TRANSMASCULINIDADES E A FORMAÇÃO DE REDE COMO COGESTÃO DOS DADOS ON-LINE

CONVERSAS COMPARTILHADAS SOBRE GÊNERO E SUBJETIVIDADE NO FACEBOOK

Autores

  • Sérgio Rodrigo da Silva Ferreira Universidade Federal da Bahia

Palavras-chave:

tecnologia digital, comunicação on-line, subjetividade, transmasculinidade, gênero

Resumo

Propomos relacionar o entendimento de si enquanto sujeito generificado de homens trans e sua relação com a tecnologia no processo de escrita de si na ambiência digital e de relacionar-se com o outro nesses espaços, levando em conta suas possibilidades técnicas. Objetiva-se apresentar os atravessamentos discursivos entre as negociações de se colocar como sujeito on-line possuidor de um gênero e ações de (des)indexação e gerenciamento de sociabilidades naquele ambiente digital. Por meio de conversas on-line (entrevistas semiestruturadas) com usuários transgêneros do Facebook é que se chega a um entendimento de passabilidade – ser lido como sujeito cisgênero (aquele que se identifica com o gênero que lhe foi atribuído) – e como ela articula os dispositivos do gênero na rede social. Assim são apontados como estratégia de gestão de dados a ocultação de fotos, exclusão de postagem por mudança de posicionamento, exclusão de perfil em rede social antes da transição, inclusive porque os sistemas não permitiam troca de nome, evitar ser fotografado, bloquear e excluir pessoas transfóbicas, escrita de texto pedindo respeito e controle de acesso aos conteúdos. Os resultados levam a processos de desindexação de dados dos resultados na busca de redes sociais online e negociações na cogestão dos limites da privacidade na qual procura-se constituir uma rede com pessoas de perfil similar em relação a opiniões e posicionamentos. Assim, temos homens que nos ambientes digitais vivem sua transgeneridade com pessoas que a respeitam nas quais o apagamento desse aspecto de suas vidas não se torna necessário.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ÁVILA, S. N.. FTM, transhomem, homem trans, trans, homem: A emergência da transmasculinidades no Brasil contemporâneo. Tese (Doutorado em Interdisciplinar em Ciências Humanas) - Universidade Federal de Santa Catarina. 2014.

BAZZICALUPO, L.. Biopolítica: um mapa conceitual. São Leopoldo: Ed. Unisinos, 2017.

BOYD, D.. Social Network Sites as Networked Publics: Affordances, Dynamics, and Implications. In: PAPACHARISSI, Z. (org.). A Networked Self: Identity, community and culture on social network sites. New York: Routledge, 2011. p. 39–58.

DERLEGA, V. J.; CHAIKIN, A. L. Privacy and Self-Disclosure in Social Relationships. Journal of Social Issues, 33(3), 102–115. 1977.

DUQUE, T. Gêneros Incríveis: um estudo sócio-antropológico sobre as experiências de (não) passar por homem e/ou mulher. Campo Grande: Editora UFMS, 2017.

FERREIRA, S. R. S.. O Direito ao Manejo dos Próprios Dados, a Autodeterminação e a Passabilidade Trans: diálogos a partir de um relato. In: Seminário Internacional Enlaçando Sexualidades, 2017, Salvador. Anais do Enlaçando, 2017. v. 1. p. 1-11.

FERREIRA, S. R. S.. A questão trans e o direito ao manejo dos próprios dados na rede: um relato exploratório narrativo e um mapeamento de relação-objeto. In: Seminário Discente do PósCom (ComDis), 2018.

FERREIRA, S. R. S.; NATANSOHN, L. G. Digitalização de Si: algumas contribuições teóricas para entender o corpo em ambientes digitais In: Congresso Internacional em Humanidades Digitais, 2018, Rio de Janeiro.

FOUCAULT, M.. A Escrita de Si. In: FOUCAULT, M. O que é um ator? Lisboa: Passagens, 1992. P. 129-160.

GALOFRE, P..Pasar, ¡qué complicado!. Pikara Magazine. 24 mai. 2014. Disponível em http://www.pikaramagazine.com/2014/05/pasar-que-complicado/. Acesso 20 nov. 2018.

HARAWAY, D. J.. Manifesto Ciborgue: Ciência, tecnologia e feminismo-socialista no final do século XX . In: TADEU, T. (org.). Antropologia do ciborgue : as vertigens do pós-humano. Belo Horizonte : Autêntica Editora, 2009. p. 33-118.

LAMAS, M. Cuerpo, Sexo y Política. México DF: Ed. Océano, 2014.

PETRONIO, S.. Boundaries of privacy: dialectics of disclosure. Albany: State University of New York Press, 2002.

SOUZA, C. A.; LEMOS, R.. Marco civil da Internet: contrução e aplicação. Juiz de Fora: Editar Editora assocaida Ltda, 2016.

STONE, S. El imperio contraataca. Um manifesto postransexual. In: GALOFRE, P.; MISSÉ, M. (org.). Políticas Trans: una antología de textos desde los estudios trans norteamericanos. Barcelona – Madrid: Editorial Egales, 2015.

STRYKER, S. Prólogo. In: GALOFRE, P.; MISSÉ, M. (org.). Políticas Trans: una antología de textos desde los estudios trans norteamericanos. Barcelona – Madrid: Editorial Egales, 2015.

Downloads

Publicado

25-02-2021