Revista Gestão & Conexões
Management and Connections Journal
Vitória (ES), Vol. 13, n. 3, dE 2024.
iSSn: 2317-5087
doi: https://doi.org/10.47456/regec.2317-5087.2024.13.3.43679.225.246
Artigo submetido em: 08.02.2024 Aceito em: 07.05.2024 PublicAdo em: 02.09.2024
Pesquisa Qualitativa nos Estudos Organizacionais (EOR):
Reflexões Sobre as Escolhas e Estratégias Metodológicas
RESUMO
Este trabalho objetiva ampliar o diálogo com os pesquisadores organizacionais ao apresentar
abordagens qualitativas dos Estudos Organizacionais (EOR) brasileiros, de modo a possibilitar as
escolhas e estratégias metodológicas. Destacam-se os métodos tradicionais mais utilizados, e seus
desdobramentos: estudo de caso, etnografia, história oral e de vida, pesquisa-ação e grounded theory.
Apresentam-se os aspectos relacionados às abordagens discutidas, principalmente ao cumprimento
do rigor e da relevância, considerando suas variações, limitações e potencialidades para a realização
de diferentes estudos qualitativos. A pesquisa qualitativa nos EOR é um campo livre e aberto e, por
isso, deve ser mais bem estudada pelos pesquisadores organizacionais; e a diversidade de estratégias
qualitativas no campo organizacional exige reflexividade por parte dos pesquisadores, tornando-se,
portanto, necessário que as pesquisas sejam conduzidas e produzidas com rigor para que possam
impactar a pesquisa qualitativa nos EOR.
Palavras-chave: Pesquisa qualitativa; Métodos qualitativos; Estudos organizacionais; Estratégias
metodológicas.
ABSTRACT
This work aims to expand the dialogue with organizational researchers by presenting qualitative
approaches of Brazilian Organizational Studies (OS), in order to allow on choices and methodological
strategies. The most used traditional methods and their consequences stand out: Case Study,
Ethnography, Oral and Life History, Action Research and Grounded theory. Aspects related to the
approaches discussed are presented, mainly to compliance with rigor and relevance, considering their
variations, limitations and potential for carrying out different qualitative studies. Qualitative research in
EOR is a free and open field and, therefore, should be better studied by organizational researchers;
and the diversity of qualitative strategies in the organizational field requires reflexivity on the part of
researchers, thus making it necessary for research to be conducted and produced with rigor so that
they can impact qualitative research in the EOR.
Keywords: Qualitative research; Qualitative methods; Organizational studies; Methodological strategies.
Qualitative Research in Organizational Studies (EOR): Mapping of
Methodological Choices
José Kennedy Lopes Silva
Universidade Federal de Rondônia (UNIR),
Departamento Acadêmico de Administração – Campus Vilhena
kennedysilv@gmail.com
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-8669-6429
José Edemir da Silva Anjo
Universidade Federal de Lavras (UFLA) /
Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal do Espírito Santo (PP-
GAdm/UFES)
anjo.joseedemir@gmail.com
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-5989-1173
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José Kennedy Lopes siLva | José edemir da siLva anJo
Geso & Conexões (ManageMent and ConneCtions Journal). Viria (Es), Vol. 13, n. 3, dE 2024.
Introdução
Os Estudos Organizacionais (EOR), no Brasil, vêm, ao longo dos anos,
perpetuando estratégias e métodos qualitativos e isso se torna uma proposta de
trabalho para os estudiosos de pesquisas qualitativas. Cunha e Rego (2019) ao
abordarem as críticas, enviesamentos, conclusões não generalizáveis e vulnerabilidade
à subjetividade que as Estratégias Qualitativas sofrem em relação ao rigor e relevância
dos estudos qualitativos nos EOR, retratam sobre a importância dessas metodologias
para investigação de fenômenos organizacionais. Silva, Barbosa e Lima (2020)
argumentam sobre as possibilidades de interação dos métodos qualitativos para
novas possibilidades e interação, o que permite a ampliação de caminhos de pesquisa
para os investigadores organizacionais.
Reis, Barrios, Silva e Busarello (2022), ao identificarem as possibilidades dos
métodos qualitativos, apresentam reflexões sobre como podem ser utilizadas as
estratégias de investigações com base em um roteiro para as pesquisas direcionadas
para turismo e desenvolvimento sustentável, o que pode ser adaptado para os EOR,
pois fortalece a necessidade de protocolos confiáveis de pesquisa para que não
se construa estudos falhos, o que resulta em maior rigor ao efetivar uma proposta
de pesquisa.
Shenton (2004) problematiza e defende a validade das pesquisas qualitativas
orientando sobre a necessidade de se fazer trabalhos com rigor para ter validade
científica. Por sua vez, Jonsen, Fendt e Point (2018) falam da importância da escrita,
do comprometimento e da criatividade do pesquisador na pesquisa qualitativa para
que possa alcançar êxito junto à comunidade científica.
Oliveira e Piccinini (2009) apresentam pontos importantes de como construir um
trabalho científico com bases qualitativas. Mencionam o crescimento das pesquisas
qualitativas em estudos organizacionais, principalmente por meio do construcionismo
social, interpretativo e teoria fundamentada. Latusek e Vlaar (2015) apresentam a
discussão de rigor e relevância de pesquisa e uma proposta de pesquisa com base
em metáforas.
Torlig, Resende Júnior, Fujihara, Montezado e Demo (2022), ao refletirem sobre o
rigor, relevância e flexibilidade dos métodos qualitativos, apresentam uma proposta de
validação para instrumentos de pesquisas qualitativas. Com essa ferramenta, os autores
contribuem para uma construção metodológica confiável, a qual coloca o pesquisador
qualitativo como protagonista do processo de pesquisa, pois lhe permite autonomia
na condução de toda a investigação. As ideias centrais de rigor (confiabilidade),
relevância e reflexividade apresentadas preparam os pesquisadores para pensarem
seus estudos com maior atenção à ética e à forma de se executar a pesquisa.
Fazer pesquisa qualitativa requer inúmeros cuidados do pesquisador para que
ele possa atingir rigor e relevância. Oliveira e Piccinini (2009) e Latusek e Vlaar (2015)
provocam os pesquisadores organizacionais a buscarem acesso às informações que
os movem e a procurarem sempre utilizar métodos diversos para alcançarem êxito
em pesquisas qualitativas. Jonsen et al. (2018) discutem sobre preparar e utilizar
a criatividade para conseguir o rigor e a validade em pesquisa, o que deve ser
considerado como uma das tarefas mais árduas para o cientista qualitativo. Pensando
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nisso, este trabalho apresenta métodos já consolidados na abordagem qualitativa,
seu rigor e sua relevância, assim, a proposta se apoia em uma “árvore genealógica”
que, em síntese, dispõe de ramificações e frutos dessas abordagens para o campo,
que representa as estratégias e métodos qualitativos nos EOR brasileiros, o uso
pedagógico desta metáfora busca facilitar o entendimento das escolhas metodológicas
para os pesquisadores qualitativos dos EOR.
Para melhor organização da leitura e da análise deste trabalho, ele foi pensado e
escrito com a seguinte estrutura: a apresentação das estratégias e métodos qualitativos
e sua “árvore”, que apresenta as ramificações das principais estratégias de pesquisas
qualitativas; em seguida, a tessitura das considerações finais, sintetizando as reflexões
desse estudo e suas interações com novas propostas de pesquisas que possam
contribuir para a pesquisa qualitativa praticada nos EOR no Brasil.
Estratégias metodológicas qualitativas
Nesta seção, sinteticamente, serão abordadas as seguintes estratégias: Estudos
de Caso, Etnografia, História Oral e de Vida, Pesquisa-Ação e Grounded Theory, as
quais, ao longo do tempo, consolidaram-se no campo dos EOR no Brasil.
A Figura 1, metaforicamente, representada por uma árvore, cujos galhos são
sustentados pelas estratégias metodológicas tradicionais, apresenta caminhos
alternativos aos métodos qualitativos. A árvore tem como objetivo propiciar um melhor
entendimento aos leitores sobre os caminhos e as possibilidades das estratégias
metodológicas que surgiram e/ou se desenvolveram a partir da utilização dos métodos
aplicados nas pesquisas em EOR.
Figura 1. Árvore de estratégias e métodos qualitativos
Fonte: Elaborado pelos autores (2024).
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Entre as estratégias metodológicas já tradicionais tratadas neste estudo, a
Etnografia se destaca como mais versátil em relação às novas possibilidades e à
flexibilização de sua aplicação nas pesquisas em EOR (Lopes & Ipiranga, 2021). O
Estudo de Caso se apresenta como uma estratégia para os estudos em Administração
por ser de fácil assimilação entre os pesquisadores e, por isso, sua utilização
também possibilita o surgimento de novas possibilidades e aplicações nas pesquisas
organizacionais (Levy, 2008; Godoy; 2010). A Pesquisa-Ação e o Estudo de Caso se
inter-relacionam e, assim, produzem algumas variações nas estratégias e técnicas
(Erro-Garcés & Alfaro-Tanco, 2020).
O método de História oral ainda é incipiente e numa perspectiva positiva caminha
para a sua consolidação no campo da Administração (Sacramento, Figueiredo, &
Teixeira, 2017). Hodge e Costa (2021) atestam a evolução de aplicação da História
oral e de vida como alternativa que enriquece o processo de construção de pesquisas
organizacionais. Sobre a Grounded Theory, entende-se ser um método que se aproxima
da aplicação com outras estratégias como Etnografia e Estudo de caso (Ramires &
Machado, 2017).
Em relação às estratégias que se originaram das tradicionais, verifica-se que elas
permitem aos pesquisadores organizacionais flexibilidade na seleção das estratégias
a serem aplicadas. Isso se complementa ao compreender a riqueza dos métodos
qualitativos. As novas metodologias desenvolvidas a partir da Etnografia incorporam
diversas técnicas e maneiras de uso a partir do conceito de Etnografia discutido na
Antropologia.
Compreende-se que os métodos oriundos do Estudo de Caso podem ser melhores
aplicados e ampliados pela riquezas de detalhes quando da coletas e produção de
dados (Godoi, 2010). O que esses tipos de Estudo de Caso têm em comum é a
capacidade de acesso do pesquisador às organizações ou às comunidades investigadas
(Arruda, Silva, Junges, Mussi, 2021). No entanto, são vantajosas as aplicações desses
métodos, pois possibilitam aos teóricos organizacionais alternativas que permitem a
reflexão para a escolha do melhor tipo diante do contexto a ser pesquisado. A História
Oral e de Vida dão luz à perspectiva de pesquisa histórica e historiografia já que
são métodos de características semelhantes que se subsidiam da área de história e
análise documental em uma perspectiva metodológica (Hodge & Costa, 2021).
Outra ramificação que merece destaque é a Etnopesquisa-ação e a Design
Science Research, ambas oriundas da Pesquisa-Ação. A Etnopesquisa-ação se origina
da educação e já se consolidou no campo de pesquisa dessa área, considera-se
aqui uma possibilidade de avanço dos EOR para a aplicação e uso desse método
de pesquisa.
Há inúmeros desafios para a aplicação dessa etnometodologia e, por isso,
Arminen (2008) alerta que os métodos tradicionais de pesquisas, como Estudos de
Caso e Etnografia, não atendem completamente aos objetivos da Etnometodologia
radical. Há a necessidade do uso da Etnometodologia para interpretar e compreender
a interação do grupo/organização pesquisado de modo que se possa alcançar os
resultados da pesquisa (Bispo & Godoy, 2014).
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A Design Science Research é um método de dupla aproximação que dialoga
com o Estudo de Caso. Todavia, seus fundamentos estão mais consolidados com
os da Pesquisa-Ação.
Posto isso, são apresentadas as Estratégias Metodológicas de maneira mais
detalhada com exemplos de trabalhos empíricos que possibilita a melhor compreensão
de suas aplicações.
Etnografia
A Etnografia é consolidada como uma estratégia metodológica (Van Maanen,
2015) e vem sendo desenvolvida no Brasil no campo dos Estudos Organizacionais há
aproximadamente 30 anos (Magalhães & Santos, 2016). Em contrapartida, Tureta e
Alcadipani (2011), como também Oliveira e Cavedon (2017) se posicionam de modo
pessimista em relação à consolidação da abordagem etnográfica nos EOR brasileiros.
Acredita-se que essas percepções diferentes ocorram, porque os autores vivem em
países e realidades de pesquisas diferentes. Tureta e Alcadipani (2011) e Oliveira e
Cavedon (2017) demonstram a importância dos estudos das práticas organizacionais
e sociomaterialidade em conjunto com a Etnografia. Esses autores apresentam os
conceitos e a necessidade de pesquisas nas práticas serem realizadas em EOR.
Tres e Sousa (2022), ao investigarem as racionalidades substantivas nas
práticas administrativas de Ecovilas, pautaram-se em um trabalho, como os próprios
autores denominam, de “inspiração etnográfica”. Trabalhos como este são comuns no
campo dos EOR, orientam-se em pesquisas como propostas, estratégicas de cunho
etnográfico, no entanto, esse estudo não é conduzido com uma imersão rigorosa como
é atribuído pelos antropólogos. É necessário enfatizar que o trabalho de Tres e Souza
(2022) é relevante para os EOR, principalmente, no que é referente às pesquisas
voltadas para as organizações substantivas, todavia, deve-se ater que, ao se pautar
em uma proposta etnográfica com base em “inspiração etnográfica”, esse trabalho é
comprometido metodologicamente (Oliveira, 2013).
Silva e Fantinel (2014) apontam que não se deve confundir o uso da técnica de
observação (participante ou não) como coleta de dados com o método etnográfico.
Fazer o uso dessa técnica não implica a construção de uma etnografia, haja vista que
o método exige o caráter reflexivo do pesquisador e de sua interação com o campo
que é revelado no processo de escrita etnográfico (Silva & Fantinel, 2014; Poubel,
Margon, Júlio, 2018).
Magalhães e Santos (2016), ao avaliarem como a Etnografia vem sendo utilizada
nos EOR no Brasil, atentam-se para a riqueza e para a contribuição do método para
o campo, afirmam a necessidade do rigor e da adequação do campo aos preceitos
da Etnografia para que não haja a marginalização do método em seu uso pelos
pesquisadores organizacionais.
A grande contribuição da pesquisa etnográfica é permitir ao pesquisador a
possibilidade do improviso (Andion & Serva, 2010; Van Maanen, 2015). A pluralidade
e o improviso identificados na Etnografia são permeados de desafios, ao mesmo
tempo em que propiciam uma riqueza de dados, exigem do pesquisador habilidade e
experiência para poderem compreender o grupo estudado. A pluralidade e o improviso
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se apresentam de forma teórica na pesquisa de Lopes e Ipiranga (2021), que discutem
a importância da aplicação da Etnografia a partir da análise de arquivos históricos.
Como uma estratégia metodológica, a etnografia de arquivos nos EOR favorece o
olhar sensível para memória de processos organizacionais e atores históricos (Lopes
& Ipiranga, 2021).
Identificam-se também essas situações nas pesquisas empíricas de Tureta
e Alcadipani (2011) e Oliveira e Cavedon (2017), quando eles relatam que, em
determinados momentos da pesquisa, eram controlados pelos sujeitos e pelos não
humanos. Por mais que o pesquisador procure ser objetivo aplicando as técnicas
discutidas por Andion e Serva (2010), não é possível garantir que se tenha total
controle sobre a pesquisa.
Quando se trata do papel dos humanos e não humanos e da observação
participante e não participante para a eficácia das pesquisas etnográficas, Tureta e
Alcadipani (2011) afirmam que essa relação deve ser fortalecida nas investigações
e que os pesquisadores devem entender e potencializar o papel dos não humanos
e dirimirem a dualidade no processo de observação participante e não participante.
Os pesquisadores devem compreender esse processo e potencializarem a interação
entre os processos de observação e da sociomaterialidade.
Davel, Fantinel e Oliveira (2019) apresentam os potenciais e desafios na Etnografia
Audiovisual, como prática de pesquisa, a partir de uma revisão sistemática de produções
em torno da relação entre os usos e práticas do material audiovisual e Etnografia. As
Etnografias Audiovisuais ainda são atípicas no campo dos EOR.
Sobre a produção e atenção específica de fotografias, tem-se a Fotoetnografia
(Cavedon, 2005), em que se pode notar a falta de atenção e um olhar analítico aos
registros fotográficos nas pesquisas qualitativas desenvolvidas (Banks, 2009). Os
autores ressaltam o desafio não apenas metodológico, mas também técnico dos
pesquisadores ao optarem por fazer uso da produção e do registro, bem como da
atenção à linguagem narrativa e plural dos formatos que a linguagem audiovisual
possibilita. Esse caminho estratégico potencializa e viabiliza uma análise mais detalhada
em investigações de práticas sociomateriais (Hindmarsh & Llewellyn, 2018).
Com o impacto do mundo virtual no cotidiano social, a Netnografia (Kozinets,
2010) se configura como desdobramento ou uma nova adaptação do método etnográfico
para o campo de observação virtual. Aqui, pode-se depreender uma necessidade de
o pesquisador ter olhar mais passivo fisicamente para o investigado, mas suas ações
e participação devem estar associadas a novas configurações, como a do ambiente
virtual, tais como blogs, fóruns e reuniões virtuais, que servem para a obtenção de
informações na fase inicial da pesquisa e a fase da netnografia de análise de conteúdo
que possibilita a categorização e análise dos dados coletados (Vizentin, Cassandre,
Bulgacov, 2022), de forma que permita que a observação participante seja mediada
pela realização de comentários ou de postagens, além de outras ações como curtidas
e compartilhamentos.
Henriques e Pereira (2018) recorreram à estratégia netnográfica para investigar
como fãs de rock clássico constroem e expressam significados de autenticidade. Eles
realizaram uma Netnografia em dois grupos do Facebook sobre rock clássico durante
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12 meses, e, nessa imersão digital, interpretaram como é construída uma sociedade
virtual a partir de uma prática de consumo em comum. Apesar dos aspectos da vida
contemporânea e das potencialidades de acesso, a Netnografia tem-se limitado a
fenômenos na área de marketing.
Ainda sobre ramificações da estratégia etnográfica, tem-se a autoetnografia, que
parte da experiência pessoal (auto) para a compreensão da experiência vivida de um
fenômeno social (Gill, 2014; Ellis, 1999). Nela, há uma forte inspiração de técnicas
biográficas. No desenvolvimento de uma autoetnografia, há uma preocupação do
pesquisador em revelar seu processo de pesquisa. Estudos que abordam processos
de aprendizagem (Kock, Godoi, Lenzi, 2012) têm dado maior atenção a esse gênero
etnográfico, bem como estudos de liderança (Kempster & Stewart, 2010).
Outra possibilidade da Etnografia é a Multissituada ou Multilocalizada (Marcus,
1995), diante do diálogo e conexões entre as práticas culturais organizativas que
hoje superam barreiras de espaços físicos e digitais, o que resulta na formação de
espaços. A etnografia multissituada lança para o pesquisador inúmeros desafios. No
entanto, esse método permite aos cientistas organizacionais uma gama de pesquisas
que envolva múltiplas realidades, enriquecendo o campo de EOR, dada a amplitude
que esse método oferece.
Oliveira e Cavedon (2017) contribuem para os EOR com a aproximação teórica
das práticas organizacionais e das discussões foucaultianas sobre heterotopias por
meio da etnografia multissituada, caracterizando um caminho teórico-metodológico
não consolidado. E indo a esse encontro, Lima, Silva e Torini (2019) apresentam a
etnografia multilocalizada como proposta metodológica para as pesquisas relacionadas
aos processos de métodos móveis de pesquisas devido à mobilidade internacional
dos pesquisadores. Para eles, esse tipo de pesquisa etnográfica permite investigar as
práticas socioculturais cotidianas, a construção da rotina em meio ao estabelecimento
de conexões entre localidades diversas.
Estudo de caso
O Estudo de Caso se destaca nas pesquisas das ciências sociais aplicadas,
em especial, nos EOR. É observada a importância de Robert Yin, Robert Stake e
Kathlemm Eisenhardt para consolidação conceitual desse tipo de pesquisa. Pode-se
considerar esses autores como referências para essa estratégia metodológica (Levy,
2008; Godoy, 2010; Klein, Colla, & Walter, 2021).
Considera-se o conceito de Godoy (1995b, p. 25), em que: “O estudo de caso
se caracteriza como um tipo de pesquisa cujo objeto é uma unidade que se analisa
profundamente. Visa ao exame detalhado de um ambiente, de um simples sujeito ou
de uma situação em particular”. Apesar de o conceito de Estudo de Caso destacar
a profundidade de como é realizada a pesquisa sobre o objeto, sujeito ou ambiente,
é comum encontrar dentro das pesquisas em EOR investigações que afirmam que
se utilizaram desse método, mas que não comprovam no texto a profundidade
necessária que é característica tão importante das pesquisas em Estudo de Caso, o
que se apresenta como uma vulgarização em relação à aplicação dessa estratégia
metodológica.
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Levy (2008) se concentra na discussão dos métodos comparativos e na aplicação
de Estudo de Caso, seu intuito é apresentar uma nova tipologia desse método. Welch,
Rumyantseva e Hewerdine (2016) trazem o debate sobre o conceito de Estudo de
Caso dentro da Administração, contextualizando que os administradores não dão a
devida atenção à construção de conceitos, por suas raízes serem operacionalistas.
Godoy (2010) apresenta maneiras de como realizar uma pesquisa de Estudo de Caso
e é compreendido em seu trabalho a importância e a pertinência desse método de
pesquisa para os EOR.
Klein et al. (2021) consideram que, mesmo com os avanços epistemológicos, na
aplicação de Estudos de Casos, ainda há implicações no que diz respeito à sua forma
de aplicação na prática, bem como os pesquisadores tratam as adversidades, como
proposta epistemológica da pesquisa com base nos posicionamentos de Yin, Eisenhardt
e Stake, e peculiaridades que aparecem ao longo do processo de pesquisa para que
se evite a operacionalização incorreta dessa estratégia. Ainda há a necessidade de se
ampliar as pesquisas e orientações para a utilização dessa estratégia acompanhando
as reflexões de Welch et al. (2016) e Godoy (2010), ou seja, é preciso que se atente
ao rigor na aplicação dos Estudos de Caso em Administração, bem como nos EOR
brasileiros.
Esses argumentos são sustentados pelas críticas de Dresch, Lacerda e Miguel
(2015) quando dizem haver abordagens sem critérios que priorizam o rigor e a
relevância científica no Estudo de Caso, o que resulta na utilização de forma errônea
por grande parte dos pesquisadores. Para Godoy (2010) e Welch et al. (2016), o
Estudo de Caso pode contribuir para a construção da teoria futura e ser um ponto
de partida para a consolidação de conceitos e construções teóricas.
Tradicionalmente, têm-se dois tipos de Estudo de Caso: únicos e múltiplos (Stake,
2005; Yin, 2001). A discussão é pautada em função da falta de rigor metodológico
e de planejamento da pesquisa, o que diminui a credibilidade desse método, como
causa deste processo é a aplicação e a falta de entendimento epistemológico de
pesquisas em Estudos de Casos, seja em Caso Único ou Múltiplos Casos (Klein et
al., 2021). A abordagem de uma pesquisa com um Caso Único deve ocorrer quando,
primeiramente, o pesquisador tem a dificuldade ou impossibilidade de acesso, tempo
e recursos para investigação, o que o leva à escolha de um caso único. Deve-se
chamar a atenção também quando uma organização possui traços únicos, suas
especificidades peculiares e vistas como inovadoras nas suas práticas de gestão.
Uma pesquisa do tipo Múltiplos Casos apresenta uma maior robustez, elaboração
e qualidade. Yin (2015) vê nas diversas fontes de coletas de dados maior vantagem
na utilização de Múltiplos Casos, por proporcionar frentes de linhas convergentes
no processo de investigação que teve acesso a distintas informação. Com base na
proposta de Yin (2001, 2015), Dias e Pedrozo (2015) propõem um modelo de aplicação
de Estudos de Casos com várias unidades de análises. Ao estudar o modelo dos
autores é identificado as possibilidades de aplicação dessa estratégia de pesquisa
nos EOR no Brasil.
Ainda assim, Stake (2005) ressalta uma maior atenção a ser dada na estratégia
da elaboração da pesquisa no que tange, principalmente, ao processo de coleta e
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análise dos dados encontrados nos campos investigados, pois os estudos de múltiplos
casos implicam a replicação dos apontamentos da pesquisa.
Creswell (2013) aponta um terceiro tipo, o Intrínseco. Nele, o foco de estudo é
no caso em si, sendo preciso levar em consideração que o caso apresenta alguma
característica ou contexto incomum. Os procedimentos analíticos requerem uma
descrição detalhada, especificando como o caso é delimitado no tempo e no espaço.
E, de modo geral, nos Estudos de casos, ao ponto que o pesquisador se aproxima do
objeto, ele passa a ter maior propensão de gerar equívocos nos resultados e tratamento
dos dados coletados por causa da criação de vieses não identificados pela própria
atuação do pesquisador no campo, o que resulta na perda do rigor metodológico e
da estratégia traçada na elaboração da pesquisa.
História oral e de vida
Em relação ao processo histórico, as metodologias História Oral e de Vida
tiveram seus primeiros registros a partir da década de 1920 com destaque para a
Escola de Chicago (Barros & Lopes, 2014; Ichikawa & Santos, 2010; Craide, 2011).
Para Ichikawa e Santos (2010), História de Vida é uma das abordagens da História
Oral. Por essas características, apresentadas por esses autores, é que se considera
tratar neste artigo conjuntamente os dois métodos.
As pesquisas em História de Vida apresentam limitações: i) tempo da pesquisa,
considera-se que esse é um trabalho que necessita de um período razoável para
execução de todo o processo de pesquisa; ii) a credibilidade da pesquisa, pois a
História de vida ainda é considerada muito subjetiva; e iii) a exigência de sensibilidade
do pesquisador, por se tratar de um processo de pesquisa que instiga emoções do
sujeito (Barros & Lopes, 2014; Craide, 2011).
Ao verificar o processo histórico desses métodos de pesquisa, identifica-se o
quanto eles são novos na Administração. Para Lopes e Ipiranga (2021), o uso da
pesquisa histórica na Administração ganhou um maior destaque a partir dos anos
2000. Teixeira, Lemos e Lopes (2021) destacam que apenas em 2001 foi publicada
a primeira pesquisa com o uso do método na área de Administração e complementa
que até 2020 foram publicados 121 trabalhos com o uso do método em periódicos e
congressos da área de Administração, o que pode se afirmar como uma tendência
de consolidação e crescimento.
A estratégia metodológica História Oral e de Vida possui grande potencial no
auxílio da compreensão e do estudo dos fenômenos organizacionais, a partir do olhar
do próprio sujeito (Godoy, 2018). Freitas (2006) considera a História Oral e de Vida
como um método com interesse de registrar as narrativas de experiências humanas por
meio da realização de estratégias de entrevistas. Assim como o método etnográfico,
esse método tem sua natureza interdisciplinar, tendo atenção de uma lente subjetiva
na tentativa de compreensão das vivências das pessoas no contexto social.
Por ser um método diversificado, ainda é relativamente restrito ao campo da
Administração (Colomby, Peres, Lopes, Costa, 2016; Godoy, 2018). Ainda assim,
Sacramento et al. (2017) destacam três tipos de abordagens que podem ser adotadas
pelos pesquisadores interessados no método, com base no estudo de Freitas (2006).
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A primeira, Tradição Oral, é contada pelo coletivo, de uma sociedade oral; trata-se
de um testemunho transmitido de forma verbal de uma geração para outra. Há uma
atenção e preocupação quanto à genealogia do fenômeno sociocultural investigado.
A segunda, História de Vida, está associada ao relato autobiográfico, sendo preciso
que esse relato de vida seja contado pelo próprio indivíduo, de forma que sua vida
seja descrita e narrada em toda a sua completitude (do passado ao presente). Já na
terceira, História Oral temática, diferencia-se das demais na técnica de entrevista que
pode ser realizada por mais de um grupo de pessoas, tendo como aspecto central um
determinado tema sociocultural desse grupo. Nessa última, o pesquisador, no papel
de entrevistador, passa a ser mais ativo por conduzir e direcionar o tema discutido ao
procurar entender o problema investigado (Freitas, 2006; Sacramento et al., 2017).
Tanto Freitas (2006) quanto Sacramento et al. (2017) se preocupam com o
rigor metodológico e com as questões éticas, com os procedimentos da técnica de
entrevista realizada, desde a abordagem escolhida até sua transcrição e a análise
dos dados. Sobre o uso das Histórias de Vida nos EOR, Colomby et al. (2016)
advertem que os pesquisadores não devem limitar a atenção e a preocupação ao
caráter estritamente “instrumental” do método, pois, ao seguir por esse caminho
metodológico, a compreensão e a construção da narrativa se dará por momentos de
reflexividade em meio à transformação social vivida.
O método tem contribuído para estudos que buscam compreender experiências
pessoais nos mais diferentes temas de investigação, não se restringindo a trajetórias
profissionais de gestores e empreendedores (Godoy, 2018). Além de outras formas
de se pensar a gestão, com preocupação do momento do encontro, da transcrição
dos ditos e não ditos, da forma de realização das entrevistas e da estrutura do texto
a ser narrado (Joaquim & Carrieri, 2018).
Pesquisa-ação
Há registros que a Pesquisa-Ação surge como método de pesquisa em meados
da década de 1940 com os estudos empíricos de Kurt Lewin e com a influência
do Instituto Tavistock, grupo de pesquisadores de recursos humanos, que, unidos,
reconstruíram as bases industriais britânicas após a Segunda Guerra Mundial (Maurer
& Githens, 2010; Saraiva & Anjos, 2020). No Brasil, a Pesquisa-Ação teve início por
volta dos anos de 1970 e, após os anos 2000, passou por um processo de retomada
quando novos pesquisadores se interessaram por utilizá-lo. No entanto, esse método
ainda não foi consolidado nas pesquisas organizacionais no Brasil pela dificuldade
de se realizarem trabalhos com essa metodologia, como a limitação conceitual sobre
a Pesquisa-Ação e a articulação entre as etapas do Ciclo Acadêmico e o Ciclo da
Ação (Menelau, Santos, Castro, Nascimento, 2015).
Há um aumento considerável de trabalhos científicos que utilizam a Pesquisa-
Ação, entretanto, ainda esse aumento é baixo em relação aos demais métodos de
pesquisa, como o Estudo de Caso (Menelau et al., 2015; Dresch et al., 2015). Leite
e Lemos (2022) apontam a ampliação do uso da Pesquisa-Ação nas pesquisas
organizacionais e afirmam que há o reconhecimento da contribuição dessa estratégia
nas pesquisas em Administração, Ciências Contábeis e Economia.
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Geso & Conexões (ManageMent and ConneCtions Journal). Viria (Es), Vol. 13, n. 3, dE 2024.
A Pesquisa-Ação é uma possibilidade de aproximação entre as pesquisas
científicas e a sociedade, entre teoria e prática nas pesquisas organizações, dado que
a intervenção na realidade e a busca pela transformação de pessoas ou ambientes
são duas das questões centrais dos métodos (Maurer & Githens, 2010; Menelau et al.,
2015). No entanto, esses processos ainda não foram consolidados, como verificado
no estudo de Menelau et al. (2015). Assim, é possível afirmar que o distanciamento
da academia com as organizações, características das universidades brasileiras, e,
especialmente, dos Cursos de Administração, é outro fator que dificulta um maior
número de investigações que utilizam o método de Pesquisa-Ação.
A Pesquisa-Ação contribui para as pesquisas organizacionais ao priorizar o
diálogo entre os pesquisadores, as organizações e seus membros, pois se efetiva em
um processo coletivo e dialógico que busca diagnosticar e solucionar os problemas
para a emancipação e autonomia dos sujeitos (Saraiva & Anjos, 2020; Maurer &
Githens, 2010). Portanto, se não há diálogo, não há Pesquisa-Ação.
Quando se comparam as abordagens e os estudos aplicados nos trabalhos de
Maurer e Githens (2010) e Menelau et al. (2015), identificam-se lacunas entre os
trabalhos em Pesquisa-Ação nos estudos internacionais e nos nacionais. É possível
mencionar os conceitos, protocolos e guias apresentados pelos autores em seus
trabalhos internacionais, todavia, no trabalho de Menelau et al. (2015), está registrada
a deficiência nas aplicações de Pesquisa-Ação nos trabalhos nacionais.
A metodologia em espiral aplicada por Menelau et al. (2015) se relaciona com a
discutida por Maurer e Githens (2010). Identifica-se que o modelo espiral é a melhor
metodologia para aplicar a Pesquisa-Ação nas investigações organizacionais. Maurer
e Githens (2010) apresentam um modelo de Pesquisa-Ação que dialoga com os
apresentados por Menelau et al. (2015) e Dresch et al. (2015), que, em síntese, são
divididos em: planejamento antes da pesquisa; ação da pesquisa; reflexão com todos os
membros sobre a ação aplicada à pesquisa e à avaliação e ao monitoramento da ação.
Dresch et al. (2015) argumentam que boa parte dos pesquisadores organizacionais
necessita dar uma maior atenção ao rigor e à relevância nas pesquisas em
Administração do Brasil. Essa mesma preocupação é identificada de forma empírica
por Menelau et al. (2015).
Acredita-se que as práticas da Pesquisa-Ação podem garantir às organizações
melhores resultados por permitirem a integração entre academia e as organizações e,
nesse sentido, os dois campos saem ganhando. Apresentar aos novos pesquisadores
e às organizações as possibilidades que a Pesquisa-Ação permitem é um dos desafios
para os teóricos organizacionais e estudiosos em metodologia.
Maurer e Githens (2010) apresentam abordagens de Pesquisa-Ação e a que pode
ser considerada a menos aconselhável é a convencional, por contrariar a dialógica
e pecar pela falta de criticidade. Nela, o pesquisador procura atuar de forma neutra,
no entanto, na maioria das vezes, os consultores da Pesquisa-Ação convencional
posicionam o seu processo de pesquisa favorável à administração da organização.
Nesse sentido, ao acompanhar Maurer e Githens (2010), entende-se que a Pesquisa-
Ação dialógica é que pode permitir um trabalho com resultados mais eficazes e com
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Geso & Conexões (ManageMent and ConneCtions Journal). Viria (Es), Vol. 13, n. 3, dE 2024.
maior validade e confiabilidade em relação ao rigor, à relevância e à interação com
os pesquisados.
O trabalho de Pesquisa-Ação não pode ser amparado pela neutralidade do
pesquisador, pois essa característica das pesquisas em ciências naturais prejudica a
abordagem nas práticas de Pesquisa-Ação. Dresch et al. (2015) afirmam que há má
aplicação da Pesquisa-Ação, principalmente, pela falta de interação entre pesquisador
e pesquisado.
Menelau et al. (2015) são eficazes na abordagem de sua pesquisa, na aplicação
dos métodos e na apresentação dos resultados do trabalho. De forma honesta,
apresentam as limitações do trabalho, que não permite oferecer uma resposta
contundente, porém, os autores também apresentam indícios de que os interesses
organizacionais têm prevalecido sobre os dos empregados e os dos pesquisadores.
Em relação à discussão dos métodos tratados na pesquisa de Dresch et al. (2015),
é possível integrar uma pesquisa com abordagens de Estudo de Caso, Pesquisa-
Ação e Design Science Research para a construção de teorias que tratam de uma
abordagem de pesquisa que permite pesquisas e resultados interessantes para a
melhoria das práticas organizacionais. É um método que pode ir além dos resultados
apresentados pelo Estudo de Caso e pela Pesquisa-Ação.
Dresch et al. (2015) não encerram estudos e pesquisas sobre a Pesquisa-
Ação. Todavia, permitem compreender que as discussões sobre Pesquisa-Ação são
essenciais para gerarem novas possibilidades de abordagens desse método, evitarem
os erros metodológicos como os identificados nos trabalhos de Menelau et al. (2015)
e, por consequência, buscarem a consolidação dessas abordagens nas pesquisas
organizacionais.
A Etnopesquisa-ação é outro método oriundo da Pesquisa-Ação e que se
preocupa de maneira rigorosa com a interpretação do pesquisador e com a evolução
do conhecimento dentro do processo de pesquisa. O método proporciona aos sujeitos
envolvidos na pesquisa a possibilidade de aprender por meios científicos a edificar
teorias, proporcionar transformações no ambiente social investigado de maneira
partilhada, e o rigor qualitativo é um dos pilares de compromissos para o pesquisador
que utiliza essa estratégia de pesquisa (Macedo, 2009).
Grounded theory
Bandeira-de-Mello e Cunha (2010), ao contextualizarem o processo de construção
da Grounded theory (Teoria Fundamentada), afirmam que a metodologia é de base
dedutiva, por isso, é compreendido o “distanciamento” entre pesquisador e campo
no tocante à neutralidade.
Esses autores discorrem sobre o trabalho pioneiro de Barney Glaser e Anselm
Strauss, na década de 1960, sobre Grounded theory que demorou a ser utilizada na
construção de pesquisa em Administração, apenas nos anos de 1990 começou a se
destacar com pesquisas na área de EOR (Bianchi & Ikeda, 2008; Ramires & Machado,
2017). EOR é um campo propício para a Grounded theory, por se tratar de uma área
que permite a interação com sujeitos dos ambientes investigados. Na Grounded
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theory, o mais importante não é o problema de pesquisa, mas uma área substantiva
que possa ser discutida e teorizada com base nos dados (Bianchi & Ikeda, 2008).
A Grounded theory contribui para aproximar a teoria da prática, o que pode
garantir às organizações melhores resultados por permitir a integração entre academia
e sociedade e, nesse sentido, os dois campos saem ganhando. Ao permitir a interação
entre teoria e prática, é melhorado o entendimento das pessoas em relação aos
procedimentos e resultados acadêmicos (Corbin & Strauss, 1990; Glaser & Strauss,
1967). Esse processo interativo é uma vantagem e qualidade da Grounded theory, pois
permite ao investigado a participação no processo de pesquisa de modo protagonista.
A comparação entre os dados coletados é primordial na pesquisa de Grounded
theory, de Bandeira-de-Mello e Cunha (2010), que dividem a comparação em duas
partes: incidente-incidente e teórica. Ainda para esses autores, o pesquisador vai
a campo, sem uma teoria determinada, apoia-se em uma abordagem ampla para
depois ir definindo, conforme o surgimento dos dados, o que consolida a discussão de
Ramires e Machado (2017). Para estes “a ênfase da Grounded theory é o aprendizado
a partir dos dados e não a partir de uma visão teórica existente” (Ramires & Machado,
2017, p. 260).
Por ter características de outros métodos e técnicas de pesquisas, a Grounded
theory pode oferecer inúmeras possibilidades de construção de um trabalho, no
entanto, é necessário a maturidade do pesquisador e dos pesquisados para a
condução do trabalho para atender aos princípios da Teoria Fundamentada, que
são: rejeição de testes de hipóteses; a lógica indutiva; a participação do pesquisador;
e os procedimentos sistemáticos de coleta de análise dos dados (Dias, Souza,
Ramos, 2019).
Pinto e Santos (2012) sugerem a criação de grupos de pesquisas para consolidar
a abordagem. É necessário apresentar e consolidar com os novos pesquisadores as
possibilidades que a Grounded theory permite para pesquisas acadêmicas em EOR.
A revisão integrativa feita por Medeiros, Santos e Erdmann (2019) revela três
vertentes da Grounded theory: (1) Clássica, que é mais próxima aos pressupostos
positivistas com um pesquisador mais neutro; (2) Straussiana, tem preocupação com
os aspectos técnicos de codificação e estruturação dos dados; e (3) Construtivista,
com maior aproximação ao fenômeno estudado, pois diferente das anteriores, essa
considera que não há neutralidade por parte do pesquisador já que há interação
entre os sujeitos de pesquisa na construção dos dados fundamentados. A vertente
straussiana tem sido a mais utilizada na área organizacional. Os autores apontam
algumas fragilidades nos trabalhos, pois requerem um aprofundamento sobre o método
aplicado, além da necessidade de geração de teoria substantiva, a partir de um olhar
mais interpretativo e menos técnico e estrutural dos dados.
Charmaz (2009) chama atenção para o contexto da produção da teoria substantiva
e para o fato de que o pesquisador é participante relevante do estudo, pois ele deve
apresentar sua perspectiva no trabalho. Cepellos e Tonelli (2020) alertam para o
dinamismo nos procedimentos das questões metodológicas não previstas no desenho
de pesquisa de estudos orientados pela Grounded theory, posto que, na prática,
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muitas dificuldades são encontradas no processo de codificação dos dados e geração
de uma teoria substantiva.
A Grounded theory pode ser aceita como uma estratégia de pesquisa crítica, pois
é colocada em prática a partir de lacunas de pesquisas, da capacidade de interpretação
do pesquisador e da aproximação com a teoria crítica e dialética negativa de Theodor
Adorno (Dias et al., 2019).
Os desafios da Grounded theory nos EOR é que os pesquisadores não se
propõem a aplicá-la, por se tratar de um método delicado e que ainda não é consolidado
nesse campo organizacional. É necessário que os pesquisadores do campo utilizem
o método em suas pesquisas, afinal é perceptível pelas leituras dos textos as
possibilidades de pesquisa que a Grounded theory oferece, assim, é importante
que os pesquisadores saiam da zona de conforto e façam pesquisas utilizando a
Grounded theory.
Considerações finais
O estudo surgiu da inquietação dos autores com relação às escolhas
metodológicas qualitativas nos EOR. Nele, apresentaram-se as abordagens
consideradas tradicionais e alternativas com intuito de propiciar o melhor entendimento
para os pesquisadores organizacionais refletirem sobre a tomada de decisão em
relação aos métodos em suas pesquisas.
Adveio desta investigação uma proposta que orienta os teóricos brasileiros em
suas pesquisas em EOR. Os diálogos aqui constituídos estabelecem conexões com
os teóricos consolidados a partir da releitura e do resgate de suas premissas com os
artigos teórico-empíricos apresentados no trabalho.
A metáfora da “Árvore Genealógica” é uma estratégia pedagógica para
pesquisadores iniciantes e estudantes de pós-graduação stricto-sensu quando das
suas escolhas metodológicas para a construção de dissertações e tese. A “árvore”
não intenciona apresentar a esses pesquisadores as estratégias metodológicas como
algo simples de ser escolhido ou de se fazer, mas, sim, busca aproximá-los dessas
abordagens, para que possam “adubar” e cuidar das ramificações, frutos, respeitando
o rigor e relevância na aplicação dos diversos métodos e estratégias qualitativas.
O processo permitiu aprofundar o conhecimento sobre o uso e a aplicação
das estratégias de pesquisas e suas variações para realizar suas investigações
científicas. Compreende-se, neste estudo, que a pesquisa é um campo aberto, pois
o investigador deve ter sensibilidade para coletar todos os dados possíveis que o
ambiente investigado oferece a ele. Além disso, este trabalho permite o entendimento
de que fazer estudo qualitativo requer inúmeros cuidados para que possa atingir rigor,
validade, reflexividade e relevância em seu estudo.
Os pesquisadores em EOR devem se ater às escolhas justificando-as de
maneira coerente ‒ e à aplicação das estratégias qualitativas para que se comprove
a qualidade dos dados, das informações e dos resultados levantados em seus
trabalhos. Isso justifica a necessidade desta pesquisa em apresentar uma análise
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sobre os caminhos de algumas das principais estratégias da abordagem e de como
se apresentam os desafios para a aplicação das pesquisas qualitativas.
Em relação às estratégias metodológicas discutidas, tem destaque a Etnografia
que se apresenta como um método flexível e que necessita da atenção dos
pesquisadores organizacionais, o que indica que essa metodologia se consolida no
campo dos EOR. A Grounded theory e Pesquisa-Ação são estratégias que necessitam
de maior familiaridade e aplicação por parte dos cientistas brasileiros, pois são métodos
que, se utilizados corretamente, oferecem uma aproximação tão necessária e importante
entre a academia e a sociedade.
É possível utilizar uma ou mais estratégias conjuntamente, o que não compromete
o uso delas separadamente, destacam-se, nesse contexto, as possibilidades de uso
da Etnografia e da Grounded theory, e também a aproximação de dois métodos como
Estudo de Caso e Pesquisa-Ação podem complementar os trabalhos realizados com
base na Design Science Research.
Sobre os caminhos alternativos, são estratégias que apresentam pressupostos
consistentes de uso e análises, que ainda não se concretizaram nos EOR brasileiros.
Dessa forma, necessitam ser utilizados pela academia, em especial, nas pesquisas
em teses, dissertações e, posteriormente, nos artigos científicos.
O trabalho possui limitações por não discutir e apresentar outras metodologias
qualitativas, como método de pesquisa e novas estratégias, como a fenomenografia,
uma abordagem teórica e metodológica pouco difundida nos estudos brasileiros (Marton,
1981). A cartografia seria outro método alternativo ainda pouco explorado no campo,
como sugerido por Weber, Grisci e Paulon (2012).
A partir dos debates desenvolvidos no trabalho, apresenta-se, como sugestões
para futuras pesquisas, o estudo de outras metodologias que se baseiam na
aproximação das abordagens qualitativas com as quantitativas; apontamentos sobre
novas estratégias qualitativas, além de técnicas de produção e coleta de dados que são
raramente utilizadas e discutidas, como o caso da Shadowing, que consiste em seguir
os atores nas ações (McDonald, 2005). Sugere-se ainda abordagens metodológicas
feministas, que são múltiplas, conforme as reflexões apresentadas por Cerchiaro,
Ayrosa e Zouain (2009) e Lima, Ferreti e Souza (2021). Não se pode também deixar
de incentivar trabalhos que aprimorem a discussão sobre os usos de softwares na
pesquisa qualitativa.
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