Revista Gestão & Conexões
Management and Connections Journal
Vitória (ES), Vol. 13, n. 3, dE 2024.
iSSn: 2317-5087
doi: https://doi.org/10.47456/regec.2317-5087.2024.13.3.43643.204.224
Artigo submetido em: 31.01.2024 Aceito em: 20.05.2024 PublicAdo em: 02.09.2024
Sentidos do Trabalho: Itinerários de Pesquisas em uma
Revisão Sistemática da Literatura
RESUMO
Os estudos sobre sentidos do trabalho são frutos de uma longa tradição e, apesar do crescente
interesse pelo tema, há uma lacuna na literatura no que se refere a estudos sistemáticos de revisão.
Assim, este artigo apresenta uma revisão, observando a estrutura social e intelectual das pesquisas,
identificando as fronteiras do conhecimento da produção acadêmica sobre os sentidos do trabalho,
sugerindo uma agenda para condução de novos estudos. Além da quantidade de publicações, citações,
principais periódicos e áreas de pesquisa, os resultados indicam que os sentidos podem ser discutidos
a partir de três domínios: pessoal, profissional e social. Há proposições de pesquisas sugeridas
por autores seminais que parecem até então inexploradas, representando novas oportunidades de
pesquisa. Alguns estudos apresentam imprecisões conceituais do fenômeno analisado. A ausência de
coerência epistemológica, observada em alguns casos, parece ser o ponto mais sensível encontrado
nesta revisão.
Palavras-chave: Sentidos do trabalho; Revisão sistemática; Trabalho com sentido.
ABSTRACT
The studies on the meanings of work stem from a longstanding tradition, and despite the increasing
interest in the subject, there exists a gap in the literature concerning systematic review studies. Therefore,
this article provides a comprehensive review, examining the social and intellectual structure of research,
identifying the boundaries of knowledge in academic production related to the meanings of work, and
proposing an agenda for conducting new studies. Beyond the quantitative aspects of publications,
citations, major journals, and research areas, the findings indicate that meanings can be explored
within three domains: personal, professional, and social. There are research propositions suggested
by seminal authors that, as of now, appear unexplored, presenting new avenues for research. Some
studies exhibit conceptual inaccuracies in analyzing the phenomenon. The absence of epistemological
coherence, noted in certain cases, emerges as the most critical point identified in this review.
Keywords: Meanings of work; Systematic review; Meaningful work.
Meanings of Work: Research Itineraries in a Systematic Literature Review
Silas Dias Mendes Costa
Fundação Presidente Antônio Carlos (UNIPAC)
silasdiasmendes@gmail.com
ORCID: https://orcid.org/0000-0001-5855-694X
Mauraia Kelly de Cassia Vieira
Fundação Presidente Antônio Carlos (UNIPAC)
mauraiakellyc@gmail.com
ORCID: https://orcid.org/0009-0002-3015-9699
205
SilaS DiaS MenDeS CoSta | Mauraia Kelly De CaSSia Vieira
Geso & Conexões (ManageMent and ConneCtions Journal). Viria (Es), Vol. 13, n. 3, dE 2024.
Introdução
As pesquisas sobre sentidos do trabalho resultam de uma longa tradição de
estudos em diferentes áreas do conhecimento, especialmente no comportamento
organizacional (Rosso et al., 2010). Os estudos pioneiros sobre o tema remontam a
Elton Mayo, com as primeiras discussões sobre a ausência de sentido e suas nefastas
consequências, tal como absenteísmo (Mayo, 1959), seguido das contribuições da
Escola Sociotécnica, da Job Design Theory, e depois o MOW International Research
Team (1987).
No fim da década de 1980 o grupo MOW propõe definições, introduz alguns
fundamentos e sugere um primeiro modelo teórico que analisa o papel que o trabalho
desempenha na vida das pessoas a partir de estudos transnacionais que orientam a
produção científica acerca do tema (Pignault & Houssemand, 2021). Os estudos do
MOW (1987) sinalizam sobre a importância e centralidade do trabalho na vida das
pessoas. Posteriormente, buscou-se associar o sentido com aspectos psicológicos,
percepções individuais e do contexto (Morin, 2008; Morin & Cherré, 1999), mudanças
nas relações de trabalho e gestão de recursos humanos (Harpaz & Meshoulam,
2010). Contudo, pesquisar os sentidos do trabalho tornou-se complexo por conta da
variedade de conceitos e modelos teóricos (Pignault & Houssemand, 2021).
O desenvolvimento do tema fez com que Rosso et al. (2010) analisassem
as principais fontes de sentido e os mecanismos pelos quais o trabalho pode ser
considerado significativo. Os autores organizaram a produção bibliográfica em quatro
eixos: o eu e o sentido do trabalho (valores, motivação e crenças); os outros e o
sentido do trabalho (colegas, líderes, grupos e família); o contexto e o sentido do
trabalho (tarefas, missão organizacional, cultura nacional e circunstâncias financeiras)
e a espiritualidade e o trabalho.
As contribuições apresentadas no estudo de Rosso et al. (2010) são relevantes,
e fazem com que o artigo dos autores seja, atualmente, uma das referências mais
citadas quando se discute sentido do trabalho, como observado nas pesquisas de
Autin et al., (2022), Chang et al. (2021), Costa (2021), Haaland et al. (2021), Khan et
al., (2021), Lips-Wiersma e Wright (2012), Nazir et al. (2021), Robichau e Sandberg
(2022), Rodrigues et al. (2016) e Steger et al. (2012). No entanto, nota-se a ausência
de revisões sistemáticas sobre o tema, representando uma lacuna a ser preenchida
(Costa, 2021).
Posto os diferentes modelos teóricos sobre os sentidos do trabalho, suas
características e autores (Antunes, 1999, 2006; Bendassolli & Gondim, 2014; Harpaz,
1986; Morin & Cherré, 1999; Morin, 2003; 2008; MOW, 1987; Sverko, 1989) e a
existência de uma lacuna de Revisão Sistemática de Literatura (RSL) sobre o tema,
o objetivo deste artigo é analisar a produção intelectual sobre sentidos do trabalho,
verificando artigos teórico-empíricos em periódicos vinculados à base de dados Web
of Science (WoS) no período de 2011 a 2022 a partir do método PRISMA (Preferred
Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyse).
Em termos de RSL, o PRISMA compreende um checklist com 27 itens e um
fluxograma de quatro etapas com o propósito de “ajudar os autores a melhorarem o
relato de revisões sistemática”. Inicialmente, este método foi utilizado prioritariamente
206
SentidoS do trabalho: itinerárioS de PeSquiSaS em uma reviSão SiStemática da literatura
Geso & Conexões (ManageMent and ConneCtions Journal). Viria (Es), Vol. 13, n. 3, dE 2024.
para ensaios clínicos randomizados, no entanto, tem sido utilizado para relatos de
revisões sistemáticas de outros tipos de pesquisa (Galvão et al., 2015, p. 336), como
nos estudos de Ames et al. (2022) e Moura et al. (2020). Uma revisão desta natureza
mapeia tendências e identifica lacunas a partir da extração, síntese, comparação e
discussão de evidências de estudos anteriores (Snyder, 2019; Xiao & Watson, 2019).
Do ponto de vista teórico, é possível compreender como o campo científico tem se
estruturado, considerando a quantidade de artigos publicados, seu impacto, periódicos
de destaque, áreas em que o tema é discutido, além da análise intelectual (Zupic &
Čater, 2015), que envolve mapear o que foi discutido e, a partir daí, compreender a
dinâmica da tradição em pesquisas sobre o tema e fundamentar discussões teóricas
e empíricas. É possível, ainda, apresentar uma estrutura organizada em relação
à literatura produzida em mais de uma década, estimular o diálogo produtivo, a
realização de estudos empíricos e de ensaios teóricos que proponham integrações
epistemológicas, teóricas e/ou metodológicas sobre o tema.
Além desta primeira seção de introdução, o artigo contempla nas seções
seguintes: pressupostos teóricos sobre o tema; metodologia empregada; análise e
discussão com base nos artigos mapeados; e, por fim, conclusões.
Fundamentação teórica
As definições sobre sentidos do trabalho consideram a centralidade do trabalho
(MOW, 1987), sua função econômica (ser remunerado), social (interagir com outras
pessoas), psicológica (identidade e reconhecimento) e o prestígio do cargo (posição
social) (Pignault & Houssemand, 2021). Nessa perspectiva, o processo de construção
dos sentidos também pode envolver valores pessoais e valores sociais, diferenças
individuais, a cultura e os aspectos econômicos de cada lugar (England, 1991; England
& Harpaz, 1990; Wrzesniewski et al., 2003).
As contribuições de pesquisas do MOW subsidiaram a criação de modelos teóricos
distintos (Harpaz, 1986; Morin, 2003; Morin & Cherré, 1999; Sverko, 1989). Entre esses
modelos, Harpaz (1986) identificou empiricamente seis fatores que compunham a
estrutura do construto sentidos do trabalho a partir do MOW: centralidade do trabalho
como papel de vida, normas sociais, resultados de trabalho valorizados, importância
das metas de trabalho, esferas não relacionadas ao trabalho e identificações de
papéis de trabalho.
Sverko (1989) propôs um modelo que trata da importância do trabalho na
vida pessoal, considerando a importância de valores do trabalho e o processo de
socialização, moderado por experiências pessoais com o trabalho. O estudo representou
um primeiro passo para uma avaliação mais ampla do modelo proposto, que se apoia
no argumento de que a relevância dada ao trabalho está associada às percepções
do indivíduo quanto às possibilidades oferecidas pelo trabalho de colocar em prática
determinados valores.
No campo funcionalista as pesquisas consideram condições psicológicas
das teorias sobre gestão (Rodrigues et al., 2016), a exemplo da teoria das Job
207
SilaS DiaS MenDeS CoSta | Mauraia Kelly De CaSSia Vieira
Geso & Conexões (ManageMent and ConneCtions Journal). Viria (Es), Vol. 13, n. 3, dE 2024.
Characteristics (Hackman & Lawler, 1971), que focam na maneira pela qual as
condições do trabalho podem repercutir na motivação e no comportamento dos
trabalhadores nas organizações; e das dimensões da tarefa, que considera estados
psicológicos ‒ importância, significado e valor ‒ que podem levar à satisfação com
o trabalho (Hackman & Oldham, 1975).
Morin (2001, 2003, 2008) vale-se desses pressupostos teóricos ‒ condições
psicológicas e teorias de gestão ao propor que a experiência de construção
dos sentidos está relacionada com a possibilidade de aprendizagem, o desafio, a
autonomia, a retidão moral, o reconhecimento e a contribuição social oriunda da
atividade desempenhada (Costa, 2021). Tais características estão presentes em
diferentes contextos de trabalho e profissões (Costa et al., 2020; Costa, 2021; Rodrigues
et al., 2016).
Com foco direcionado para a área de gestão, Morin e Cherré (1999) propõem um
modelo conceitual em que o sentido do trabalho envolve três componentes: significação
(valores absolutos ou relativos); orientação (função de utilidade); e coerência (conexão
e equilíbrio entre o eu e o trabalho). Nesta perspectiva, a concepção de sentido do
trabalho compreende: significação, isto é, definição e valor relativo e absoluto para
quem o realiza; orientação, expressividade e utilidade, ou seja, o trabalho como
obrigação ou como um direito; e coerência, que envolve o grau de conexão e equilíbrio
entre o indivíduo e o trabalho.
A conceituação do construto a partir de Morin e Cherré (1999) é compartilhada
por Bendassoli & Borges-Andrade (2015, p. 223), que compreendem que o trabalho
com sentido está relacionado “ao fato de que o sujeito, na realização do seu trabalho,
identifica elementos, ou fatores, que tornam uma atividade vivenciada como algo com
propósito, direção e finalidade”. Esta definição também é observada em diferentes
estudos no campo funcionalista, contemplando diferentes grupos de trabalhadores
(Costa et al., 2020; Costa, 2021). Além da abordagem funcionalista, é possível recorrer
à abordagem crítica, ampliando epistemologicamente dos estudos.
Na abordagem crítica a discussão gira em torno das tensões e contradições
da relação capital-trabalho presente, sobretudo, nos trabalhos de Antunes (1999,
2006). O autor fundamenta-se na sociologia do trabalho e na dialética, situando
tensões e contradições dessa relação nas configurações de organização do trabalho,
a exemplo da flexibilização e terceirização, usualmente seguidas do discurso sobre
empregabilidade e autogestão da carreira (Antunes, 1999).
Autores como Rohm e Lopes (2015), argumentam que o trabalho flexível é
controverso no tocante ao perfil profissional exigido, que prioriza a subordinação,
a agilidade e a adaptação, mas, em simultâneo, demanda profissionais que não
possuam muito envolvimento afetivo na sua relação com o trabalho. Nessas novas
configurações, o trabalho tende a esvaziar-se de sentido enquanto o trabalhador tem
a sua capacidade de mobilização coletiva reduzida, dado os contratos temporários,
horário flexível, entre outras práticas (Sennet, 2006).
Depois de situar o construto historicamente e apresentar proposições teóricas
de diferentes autores, considerando questões epistemológicas, na próxima seção
tem-se os procedimentos metodológicos adotados para a condução da revisão.
208
SentidoS do trabalho: itinerárioS de PeSquiSaS em uma reviSão SiStemática da literatura
Geso & Conexões (ManageMent and ConneCtions Journal). Viria (Es), Vol. 13, n. 3, dE 2024.
Metodologia
A RSL permite construir uma síntese do conteúdo das publicações analisadas
e identificar lacunas (Xiao & Watson, 2019) que podem ser preenchidas a partir
da realização de novos estudos sobre o tema. Galvão et al. (2015) sugerem um
protocolo para estudos dessa natureza a partir de 27 itens agrupados em quatro
etapas: identificação dos estudos; seleção; elegibilidade; e inclusão da RSL. Esse
protocolo é importante para assegurar o rigor metodológico da revisão (Brereton et
al., 2007) e vários autores utilizam o protocolo em seus estudos (e.g. Ames et al.,
2022; Ames & Serafim, 2019; Moura et al., 2020).
Conforme o protocolo, nos tópicos de resumo e introdução é preciso informar
no título do artigo que se trata de uma revisão sistemática, o texto deve conter um
resumo estruturado e na introdução é necessário ter uma justificativa para a revisão e
definição dos objetivos (Galvão et al., 2015). Essas orientações foram atendidas, como
observado nas seções anteriores. As etapas seguintes correspondem a orientações
sobre o método (12 itens), apresentação dos resultados (7 itens), discussão dos
resultados (3 itens) e fontes de financiamento da pesquisa (1 item) (Galvão et al., 2015).
No tópico de método, Galvão et al. (2015) sugerem que, havendo registro
do protocolo de revisão, deve-se informar como é possível acessá-lo. Na área da
administração esse registro não é usual, como nas revisões de Ames et al. (2022) e
Moura et al. (2020). Em relação aos critérios de elegibilidade, fontes de informação
e busca (Galvão et al., 2015), foram pesquisados artigos sobre o tema sentidos do
trabalho publicados em periódicos indexados à coleção principal da base de dados
WoS entre 2011 e 2022. Autores como Zupic e Čater (2015) sugerem um período de
cinco anos, mas optamos por analisar um período maior considerando a ausência de
estudos de revisão. O termo “meaning of work” foi buscado nos títulos OU resumos, OU
palavras-chave do autor, considerando artigos com acesso aberto. Foram identificadas
99 publicações.
Para o tópico resultado, a seleção dos artigos (Galvão et al., 2015) aconteceu
a partir da leitura em três fases: título, resumo e artigo completo. Após a leitura dos
títulos foram excluídos 50 artigos, restando 49. A exclusão se justifica pelo fato de
os artigos não discutirem a temática em si, apesar de apresentar o termo “meaning
of work” no título, resumo ou palavras-chave. Na fase de leitura dos resumos foram
excluídos 13 artigos, restando 36 para a fase seguinte. Depois da leitura na íntegra, 16
artigos foram eliminados por não tratarem do tema sentidos do trabalho. Portanto, 20
artigos foram elegíveis para a RSL, sendo incluídos na apresentação dos resultados
conforme Figura 1. Os dados foram extraídos (Galvão et al., 2015) da base de dados
WoS e exportados em formato de planilha eletrônica.
209
SilaS DiaS MenDeS CoSta | Mauraia Kelly De CaSSia Vieira
Geso & Conexões (ManageMent and ConneCtions Journal). Viria (Es), Vol. 13, n. 3, dE 2024.
Figura 1. Fluxo de informações nas diferentes fases de uma revisão sistemática
Fonte: Adaptado de Galvão et al. (2015).
As informações obtidas por meio dos dados (Galvão et al., 2015) foram:
quantidade de artigos por ano, citações, áreas de pesquisa e periódicos e texto dos
resumos. Os critérios de risco de viés em cada estudo e entre estudos apresentados
por Galvão et al. (2015), não se aplicam aos artigos identificados. Esses critérios são
considerados em estudos de avaliações de intervenções. Conforme indicado pelos
autores, as medidas de sumarização e a síntese dos resultados são apresentadas na
seção de discussão dos resultados considerando: número de documentos e citações
por ano; artigos mais citados; principais periódicos do campo e área de pesquisa,
semelhantes aos critérios de Santos e Martins (2021), constituindo a análise intelectual
(Zupic & Čater, 2015).
Galvão et al. (2015) sugerem que, havendo necessidade de análises adicionais,
é preciso descrevê-las. Para tornar a compreensão do campo mais ampla, integrou-se
à revisão um levantamento bibliométrico, como sugerido por Paul e Criado (2020).
Desta forma, tem-se uma abordagem multimétodos, com resultados quantitativos
(bibliometria), e resultados qualitativos e subjetivos (estrutura intelectual do campo).
A bibliometria seguiu as orientações de Zupic & Čater (2015) em que: (1) definiu-se
o estudo; (2) os dados foram agrupados; (3) foram utilizados softwares na análise;
(4) foram escolhidas formas adequadas de visualização; e (5) os resultados foram
interpretados.
A partir dos registros obtidos na WoS, os gráficos e as tabelas foram elaborados
com o uso do software Excel, 2016 MSO (Versão 2201 Build 16.0.14827.20198).
O software Iramuteq foi utilizado para realizar a análise de similitude (Marchand &
Ratinaud, 2012), tendo como corpus de análise os resumos dos artigos, que permite
identificar concorrência entre as palavras e a conexidade entre elas, agrupando
210
SentidoS do trabalho: itinerárioS de PeSquiSaS em uma reviSão SiStemática da literatura
Geso & Conexões (ManageMent and ConneCtions Journal). Viria (Es), Vol. 13, n. 3, dE 2024.
conteúdo semelhante a partir da teoria dos grafos (Camargo & Justo, 2013; Marchand
& Ratinaud, 2012). A análise de similitude identificou clusters de pesquisas sobre os
sentidos do trabalho com base nos resumos dos artigos selecionados.
Os dois últimos tópicos do protocolo de Galvão et al. (2015) contemplam a
discussão (principais resultados, limitações da pesquisa e conclusão) e fontes de
financiamento da pesquisa. A apresentação dos resultados e discussão dos achados
da RSL (Galvão et al., 2015) considera a estrutura proposta por Zupic & Carter
(2015); as estruturas social e intelectual, formato utilizado no trabalho RSL conduzido
por Scussel et al. (2022) e os indicadores semelhantes aos utilizados por Santos e
Martins (2021).
Análise e discussão
Análise bibliométrica e estrutura social
Por meio da análise bibliométrica foi possível mapear as publicações sobre
os sentidos do trabalho, o impacto dos artigos e os mais citados, os periódicos do
campo, as áreas de pesquisa. Para tanto, a busca na base de dados foi realizada em
30 de junho de 2022, resultando em 99 documentos identificados, dentre os quais,
considerando o protocolo de pesquisa construído a partir de Galvão et al. (2015), 20
foram selecionados para análise. Esses trabalhos formam publicados em um intervalo
de 12 anos (2011-2022) e distribuídos em 16 periódicos.
Na Figura 2 identifica-se a quantidade de artigos e seu impacto (Zupic & Carter,
2015), sendo que o impacto é mensurado a partir da quantidade média de citações
(Santos & Martins, 2021).
Figura 2. Número de documentos publicados anualmente e citações médias por ano
Fonte: Elaborado pelos autores (2023).
211
SilaS DiaS MenDeS CoSta | Mauraia Kelly De CaSSia Vieira
Geso & Conexões (ManageMent and ConneCtions Journal). Viria (Es), Vol. 13, n. 3, dE 2024.
De acordo com os resultados apresentados na Figura 2, é possível observar uma
tendência de crescimento de 2014 a 2018, em que neste último ano foi registrado um
pico de publicações sobre o tema e, a partir de então, há um declínio na produção.
Os artigos que obtiveram maior impacto foram publicados em 2015 e 2016, período
em que foram identificados 1 e 2 artigos, respectivamente. Nos anos seguintes, a
quantidade de artigos aumentou, mas a média de citações foi inferior.
Na Tabela 1 o impacto dos artigos é detalhado individualmente, considerando o
total de citações e o total de citações anuais, que considera a relação entre as citações
e o período que o artigo foi publicado, mesmos critérios utilizado por Santos e Martins
(2021). Arnoux-Nicolas et al. (2016) têm a publicação com maior destaque, sendo 53
citações, que corresponde a 7,57 citações/ano. No estudo, o sentido do trabalho é
avaliado enquanto um recurso psicológico mediador das condições de trabalho e da
intenção de rotatividade com trabalhadores franceses. Lee (2015) vem em segundo
lugar (28 citações) e faz uma análise sobre o conceito de sentido no trabalho e suas
implicações para a enfermagem. Chadi et al. (2017), ocupam a terceira posição (22
citações) e descrevem um experimento que testa a relação entre o sentido do trabalho
e a motivação dos funcionários para um bom desempenho. Gómes-Salgado et al.
(2019) realizam uma análise teórica que descreve os construtos engajamento, paixão
pelo trabalho, centralidade e significado do trabalho.
Tabela 1. Amostra dos artigos mais citados
Autores Ano Periódicos TC¹
TC¹ por
ano
Ranking
TC¹/ano
Arnoux-Nicolas 2016
Frontiers in Psychology
53 7,57
Lee 2015 Journal of Advanced Nursing 28 3,50
Chadi 2017
Management Science
22 3,67
Gómez-Salgado 2019
Intern. Jour. of Env. Res. and Public Health
21 5,25
Moreno-Milan 2019
Palliative & Supportive Care
15 3,75
Stone 2018
Psychiatric Rehabilitation Journal
14 2,80
Nemkova 2019
New Technology Work and Employment
12 3,00
Punakallio 2019
Intern. Arch. of Occup. and Public Health
9 2,25
Bendassolli 2011
Journal of Business Management
9 0,75 13º
Granero 2018
Latin American Journal of Nursing
8 1,60 10º
Mette 2020
Intern. Jour. of Env. Res. and Public Health
7 2,33
Rodrigues 2016 Journal of Business Management 7 1,00 11º
Vilas Boas 2017
Journal of Management in Dialogue
5 0,83 12º
Millner 2017
Asian American Journal of Psychology
4 0,67 14º
Paulino 2018
Avances en Psicologia Latinoamericana
3 0,60 15º
212
SentidoS do trabalho: itinerárioS de PeSquiSaS em uma reviSão SiStemática da literatura
Geso & Conexões (ManageMent and ConneCtions Journal). Viria (Es), Vol. 13, n. 3, dE 2024.
Thill 2020
Health Psychology Open
1 0,33 16º
Navarro-Abal 2018
Frontiers In Psychology
1 0,20 17º
Barboza 2018
Rev. Rene
0 0,00 18º
Araújo 2013
Journal of the USP School of Nursing
0 0,00 19º
Grangeiro 2018
Holos
0 0,00 20º
Nota: ¹TC refere-se ao total de citações de cada artigo, dado extraído do Google Acadêmico.
Fonte: Elaborado pelos autores (2023).
Outro critério foi o mapeamento dos principais periódicos do campo (Zupic &
Carter, 2015; Santos & Martins, 2021). Ao total, foram identificados 14 periódicos. Na
Tabela 2 constam aqueles com mais de um artigo publicado. O destaque é do Journal
of Business Management, revista latino-americana (Brasil) na categoria de negócios
e economia (E & N), com 2 artigos publicados e 254 citações (média de 127). Em
segundo lugar Frontiers in Psychology, com 2 artigos e 155 citações (média de 77,5),
nas categorias de psicologia (PS) e multidisciplinar (MU). Em terceiro, International
Journal of Environmental Research and Public Health, com 2 artigos e 49 citações
(média de 24,5) nas categorias ciências ambientais (CA); saúde pública, ambiental
e ocupacional (SPAO).
Tabela 2. Principais periódicos do campo
Periódico Artigos TC¹ SJR-2021² Categorias ³
Journal of Business Management 2 254 0.260 (E & N)
Frontiers in Psychology 2 155 0.873 (PS; MU)
Intern. Jour. of Env. Res. and Public Health 2 49 0.814 (CA; SPAO)
Outros 14 - - -
¹ TC corresponde ao total de citações;
² SJR é o SCImago Journal Rank, uma medida da inuência cientíca de periódicos acadêmicos.
Fonte: Elaborado pelos autores (2023).
A partir da base de dados WoS, foram identificadas áreas de pesquisa dos
periódicos por meio dos quais os artigos foram publicados. As publicações estão
dispersas em 12 áreas, conforme Figura 3. A maior concentração é na área de negócios
e economia (7 artigos), sendo outros 2 deles vinculados a outras áreas: engenharia
(1), pesquisa operacional e gestão da ciência. Em seguida, foram identificados 4
artigos na área da psicologia, sendo 1 deles também vinculado à área de estudos
étnicos. Outro destaque foi a área de enfermagem (4 artigos). A Figura 3 também
indica outras áreas com menos incidência. Esses resultados mostram o quanto o
tema sentido do trabalho é multifacetado e interdisciplinar.
213
SilaS DiaS MenDeS CoSta | Mauraia Kelly De CaSSia Vieira
Geso & Conexões (ManageMent and ConneCtions Journal). Viria (Es), Vol. 13, n. 3, dE 2024.
Figura 3. Áreas de pesquisa, segundo classicação da plataforma Web of Science
Fonte: Elaborado pelos autores (2023).
Na área de economia e negócios, o artigo de destaque é de Chadi et al. (2017)
(mais citado da área) e traz como principal contribuição implicações sobre como o
feedback é dado pelas empresas e como o trabalho é organizado. Fornecer informações
isoladas sobre esses aspectos pode trazer consequências negativas para a motivação
dos funcionários, no entanto, indicar o propósito das atividades pode compensar essas
consequências. Desta forma, os autores aconselham os supervisores a fornecerem
essas informações considerando os potenciais efeitos das emoções decorrentes
da perda de significado no comportamento dos funcionários e seu impacto em
projetos da empresa.
Em relação à psicologia, Arnoux-Nicolas et al. (2016) (mais citado entre todos os
artigos) mostram o efeito mediador do sentido do trabalho em relação às condições
adversas de trabalho e intenção de rotatividade. Tais resultados convergem com
a literatura da área (Hackman & Oldham, 1975) e evidenciam que os estados
psicológicos críticos podem ter impacto nos resultados dos funcionários. Desta forma,
o trabalho significativo pode ser um importante recurso psicológico que pode prevenir
resultados negativos do trabalho quanto a falta de recursos, mudanças e ausência
de desenvolvimento social e pessoal.
Lee (2015) destaca-se como o mais citado da área de enfermagem, indicando
que o tema é discutido a partir de várias abordagens e definições inconsistentes,
dificultando a compreensão do fenômeno. De acordo com Lee (2015), os sentidos do
trabalho podem ser determinados a partir de 4 atributos: (1) experiência de emoções;
(2) significado do próprio trabalho; (3) propósito e objetivos; e (4) o trabalho como
uma dimensão da vida para que a existência tenha sentido. Os resultados confirmam
que um trabalho com sentido reflete uma experiência positiva, incluindo significado,
valor e autorrealização, como indicado por Hackman e Oldham (1975), Morin (2003,
2008, 2001) e Rosso et al. (2010).
214
SentidoS do trabalho: itinerárioS de PeSquiSaS em uma reviSão SiStemática da literatura
Geso & Conexões (ManageMent and ConneCtions Journal). Viria (Es), Vol. 13, n. 3, dE 2024.
As contribuições de Lee (2015) sustentam os argumentos de Costa (2021),
quando o autor indica imprecisões teóricas, metodológicas e epistemológicas ao
analisar estudos sobre os sentidos do trabalho publicados em um congresso latino-
americano (Brasil). Em termos quantitativos o tema parece estar em ascensão, no
entanto, um olhar qualitativo sugere a necessidade de novos estudos que possam
orientar a produção intelectual. Isso parece ser um problema mais amplo, já que
imprecisões foram identificadas em estudos de diferentes países (Costa, 2021; Lee,
2015). Como sugere Costa (2021), novos estudos que visem mapear e sistematizar
os principais modelos sobre o tema, suas bases conceituais, natureza filosófica e
pressupostos epistemológicos podem representar possibilidades para elucidar alguns
equívocos encontrados.
Estrutura intelectual por clusters de pesquisas
A análise de similitude dos resumos possibilitou identificar conexão entre os
conteúdos dos artigos e agrupá-los a partir da teoria dos grafos (Marchand & Ratinaud,
2012). Trata-se de uma análise na qual um conjunto de textos é analisado a partir
de indicadores estatísticos que apresentam as relações entre as palavras. Assim, o
objetivo da análise é mapear conteúdos similares sobre os sentidos do trabalho tomando
como base os resumos dos artigos selecionados. Com o auxílio do software Iramuteq
foi possível identificar a semelhança entre o conteúdo dos resumos, resultando em
4 agrupamentos que foram categorizados pelos autoria do artigo.
Para essa categorização, foi realizada nova leitura dos artigos para compreensão
da relação entre as palavras, resultando na seguinte classificação: i) os resultados
dos estudos que indicam aspectos positivos e negativos a partir da experiência do
trabalho (cluster 1 – cor rosa); ii) a construção dos sentidos a partir do nível pessoal,
considerando crescimento, satisfação e autoestima das pessoas (cluster 2 – cor azul);
iii) a perspectiva profissional, em que elementos contextuais do ambiente tornam o
trabalho significativo (cluster 3 – cor laranja); e iv) o âmbito social, que considera
oportunidades e necessidades dos indivíduos (cluster 4 – cor amarela). A Figura 4 ilustra
os resultados da análise de similitude e permite traçar a estrutura intelectual do campo.
215
SilaS DiaS MenDeS CoSta | Mauraia Kelly De CaSSia Vieira
Geso & Conexões (ManageMent and ConneCtions Journal). Viria (Es), Vol. 13, n. 3, dE 2024.
Figura 4. Análise de similitude, considerando os resumos dos artigos
Fonte: Elaborado pelos autores (2023).
O cluster azul (nível pessoal), o laranja (nível profissional) e o amarelo (nível
social), remetem a fontes de sentidos discutidas em estudos anteriores sobre o tema,
como os valores, as crenças e motivação como fontes para a produção de sentidos
no nível individual (Rosso et al., 2010); a função econômica, social e psicológica
do trabalho, e os valores sociais, situados no nível social (England & Harpaz, 1990;
MOW, 1987; Pignault & Houssemand, 2021) e o prestígio do cargo e posição social,
vinculados a uma dimensão profissional (Costa, 2021; Morin, 2003; 2008). Esses
achados sugerem que os diferentes modelos teóricos e dimensões propostas para
pesquisar os sentidos do trabalho são sustentados pelas evidências empíricas dos
artigos analisados nesta revisão.
No nível pessoal (individual), representado pelo cluster azul, os sentidos do
trabalho estão conectados a aspectos subjetivos, como crescimento, satisfação e
importância, e fatores psicossociais como autoestima, estresse e capacidade para
o trabalho. Os aspectos subjetivos, aliados à psicologia positiva, podem contribuir
com o aumento da satisfação no trabalho e da saúde ocupacional, tanto física como
mental, a exemplo dos enfermeiros (Gómes-Salgado et al., 2019). Além disso, fatores
individuais podem modular uma conotação mais positiva ou negativa ao trabalho, e o
sentido atribuído pode refletir no comportamento de busca por um emprego (Paulino
& Bendassolli, 2018), na intenção de rotatividade (Arnoux-Nicolas et al., 2016) e
comportamentos de resistência e retaliação (Rodrigues et al., 2016).
No nível profissional, representado pelo cluster laranja, a dimensão profissional
parece estar vinculada ao cuidado no trato profissional, ao reconhecimento e ao
216
SentidoS do trabalho: itinerárioS de PeSquiSaS em uma reviSão SiStemática da literatura
Geso & Conexões (ManageMent and ConneCtions Journal). Viria (Es), Vol. 13, n. 3, dE 2024.
prestígio que se tem a partir dele. Aspectos psicossociais parecem contribuir para a
promoção da saúde e aspectos psicológicos e contextuais para a rotatividade. Essa
dimensão surge na análise de similitude em função da natureza do trabalho de alguns
profissionais da área de saúde (Moreno-Milan et al., 2019), em especial, enfermeiros
(Barboza et al., 2018; Rodrigues et al., 2016), assistentes sociais (Mette et al., 2020),
e profissionais da área de saúde mental (Araújo et al., 2013) e, nesses casos, o
sentido do trabalho parece não mais estar relacionado ao altruísmo e ao sacrifício,
como em momentos passados que se associava a essas ocupações.
No nível social, representado pelo cluster amarelo, os sentidos do trabalho são
construídos a partir da sua centralidade, das normas sociais, da necessidade e da
oportunidade que uma ocupação representa para as pessoas, em especial entre os
desempregados, que dependem de programas de orientação laborativa (Navarro-Abal
et al., 2018); e para jovens adultos diagnosticados com deficiências psiquiátricas, que
além de representar uma oportunidade de aumentar a autoestima, a autoconfiança e
a autoimagem positiva, estimula sentimentos de contribuição para a sociedade (Torres
Stone et al., 2018). Esses aspectos estão presentes no modelo conceitual de Morin
e Cherré (1999) e Morin (2003).
Por fim, o cluster rosa agrupa os resultados das pesquisas e indica que o
trabalho pode ter significado quando as tarefas realizadas têm valor para quem as
realiza e contribui para o desenvolvimento profissional. Os sentidos atribuídos ao
trabalho são influenciados pela experiência com as tarefas, que quando promovem
a qualidade de vida, tendem a resultar em conotação mais positiva do trabalho. Por
outro lado, atividades que não promovem a autonomia e a realização tendem a resultar
em uma experiência negativa. Essas experiências podem afetar as emoções dos
trabalhadores enquanto eles percebem a insignificância de um trabalho já realizado,
o esforço exercido para executar as tarefas diminui (Chadi et al., 2017). Diante da
complexidade no trabalho, a psicologia positiva ajuda os trabalhadores a lidarem
com circunstâncias psicossociais adversas, como os enfermeiros (Gómes-Salgado
et al., 2019). A análise de similitude não indicou associações entre espiritualidade e
trabalho, diferente do que foi encontrado na revisão realizada por Rosso et al. (2010).
Fronteiras do conhecimento e agenda para pesquisas
A revisão sistemática empreendida nesta pesquisa revela o que pode ser
denominado de “fronteiras do conhecimento”, isto é, avanços nas discussões e os
limites de contribuições fornecidas para o campo. Para transpor essas fronteiras, é
preciso propor uma agenda para a condução de novos estudos, indicando lacunas a
serem preenchidas, que podem ser agrupadas em quatro grupos, a saber: estudos
de revisão integrativa; estudos teórico-empíricos, estudos teórico-conceituais e
epistemológicos, sendo este último eixo já apontado por Lee (2015) e Costa (2021)
como necessário para que a qualidade das pesquisas publicadas sobre o tema
acompanhe a seu crescimento em termos quantitativos.
Nota-se que os 4 eixos de fontes de sentido de trabalho indicadas por Rosso
et al. (2010), foram utilizados como um direcionamento para a discussão do tema e,
desde a publicação deste artigo, não foi possível identificar uma revisão semelhante
217
SilaS DiaS MenDeS CoSta | Mauraia Kelly De CaSSia Vieira
Geso & Conexões (ManageMent and ConneCtions Journal). Viria (Es), Vol. 13, n. 3, dE 2024.
na última década. Neste artigo, de revisão sistemática, há um panorama da estrutura
social e intelectual da produção acadêmica sobre os sentidos do trabalho entre 2010-
2022, mas outro tipo de revisão ‒ a integrativa ‒ também é oportuna. Ela pode ser
direcionada para analisar as definições de sentidos do trabalho, fazer uma revisão
dos modelos teóricos utilizados, instrumentos de pesquisa ou, ainda, análise dos
métodos utilizados nos estudos.
Em relação aos estudos teórico-empíricos, notam-se avanços quanto a evidências
empíricas da relação entre sentidos do trabalho, condições de trabalho percebidas
e intenções de rotatividade (Lee, 2015); sentidos do trabalho como antecedente de
experiências pessoais positivas que podem impactar positivamente nos grupos e
organizações (Arnoux-Nicolas et al., 2016); sua relação com motivação e desempenho
(Chadi et al., 2017); sua centralidade em relação a outras dimensões da vida (Gómez-
Salgado et al., 2019); fatores que tornam o trabalho significativo (Bendassolli & Gondim,
2014); análise exploratória comparativa por nível hierárquico e por características do
ambiente de trabalho.
São inegáveis as contribuições dos estudos teórico-empíricos, mas há outras
possibilidades de associações e articulações para que se teste possíveis relações
com outros construtos. Revisitando estudos e modelos teóricos mais antigos, é
possível mapear algumas proposições que parecem até então inexploradas, como
a relação entre sentidos do trabalho e valores pessoais e do trabalho, elementos
presentes originalmente no modelo conceitual proposto por Sverko (1989); a relação
com engajamento, saúde mental, motivação e clima organização, fatores que
integram a proposta de Morin e Cherré (1999); e comparações a partir de diferenças
individuais e contextuais (Morin, 2008). Para que se possam avançar em relação ao
que se foi produzido de conhecimento até aqui. Tais avanços se mostram ainda mais
viáveis quando utilizadas técnicas de análises de dados diferentes das já utilizadas.
Estimula-se a comparação entre grupos de trabalhadores de um mesmo segmento,
em segmentos diferentes, a partir de distintas faixas de idade, tempo de trabalho,
tempo na organização, tipo de contrato de trabalho (se integral, parcial, jornada
intermitente), posição hierárquica, comparação entre trabalhadores de organizações
públicas e privadas. Para isso, sugerem-se as seguintes alternativas metodológicas:
testes de comparação de médias entre grupos; análises fatoriais para validação da
estrutura de escalas de medidas, índices de consistência e escores com público
pesquisado; e técnicas multivariadas de dados.
Do ponto de vista conceitual, parece haver alguma imprecisão do que se entende
por sentido do trabalho. Isso não quer dizer que deva haver um conceito uníssono, mas
que, uma vez que um pesquisador se propõe a estudar o tema, é importante delimitar
as bases conceituais que serviram de apoio para o estudo. Neste sentido, parece
ser oportuna a realização de novos estudos com o intuito de mapear similaridades
e distanciamentos teóricos sobre esse fenômeno. Com as novas configurações de
trabalho e por influências de questões macroestruturais ‒ economia, política, social
‒ é possível que para determinadas ocupações, ou categorias profissionais, haja
divergências em relação aos fatores estruturantes dos sentidos do trabalho em seus
diferentes modelos conceituais. Assim, é importante não apenas replicar tais modelos,
218
SentidoS do trabalho: itinerárioS de PeSquiSaS em uma reviSão SiStemática da literatura
Geso & Conexões (ManageMent and ConneCtions Journal). Viria (Es), Vol. 13, n. 3, dE 2024.
mas revisitá-los, e com o auxílio de estudos qualitativos, identificar elementos que
possam ser incorporados a eles.
A ausência de coerência epistemológica em alguns dos estudos analisados
parece ser o “calcanhar de Aquiles” encontrado nesta revisão. A leitura do material
resultou na descoberta de inconsistências nas definições dos sentidos do trabalho e
nas suas variadas abordagens para tratar sobre o tema, por vezes epistemologicamente
incompatíveis. Esses achados corroboram com o argumento de Lee (2015) acerca da
dificuldade de compreender os sentidos do trabalho em meio a tantas imprecisões, e
reforçam a ideia de que apesar de se observar o aumento da quantidade de publicações
nos últimos anos, é necessário pensar em estudos que possam orientar a produção
acadêmica sobre o tema. É neste ponto que os estudos epistemológicos podem
contribuir para que as fronteiras do conhecimento sejam transpostas e as discussões
nos estudos sejam orientadas para que se tenha coerência epistêmica. São oportunos
estudos que: indiquem as principais correntes epistemológicas dos sentidos do trabalho;
que agrupem os modelos teóricos a partir dessas diferentes correntes; que indique
possibilidades de articulação entre autores situados nessas correntes ou, ainda,
indique e justifique inconsistências entre articulações já propostas, demonstrando sua
inviabilidade epistêmica; orientações filosóficas de autores/estudos, considerando as
abordagens sociológicas puras ‒ empírico-analítica, matriz crítica, matriz hermenêutica
‒ ou de fronteiras ‒ abordagem estruturalista, realista crítica e pós-estruturalista
além da possibilidade de construção de novos sistemas de conhecimento. Essas
discussões são fundamentais para haver um alinhamento e coerência entre o grupo
de trabalhadores analisados, o modelo teórico utilizado nas pesquisas, o método de
pesquisa e técnica de análise de dados adequados. Por fim, cabe mencionar que a
literatura discute o trabalho a partir de uma visão androcêntrica, não havendo, por
exemplo, menção ao trabalho de cuidado, realizado de modo gratuito, representando
uma possibilidade inovadora de estudos sobre o tema. A Figura 5 traz uma síntese
desses direcionamentos de modo a contribuir com a literatura da área a partir de
discussões teóricas e evidências empíricas.
Figura 5. Esquematização da agenda para condução de novos estudos
Fonte: Elaborado pelo autor.
219
SilaS DiaS MenDeS CoSta | Mauraia Kelly De CaSSia Vieira
Geso & Conexões (ManageMent and ConneCtions Journal). Viria (Es), Vol. 13, n. 3, dE 2024.
Conclusões
O objetivo deste artigo foi desenvolver uma revisão sobre os sentidos do trabalho,
observando a estrutura social e intelectual das pesquisas relacionadas ao tema,
para propor uma agenda para condução de novos estudos. Análise bibliométrica
e a estrutura social indicam que o tema está em fase de ascensão e pesquisas
empíricas se destacam em relação ao impacto na produção de novos estudos, nas
quais os sentidos do trabalho ocupam a posição de mediadores, ou se relacionam
com outros aspectos comportamentais. Foram usuais estudos com trabalhadores da
área social e de saúde. Pôde-se observar o destaque de uma revista latino-americana
(Brasil) na publicação dos estudos, concentrando maior taxa de citação em relação às
demais. O interesse de investigação do tema é compartilhado por diferentes áreas do
conhecimento, com maior evidência para a área de negócios e economia. Em relação
à estrutura intelectual, os artigos analisados foram agrupados em 4 clusters: aspectos
positivos e negativos a partir da experiência do trabalho; os sentidos do trabalho a
partir da perspectiva pessoal; a perspectiva profissional, em que elementos contextuais
do ambiente tornam o trabalho significativo; a perspectiva social, que considera as
oportunidades e necessidades dos indivíduos como elementos significantes. Esses
achados possibilitaram identificar algumas fronteiras do conhecimento acerca sobre os
sentidos do trabalho, e a proposição de novos itinerários de pesquisas que contribuam
para o desenvolvimento do tema.
Na perspectiva acadêmica, a principal contribuição consiste em mapear as
estruturas aqui apresentadas e apresentar novos caminhos a serem percorridos, quer
sejam teórico-empíricos, teórico-conceituais, epistemológicos ou metodológicos. É
por meio dessas possibilidades que se pode avançar as fronteiras do conhecimento
produzido e compartilhado. Na perspectiva acadêmica gerencial, o levantamento reúne
evidências empíricas do quão relevante é a atuação e intervenção de gestores em
relação a aspectos contextuais (bem-estar, estresse e outros fatores psicológicos),
comportamentais (motivação no trabalho, intenção de turn over e satisfação) e
individuais (características das pessoas), que podem interferir na produção dos
sentidos atribuídos ao trabalho, ou quando há perda dos sentidos, seu impacto no
desempenho dos trabalhadores e em projetos das organizações.
Referências
Ames, M. C. F. & Serafim, M. C. (2019). Teaching-learning practical wisdom (phronesis)
in administration: a systematic review. Revista de Administração Contemporânea,
23(4), 564-86.
Ames, M. C. F., Serafim, M. C., & Martins, F. F. (2022). Análise de escalas e medidas
de virtudes morais: uma revisão sistemática. Revista de Administração
Contemporânea, 26(6), e190379.
Antunes, R. (2006). Adeus ao trabalho? Ensaio sobre as metamorfoses e a centralidade
do mundo do trabalho. São Paulo: Cortez.
220
SentidoS do trabalho: itinerárioS de PeSquiSaS em uma reviSão SiStemática da literatura
Geso & Conexões (ManageMent and ConneCtions Journal). Viria (Es), Vol. 13, n. 3, dE 2024.
Antunes, R. (1999). Os sentidos do trabalho: ensaio sobre a afirmação e a negação
do trabalho. São Paulo: Boitempo Editorial.
Araújo, M. T., Montenegro, L. C., Alves, M., & Brito, M. J. M. (2013). The meaning of
work for professionals in a substitute mental health service. Revista da Escola
de Enfermagem da USP, 47(3), 664-70.
Arnoux-Nicolas, C., Sovet, L., Lhotellier, L., Di Fabio, A., & Bernaud, J. L. (2016).
Perceived work conditions and turnover intentions: the mediating role of meaning
of work. Frontiers in Psychology, 7, 704.
Autin, K. L., Herdt, M. E., Garcia, R. G., & Ezema, G. N. (2021). Basic psychological
need satisfaction, autonomous motivation, and meaningful work: a self-
determination theory perspective. Journal of Career Assessment, 30(1), 78-93.
Barboza, P. C., Pires, A. S., Pérez-Junior, E. F., Oliveira, E. B. de, Espírito-Santo,
T. B., & Gallasch, C. H. (2018). The meaning of work: perspectives of nursing
professionals who work in clinical units. Rev Rene, 19, e32819.
Bendassolli, P. F. & Borges-Andrade, J. E. (2015). Escala do trabalho com sentido (ETS).
In Puente-Palacios, K. & Peixoto, A. D. L. A. Ferramentas de diagnóstico para
organizações e trabalho: um olhar a partir da psicologia. Porto Alegre: Artmed.
Bendassolli, P. F. & Gondim, S. M. G. (2014). Significados, sentidos e função psicológica
do trabalho: discutindo essa tríade conceitual e seus desafios metodológicos.
Avances en Psicología Latinoamericana, 32(1), 131-47.
Brereton, P., Kitchenham, B. A., Budgen, D., Turner, M., & Khalil, M. (2007). Lessons
from applying the systematic literature review process within the software
engineering domain. Journal of Systems and Software, 80(4), 571-83.
Camargo, B. V. & Justo, A. M. (2013). IRAMUTEQ: um software gratuito para análise
de dados textuais. Temas em Psicologia, 21(2), 513-18.
Chadi, A., Jeworrek, S., & Mertins, V. (2017). When the meaning of work has
disappeared: experimental evidence on employees’ performance and emotions.
Management Science, 63(6), 1696-707.
Chang, P. C., Xiaoxiao, G., & Wu, T. (2021). Sense of calling, job crafting, spiritual
leadership and work meaningfulness: a moderated mediation model. Leadership
& Organization Development Journal, 42(5), 690-704.
221
SilaS DiaS MenDeS CoSta | Mauraia Kelly De CaSSia Vieira
Geso & Conexões (ManageMent and ConneCtions Journal). Viria (Es), Vol. 13, n. 3, dE 2024.
Costa, S. D. M. (2021). Meanings of work: analysis of academic production in the
field of administration and proposal of research agenda. Journal of Management
Analysis, 10(3), 155-70.
Costa, S. D. M., Marques, E. D. M. I., & Ferreira, A. C. C. (2020). Between the
meanings of work, pleasure and suffering: a study based on the perspective of
young worker-students. Revista Gestão Organizacional, 13(1), 64-85.
England, G. W. (1991). The meaning of working in USA: recent changes. The European
Work and Organizational Psychologist, 1(2-3), 111-24.
England, G. W. & Harpaz, I. (1990). How working is defined: national contexts and
demographic and organizational role influences. Journal of Organizational
Behavior, 11(4), 253-66.
Galvão, T. F., Pansani, T. D. S. A., & Harrad, D. (2015). Principais itens para relatar
revisões sistemáticas e meta-análises: a recomendação PRISMA. Epidemiologia
e Serviços de Saúde, 24(2), 335-42.
Gómez-Salgado, J., Navarro-Abal, Y., & López-López, M. J., Romero-Martín, M., &
Climent-Rodríguez, J. A. (2019). Engagement, passion and meaning of work as
modulating variables in nursing: a theoretical analysis. International Journal of
Environmental Research and Public Health, 16(1), 108.
Haaland, G. H., Olsen, E., & Mikkelsen, A. (2021). The association between supervisor
support and ethical dilemmas on Nurses' intention to leave: the mediating role
of the meaning of work. Journal of Nursing Management, 29(2), 286-93.
Hackman, J. R. & Lawler, E. E. (1971). Employee reactions to job characteristics.
Journal of Applied Psychology, 55(3), 259-86.
Hackman, J. R. & Oldham, G. R. (1975). Development of the job diagnostic survey.
Journal of Applied Psychology, 60(2), 159-70.
Harpaz, I. (1986). The factorial structure of the meaning of working. Human Relations,
39(7), 595-614.
Harpaz, I. & Meshoulam, I. (2010). The meaning of work, employment relations, and
strategic human resources management in Israel. Human Resource Management
Review, 20, 212-23.
222
SentidoS do trabalho: itinerárioS de PeSquiSaS em uma reviSão SiStemática da literatura
Geso & Conexões (ManageMent and ConneCtions Journal). Viria (Es), Vol. 13, n. 3, dE 2024.
Khan, M. M., Mubarik, M. S., Ahmed, S. S., Islam, T., Khan, E., Rehman, A. B., &
Sohail, F. (2021). My meaning is my engagement: exploring the mediating role
of meaning between servant leadership and work engagement. Leadership &
Organization Development Journal, 42(6), 926-41.
Lee, S. (2015). A concept analysis of ‘Meaning in work’ and its implications for nursing.
Journal of Advanced Nursing, 71(10), 2258-67.
Lips-Wiersma, M. & Wright, S. (2012). Measuring the meaning of meaningful work:
development and validation of the Comprehensive Meaningful Work Scale
(CMWS). Group & Organization Management, 37(5), 655-85.
Marchand, P. & Ratinaud, P. (2012). L’analyse de similitude appliquée aux corpus
textuels: les primaires socialistes pour l’élection présidentielle française
(septembre-octobre 2011). Actes des 11eme Journées Internationales d’Analyse
Statistique des Données Textuelles, (pp. 687-99). JADT.
Mayo, E. (1959). Problemas humanos de una civilización industrial. Editorial: Galatea,
Nueva Visión.
Mette, J., Robelski, S., Wirth, T., Nienhaus, A., Harth, V., & Mache, S. (2020). “Engaged,
burned out, or both?” A structural equation model testing risk and protective
factors for social workers in refugee and homeless aid. International Journal of
Environmental Research and Public Health, 17(2), 583.
Moreno-Milan, B., Cano-Vindel, A., Lopez-Dóriga, P., Medrano, L. A., & Breitbart, W.
(2019). Meaning of work and personal protective factors among palliative care
professionals. Palliative & Supportive Care, 17(4), 381-87.
Morin, E. (2003). Sens du travail: définition, mesure et validation. In Vandenberghe,
C., Delobbe, & Karnas, G. (Eds.). Dimensions individuelles et sociales de
l’investissement professionnel, (pp. 11-20). Louvain: Presses Universitaires
de Louvain.
Morin, E. (2008). Sens du travail, santé mentale au travail et engagement
organisationnel. Cahier de Recherche, 99, 1-62.
Morin, E. (2001). Os sentidos do trabalho. Revista de Administração de Empresas,
41(3), 8-19.
223
SilaS DiaS MenDeS CoSta | Mauraia Kelly De CaSSia Vieira
Geso & Conexões (ManageMent and ConneCtions Journal). Viria (Es), Vol. 13, n. 3, dE 2024.
Morin, E. & Cherré, B. (1999). Les cadres face au sens du travail. Revue Française
de Gestion, 126, 83-93.
Moura, L. M. F. D., Brauner, D. F., & Janissek-Muniz, R. (2020). Blockchain e a
perspectiva tecnológica para a administração pública: uma revisão sistemática.
Revista de Administração Contemporânea, 24(3), 259-74.
MOW International Research Team (1987). The meaning of working. London:
Academic Press.
Navarro-Abal, Y., Climent-Rodríguez, J. A., López-López, M. J., & Gómez-Salgado,
J. (2018). What does work signify for those in search of labor? Meaning of work
for the unemployed who attend an employee orientation program. Frontiers in
Psychology, 9, 1788.
Nazir, O., Islam, J. U., & Rahman, Z. (2021). Effect of CSR participation on employee
sense of purpose and experienced meaningfulness: a self-determination theory
perspective. Journal of Hospitality and Tourism Management, 46, 123-33.
Paul, J. & Criado, A. R. (2020). The art of writing literature review: what do we know
and what do we need to know? International Business Review, 29(4), 101717.
Paulino, D. D. S. & Bendassolli, P. F. (2018). Meaning of work and job searching for
young NEETS. Avances en Psicología Latinoamericana, 36(2), 373-88.
Pignault, A. & Houssemand, C. (2021). What factors contribute to the meaning of work?
A validation of Morin's Meaning of Work Questionnaire. Psicologia: Reflexão e
Crítica, 34(2), 1-16.
Robichau, R. W. & Sandberg, B. (2022). Creating meaningfulness in public service work:
a qualitative comparative analysis of public and non-profit managers’ experience
of work. The American Review of Public Administration, 52(2), 122-38.
Rodrigues, A. L., Barrichello, A., & Morin, E. M. (2016). The meanings of work to nursing
professionals: a multi-method study. Revista de Administração de Empresas,
56(2), 192-208.
Rohm, R. H. D. & Lopes, N. F. (2015). O novo sentido do trabalho para o sujeito pós-
moderno: uma abordagem crítica. Cadernos EBAPE.BR, 13(2), 332-45.
224
SilaS DiaS MenDeS CoSta | Mauraia Kelly De CaSSia Vieira
Geso & Conexões (ManageMent and ConneCtions Journal). Viria (Es), Vol. 13, n. 3, dE 2024.
Rosso, B. D., Dekas, K. H., & Wrzesniewski, A. (2010). On the meaning of work:
a theoretical integration and review. Research in Organizational Behavior,
30, 91-127.
Santos, P. H. A. & Martins, R. A. (2021). Food waste and performance measurement
systems: a systematic review of the literature. Journal of Business Management,
61(5), 1-24.
Scussel, F., Demo, G., Enes, Y. S. O., & Caneppele, N. R. (2022) Consumption
experience: state of the art review and agenda proposition. Tourism & Management
Studies, 18(2), 39-49.
Sennet, R. (2006). A cultura do novo capitalismo. Rio de Janeiro: Record.
Snyder, H. (2019). Literature review as a research methodology: an overview and
guidelines. Journal of Business Research, 104, 333-39.
Steger, M. F., Dik, B. J., & Duffy, R. D. (2012). Measuring meaningful work: the work
and meaning inventory (WAMI). Journal of Career Assessment, 20(3), 322-37.
Sverko, B. (1989). Origin of individual differences in importance attached to work:
a model and a contribution to its evaluation. Journal of Vocational Behavior,
34(1), 28-39.
Torres Stone, R. A., Sabella, K., Lidz, C. W., McKay, C., & Smith, L. M. (2018). The
meaning of work for young adults diagnosed with serious mental health conditions.
Psychiatric Rehabilitation Journal, 41(4), 290.
Wrzesniewski, A., Dutton, J. E., & Debebe, G. (2003). Interpersonal sensemaking and
the meaning of work. Research in Organizational Behavior, 25, 93-135.
Xiao, Y. & Watson, M. (2019). Guidance on conducting a systematic literature review.
Journal of Planning Education and Research, 39(1), 93-112.
Zupic, I. & Čater, T. (2015). Bibliometric methods in management and organization.
Organizational Research Methods, 18(3), 429-72.