Editorial

Cláudio Luiz Zanotelli

Universidade Federal do Espírito Santo (UFES)
claudio.zanotelli@ufes.br

As esculturas que ilustram a capa deste número são de autoria de Nilson Camizão, escultor capixaba de talento que imprime forma e substância às sensações do tempo e do espaço.

O artigo de Carlos Hugo Cacéres, Discusiones en torno a la dimensión espacial en las Ciencias Sociales. Un aporte desde la Geografía y la Sociología, faz uma reflexão sobre as dificuldades que a Geografia e a Sociologia têm apresentado para incorporar e integrar as dimensões social e espacial dentro de seus respectivos paradigmas teóricos, o autor realiza uma exposição das reflexões que os dois campos do saber desenvolveram quando tiveram que relacionar essas duas disciplinas, abrindo assim um espaço metodológico diferencial.

O artigo de Jesús García Araque, La dificultad de localizar situaciones de desfavorecimiento social. Aproximación teórica y constatación práctica del problema en una ciudad española, descreve que a falta de consenso sobre como identificar espaços vulneráveis é total. Tanto em relação às definições, quanto em relação às variáveis utilizadas e às metodologias, cada autor determina as que considera adequadas. Supõe-se que não existe método infalível e que todos deixam algum espaço despercebido. Para demonstrá-lo, são revelados erros nas identificações desses espaços em uma cidade espanhola através de trabalho de campo, análise das variáveis utilizadas e da comparação com resultados anteriores.

O artigo de Iafet Leonardi Bricalli Os evangélicos e o dispositivo urbano neoliberal: governando as populações e os territórios urbanos periféricos, estuda o papel desempenhado pelas igrejas evangélicas na periferia da cidade do Rio de Janeiro em relação à governamentalidade neoliberal. Para tanto, a religião é interpretada como um fenômeno de legitimação do poder e o neoliberalismo como uma forma de governo dos indivíduos. Os resultados parciais indicam que algumas igrejas evangélicas são parte de um conjunto heterogêneo e articulado de governamentalidades que o autor chama de dispositivo urbano neoliberal e que inclui modos de subjetivação, militarização, remoção de favelas, tráfico de drogas e milícias.

O artigo de André Rocha Desigualdades territoriais no acesso à água e esgoto nas periferias da Metrópole: o caso da Baixada Fluminense na Bacia do Guandu – RJ, aborda as condições de habitabilidade e vida nas cidades, em especial nas áreas periféricas, marcadas por profundas desigualdades na inacessibilidade de serviços. Ele investiga as redes técnicas de água e esgotamento sanitário em cinco municípios periféricos do Rio de Janeiro, que fazem parte da região conhecida popularmente como Baixada Fluminense, que são marcados pelo paradoxo da inserção em uma das maiores bacias hidrográficas de abastecimento urbano do mundo.

O artigo de Isis do Mar Marques Martins, Geografia da família, aspectos teóricos e abordagens qualitativas: Uma Introdução, nos diz que ainda com poucas referências latino-americanas, o estudo da geografia da família é abrangente e envolve uma série de análises na geografia produzida no chamado Norte Global, a autora propõe uma sistematização dessas análises e a tentativa de superação da maneira ortodoxa de compreender a geografia da família sob a ótica das teorias clássicas e neoclássicas, bem como propõe novas abordagens a partir do contexto brasileiro.

O artigo de Diana Mendonça de Carvalho e José Eloízio da Costa, A importância da agricultura familiar de Itabaiana-SE a partir do censo agropecuário de 2017, analisa a importância da agricultura familiar a partir de dados quantitativos e qualitativos, constatando que o segmento da agricultura familiar do município, apesar de enfrentar dificuldades, se destaca na produção de lavouras temporárias e na pecuária, agregando algumas características modernizantes e integração econômica com as demandas urbano-regionais, corroborando por situar Itabaiana como centro de comercialização agrícola.

O artigo de Lara d’Assunção dos Santos, As fotografias das viagens de campo do IBGE na Revista Brasileira de Geografia (1939-1968): uma análise quantitativa, estuda as fotografias das expedições, excursões e trabalhos de campo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que circularam na Revista Brasileira de Geografia (RBG) entre 1939 e 1968. O objetivo dos trabalhos de campo consistia em identificar aspectos da realidade brasileira até então desconhecidos, atividade realizada por meio dos métodos de pesquisa utilizados por instituições e sociedades geográficas internacionais, o artigo realiza uma análise quantitativa de todas as fotografias e imagens a fim de identificar os momentos em que o IBGE utilizou as fotografias com mais veemência entrelaçando-os à história do Brasil, do Instituto e da Geografia.

O artigo de Agostinho Prado Alves Junior e Luciano Nardini Gomes, Acurácia de pontos de projeção cartográfica de ortofotos obtidas com Aeronave Remotamente Pilotada (RPA), avalia a acurácia posicional de pontos de projeção cartográfica em ortofotos obtidas de sensor a bordo de aeronaves remotamente pilotadas utilizando pontos de apoio no georreferenciamento das imagens. A avaliação da acurácia foi realizada a partir da análise de tendência e precisão, sendo os resultados classificados conforme o Padrão de Exatidão Cartográfica dos Produtos Cartográficos Digitais (PEC-PCD) para a escala 1:1.000.

Por fim, a nota de pesquisa de Athila Lima Kzam, Parauapebas em dois tempos: perspectivas teóricas e evidências empíricas de um professor-pesquisador, expõe trabalhos de campo exploratórios e entrevistas semiestruturadas realizadas em Parauapebas, sudeste do estado do Pará, num intervalo de 15 anos entre elas. Relata impressões e reflexões, desenvolvidas com base em perspectivas teóricas e evidências empíricas dessa porção do espaço geográfico amazônico, fortemente influenciada pela mineração na Serra dos Carajás.

Boa leitura!