MULHERES, TRÂNSITOS E PERTENCIMENTO: ANÁLISE DE UMA GEOGRAFIA DAS DESIGUALDADES (2019), DE DAY RODRIGUES
Palavras-chave:
Cidade, Documentário, Teoria FeministaResumo
Este artigo tem por objetivo analisar as estratégias técnicas, estéticas e de ressignificação da ação feminina nos espaços urbanos das cidades brasileiras, apoiando-se no quadro teórico da teoria feminista contemporânea e tendo como objeto de estudo e de análise o documentário “Uma geografia das desigualdades”, de Day Rodrigues (2019), com realização da Oxfam Brasil. A obra aborda como as delimitações de território dos grandes centros urbanos refletem e reforçam cada vez mais a exclusão social e propõe discussões sobre o assunto a partir das vivências e questionamentos de personagens que vivem a cidade, como Joice Berthi, mulher negra, arquiteta e urbanista. O documentário aborda ainda como as relações de poder se dão no âmbito coletivo e de que maneira isso afeta os grupos marginalizados, fazendo recorte de mulheres. Nesse cenário, as mulheres negras e não negras se encontram vulneráveis e em situação de exclusão, principalmente quando transitam nos espaços urbanos, em que seus corpos deixam de serem seus para serem coletivos, para o deleite do olhar do outro. A ocupação dos centros urbanos por corpos de mulheres negras e não negras se torna um ato político ao passo em que as interdições implícitas a esses sujeitos se dão diariamente ao se transitar por estes espaços. O conservadorismo e o patriarcado andam juntos reforçando a exclusão feminina dos espaços públicos. Apoiando-se, principalmente, nas discussões abordadas na bibliografia de Djamila Ribeiro, Bell Hooks, Rogério Haesbaert e Silvana Oliveri, pretendeuse, a partir de uma ótica multidisciplinar, embasar teoricamente as questões apresentadas. A metodologia utilizada é a da análise fílmica e visa-se, também, expor a ação do cinema enquanto ferramenta de debate sobre questões de gênero.
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