O corpo dionisíaco e a embriaguez transfiguradora (Verklärungsrausch)
DOI:
https://doi.org/10.47456/an7dhw22Palavras-chave:
Nietzsche, Estética dionisíaca, Embriaguez, Jogo, TransfiguraçãoResumo
O artigo parte da noção nietzschiana de que o dionisíaco é um “jogo com o jogo” — uma duplicação performativa da embriaguez (Rausch) — que embaralha os polos ativo e passivo no processo artístico, desfazendo a cisão entre criação e recepção, êxtase e reflexão. A embriaguez dionisíaca, enquanto transfiguração afetiva e corporal, instaura uma experiência intensiva em que se conjugam lucidez e delírio, dor e forma, consciência e vertigem. A partir da análise do coro trágico e da dinâmica entre apolíneo e dionisíaco, o texto explora o conceito de Verklärungsrausch como núcleo vital da arte trágica, contrapondo-o ao niilismo racional do socratismo estético. A tragédia é pensada como evento corporal de descarga mimético-afetiva, no qual a obra emerge como visão transfiguradora do sofrimento, seduzindo à vida por meio de uma estética não metafísica, mas ritual, performativa e visionária.
Referências
BARROS, Fernando Ribeiro de Moraes. O pensamento musical de Nietzsche, 2005. Tese (Doutorado) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005 (Acesso em: 25 abr. 2025).
BÖNING, Thomas. „‘Das Buch eines Musikers ist eben nicht das Buch eines Augenmenschen‘. Metaphysik und Sprache beim frühen Nietzsche“ In: Nietzsche-Studien, vol. 15, nº 1 (1986), p. 72-106.
BÖNING, Thomas. Metaphysik, Kunst und Sprache beim frühen Nietzsche. (Monographien und Texte zur Nietzsche-Forschung; Bd. 20), Berlin / Boston: Walter de Gruyter, 1988.
CASSIN, Barbara; LICHTENSTEIN, Jacqueline; THAMER, Elisabete. “Catharsis” In: CASSIN, Barbara (ed.). Dictionary of untranslatables: a philosophical lexicon. Tradução editada por Emily Apter, Jacques Lezra e Michael Wood. Princeton: Princeton University Press, 2004, p. 126-128.
CELESTINI, Federico. „Nietzsches Ästhetik der Intermedialität“ in: Schmidt, Matthias e Stollberg, Arne (eds.). Das Bildliche und das Unbildliche. Nietzsche, Wagner und das Musikdrama. Paderborn: Wilhelm Fink, 2015.
CELESTINI, Federico. Nietzsches Musikphilosophie. Zur Performativität des Denkens. Paderborn: Wilhelm Fink, 2016.
DÄRMANN, Iris. „Rausch als ‚ästhetischer Zustand‘“ in: Nietzsche-Studien, vol. 34, no. 1, 2005, p. 124-162.
HEINZE, Theodor. „Kathartik“ in: Der Neue Pauly: Enzyklopädie der Antike (vol. 6: Iul–Lee), Stuttgart: Verlag J.B. Metzler, 1999, p. 351-354.
LOVE, Frederick R. Young Nietzsche and the Wagnerian Experience. Chapel Hill 1963.
MITTENZWEI, Werner. „Katharsis“ in: Ästhetische Grundbegriffe: Historisches Wörterbuch in sieben Bänden (vol. 3), Stuttgart/Weimar: Verlag J.B. Metzler, 2010, p. 245-272.
MÜLLER, Enrico. Die Griechen im Denken Nietzsches, Berlin / Boston: Walter de Gruyter, 2005.
NIETZSCHE, Friedrich. Sämtliche Werke. Kritische Studienausgabe in 15 Bänden (KSA). Giorgio Colli e Mazzino Montinari (ed.), Berlin / München / New York: Walter de Gruyter / Deutscher Taschenbuch Verlag, 1999.
NIETZSCHE, Friedrich. Werke. Kritische Gesamtausgabe (cerca de 40 vols. em 9 subdivisões), organizada por Giorgio Colli e Mazzino Montinari, continuada por Wolfgang Müller-Lauter e Karl Pestalozzi, Berlin / New York: Walter de Gruyter, 1967-.
NIETZSCHE, Friedrich. O nascimento da tragédia, tradução de Paulo César de Souza, posfácio de André Itaparica, São Paulo: Companhia das Letras, 2020.
PLATÃO. Sämtliche Werke. Tradução e introdução de Friedrich Schleiermacher. Hamburg: Felix Meiner Verlag, 1994.
PORTER, James. The invention of Dionysus: an essay on The birth of tragedy. Stanford University Press, 2000.
PORTER, James. “Nietzsche, Tragedy, and the Theory of Catharsis” in: Journal of Theatre and Drama Studies, Vol. 2, nº. 1 (2016) “Catharsis, Ancient and Modern”, p. 201-228.
REIBNITZ, Barbara von. „Vom ‚Sprachkunstwerk‘ zur ‚Leseliteratur‘. Nietzsches Blick auf die griechische Literaturgeschichte als Gegenentwurf zur aristotelischen Poetik“, in: BORSCHE, Tilman; GERRATANA, Federico; VENTURELLI, Aldo (orgs.), „Centaurengeburten“. Wissenschaft, Kunst und Philosophie beim jungen Nietzsche. Berlin / New York: Walter de Gruyter, p. 47-66.
ZIMMERMANN, Bernhard, „Katharsis“ in: Der Neue Pauly: Enzyklopädie der Antike (vol. 6: Iul–Lee), Stuttgart: Verlag J.B. Metzler, 1999, p. 349-351.
ZITTEL, Claus. Selbstaufhebungsfiguren bei Nietzsche, Würzburg: Königshausen & Neumann, 1995.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Marcelo Hanser Saraiva

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Ao submeter o artigo, resenha ou tradução para a Estudos Nietzsche, o autor cede à revista o direito à primeira publicação do texto, mantendo, contudo, o direito de reutilizar o material publicado, por exemplo, em futuras coletâneas de sua obra.



