A voluptuosidade da dor de Estêvão: o pessimismo galhofeiro em "A mão e a luva", de Machado de Assis

Autores

  • Vitor Cei Universidade Federal de Rondônia

Resumo

O artigo propõe uma análise do segundo romance de Machado de Assis, A mão e a luva, com base no novo conceito de “pessimismo galhofeiro”. O objetivo é argumentar que o narrador se apropria do pessimismo schopenhaueriano para fazer galhofa do suicídio romântico como tentativa de fugir da dor da vida. Reivindicamos que o romântico personagem Estêvão, ao sentir a “voluptuosidade da dor”, estabelece um horizonte próprio de discussão sobre o pessimismo oitocentista, com a pena da galhofa, numa simbiose entre o sério e o cômico. Assim, oferecemos uma contribuição para uma renovada compreensão das dimensões literária e filosófica de A mão e a luva.

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Biografia do Autor

Vitor Cei, Universidade Federal de Rondônia

Doutor em Estudos Literários pela UFMG. Professor do Departamento de Línguas Vernáculas da Universidade Federal de Rondônia e líder do grupo de pesquisa Ética, Estética e Filosofia da Literatura.

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