Revista Gestão & Conexões
Management and Connections Journal
Vitória (ES), Vol. 13, n. 2, mai./ago. 2024.
iSSn: 2317-5087
Doi: https://doi.org/10.47456/regec.23175087.2023.13.2.42798.134.156
Artigo submetido em: 31.10.2023 Aceito em: 02.01.2024 PublicAdo em: 01.05.2024
Sentidos e Significados do Trabalho na Percepção de
Trabalhadores Multissetoriais
RESUMO
O trabalho caracteriza-se como elemento central na vida do homem e a importância de seu
significado confronta-se com a incoerência de condições laborais degradantes. O objetivo deste estudo
é analisar como empregados pertencentes a diferentes setores produtivos e níveis de estabilidade
percebem aspectos relacionados à precarização das suas condições de trabalho. Trata-se de uma
pesquisa qualitativa realizada através de entrevistas semiestruturadas com dezesseis trabalhadores
de três categorias distintas: servidores públicos, industriários e motoristas de aplicativo. Os resultados
apontam diferenças significativas sobre a percepção das condições de trabalho para os três grupos
analisados, onde estrutura física deficiente, escassez de recursos, problemas de segurança pública
da cidade e carência de suporte e infraestrutura da empresa foram alguns dos principais elementos
evidenciados pelos participantes. Este estudo concluiu que mais políticas públicas e legislativas devem
ser criadas visando a proteção e defesa do trabalhador reduzindo a degradação e precarização das
suas condições de trabalho.
Palavras-chave: Condições de trabalho; Precarização do trabalho; Trabalhadores multissetoriais;
Sentidos e significados do trabalho.
ABSTRACT
Work is characterized as a central element in man’s life and the importance of its meaning is
confronted with the incoherence of degrading working conditions. The objective of this study is to
analyze how employees belonging to different productive sectors and levels of stability perceive aspects
related to the precariousness of their working conditions. This is a qualitative research carried out
through semi-structured interviews with sixteen workers from three different categories: public servants,
industrial workers and app drivers. The results point to significant differences in the perception of working
conditions for the three groups analyzed, where poor physical structure, scarcity of resources, public
safety problems in the city and lack of company support and infrastructure were some of the main
elements highlighted by the participants. This study concluded that more public and legislative policies
must be created aiming to protect and defend workers, reducing the degradation and precariousness
of their working conditions.
Keywords: Work conditions; Precariousness of work; Multisectoral workers; Senses and
meanings of work.
Senses and Meanings of Work in the Perception of Multisectoral Workers
Valéria Araújo Furtado
Universidade Federal do Ceará
valeriappac@gmail.com
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-2606-8719
Ana Paula Moreno Pinho
Universidade Federal do Ceará
ana.pinho@ufc.br
ORCID: https://orcid.org/0000-0001-9671-8559
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Introdução
O contexto de trabalho brasileiro, atualmente, é caracterizado por uma profunda
transformação dupla e incoerente, determinada, de um lado, pelo importante significado
atribuído ao trabalho pelo indivíduo (Do Nascimento et al., 2019) e, do outro, pela
insegurança no emprego devido ao desenvolvimento da flexibilidade do trabalho,
aumento do desemprego, por muitas vezes sem jornadas pré-estabelecidas, sem
remuneração fixa ou atividade pré-determinada (Antunes, 2018). Antunes e Filgueiras
(2020) destacam que se vive no Brasil um momento de contradição no capitalismo
contemporâneo, tendo em vista o surgimento de novas formas de trabalho, entretanto,
descortinando a perceptível e crescente falta de limites a sua exploração, assim como
à precarização de suas condições.
Segundo Cezário e De Araújo (2021) e Krein et al. (2018), este contexto
vem acompanhado pela falta de opção de outras formas de trabalho, associada
à necessidade de obtenção imediata de renda para sobrevivência, nos quais os
elementos centrais das relações de emprego apresentam uma flexibilidade histórica,
expressa em um mercado de trabalho pouco estruturado.
Cezário e De Araújo (2021) ainda destacam que a instabilidade das relações
de trabalho é apenas um dos fatores decorrentes da constante troca de mão de obra
no qual o Brasil encontra-se imerso. Já para Antunes (2011), o país está entregue
a um significativo e intenso processo de informalização e precarização da classe
trabalhadora e o trabalho mais formalizado vem gradativamente sendo substituído
pelas mais variadas formas de informalidade laboral, o que configura maneiras distintas
e diferenciadas de precarização.
Desta forma, De Freitas, Rostas e Rostas (2022) destacam que a precarização do
trabalho é um fenômeno multidimensional e representa o maior desafio das sociedades
contemporâneas, correspondendo à degradação das condições de trabalho e emprego,
e é utilizado com mais frequência em relação ao trabalho informal, na qual extrapola
a condição de informalidade e atravessa o processo de trabalho como um todo
(Abílio, Amorim & Grohmann, 2021). Abílio (2017, 2020) destaca que uma das mais
emergentes formas de precariedade do trabalho disfarçada de assalariamento diz
respeito ao fenômeno da uberização, no qual o trabalhador parecer ter total liberdade
sobre o seu trabalho, gerando uma falsa sensação de autonomia, porém esta realidade
é configurada por uma relação de trabalho desregulada e desobrigada de vínculos
empregatícios, onde as empresas aparecem como meras mediadoras entre a oferta
de trabalho e a procura de serviços.
Por outro lado, formas de precarização das condições de trabalho também
se tornaram normalizadas mesmo em setores e atividades que costumavam ser
vistos como seguros (Forkert & Lopes, 2015) como percebe-se em um serviço
público gradativamente prejudicado pela ausência de investimentos e no aumento
desregrado da terceirização (Braunert & Figueiredo, 2021; Druck, 2016). Desta forma,
a instabilidade e insegurança no trabalho, particularidades específicas que eram
observadas anteriormente em atividades laborais de pouca qualificação (Antunes,
2020), aplicam-se também ao trabalho qualificado, no qual assume um caráter estrutural
a todo o contingente de profissões (Previtali & Fagiani, 2020).
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Desta maneira, uma das principais contribuições desta pesquisa trata-se da
relevância de examinar as condições laborais em setores distintos e as inúmeras
consequências que ele outorga tanto para os empregados como para suas famílias e
sociedade, já que este é intimamente ligado a outros eventos sociais, econômicos e
políticos. Assim, deseja-se o fortalecimento de políticas públicas que visem à proteção
do trabalhador coibindo a degradação das suas condições de trabalho. Ademais, há
de destacar-se que o trabalho precário produz insegurança e volatilidade econômica
para indivíduos e lares (Kalleberg, 2009). Este estudo também busca preencher
uma lacuna de estudos empíricos qualitativos nacionais elaborando um paralelo
sobre os significados e as condições do trabalho entre categorias de trabalhadores
imersos em contextos laborais diferentes, quais são: servidores públicos, industriários
e trabalhadores da economia compartilhada.
Desta forma, ante o exposto, aflora-se a pergunta desta pesquisa: Como
empregados pertencentes a diferentes contextos laborais percebem aspectos relativos
à precarização das condições de trabalho nos quais são submetidos?
Para tanto, este estudo tem como objetivo geral analisar como empregados
pertencentes a diferentes setores produtivos e níveis de estabilidade percebem
aspectos relacionados à precarização das suas condições de trabalho. Deste modo,
para atingir o objetivo proposto este artigo foi dividido em seis partes, iniciando-se por
esta introdução. Na segunda e terceira partes são apresentadas breves considerações
sobre os temas – sentidos e significados do trabalho e precarização. Na quarta, é
apresentada a metodologia, seguida pela quinta parte onde são evidenciados os
resultados e a discussão. Por fim, são apresentadas as considerações finais com a
análise geral dos achados do presente estudo.
Sentidos e significados do trabalho
O âmbito do trabalho foi uma das esferas que sofreu maior impacto com a
globalização do capital, atingindo inúmeras questões, sobretudo, no que se refere
ao trabalhador (Lima, 2020). Para se compreender como configura-se atualmente a
nova forma de ser do trabalho e da classe trabalhadora, é necessário partir de uma
concepção ampliada do que seja esta categoria, tendo em vista que ela compreende
a totalidade de assalariados e indivíduos que se sustentam a partir da venda de sua
força de trabalho (Antunes & Alves, 2004).
Desta forma, é evidente que a globalização proporciona inúmeros ganhos,
inclusive a diversas configurações de trabalho existentes, ganhos esses que resultam
do intercâmbio cultural, da troca de experiências entre profissionais e organizações,
do convívio com a realidade mundial, do fluxo e rapidez da informação, além da
utilização da tecnologia e seus avanços que dão suporte aos processos de trabalho.
Porém, diante das transformações que esse cenário sinaliza, enxerga-se, nesse
contexto globalizado, impactos dos mais diversos tipos nos campos do cenário produtivo
mundial e nas práticas de trabalho, bem como nas relações entre empregadores e
empregados, vínculos estes que se configuram como tema recorrente de discussões
nesse contexto (Pinho, 2009).
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Assim, segundo Sato (2010), o trabalho é considerado um elemento central na
vida do homem e exerce tanto influências na área profissional como pessoal. Desta
forma, trata-se de um fenômeno amplo que pode assumir diferentes concepções nas
quais variam entre significados positivos ou negativos para os indivíduos. Isto posto,
a forma como os indivíduos, fundamentados pelas suas vivências e percepções,
compreendem e conceituam a própria atividade laboral é representada pelo fenômeno
caracterizado como “sentidos e significados do trabalho” (Nunes et al., 2019).
Para Souza e Molin (2014) os sentidos atribuídos ao trabalho estão relacionados
ao provimento da sobrevivência, autonomia, independência, integração social e
realização pessoal. Já Salanova et al. (1996) destacam que a maioria das funções
do trabalho corresponde a uma valorização positiva que este proporciona ao indivíduo,
além de um lugar na sociedade, prestígio social, autorreconhecimento, respeito,
oportunidade de adquirir e desenvolver habilidades, aquisição de recursos essenciais
à sobrevivência, poder e controle sobre outras pessoas, informações e conhecimentos.
O estudo de Bastos, Pinho e Costa (1995) estudou o significado do trabalho
entre sujeitos pertencentes a vinte organizações formais da região metropolitana
de Salvador, Bahia. Os resultados referentes aos requisitos valorizados do trabalho
demonstraram que diversos fatores relacionados à atividade laboral podem representar
aspectos que os tornam mais atraentes para os indivíduos, agindo como fatores
motivacionais ou fontes de satisfação. Bastos, Pinho e Costa (1995) verificaram que
realização pessoal e rendimentos foram os produtos que receberam maiores escores.
Já Do Nascimento et al. (2019) estudaram o sentido do trabalho para agentes
funerários, abordando suas três dimensões: individual, organizacional e social. Seus
resultados apontaram que, apesar das dificuldades e limitações inerentes à profissão,
os agentes funerários encontram sentido em seu trabalho, principalmente vinculado
ao reconhecimento, possibilidade de desenvolvimento, sobrevivência, independência
financeira, utilidade do seu trabalho para a sociedade e relações interpessoais.
A pesquisa de Nunes et al. (2022) sobre sentidos e significados do
trabalho de servidores públicos docentes e técnico-administrativos de uma universidade
federal revelou a predominância de sentidos positivos que relacionaram o trabalho a
sua função social, ao orgulho da instituição, ao gostar do que se faz e a possibilidade
de crescimento profissional e/ou pessoal. Em contrapartida, os sentidos negativos
apareceram associados à precarização do trabalho e desvalorização do docente.
Diante do exposto é possível perceber que o trabalho é categorizado como
uma atividade central na vida dos indivíduos e suas concepções estão diretamente
ligadas, além da provisão da subsistência, à aspectos como integração social e
realização pessoal.
Precarização do trabalho num país de antagonismos
De acordo com Duarte (2016), o cenário de instabilidade no mercado de trabalho
brasileiro caracteriza-se como uma consequência do padrão de desigualdade imposto
pelas instituições e pela acumulação capitalista, refletindo-se em empregos precários
e níveis salariais aquém do patamar de subsistência. O autor ainda destaca que
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esta instabilidade ganhou força e forma com o fenômeno da informalidade, quando
emergiu em escala mundial.
Assim, o precariado é constituído por aqueles indivíduos que se encontram em
formas de trabalho precárias, que não possuem segurança e nem garantias no trabalho
e emprego (Standing, 2013), caracterizando uma nova fase de desconstrução do
trabalho sem precedentes, aumentando os diversos modos de ser da informalidade e
da precarização do trabalho (Antunes & Druck, 2015), representando um dos maiores
desafios das sociedades contemporâneas (De Freitas, Rostas e Rostas, 2022). Desta
forma, Trovão e Araújo (2018) destacam que, nesse contexto, o poder das empresas
ganhou ainda mais força, o que criou condições claramente desfavoráveis em termos
de inserção produtiva para os detentores da força de trabalho.
Portanto, no serviço público também tem sido estudadas possibilidades de
precarização. Castel (2003) salienta, em seus estudos, o fenômeno da precarização da
classe trabalhadora caracterizada como estável, ou seja, a fragilização e vulnerabilidade
que ocorre mesmo àqueles trabalhadores que possuem um vínculo empregatício regular
e constante. Deste modo, evidências da precarização no serviço público brasileiro
são claramente expressas pela ausência de reajuste salarial, o crescimento das
formas variáveis de remuneração, ampliação do quadro de funcionários temporários
e terceirizados e a postura autoritária em relação às organizações sindicais (Braunert
& Figueiredo, 2021; Druck, 2016; Gomes et al., 2012).
Assim, Druck (2016) ressalta que a natureza social da precarização do trabalho
no serviço público possui significativa singularidade: por tratar-se de uma força de
trabalho cujo valor de uso resulta em produzir bens públicos e, deste modo, servir à
sociedade, o seu rebaixamento ou sua redução culminam em implicações diretas e
visíveis ao conjunto da sociedade.
Entretanto, apesar de todo um discurso em prol da flexibilidade e das perdas
evidentes, o trabalho no setor público continua atraente, mesmo que em condições
menos favoráveis geradas pela perda de alguns direitos e benefícios, tendo em
vista que ainda se identifica um significativo número de candidatos empenhados em
vencer a disputada corrida por um emprego seguro no serviço público (Gomes et
al., 2012). Deste modo, Oliveira et al. (2021) analisaram em seu estudo a percepção
de servidores de uma Fundação Pública sobre a estabilidade e possibilidades de
flexibilização. De acordo com seus resultados, os autores puderam afirmar que os
servidores públicos são favoráveis à estabilidade do vínculo empregatício e que a
consideram como um fator atrativo, associando a estabilidade mais a fatores positivos
em detrimento de negativos.
Antunes (2009) destaca que, desde o início da reestruturação produtiva do capital,
está ocorrendo uma tendência à redução do proletariado fabril, industrial, tradicional
e especializado. Dando lugar a formas desregulamentadas de labor, reduzindo o
contingente de trabalhadores estáveis, estruturados através de empregos formais,
ampliando a aceitação por modalidades de trabalho precarizados provenientes da
terceirização e subcontratação.
Neste mesmo sentido, Ciambalista (2006) evidencia que o trabalho da indústria,
sobre o sistema de produção flexível, exige dos funcionários um ritmo de trabalho
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intensificado, repetitivo e, por vezes, entediante; reforçado pela pressão psicológica,
pela velocidade do trabalho, pela solicitação constante demandada por pares e
superiores, exigência de metas de produção a serem cumpridas, pressão em termos
de exigências de qualidade e, por fim, produtividades individual e grupal, onde as
condições de trabalho nem sempre são as melhores. De Almeida et al. (2017), Choi
et al. (2017) e Maimaiti et al. (2019) ainda destacam o surgimento de patologias
muscoesqueléticas provenientes do trabalho no ambiente industrial evidenciando
aspectos precarizantes também neste setor produtivo.
Todavia, no outro extremo da precarização encontra-se o fenômeno da uberização,
marcado pela instabilidade, insegurança, imprevisibilidade de horas a cumprir, ausência
de direitos assegurados e no qual o indivíduo deve estar online para atender ao trabalho
intermitente (Antunes, 2018). Portanto, Abílio (2020) salienta que a uberização do
trabalho define uma tendência em curso que abrange diferentes setores da economia,
tipos de ocupação, níveis de qualificação e rendimento e condições de trabalho.
Assim, na uberização os custos e parte do gerenciamento do trabalho é transferido
para o próprio indivíduo, desta forma, percebe-se uma clara desobrigação das
organizações na proteção e garantias sobre esses trabalhadores, fazendo desvanecer
das relações de trabalho direitos historicamente conquistados ao ser vendida para os
indivíduos uma falsa ideia de autonomia e liberdade, na qual o trabalhador uberizado
inicia sua jornada sem qualquer garantia sobre sua carga de trabalho, remuneração
e o tempo necessário para obtê-la, tendo em vista que seu trabalho é remunerado
na exata medida da demanda (Abílio, 2020).
Desta forma, ao analisarem em sua pesquisa o trabalho dos motoristas de Uber
sob o enfoque da precarização, a fim de verificar se esse possui características de um
trabalho precário, André et al. (2019) constataram que o trabalho dos motoristas de
aplicativo pode ser compreendido como precário, tendo em vista que o único vínculo
estabelecido entre esses e a empresa é representado por um cadastro no aplicativo,
portanto não há qualquer direito, benefício ou auxílio fornecido pela organização. Os
autores ainda salientam que, em sua maioria, os indivíduos entrevistados conseguem
identificar seus trabalhos como precários à medida que o reconhecem pela jornada de
trabalho excessiva, exploração e baixa remuneração; revelando suas compreensões
de um trabalho degradante por razões que não estão no seu domínio.
Em sua pesquisa Silva (2019) destaca que a uberização se apresenta como um
caminho aparentemente rápido e fácil para conseguir algum tipo de remuneração, no
entanto caracteriza-se como uma prática mascarada, na qual o trabalhador é submetido
às jornadas exaustivas, onde arca com todos os custos advindos da própria atividade
laboral. A autora ainda destaca que a cada dia a uberização mostra estender-se
também ao setor público.
Diante do exposto, percebe-se que o movimento oscilante do mercado de trabalho
varia-se crescentemente entre a perenidade de um trabalho cada vez mais reduzido,
intensificado e explorado, dotado de direitos, e, de outro lado, uma superfluidade
crescente, provocadora de trabalho precarizado e informalizado, como via de acesso
ao desemprego estrutural. Em outras palavras, trabalho mais qualificado para um
grupo a cada dia menor e um labor cada vez mais instável e debilitado para um
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conjunto ainda mais ampliado de indivíduos (Antunes, 2011). Desta forma, Fonseca
et al. (2021) ressaltam o quanto a substituição dos vínculos de trabalhos formais
e estáveis por relações flexíveis impactam diretamente na sociedade e na vida do
indivíduo como um todo, reduzindo gradativamente o acesso a direitos trabalhistas
até então historicamente conquistados, o que sugere aumentar a precarização das
relações de trabalho.
Metodologia
Esta pesquisa se caracteriza como qualitativa, descritiva e exploratória (Collis
& Hussey, 2005) e adotou a análise de conteúdo como método de análise dos dados
(Bardin, 2011) onde os indivíduos foram escolhidos por meio da técnica de “Bola
de Neve” (Biernacki & Waldorf, 1981). Para a coleta de dados, foram realizadas
entrevistas semiestruturadas com dezesseis trabalhadores pertencentes a três setores
organizacionais da cidade de Fortaleza/Ceará: serviço público (6 entrevistados);
indústria (5 entrevistados); e indivíduos que trabalham na economia compartilhada
(5 entrevistados). Há de se destacar que quatro dos servidores públicos trabalham
na esfera federal e dois na esfera municipal e que todos os motoristas de aplicativo
que participaram da entrevista trabalham para a empresa Uber.
O roteiro de entrevista foi organizado com base em perguntas que questionavam
as condições de trabalho e abordava a percepção sobre o que o trabalho proporcionava
àqueles trabalhadores. Mais especificamente perguntou-se aos entrevistados: “O que
o seu trabalho proporciona a você neste momento?” e “Como você avalia as condições
de trabalho às quais é submetido?” Por se tratar de um roteiro semiestruturado, o
entrevistador se sentiu livre para acrescentar questionamentos relacionadas às duas
perguntas norteadoras do roteiro, a fim de complementar ou tirar dúvidas sobre o
conteúdo emitido pelos entrevistados.
As entrevistas com os servidores públicos e industriários foram realizadas nas
próprias organizações onde os sujeitos trabalham, já as entrevistas com os motoristas
de aplicativo ocorreram no intervalo do trabalho.
Conforme Mason (2010), pesquisadores qualitativos não se devem preocupar
com generalizações em sua pesquisa, mas sim em aprofundamentos. Desta forma,
o critério principal de escolha da amostra não deve ser numérico, de modo que deve
prevalecer a certeza do autor de que encontrou a lógica interna do seu objeto de
estudo (Minayo, 2017). De tal maneira, nesta pesquisa detectou-se a saturação dos
dados com a quantidade de dezesseis entrevistas.
A escolha de três setores ‒ serviço público, indústria e economia compartilhada
‒ deu-se pela diferenciação entre essas três categorias setoriais no que diz respeito
ao nível de estabilidade no trabalho, o que favoreceu a possibilidade de estudar o
fenômeno em indivíduos que atuam em perfis organizacionais diferentes e, deste
modo, alcançar o objetivo do trabalho.
Ademais, determinou-se que tais trabalhadores deveriam atender ao critério de
ocupar cargos operacionais nas suas respectivas organizações, conforme Quadro 1.
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Quadro 1 - Ocupação dos entrevistados
Categoria Sigla Ocupação
Servidor Público
SP1 Desenvolvedor de Sistemas
SP2 Assistente de Gestão em Educação Superior
SP3 Fiscal de Atividades Urbanas, Controle Urbano e Vigilância
Sanitária
SP4 Policial Rodoviário Federal
SP5 Analista de Sistemas
SP6 Agente Administrativo
Industriário
ID1 Analista de Recursos Humanos
ID2 Analista de Processos
ID3 Executivo de Contas II
ID4 Técnica de Segurança do Trabalho
ID5 Técnico de Estabilidade
Economia
Compartilhada
EC1 Motorista de Aplicativo
EC2 Motorista de Aplicativo
EC3 Motorista de Aplicativo
EC4 Motorista de Aplicativo
EC5 Motorista de Aplicativo
Fonte: Elaborado a partir dos dados da pesquisa.
A codificação e categorização das informações coletadas nas entrevistas tiveram
o auxílio do software ATLAS.ti na sua sétima versão. Também foi utilizado o software
MindManager que auxilia na elaboração de elementos de representação visual.
Resultados e discussões
Neste tópico serão apresentadas as informações resultantes da análise das
entrevistas acerca do fenômeno estudado, o qual foi dividido em duas seções, a saber:
sentidos e significados do trabalho e percepções sobre as condições do trabalho.
Cada sessão foi subdividida de acordo com a categoria de trabalhador analisada
(servidor público, industriário e motorista de aplicativo) e os resultados advindos do
seu estudo especificamente.
Sentidos e significados do trabalho
Sato (2010) destaca que o trabalho é considerado um elemento central na vida
do homem e influi em vários aspectos no cotidiano do indivíduo. Isto posto, trata-se
de um fenômeno amplo que pode assumir diferentes concepções. Desta forma, esta
subseção tem como propósito identificar as percepções relacionadas aos sentidos e
significados e ao que o trabalho proporciona para os sujeitos.
Quando os servidores públicos foram indagados sobre o que o trabalho
proporciona para suas vidas naquele momento, foram identificados seis códigos
mencionados pelos entrevistados, nos quais relataram significados positivos como:
satisfação pessoal e profissional”; “conhecimento”; “sustento da família;
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tranquilidade”; “elevação moral”; e a “possibilidade de outras perspectivas
pessoais e profissionais”, conforme o Quadro 2, e que podem ser representados
por meio do relato dos entrevistados SP2 e SP5, respectivamente:
Conhecimentos, “n” perspectivas, quando a gente trabalha com conhecimento,
com geração de conhecimento e de serviços a partir dele eu acho que isso
nos dá uma perspectiva, diferentes perspectivas pessoais, profissionais
que ao longo dos anos você vai aprendendo, se elevando moralmente,
intelectualmente, espiritualmente, a partir do trabalho que você desenvolve
(Entrevistada SP2).
Primeiro a satisfação de tá trabalhando no que eu me propus a trabalhar, né,
eu gosto de fazer; o sustendo da família que é o principal e relacionamentos,
amizades, eu acho que também é importante você ir pro trabalho e ter com
quem conversar né, é uma outra família que você vai (Entrevistado SP5).
Quadro 2 - O que o trabalho proporciona ao indivíduo - Servidores Públicos.
Categoria O que o trabalho proporciona para o indivíduo
Servidores Públicos
Satisfação pessoal e profissional (3), conhecimento (2),
sustento da família (2), tranquilidade (1), elevação da moral
(1) e outras perspectivas pessoais e profissionais (1).
Fonte: Elaborado a partir dos dados da pesquisa.
Deste modo, tais achados corroboram com o que afirma Salanova et al. (1996),
no qual reiteram que a maioria das funções do trabalho corresponde a uma valorização
positiva para o indivíduo. Tais resultados também coincidem com a pesquisa de
Oliveira et al. (2021), onde verificaram que servidores públicos atribuem à estabilidade
da sua relação de trabalho mais fatores positivos do que negativos; assim como
corroboram com o estudo de Nunes et al. (2022) na qual os servidores públicos
analisados consideraram ao trabalho significados positivos relacionados à possibilidade
de crescimento pessoal e profissional.
Desta maneira, pode-se compreender que o serviço público ainda é uma relação
de trabalho desejada, na qual muitos indivíduos vislumbram adquirir estabilidade e
benefícios acima da média, reforçando a concepção de que no setor privado brasileiro,
sua instabilidade e evidências de precarização afugentam parcela significativa de
talentos que poderiam agregar a este mercado.
Também se percebe que o item “sustento da família” coincide com um dos
principais elementos valorizados no trabalho (rendimentos) verificados nas pesquisas
de Bastos, Pinho e Costa (1995) e Do Nascimento et al. (2019), compreendendo que
o salário constitui fator importante na percepção do que o trabalho proporciona para
os indivíduos, independente no nível de estabilidade no qual estão vinculados em
suas relações laborais.
Já os industriários, ao serem questionados sobre o que o trabalho imprime para
eles neste momento, identificaram-se quatro códigos nos quais todos declararam
que seu trabalho proporciona significados também positivos como: “aprendizado”;
satisfação pessoal e profissional”; “reconhecimento”; e dignidade”, conforme o
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Quadro 3. Há de se destacar que o item reconhecimento, identificado neste estudo,
corrobora com os achados da pesquisa de Do Nascimento et al. (2019), demonstrando
a relevância atribuída pelo trabalhador em ter o esforço do seu trabalho reconhecido
pelos demais.
Quadro 3 - O que o trabalho proporciona ao indivíduo - Industriários
Categoria O que o trabalho proporciona para o indivíduo
Industriários Aprendizado (2), Satisfação pessoal e profissional (1),
reconhecimento (1) e dignidade (1).
Fonte: Elaborado a partir dos dados da pesquisa.
Desta maneira, estes achados podem ser observados nos relatos da entrevistada
ID1 quando esta diz: “Eu vou sempre bater nessa tecla do aprendizado, porque todos
os dias a gente aprende alguma coisa, mesmo que seja repetitivo, você aprende com
a pessoas”, assim como na descrição do indivíduo ID5 quando este fala: “Dignidade
como ser humano, como pai de família, como filho, como marido, me proporciona
condição de agir dentro de uma dignidade, um conforto mínimo”.
Ademais, ressalta-se, que tais elementos positivos também foram identificados nas
falas dos servidores públicos e coincidem com os aspectos que o trabalho proporciona
ao empregado destacados por Salanova et al. (1996) e Souza e Moulin (2014). Este
resultado contraria a inferência de que indivíduos que não experimentam a vivência
da estabilidade empregatícia do serviço público demonstrariam além de aspectos
positivos, fatores negativos referentes ao que o trabalho os proporciona, atestando
que a iniciativa privada oferece atrativos importantes na concepção dos sujeitos,
apesar da instabilidade concedida pelo mercado.
Por fim, os motoristas de aplicativo caracterizam-se como o grupo inserido
no mais acentuado contexto de instabilidade empregatícia entre os demais aqui
analisados, experienciando a informalidade laboral, categorizando-se como a parcela
de trabalhadores sem carteira assinada que se distanciam dos direitos trabalhistas
vigentes no país.
Para este grupo foram identificados nove códigos quando estes foram inquiridos
sobre o que o trabalho propicia para eles no atual momento, todos os sujeitos relataram
que o labor proporciona para eles significados positivos como: “remuneração” e
satisfação pessoal e profissional”, fatores estes que coincidem com os itens
mencionados pelos grupos anteriores. Entretanto, elementos como “flexibilidade de
horário”, “diversão”, “alegria”, “oportunidade de conhecer pessoas”, “oportunidade
de construir amizades”, “oportunidade de conhecer a cidade” e “principal renda
foram itens relatados somente pelos motoristas de aplicativo, conforme o Quadro 4.
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Quadro 4 - O que o trabalho proporciona ao indivíduo - Motoristas de Aplicativo.
Categoria O que o trabalho proporciona para o indivíduo
Motoristas de Aplicativo
Remuneração (2), Satisfação pessoal e profissional
(2), flexibilidade de horário (1), diversão (1), alegria (1),
oportunidade de conhecer pessoas (1), amizade (1),
oportunidade de conhecer a cidade (1) e principal renda (1).
Fonte: Elaborado a partir dos dados da pesquisa.
Desta maneira, alguns desses códigos podem ser representados através das
menções dos entrevistados EC1 e EC5, respectivamente: Me proporciona muita
coisa, além de ser o financeiro, me proporciona satisfação, conhecer pessoas, formas
grupo de amigos, parceiros, conhecer mais a cidade, turistas” e “É renda, é satisfação,
é... eu me sinto bem quando estou dirigindo, eu gosto, não é uma coisa estressante,
pegar um trânsitozinho de vez em quando é meio chato, mas assim, no limiar de tudo
eu me sinto muito bem dirigindo e ganhando dinheiro”.
Ainda há de destacar que alguns destes fatores, como “remuneração e
amizade”, corroboram com os estudos de Bastos, Pinho e Costa (1995) e Do
Nascimento et al. (2019) que também identificaram tais fatores como elementos
valorizados pelos trabalhadores de suas pesquisas.
Em suma, é significativo ressaltar que, apesar de o fenômeno da uberização ser
caracterizado pela ausência de freios legais à exploração do trabalho, legitimando,
inclusive, a transferência de custos e riscos ao próprio trabalhador (Abílio, 2020);
nesta etapa do estudo, observou-se que os motoristas de aplicativo entrevistados
apresentaram uma percepção desprovida de críticas ou entendimento negativo no que
diz respeito ao que o trabalho proporciona para eles no atual momento, mesmo sendo
constituídos como o grupo inserido no maior contexto de instabilidade empregatícia
aqui analisado.
Esta evidência leva a inferir que, apesar da ausência de proteção trabalhista
e da marcante presença de aspectos precarizantes característicos da flexibilização
do trabalho por aplicativo, a atividade de motorista é revestida de alta relevância
por atender às necessidades imediatas dos indivíduos, proporcionando-lhes a
possibilidade de emprego e uma aparente autonomia dentro de um mercado de
trabalho consideravelmente instável como o brasileiro.
Diante do exposto, comprovou-se que os três grupos de trabalhadores aqui
analisados conferiram significados positivos ao que o trabalho proporciona para
eles, corroborando com o estudo de Salanova et al. (1996) e Oliveira et al. (2021).
Entretanto, foram percebidas distinções relevantes entre os grupos, tendo em vista que
somente os servidores públicos mencionaram aspectos relativos à “tranquilidade”,
característica marcante no contexto de indivíduos imersos em contextos de trabalho
mais estáveis, revelando o quanto esse fator constitui-se marcante para essa categoria
de entrevistados. Já fatores como “conhecimento” e “aprendizado” foram pautados
somente pelos servidores públicos e industriários, levando a inferir que os motoristas
de aplicativo não experienciam tais práticas na sua rotina laboral. Dessa forma, seria o
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trabalho como motorista de aplicativo limitador do desenvolvimento do capital humano
dos indivíduos, levando-os a níveis cada vez mais baixos de empregabilidade diante
de um mercado de trabalho tão desafiador?
Ademais, é importante destacar que aspectos como “elevação moral e
dignidade” também foram elementos citados somente pelos servidores públicos e
industriários, o que leva a induzir que são indivíduos que estão com elevada autoestima
em relação ao seu trabalho do mesmo modo que possuem consciência do próprio
valor. Deste modo, compreende-se que uma relação de trabalho mais estável e que,
de certo modo, ampara e favorece mais suporte ao trabalhador propicia a manifestação
dessas características, tendo em vista que os motoristas de aplicativo não citaram
percepções similares.
Contudo, fatores como “alegria” e “diversão” foram citados somente pelos
motoristas de aplicativo. Desta forma, infere-se que os motoristas de aplicativo
tendem a ressignificar o trabalho, por vezes desgastante e instável, tendo em vista
a necessidade de conferir ao seu labor um propósito além do financeiro. Entretanto,
a respeito disso, emerge-se o seguinte questionamento: teria a empresa Uber a
capacidade de vender aos seus motoristas a conveniente ideia de que o engajamento
na plataforma e a prática do trabalho de motorista podem ser vislumbrados como uma
atividade divertida, mesmo com o claro antagonismo de estar imerso em um contexto
significativamente precarizante? Assim, podemos observar a alegria e diversão aqui
relatadas como a possível ideia mascarada de um empreendedorismo irreal, onde
na realidade o trabalhador é encarregado solitariamente da sua atuação enquanto
gere a si próprio ao mesmo tempo em que permanece subordinado aos algoritmos
obscuros da empresa.
Percepções sobre as condições de trabalho
Esta subseção propôs-se a analisar como os indivíduos pesquisados responderam
a questões relativas à condição do trabalho, de acordo com cada categoria. Desta
forma, aqui tem-se a finalidade de explorar as percepções sobre as condições de
trabalho nos quais cada categoria de indivíduo é submetida.
Portanto, verificou-se que para três dos servidores públicos pesquisados
(trabalhadores da área da tecnologia da informação e policial rodoviário federal), as
condições de trabalho são muito “boas e adequadas” e para os outros três (assistente
de gestão em educação superior, fiscal de atividades urbanas e agente administrativo)
são inapropriadas e improdutivas, havendo “carência de recursos para desenvolver
o trabalho” e “estrutura física e ergonômica deficientes”, conforme Figura 1.
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Figura 1 - Percepções sobre condições de trabalho - Servidores Públicos.
Fonte: Elaborada a partir dos dados da pesquisa.
À vista disso, observou-se que mesmo indivíduos pertencentes à mesma categoria
vivenciam diferentes condições de trabalho, evidenciando desigualdades mesmo
entre os servidores públicos, grupo categorizado como de maior nível de estabilidade
neste estudo. Entretanto, é importante destacar que, mesmo não sendo o objeto
deste estudo a comparação entre as esferas públicas e como estas investem em
condições adequadas de trabalho, os três entrevistados que relataram possuir boas
condições laborais tratam-se de servidores públicos da esfera federal, apontando que
esta esfera do serviço público tende a investir em melhores condições de trabalho.
Desta forma, percebeu-se que os indivíduos que consideram suas condições de
trabalho inadequadas e carentes de recursos, em sua maioria são pertencentes à esfera
municipal, assim como foram aqueles que trabalham em atividades administrativas
vinculadas à educação ou na fiscalização de atividades urbanas, impelindo que os
órgãos de educação nos quais são vinculados, bem como o órgão de fiscalização
municipal onde trabalha a entrevistada SP3 não investem em recursos e estruturas
físicas suficientemente, como pode ser observado no seu relato:
Pra você ter uma ideia, na nossa sala o ar-condicionado vive quebrando,
então condições de conforto eles nos dão o mínimo do mínimo pra gente,
a gente até um pouco se sente meio desvalorizado, porque eu duvido que
a sala de um gestor não se conserta um ar-condicionado na hora, então a
gente se sente desvalorizado e desmotivado (Entrevistada SP3).
Portanto, aqui observa-se a fragilização e vulnerabilidade citadas por Castel
(2003) ao ser evidenciado que mesmo aqueles trabalhadores que possuem um vínculo
empregatício regular e constante, como servidores públicos, dispõem de fatores
precarizantes nas suas condições de trabalho.
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Ademais, os sujeitos que desenvolvem suas atividades em organizações de
tecnologia da informação, assim como o entrevistado que atua como policial rodoviário
federal ressaltaram trabalhar em condições satisfatórias para a atividade. Há de se
destacar que organizações de tecnologia da informação detêm o reconhecimento
de prezar pela manutenção das condições ambientais, ergonômicas e de saúde de
seus colaboradores, demonstrando, desta forma, que diferentes segmentos dentro
do funcionalismo público podem vir a tratar das condições de trabalho de maneira
diferenciada, fator este evidenciado aqui pelos órgãos federais.
Deste modo, identificou-se neste grupo de trabalhador elementos constituintes
de trabalho precarizado, principalmente vinculadas à inadequação de estrutura física
e escassez de recursos materiais para que o servidor público exerça suas funções.
Tal resultado revela que o servidor público, mesmo estando inserido num contexto de
trabalho configurado como “seguro” não está à parte do fenômeno da precarização.
Este achado corrobora com o estudo de Castel (2003), Gomes et al. (2012) e Druck
(2016), nos quais destacam que o aumento do trabalho precarizado não se distancia
da classe trabalhadora caracterizada como estável.
Dito isso, os resultados revelaram que, no grupo de servidores públicos, a
precarização do trabalho está relacionada a condições ambientais inadequadas como
estrutura física deficiente e escassez de recursos para o desempenho da atividade.
Tal resultado denota que o servidor público, mesmo estando inserido num contexto de
trabalho configurado como “estável” não está à parte do fenômeno da precarização,
corroborando com Castel (2003) e Gomes et al. (2012), fator este que atualmente
pode ser agravado pela intensificação da terceirização, assim como pelo anúncio de
medidas de desestatização indicadas pelo governo brasileiro no período em que as
entrevistas foram realizadas.
Também é importante ressaltar que os indivíduos pertencentes ao mesmo grupo,
como o de servidores públicos, revelaram experienciar diferentes desafios em relação
às condições de trabalho, evidenciando desigualdades mesmo na categoria de maior
nível de estabilidade neste estudo, mostrando que a maneira como as condições de
trabalho são tratadas pelos órgãos públicos pode variar, a depender da esfera pública,
importância, recursos e outros fatores atribuídos. Já quando os industriários foram
questionados sobre as condições de trabalho nas quais são sujeitos, os indivíduos ID1,
ID2, ID3 e ID4 foram enfáticos em afirmar que trabalham em “condições adequadas”
(Figura 2) devido ao uso dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s) fornecidos
pela empresa, autonomia no desempenho da tarefa, boas refeições e condições de
climatização, como pode ser ilustrado pelo relato do entrevistado ID2:
As minhas condições de trabalho são boas, o trabalho que eu exerço tem
algumas questões de ruído, questões de poeira, periculosidade existem,
mas a empresa se preocupa com o que você utiliza, os EPI’s necessários
[...] sempre ali tem equipe de segurança do trabalho que fica fiscalizando,
orientando os funcionários (Entrevistado ID2).
Entretanto, ID5, trabalhador da indústria petrolífera, diferiu dos demais industriários
ao destacar que suas condições de trabalho são degradantes, pois há “carência
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de recursos para o desempenho da atividade”. Deste modo, esse entrevistado
menciona que:
Hoje as minhas condições de trabalho estão totalmente degradadas, é como eu
falei essa grande empresa que tem um grande histórico, através de políticas de
mercado ela foi sendo moldada para atender interesses que é a maximização
de lucro [...] isso vai expondo a gente a situações de trabalho altamente
periculosas, degradantes, né, vai trazendo um sentimento de tristeza pra
gente (Entrevistado ID5).
O entrevistado ainda destacou que é muito difícil para o trabalhador offshore ser
submetido a uma alimentação insatisfatória e escassez de equipamentos adequados.
Figura 2 - Percepções sobre condições de trabalho - Industriários.
Fonte: Elaborada a partir dos dados da pesquisa.
Este resultado corrobora com a pesquisa de Trovão e Araújo (2018) na qual
afirmam que o poder das empresas atualmente ganhou significativa força e que,
consequentemente, favoreceu a criação de condições claramente desfavoráveis para
os indivíduos desempenharem suas atividades conforme pontua Ciambalista (2006).
Ademais, percebeu-se que, para a grande parte dos trabalhadores da indústria,
as condições de trabalho às quais são submetidos são boas e adequadas. Dito isto,
percebeu-se que, neste ponto, servidores públicos e industriários divergiram. Desse
modo, pode-se inferir que as indústrias nas quais estes últimos trabalham tendem a
investir com mais dedicação à adequação das condições de trabalho oferecidas aos
sujeitos, já que são reguladas pelas exigências do mercado, pela busca da qualidade
e pelo contexto competitivo.
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Entretanto, é importante destacar que, assim como para os servidores públicos,
percebeu-se também no grupo de industriários diferentes níveis de precarização das
condições de trabalho, fator este que leva à compreensão de que a depender da
organização e de suas práticas e investimentos em condições de trabalho adequadas,
estas podem variar mesmo que sejam pertencentes ao mesmo setor produtivo.
Quando os motoristas de aplicativo da Uber foram questionados em entrevista
sobre as condições de trabalho nas quais são submetidos, foram unânimes ao relatar
que não estão satisfeitos com as condições vivenciadas. Segundo representado pela
Figura 3, o fator mais referenciado pelos motoristas pesquisados foi “segurança
pública deficiente” seguida de “falta de suporte da organização”.
Figura 3 - Percepções sobre condições de trabalho - Motoristas de Aplicativo
Fonte: Elaborada a partir dos dados da pesquisa.
Desta maneira, pode-se perceber que os aspectos positivos evidenciados
nos resultados sobre concepções do trabalho deste estudo contradizem-se
com os indicativos agora analisados. Aqui consegue-se perceber, claramente,
como os indivíduos deixam-se, por vezes, serem orientados pela falsa ideia de
empreendedorismo e autonomia vendidos pela Uber. Autonomia esta que, segundo
Abílio (2020), oculta a evidente desobrigação das empresas em oferecer proteção e
garantias sobre os trabalhadores, fazendo dissipar das relações de trabalho direitos
até então conquistados.
Conforme o motorista de aplicativo EC1 a Uber deveria estabelecer critérios
mais rigorosos para o cadastro dos passageiros; pois para ele, há rigor somente no
cadastro dos motoristas. Isso também denota a pouca preocupação da empresa com
os motoristas, sinalizando o quanto a organização ainda precisa investir na segurança
de seus colaboradores, corroborando, desta forma com o estudo de André et al.
(2019) no qual observou-se que os motoristas compreendem estarem inseridos em
um contexto degradante por questões que não estão no seu domínio. O trabalhador
EC2 revelou com mais precisão suas precárias condições de trabalho ao relatar que
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as circunstâncias às quais são submetidos são “péssimas, as piores possíveis. Há
risco de assalto, abuso de passageiro, preço baixo, a prefeitura perseguindo a gente,
quando não é o ladrão é a prefeitura, quando não é a prefeitura é a empresa”.
Sobre as condições de trabalho o Entrevistado EC4 relatou que:
A Uber não dá condição nenhuma para o motorista de aplicativo. A Uber é
uma empresa que ela só quer lucrar, entendeu. Tem muitos motoristas aí
que são dedicados por aí que trabalhar 14, 15h por dia. Aí o cara tem que
trocar o óleo de 15 em 15 dias do tanto que ele roda, entendeu? É só custo,
custo, custo (Entrevistado EC4).
Segundo Antunes (2018), o fenômeno da “uberização” trata-se de um recente
exemplo de nova modalidade de trabalho marcado pela instabilidade, insegurança,
imprevisibilidade de horas a cumprir e ausência de direitos assegurados. Corroborando
com tal afirmação, a pesquisa de André et al. (2019) aponta as várias características
do trabalho precário vivenciado pelos motoristas de aplicativo, identificados como:
renda baixa, exploração e jornada de trabalho excessiva.
Por fim, verificou-se que, assim como nos servidores públicos e em menor grau
nos industriários, foram percebidos elementos precarizantes relativos ao trabalho
do motorista de aplicativo, principalmente relacionado ao problema de segurança
pública da cidade, carência de suporte e infraestrutura. Pôde-se identificar que esta
é a categoria onde verificou-se maior incômodo do trabalhador com as condições de
trabalho, seguidos dos servidores públicos e industriários, respectivamente. Assim,
pode-se compreender que esta evidência própria dos motoristas de aplicativo diante
das demais categorias pode ser acentuada pela compulsoriedade dos custos e de
grande parte do gerenciamento do trabalho outorgada aos próprios indivíduos, fator
este não observado nos demais grupos estudados, além da baixa remuneração,
insegurança e excessivas jornadas de trabalho elencadas por Abílio (2020).
Este resultado evidencia que o processo de precarização do trabalho é identificado
com mais frequência em relação ao trabalho informal; revelando, assim, que neste
emergente formato de precariedade laboral camuflado pela aparente suposição de
autonomia (Abílio, 2020) oculta uma atividade desamparada de direitos na qual alveja
não somente o trabalhador em si e sua busca diária por remuneração, mas seus
sonhos, sua dignidade, atingindo toda a sua família e sociedade.
Desta maneira, também é importante destacar que mesmo nos servidores públicos
analisados neste estudo identificam-se condições de trabalho precário, observando
que, no Brasil, essa categoria de trabalhador vem sendo gradativamente prejudicada
pela ausência de investimentos e desvalorização do funcionalismo, expressos segundo
Druck (2013, 2016) pelas reformulações dos planos de carreira, nas reformas da
previdência social, nos salários defasados – principalmente nas áreas da educação e
saúde, na escassez de políticas de qualificação e treinamento e na falta de incentivos
morais e materiais. Traesel e Merlo (2014) salientam que a precarização do trabalho no
serviço público revela-se, especialmente, no sofrimento relativo às metas extenuantes
e sobrecarga de trabalho.
Assim, Antunes (2018) enfatiza que diante desta nova configuração de
trabalhadores vinculados a empregos imersos na precarização, o trabalho em sua
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forma de ser apresenta-se de maneira contraditória, tendo em vista que mesmo
identificando elementos precarizantes na sua atividade, o indivíduo se submete a tal
por considerar que é melhor configurar-se como um empregado precarizado do que
como um indivíduo desempregado.
Considerações finais
Este estudo analisou como empregados pertencentes a diferentes setores
produtivos e níveis de estabilidade percebem aspectos relacionados às condições
de trabalho.
Pode-se depreender, a partir da análise dos dados coletados nesta pesquisa,
que mesmo os servidores públicos, categorizados como pertencentes ao contexto de
trabalho configurado pela estabilidade de vínculo, percebem aspectos precarizantes na
sua rotina laboral para o desempenho da atividade. Assim, o grande sonho de trabalhar
para o governo pode tornar-se decepcionante e oneroso para alguns ingressantes da
carreira pública que se deparam com a realidade de condições de trabalho adversas
àquelas vislumbradas para uma carreira. Faz parte do imaginário geral dos candidatos
a pleitear um cargo público que todos as suas necessidades sejam atendidas com o
ingresso no serviço público, entretanto, este estudo demonstrou que, tanto quanto em
outros segmentos, a esfera pública não está isenta da possibilidade de sucateamento
das condições e relações de trabalho.
Outrossim, observou-se que o grupo dos industriários não se encontra isento
do fenômeno da precarização, entretanto para um segmento específico (petrolífero)
observou-se maior descontentamento. Desta forma, concluiu-se que o investimento
em práticas de manutenção e melhorias de condições laborais tende a variar entre
as organizações, o que gera a possibilidade para que futuros estudos aprofundem-
se nesta questão.
Já para os motoristas de aplicativo este estudo observou-os como sendo o
grupo com maior descontentamento das condições de trabalho, corroborando com
pesquisas anteriores onde a precarização do trabalho é, em grande parte, identificada
em relação ao trabalho informal. Desta forma, o emergente formato de precariedade
laboral camuflado pela aparente sensação de autonomia oculta uma atividade
desamparada de direitos na qual alveja não somente o trabalhador em si e sua
busca diária por remuneração, mas seus sonhos, sua dignidade, atingindo toda a
sua família e a sociedade.
É importante destacar que houve contradição na percepção dos entrevistados
no que diz respeito às condições de trabalho nas quais são submetidos e os fatores
positivos evidenciados ao relatarem o significado do trabalho para eles, quais são:
satisfação pessoal e profissional; conhecimento; sustento da família; tranquilidade;
elevação da moral; amizade e a possibilidade de outras perspectivas pessoais e
profissionais (para servidores públicos); aprendizado, satisfação; reconhecimento e
dignidade (para industriários); e flexibilidade de horário, diversão, alegria, oportunidade
de conhecer pessoas, oportunidade de construir amizades, oportunidade de conhecer
a cidade; e principal renda (para motoristas de aplicativo).
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Ademais, também é relevante realçar que tanto sujeitos pertencentes a categorias
trabalhistas mais estáveis, como aqueles que trabalham em realidades laborais
distantes do assalariamento formal mencionaram significados positivos quanto aos
seus trabalhos e ao que ele proporciona em suas vidas, desta forma, concluiu-se
que o nível de estabilidade não influenciou este resultado, o que se configura como
um achado não esperado desta pesquisa.
Desta forma, induz-se que, mesmo que os três grupos de sujeitos tenham
identificado aspectos precarizantes na sua jornada laboral, esses ainda percebem
elementos positivos e edificantes na sua rotina como forma de vantagem frente ao
atual mercado de trabalho instável e competitivo, o que corrobora com outros estudos
nos quais mencionam que o trabalho pode revelar-se de maneira contraditória, ao
considerar que mesmo aquele trabalhador que identifica elementos de um trabalho
precarizado em sua atividade submete-se a tal por julgar que é melhor caracterizar-se
como um empregado precarizado do que como um indivíduo desempregado.
Como contribuições pode-se destacar que o estudo buscou ampliar as discussões
sobre o contexto de trabalho brasileiro no que tange as condições laborais nas quais
os trabalhadores são submetidos e que, independente do setor produtivo, políticas
públicas e legislativas devem ser criadas visando a proteção e defesa do trabalhador
reduzindo a degradação e precarização das suas condições de trabalho, tendo em
vista que atendidos estes critérios contribui-se significativamente para a saúde e bem-
estar do indivíduo, favorecendo o desenvolvimento de suas capacidades humanas e
profissionais concorrendo com o desenvolvimento social e econômico.
Apesar de preencher uma importante lacuna de estudos empíricos qualitativos
nacionais sobre a precarização do trabalho entre categorias de trabalhadores
pertencentes a contextos laborais distintos, foram identificadas algumas limitações
para o desenvolvimento desta pesquisa, pois muitos dos motoristas não se dispunham
a conceder as entrevistas por conta do grande fluxo de chamadas e corridas solicitadas,
assim como a variedade de cargos verificados tanto nos servidores públicos quanto
nos industriários produziu uma visão ampla e genérica sobre o fenômeno investigado,
desta forma sugere-se que futuras pesquisas sejam realizadas com grupos específicos
do mesmo cargo para todos os setores produtivos analisados.
Para posteriores estudos, sugere-se a utilização de diferentes estratégias de
pesquisa de natureza qualitativa como grupo focal, observação participante e estudos
de caso, assim como o estudo em outros contextos de labor com outras categorias
de trabalhadores.
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Varia arjo Furtado | ana Paula Moreno Pinho
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