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José Kennedy Lopes siLva | José edemir da siLva anJo
Gestão & Conexões (ManageMent and ConneCtions Journal). Vitória (Es), Vol. 13, n. 3, dE 2024.
A primeira, Tradição Oral, é contada pelo coletivo, de uma sociedade oral; trata-se
de um testemunho transmitido de forma verbal de uma geração para outra. Há uma
atenção e preocupação quanto à genealogia do fenômeno sociocultural investigado.
A segunda, História de Vida, está associada ao relato autobiográfico, sendo preciso
que esse relato de vida seja contado pelo próprio indivíduo, de forma que sua vida
seja descrita e narrada em toda a sua completitude (do passado ao presente). Já na
terceira, História Oral temática, diferencia-se das demais na técnica de entrevista que
pode ser realizada por mais de um grupo de pessoas, tendo como aspecto central um
determinado tema sociocultural desse grupo. Nessa última, o pesquisador, no papel
de entrevistador, passa a ser mais ativo por conduzir e direcionar o tema discutido ao
procurar entender o problema investigado (Freitas, 2006; Sacramento et al., 2017).
Tanto Freitas (2006) quanto Sacramento et al. (2017) se preocupam com o
rigor metodológico e com as questões éticas, com os procedimentos da técnica de
entrevista realizada, desde a abordagem escolhida até sua transcrição e a análise
dos dados. Sobre o uso das Histórias de Vida nos EOR, Colomby et al. (2016)
advertem que os pesquisadores não devem limitar a atenção e a preocupação ao
caráter estritamente “instrumental” do método, pois, ao seguir por esse caminho
metodológico, a compreensão e a construção da narrativa se dará por momentos de
reflexividade em meio à transformação social vivida.
O método tem contribuído para estudos que buscam compreender experiências
pessoais nos mais diferentes temas de investigação, não se restringindo a trajetórias
profissionais de gestores e empreendedores (Godoy, 2018). Além de outras formas
de se pensar a gestão, com preocupação do momento do encontro, da transcrição
dos ditos e não ditos, da forma de realização das entrevistas e da estrutura do texto
a ser narrado (Joaquim & Carrieri, 2018).
Pesquisa-ação
Há registros que a Pesquisa-Ação surge como método de pesquisa em meados
da década de 1940 com os estudos empíricos de Kurt Lewin e com a influência
do Instituto Tavistock, grupo de pesquisadores de recursos humanos, que, unidos,
reconstruíram as bases industriais britânicas após a Segunda Guerra Mundial (Maurer
& Githens, 2010; Saraiva & Anjos, 2020). No Brasil, a Pesquisa-Ação teve início por
volta dos anos de 1970 e, após os anos 2000, passou por um processo de retomada
quando novos pesquisadores se interessaram por utilizá-lo. No entanto, esse método
ainda não foi consolidado nas pesquisas organizacionais no Brasil pela dificuldade
de se realizarem trabalhos com essa metodologia, como a limitação conceitual sobre
a Pesquisa-Ação e a articulação entre as etapas do Ciclo Acadêmico e o Ciclo da
Ação (Menelau, Santos, Castro, Nascimento, 2015).
Há um aumento considerável de trabalhos científicos que utilizam a Pesquisa-
Ação, entretanto, ainda esse aumento é baixo em relação aos demais métodos de
pesquisa, como o Estudo de Caso (Menelau et al., 2015; Dresch et al., 2015). Leite
e Lemos (2022) apontam a ampliação do uso da Pesquisa-Ação nas pesquisas
organizacionais e afirmam que há o reconhecimento da contribuição dessa estratégia
nas pesquisas em Administração, Ciências Contábeis e Economia.