10.47456/en.v15i1.43736Palavras-chave:
Desmascaramento, Genealogia, Metafísica, Riso, FicçãoResumo
O presente estudo busca oferecer uma interpretação da filosofia nietzscheana, explicitando, fundamentalmente, o papel do espírito comediante na elaboração de sua crítica da cultura. Desse modo, exploramos a crítica ao pensamento socrático-platônico, uma vez que esse pensamento – que se encontra na base de todo o Ocidente – acabou por invadir as mais diversas esferas da vida humana, tais como a arte, a ciência e a filosofia. Tal hegemonia, para Nietzsche, representa o processo de decadência da civilização, uma vez que tal pensar, longe de emergir de uma livre inventividade dionisíaca, nasce de uma necessidade de segurança de base. Institui-se, então, um modo de pensar que privilegia o que é estável e ideal, escamoteando o aspecto sensível e transitório da vida humana. É nesse contexto, então, que a experiência do sátiro comediante deve ser evocada. Para que se acesse essa experiência, entretanto, é necessário que o pensamento supere a moral de rebanho ensinada pela tradição, desmascarando-a e, por fim, instaurando o pensamento genealógico do espírito livre que, encarando o existir como um constante processo de criação ficcional, ama incondicionalmente a vida tanto em seu caráter luminoso como doloroso. A pretensão de se encontrar a “verdade” – juntamente com a atitude austera que lhe acompanha – é então abandonada, abrindo espaço para a atitude do sátiro que, transpassado pelo espírito da comédia e da dança, institui ficções úteis à vida.
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