Revista Gestão & Conexões
Management and Connections Journal
Vitória (ES), Vol. 13, n. 3, dE 2024.
iSSn: 2317-5087
doi: https://doi.org/10.47456/regec.2317-5087.2024.13.3.43792.266.292
Artigo submetido em: 22.02.2024 Aceito em: 03.06.2024 PublicAdo em: 02.09.2024
Universidades e Sustentabilidade: Uma Revisão sob a
Ótica Discursiva
RESUMO
Esta revisão de literatura objetiva examinar o conhecimento do meio acadêmico sobre as relações
que moldam os discursos das instituições de ensino superior em relação à sustentabilidade. Foram
pesquisados trabalhos publicados em periódicos entre 2010 e 2023 em bases de dados reconhecidas
internacionalmente, que investigaram especificamente a comunicação e o discurso organizacional
relacionados ao tema proposto, nas instituições do tipo. Após uma seleção inicial de 383 artigos, foi
analisado um total de 65 artigos. Por meio da codificação e de uma análise que buscou intenções,
silêncios e direcionamentos, surgiram vários grupos temáticos e dois discursos predominantes: um
vinculado a correntes epistemológicas positivistas/funcionalistas e outro relacionado a estudos decoloniais
e à relevância das relações de poder. Com os resultados obtidos, espera-se ampliar a perspectiva dos
leitores em relação à atividade discursiva desempenhada por este tipo de organização, a respeito de
um tema relevante e amplamente abordado dentro e fora de seus limites.
Palavras-chave: Discurso organizacional; Revisão de literatura; Sustentabilidade; Universidades.
ABSTRACT
This literature review aims to examine the academic knowledge about the relationships that
shape the discourses of higher education institutions in relation to sustainability. We searched for
papers published in journals between 2010 and 2023 in internationally recognized databases, which
specifically investigated communication and organizational discourse related to the proposed theme,
in institutions of this type. After an initial selection of 383 articles, a total of 65 were analyzed. Through
codification and an analysis that sought intentions, silences and directions, several thematic groups and
two predominant discourses emerged: one linked to positivist/functionalist epistemological currents and
the other related to decolonial studies and the relevance of power relations. With the results obtained,
it is expected to broaden the readers’ perspective in relation to the discursive activity performed by this
type of organization, regarding a relevant and widely addressed theme inside and outside its limits.
Keywords: Organizational discourse; Literature review; Sustainability; Universities.
Universities and Sustainability: A Review from a Discursive Perspective
José Florentino Vieira de Melo
Universidade Federal da Paraíba
jose.vieira.melo@icloud.com
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-4500-9802
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José Florentino Vieira de Melo
Geso & Conexões (ManageMent and ConneCtions Journal). Viria (Es), Vol. 13, n. 3, dE 2024.
Introdução
As instituições de ensino superior desempenham um papel relevante no estudo,
pesquisa e divulgação de temas relacionados à sustentabilidade. Norton et al.
(2022) destacam a importância estratégica das universidades no desenvolvimento
econômico e na redução da pobreza, questões pertinentes à sustentabilidade. Por
sua vez, Stein et al. (2019) argumentam que alternativas de desenvolvimento devem
considerar diferentes configurações de organização econômica e política, baseadas
em conhecimentos não ocidentais e epistemologias não etnocêntricas.
Neste sentido, as universidades, enquanto organizações responsáveis pela criação
e divulgação de conhecimento, atuam como entes comunicativos, sendo seus discursos
um meio eficaz de defender causas, sejam elas evidentes ou camufladas em falas
e silêncios (Conde, 2009). O propósito central deste artigo reside na investigação
destes discursos, quando relacionados à temática da sustentabilidade. Tal exame se
concentra na perspectiva dos autores que dedicaram suas pesquisas a esse tema
específico, e se dá por meio de uma revisão de literatura direcionada às abordagens
da academia sobre tais instituições e seus respectivos atos discursivos.
Ademais, procurou-se identificar potenciais vínculos e estruturas de poder que não
apenas influenciam, mas também são influenciadas pela comunicação organizacional
nesse contexto. Buscou-se analisar os caminhos epistemológicos e metodológicos mais
comuns utilizados pelos autores que abordaram a temática, revelando as concepções
dominantes sobre o papel das Instituições de Ensino Superior na representação da
sustentabilidade como construto social e coletivo, em consonância com a perspectiva
de Bourdieu (1989). Para tanto, seguiram-se as recomendações da metodologia
PRISMA (Itens de Relatório Preferenciais para Revisões Sistemáticas e Meta-Análise)
para realizar a revisão e a avaliação crítica das publicações selecionadas (Abelha
et al., 2020).
A próxima seção detalha o referencial teórico que orientou a pesquisa, explorando
a comunicação e o discurso no contexto das universidades e sua importância na
expressão de compreensões relacionadas à sustentabilidade. Em seguida, descrevem-
se os passos adotados para a seleção de fontes e publicações. Nas seções
subsequentes, são apresentados os resultados da revisão, com a categorização
dos trabalhos de acordo com os principais discursos identificados em seu conteúdo.
Duas categorias surgiram: uma em que os discursos possuem um viés acadêmico,
possivelmente positivista/funcionalista, focado em temas de gestão, ensino e pesquisa;
e outra em que predominam autores engajados em abordagens epistemológicas
decoloniais e disputas de poder. Há ainda um tópico dedicado ao debate acerca da
existência de redes de comunicação interorganizacional responsáveis pelo intercâmbio
de informações, comunicações, e, quiçá, pela gestação de um discurso padronizado
ou direcionado a um mesmo tipo de receptor.
Esta revisão marcou o ponto inicial de uma tese de doutorado em Administração
voltada à compreensão dos discursos da sustentabilidade emanados por Instituições
de Ensino Superior e pelas redes interorganizacionais às quais estas podem estar
integradas. É, antes de tudo, uma provocação para trazer à luz as abordagens e vieses
epistemológicos mais utilizados por acadêmicos quando tratam de comunicação e
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discurso organizacional. Assim, espera-se ampliar a perspectiva dos leitores a respeito
deste tema, a sustentabilidade, ao observá-lo por um ângulo um tanto desafiador, à
medida em que intenta desvelar intenções camufladas na ação aparente.
Fundamentação Teórica
A atividade comunicativa disciplina, simplifica e abre espaço para interpretações
múltiplas, em uma arena em que emissores e receptores constroem significados
sob a influência dos mais variados contextos (Conde, 2009). Vásquez et al. (2018)
destacam que comunicar não se limita a conversas entre seres humanos, mas abrange
documentos e situações que estabelecem condutas; elementos arquitetônicos que
transmitem sentimentos, ordem ou identidade específicos; além de princípios, valores
ou normas que guiam ações.
Foucault (2008) dedicou parte de sua obra ao estudo dos enunciados, não como
entidades isoladas, mas como resultados relacionais de interações com outros aos
quais estão conectados. Ao contrário da busca a uma estrutura fixa e interpretável
na história do pensamento, ele argumenta que um documento não é um artefato
completo e imutável, mas um corpo que surge da dialética entre antagonismos em
momentos de ruptura.
Abandonando relações ontológicas fundacionalistas e dimensões epistemológicas
funcionalistas, os cientistas sociais passam a considerar uma realidade socialmente
construída e influenciada pelos contextos vivenciados pelos sujeitos que a enunciam.
A interpretação, descrição e crítica são construtos que permeiam os novos paradigmas
da pesquisa organizacional (Putnam, 2022), ao explorar contextos definidores de
relações sociais, e ao caminhar para além da superfície, do aparente.
No processo contínuo de conversas e metaconversas (Robichaud et al., 2004), as
organizações comunicam, sendo seus discursos, manifestados em diversos formatos,
validados e reproduzidos por seus membros. Vásquez et al. (2018) observam que tais
discursos pautam atividades e modelam os papéis e direções dos envolvidos, mas
podem ser interpretados de maneiras variadas, sendo, portanto, ambíguos.
A comunicação, seguindo este raciocínio, concerne a um processo mais amplo
de troca de informações, significados e símbolos entre atores, e envolve a transmissão
de mensagens e a coordenação das atividades organizacionais. Por outro lado, o
discurso é um conceito mais específico por se referir às práticas linguísticas que
ocorrem nas interações (Fairhurst & Putnam, 2019). O discurso abrange questões de
poder e dominação, retórica, manipulação de ações, narrativas e significados atribuídos
às práticas organizacionais, induzindo a construção de identidades, a negociação de
significados e as relações de poder (Kuhn & Putnam, 2014).
Enquanto a comunicação é um termo mais aberto, que engloba as formas de
interação e troca de informações, o discurso refere-se especificamente às práticas
linguísticas que ocorrem nas interações organizacionais ao objetivar algum resultado.
A análise discursiva é uma metodologia de pesquisa que facilita a compreensão
dos sentidos profundos nos enunciados, seus contextos formativos, suas pretensões
declaradas ou ocultas. Analisar um discurso é iluminar as condições que levaram
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à sua produção, percebendo não uma realidade inflexível, mas um fragmento de
verdade criado e compartilhado por um grupo (Castor, 2022). Foucault (2008) defendia
a sua desconstrução em sistemas históricos, permitindo a análise de significados e
alcances, enquanto Bourdieu (1989) considerava que seu estudo deveria levar em
conta a competição entre falantes, suas origens, habitus e capitais linguísticos, que
os colocariam em disputas por poder simbólico e aceitação.
No estudo da sustentabilidade, a definição do termo é uma questão complexa
e multifacetada, frequentemente descrita na literatura como controversa e dinâmica
(Aminpour et al., 2020; Bova, 2022). Esta complexidade decorre das diversas disciplinas
e abordagens epistemológicas que a abordam, cada uma enfatizando diferentes
aspectos e dimensões. Por exemplo, enquanto as ciências sociais focalizam questões
de justiça, participação política e comportamento humano, as ciências naturais
concentram-se em interações ecológicas, saúde dos ecossistemas e impactos
ambientais (Luque González et al., 2021).
Essa dicotomia entre abordagens reflete não apenas diferentes grifos acadêmicos,
mas também divergências que influenciam interpretações e aplicações do conceito de
sustentabilidade. Além disso, há uma distinção significativa entre sustentabilidade e
desenvolvimento sustentável, uma vez que, enquanto o primeiro termo frequentemente
é associado à preservação de ecossistemas e suporte à vida, o segundo é mais
vinculado ao crescimento econômico e social, o que levanta debates sobre suas
implicações ideológicas e práticas (Aleixo et al., 2018; Barton & Gutiérrez-Antinopai,
2020; Sheehy & Farneti, 2021).
Tais divergências não são apenas teóricas, mas refletem interesses políticos e
econômicos que moldam os discursos e práticas organizacionais em torno do assunto
(Leal Filho et al., 2022). Por exemplo, a forma como as organizações comunicam
seus esforços sustentáveis pode estar alinhada tanto com objetivos de engajamento e
valorização de capital social quanto com estratégias menos transparentes de branding
verde (Driscoll et al., 2017).
Neste trabalho, utiliza-se o termo “sustentabilidade” para ressaltar um fenômeno
composto por três pilares fundamentais – ambiental, social e econômico – que abarcam
múltiplas dimensões e alcances. Em contraste, considera-se que a proeminência
no crescimento econômico do conceito de “desenvolvimento sustentável” reduz seu
alcance, destacando uma aparência que, por vezes, promove um ideal “verde” que
não condiz com a realidade observável, frequentemente disfarçada por agressivas
campanhas de marketing.
Cada um dos pilares da sustentabilidade é moldado pelo realce discursivo
nos aspectos politicamente e ideologicamente mais relevantes para aqueles que
os definem (Leal Filho et al., 2019). Portanto, compreender a sustentabilidade em
contextos acadêmicos e organizacionais exige uma análise crítica das narrativas e
percepções conflitantes que influenciam sua interpretação e aplicação prática. Este
estudo se propõe a investigar os discursos institucionais sobre sustentabilidade em
universidades, reconhecendo a complexidade e as múltiplas camadas interpretativas
que caracterizam este campo de estudo.
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Variados autores apresentam definições que colocam as universidades em posição
vital no fornecimento de respostas para desafios enfrentados pela sociedade (Gomera
et al., 2020; Leal Filho et al., 2021) e também como impulsionadoras de mudanças
sociais, uma vez que educam futuros profissionais que terão uma interferência direta
ou indireta em seu ambiente, inclusive com a possibilidade de questionar paradigmas
fortemente estabelecidos (Kohl et al., 2022; Matos et al., 2015). Desta forma, não
há como excluir tais organizações ao pensar em estudar este assunto – ora, se a
sustentabilidade é vital para um mundo em constante transformação e cada vez mais
vulnerável às mudanças climáticas (Fischer et al., 2023) ‒ as universidades, enquanto
vanguarda da produção de conhecimento, devem não apenas observar o assunto,
mas agir em sua promoção (Findler et al., 2019).
A literatura faz referências a variadas titulações para referir-se ao relacionamento
das Instituições de Ensino Superior com a sustentabilidade. A este respeito, Hernández-
Diaz et al. (2021) elaboram que universidade verde ou sustentável consideram
abordagens para operações do campus, as chamadas atividades-meio. Enquanto
isto, universidade para a sustentabilidade e sustentabilidade na universidade denotam
avaliação e modelos de relatório, e laboratório vivo de sustentabilidade diz respeito a
espaços preparados para lidar com multi e interdisciplinaridade em pesquisas, ensino
e práticas sociais, envolvimento diversos aspectos da vida organizacional.
Sustentabilidade no contexto universitário é, como se nota pelos relatos aqui
presentes, um tema amplamente debatido. Desta forma, a proposta deste artigo,
voltada à revisão dos discursos da sustentabilidade, enquanto fenômeno incluído no
espectro da comunicação organizacional proferido por universidades, busca lançar
uma nova perspectiva sobre o assunto e iluminar as formas e vieses de pesquisa
mais comumente encontradas na literatura.
Procedimentos para a Revisão
Este trabalho intenta identificar pesquisas relacionadas aos discursos voltados à
temática da sustentabilidade no contexto universitário. Para tanto, nas buscas realizadas
em redes agregadoras de trabalhos acadêmicos, foram utilizadas palavras-chave
específicas, como “discurso” em conjunto com “sustentabilidade”, “desenvolvimento
sustentável” e “responsabilidade social”, todas associadas ao contexto da “educação
superior”. As bases de dados selecionadas para essa busca foram Scopus, The Web
of Science e EBSCO Academic Search Premier, em razão de seu alcance internacional
e do número considerável de períodos por elas indexados.
Os critérios iniciais de seleção envolveram a escolha de artigos escritos em
inglês, português e espanhol, publicados entre os anos de 2010 e 2023. Este marco
temporal foi adotado para garantir a atualidade e relevância das pesquisas, ainda
assim, abrangendo um período de mais de uma década, o que permite acessar
um volume representativo de trabalhos proeminentes, considerando-se o dinâmico
universo das ciências sociais.
A seleção inicial resultou em 383 documentos, distribuídos da seguinte forma:
154 na Scopus, 142 na Web of Science e 87 na EBSCO Academic Search Premier.
Após a remoção de 141 artigos duplicados, iniciou-se a análise de títulos, palavras-
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chave e resumos dos documentos restantes. Os critérios de inclusão para a análise
abrangeram artigos que tratassem da comunicação organizacional em universidades
voltadas para a sustentabilidade, incluindo ensino, pesquisa e extensão. Foram
considerados artigos sobre administração, gestão e manutenção universitária com
foco em sustentabilidade, bem como estudos que abordassem a implementação
dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável nas universidades. Outros critérios
incluíram artigos sobre redes universitárias e colaboração entre universidades em
prol da sustentabilidade, além de normas e ações sustentáveis realizadas naquelas
organizações.
Por outro lado, foram excluídos livros, artigos de conferência, artigos de revisão
de livros, editoriais. Também foram excluídos artigos escritos em idiomas diferentes
dos selecionados e aqueles que, por ventura, não abordassem a sustentabilidade
no contexto universitário.
Após a aplicação desses critérios, 65 documentos foram selecionados para a
revisão, assegurando a relevância e a atualidade das pesquisas a serem analisadas.
O software StArt – State of the Art Through Systematic Review – foi utilizado como
ferramenta para a agregação dos resultados das consultas.
Na etapa de obtenção de informações, foram utilizados os softwares VOSviewer,
EndNote e Atlas.ti. Aqueles selecionados foram lidos integralmente e codificados,
permitindo a identificação de temas mais estudados e métodos de pesquisa relevantes.
Essa codificação levou à formação de grupos temáticos com possíveis significados
recorrentes nos trabalhos. Posteriormente, foram categorizados em conjuntos de
conteúdos referentes a fenômenos semelhantes. Esse processo é semelhante às
primeiras etapas da análise textual descritas por Conde (2009) em sua teorização
da Análise Sociológica dos Sistemas de Discursos.
A Revisão em Números
A análise documental revelou uma tendência de aumento no número de
publicações ao longo dos anos, como evidenciado na Figura 1. É notável a quantidade
relativamente baixa de artigos em comparação com revisões realizadas por outros
pesquisadores (Al-Jayyousi et al., 2022; Chagnon-Lessard et al., 2021; Wu & Shen,
2016), e a queda no número de publicações que se deu no ano 2018, se comparamos
ao ano anterior.
Figura 1. Artigos publicados no decorrer dos anos
Fonte: elaboração própria (2023).
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Identificar as razões para a queda na produção sobre sustentabilidade em 2018
exige uma análise do contexto social, político e econômico da época. A saída dos
Estados Unidos do Acordo de Paris, anunciada em 2017 e efetivada em 2018, gerou
um impacto significativo na política ambiental global, influenciando a percepção e o
engajamento em sustentabilidade em diversas instituições, incluindo universidades
(Ali et al., 2021). Além disso, a economia global enfrentou uma desaceleração em
2018, o que, frequentemente, resulta em cortes de financiamento para pesquisa e
desenvolvimento, afetando diretamente a produção acadêmica (Tran et al., 2022).
O aumento do foco em questões de imigração, segurança e populismo,
particularmente na Europa e nos Estados Unidos, podem ainda ter desviado a atenção
e os recursos de áreas como a sustentabilidade (Rodrik, 2021). Embora movimentos
como Fridays for Future de Greta Thunberg tenham ganhado destaque posteriormente,
naquele ano o engajamento popular em sustentabilidade estava crescendo, mas ainda
não havia atingido a grande mídia de massa, o que pode ter impactado a visibilidade
e a produção de discursos acadêmicos sobre o tema (Svensson & Wahlström, 2023).
Ademais, a produção acadêmica segue ciclos influenciados por conferências,
chamadas para publicação e mudanças nas prioridades de pesquisa. Uma queda em
2018 pode refletir um ciclo natural de publicação ou uma transição para outros temas
emergentes. O número relativamente reduzido de publicações, no período delimitado,
pode ser atribuído aos critérios de seleção estabelecidos, visto que o foco estava no
material desenvolvido, especificamente, para tratar da comunicação e do discurso
de universidades em relação à sustentabilidade. Portanto, fica evidente uma certa
escassez de investigações direcionadas a esse escopo.
As palavras-chave mais frequentes estão relacionadas à temática: o termo mais
comum é higher education, seguido por sustainability, sustainable development,
education, discourse, discourse analysis e communication. A Figura 2 detalha os 34
periódicos responsáveis pelas publicações. Dentre eles, apenas cinco publicaram
mais de um artigo, o que indica certa dispersão no campo, possivelmente devido
à amplitude conceitual do termo sustentabilidade, que abrange desde as ciências
humanas até as exatas, e envolve variadas dimensões.
Figura 2. Frequência de artigos por periódico
Fonte: elaboração própria (2023).
Pesquisadores vinculados a organizações presentes em 27 países assinam
as publicações. A maior parte do material foi escrita em língua inglesa (61), com
três escritos em português e um em espanhol. Chama a atenção a discrepância no
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número de publicações advindas dos Estados Unidos, se comparamos aos demais
países. Isto pode, em grande medida, ser um reflexo dos estudos realizados por
pesquisadores como Linda Putnam (2022), Theresa Castor (2022), Anne Nicotera
(2020), dentre outros, que têm se voltado à compreensão do fator comunicativo como
definidor das organizações.
Com base nos dados coletados, surgiram questionamentos sobre a existência
de algum grau de padronização epistemológica entre os trabalhos, levando em conta
a diversidade de periódicos interessados no assunto e a origem geográfica dos
pesquisadores. Durante a leitura e codificação dos dados, essa questão foi considerada,
e a resposta é parcialmente positiva: embora predomine uma perspectiva positivista/
funcionalista do conhecimento, também há espaço para divergências e abordagens
mais voltadas à crítica social, como encontra-se evidenciado nas seções seguintes.
Isto indica que o campo de pesquisa em comunicação e discurso de universidades
relacionados à sustentabilidade é caracterizado por uma apreciável variedade de
perspectivas teóricas e metodológicas.
Categorização dos Trabalhos
A codificação resultou em dois conjuntos de publicações: um grupo composto
por 51 artigos que adotam abordagens funcionalistas/positivistas nas pesquisas,
e um grupo de 14 que seguem perspectivas epistemológicas mais contextuais e
interpretativas.
No primeiro grupo, os estudos tendem a objetificar a natureza e realçar
a ação humana, sem questionar a função ideológica da apropriação dos termos
sustentabilidade e meio ambiente pelos detentores de capitais sociais e culturais.
Esses estudos enfocam estratégias de aumento de produtividade ou efetividade e
foram divididos em três subgrupos: desafios enfrentados pelas universidades (21),
práticas de ensino sustentáveis (23) e estudo teórico da sustentabilidade (7).
Já as perspectivas interpretativas se concentram na compreensão da
sustentabilidade para além do desenvolvimento sustentável, que é visto por seus
estudiosos como um eufemismo utilizado pela ideologia neoliberal para ocultar discursos
mantenedores do status quo. Vertentes ontológicas que igualam humano e natureza,
perspectivas epistemológicas decoloniais e pós-modernas procuram desconstruir as
concepções comuns sobre o papel das universidades. Na sequência, cada um desses
grupos é abordado, com a exibição de suas ideias centrais e quadros expositivos dos
assuntos particulares desenvolvidos por seus trabalhos.
Desafios enfrentados pelas universidades
A apreciação das práticas discursivas relacionadas às universidades enquanto
organizações revela uma crescente atenção às questões administrativas, refletida em
diversos estudos que direcionam seu olhar para relatórios de gestão e sustentabilidade
(Hassan et al., 2019; Kräusche & Pilz, 2017; Moggi, 2019). No entanto, julgou-se
imperativo aprofundar a compreensão para além da superfície desses documentos,
considerando não apenas o que foi apresentado, mas também o oculto.
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Ao examinar os relatórios de gestão e sustentabilidade, pode-se questionar a
representatividade dos indicadores utilizados e como eles podem mascarar ou revelar
determinadas práticas. Por exemplo, a proeminência em números positivos pode
criar uma imagem otimista, mas é necessário questionar se esses dados refletem
efetivamente o comprometimento das universidades com a sustentabilidade ou se
são estratégias de branding institucional.
A análise dos websites institucionais (Fernández-Vázquez, 2021; Norton et al.,
2022) pode ser ampliada para explorar como a comunicação molda a percepção
pública das práticas universitárias. A presença digital não apenas fornece informações,
mas também constrói narrativas que podem influenciar a imagem e reputação das
instituições. Investigar como as universidades escolhem apresentar suas ações
sustentáveis e como respondem a críticas e desafios pode proporcionar uma maior
compreensão sobre sua abordagem e transparência.
No que diz respeito à interação com partes interessadas e ao intercâmbio de
experiências como estratégias para promover a sustentabilidade no âmbito universitário
(Corazza & Saluto, 2021; Demele et al., 2021), nota-se pouca atenção direcionada
à compreensão de como as organizações atuam para engajar efetivamente seus
membros e aqueles que com elas interagem. Pode-se, inclusive, questionar qual seria
o impacto dessas interações na implementação de práticas sustentáveis. Investigar
esses aspectos pode contribuir para uma compreensão mais profunda das dinâmicas
envolvidas com o tema.
Ao abordar a predominância de uma compreensão epistemológica positivista nos
trabalhos mencionados, é válido questionar os limites dessa abordagem. A tentativa
de neutralizar qualquer viés político ou ideológico pode limitar a compreensão das
complexidades envolvidas nas práticas universitárias. A comunicação organizacional,
retransmitida pelos autores, é caracterizada pela exposição de realizações, com as
dificuldades e desafios sendo percebidos como obstáculos a serem superados pela
vontade de gestores e da comunidade. O que se fala, nesses discursos, é bastante
voltado a performance, números, resultados, deixando transparecer alinhamento às
bases econômicas predominantes na sociedade. Os discursos silenciados são os
discursos do status quo.
Os discursos são moldados para atender a expectativas externas e construir
uma imagem positiva da respectiva instituição, grifando realizações e indicadores
quantitativos favoráveis, enquanto ocultam desafios e práticas não alinhadas a
princípios sustentáveis. A linguagem otimista e assertiva reflete uma visão neoliberal
que valoriza desempenho e resultados mensuráveis. As narrativas cuidadosamente
construídas projetam transparência e responsabilidade, mas podem não corresponder
plenamente à realidade, minimizando críticas e falhas. Além disso, os discursos sobre
colaboração sugerem um ambiente inclusivo, embora frequentemente sirvam mais
para validar práticas existentes do que promover mudanças substanciais. O Quadro
1 apresenta todos os trabalhos que compõem o grupo.
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Quadro 1. Trabalhos dedicados ao estudo de desaos enfrentados pelas universidades
Referência Assunto principal
Abdulghaffar e Williams (2021) Destinação de resíduos em universidades da Arábia Saudita
Adhikari e Shah (2021) Análise da sustentabilidade em universidades no Nepal
Argento et al. (2020) Incorporação da sustentabilidade em práticas de universidades
Atar e Shukran (2019) Análise da agenda da sustentabilidade em universidades turcas
Bien e Sassen (2020) Compreensão da sustentabilidade de gestores universitários
Corazza e Saluto (2021) Fomento da sustentabilidade nas universidades
Demele et al. (2021) Transferência de conhecimento para a sociedade
Ferguson e Roofe (2020) Desafios e oportunidades das universidades face aos ODS
Fernández-Vázquez (2021)
Discursos da sustentabilidade de universidades latino-
americanas
Ferrero-Ferrero et al. (2017) Relatórios de sustentabilidade de universidades espanholas
Hassan et al. (2019) Relatórios publicados por universidades do Reino Unido
Kapitulčinová et al. (2018) Estudo sobre a integração da sustentabilidade nas universidades
Kosta (2017) Políticas ambientais de universidades do Reino Unido
Kräusche e Pilz (2017) Estudo de relatórios de uma universidade alemã
Moggi (2019) Investiga relatórios de gestão e de sustentabilidade
Norton et al. (2022) Discursos manifestados por universidades argentinas
Ramaswamy et al. (2021) Estratégias para a implantação dos ODS nas universidades
Ripper Kos et al. (2017) Reformas em universidade brasileira para torná-la sustentável
Ruiz-Mallén e Heras (2020) Analisa discursos universitários sobre os ODS
Shephard e Brown (2017) Influência da democracia no desenvolvimento sustentável
Yemini (2021) Como universidades israelenses se comportam frente aos ODS
Fonte: elaboração própria (2023).
Práticas de ensino sustentáveis
Neste grupo, os autores exploram diversas abordagens para investigar a
percepção dos estudantes sobre a sustentabilidade. Observa-se a valorização da
multidisciplinaridade e transdisciplinaridade, que envolvem a integração de diferentes
perspectivas e paradigmas epistemológicos no processo de ensino. Autores como
Beecroft (2018), Brogden et al. (2022), Feng (2012) e Howlett et al. (2016) destacam
a necessidade de adoção de uma abordagem integradora, avultando a função da
educação em sustentabilidade para a celebração de mudanças sociais e econômicas.
Em termos gerais, os trabalhos evitam polêmicas ideológicas e concentram-se
em questões relacionadas ao ensino, colocando a discussão pedagógica em relevo.
Todavia, não se apreende um esforço para ir além das abordagens aparentemente
neutras ao explorar as implicações ideológicas subjacentes a essas perspectivas
pedagógicas. Não há um olhar direcionado à compreensão de como as escolhas
metodológicas e as definições de sustentabilidade adotadas podem refletir ou perpetuar
determinados valores e visões de mundo.
As definições de sustentabilidade apresentadas gravitam em torno de conceitos
amplamente aceitos e propagados em eventos e tratados oficiais, como os Objetivos
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de Desenvolvimento Sustentável. No entanto, não se observam tentativas de estudo
sobre diferentes formas pelas quais tais conceitos são interpretados e contextualizados
no ensino universitário. Sua aplicação na formação dos estudantes pode variar
significativamente, e uma análise mais profunda das abordagens pedagógicas adotadas
poderia revelar nuances relevantes.
Busca-se uma neutralidade nos dizeres e coloca-se as universidades em uma
posição de guardiã do conhecimento apartada das relações políticas que o configuram.
Isto pode limitar a compreensão e a análise crítica dos fenômenos discutidos. Ao
tentar camuflar qualquer viés e enfatizar apenas esforços de cooperação, pode-se
negligenciar a influência do poder, das estruturas sociais e das dinâmicas complexas
que permeiam as práticas universitárias.
Uma abordagem mais crítica poderia enriquecer a exposição da compreensão
universitária acerca do ensino ligado à sustentabilidade, explorando as relações de
poder, as estruturas sociais e as ideologias presentes nas práticas discursivas e nas
políticas adotadas. Isto poderia incluir uma análise das dinâmicas de sala de aula, das
relações professor-aluno e das estratégias utilizadas para promover a conscientização
e a ação sustentável entre os estudantes. Os artigos que compõem este grupo são
revelados no Quadro 2.
Quadro 2. Pesquisas voltadas a práticas de ensino sustentáveis
Referência Assunto principal
Antunes et al. (2020) Percepções de estudantes sobre a sustentabilidade
Backman et al. (2019)
Revisão de métodos experienciais para ensino da
sustentabilidade
Baldo e Baldarelli (2017) Discute o papel dos professores no ensino da sustentabilidade
Beecroft (2018) Exemplos transdisciplinares no ensino em universidades alemãs
Brogden et al. (2022) Práticas multidisciplinares em componentes educacionais
Busquets et al. (2021) Educação para sustentabilidade em universidades espanholas
Chang e Kidman (2018) Questiona o futuro do ensino da sustentabilidade
Činčera et al. (2019) Desafios encontrados na cooperação entre universidades
Corazza et al. (2022) Práticas de ensino no contexto universitário italiano
Feng (2012) Práticas interdisciplinares na China
Howlett et al. (2016) Práticas interdisciplinares na educação para a sustentabilidade
Jaskolski e Udoh (2022) Práticas discursivas em diferentes contextos culturais
Johnston (2016) Fala a respeito da relevância da educação para a sustentabilidade
López (2013) Experiência que objetiva fomentar o engajamento de estudantes
Lozano et al. (2022) Desenvolvimento de um paradigma de sustentabilidade no ensino
Matos et al. (2015) Posturas de universidades perante o ensino sustentável
Melles (2019) Percepções de estudantes sobre a sustentabilidade
Michel (2020) Exposição de estudantes à educação para a sustentabilidade
Mulà et al. (2017) Iniciativas de desenvolvimento educacional voltadas a professores
Nikolic et al. (2020) Comportamento de estudantes quanto à sustentabilidade na Sérvia
Noyola-Cherpitel et al. (2016) Como diferentes discursos são introduzidos em pesquisas
277
José Florentino Vieira de Melo
Geso & Conexões (ManageMent and ConneCtions Journal). Viria (Es), Vol. 13, n. 3, dE 2024.
Referência Assunto principal
Öztürk (2017) Trabalhos turcos sobre a compreensão da sustentabilidade
Poza-Vilches et al. (2021) Investiga a influência dos ODS na educação superior da Espanha
Fonte: elaboração própria (2023).
Estudo da sustentabilidade
Esta categoria engloba trabalhos que se dedicam à exploração teórico-
metodológica da sustentabilidade. Observa-se uma diversidade de abordagens,
desde a compreensão do papel das universidades no desenvolvimento econômico
sustentável (Cuesta-Claros et al., 2022; Khelghat-Doost et al., 2011), até a análise
de transformações em suas estruturas (Al-Jayyousi et al., 2022).
É relevante notar que essas publicações compartilham um caráter teórico,
abstendo-se de apresentar exemplos ou relatos de pesquisas empíricas. O tom
utilizado evita discussões político-ideológicas, optando por instrumentalizar o termo
sustentabilidade como algo tangível e manipulável. Tal escolha retira a complexidade
inerente ao conceito, intrinsecamente ligado a questões éticas, sociais e políticas.
Seria valioso explorar como a neutralidade adotada nessas análises pode limitar
a compreensão das dimensões éticas e políticas envolvidas na busca pela
sustentabilidade nas instituições acadêmicas.
Ao adotar uma perspectiva funcionalista e desprovida de intersubjetividade, os
estudos dessa categoria parecem subestimar a importância das interações humanas
e das relações interorganizacionais na construção e implementação de práticas
sustentáveis. A sustentabilidade, devido à sua natureza intrinsecamente interdisciplinar,
exige uma compreensão mais abrangente das relações e dinâmicas que permeiam
a formação e transformação de paradigmas e valores internos às organizações,
bem como compartilhados por pessoas e instituições em meio à dinâmica da troca
comunicativa.
A abordagem aparentemente simplista desses trabalhos sugere uma visão
reducionista, que não leva em conta as complexidades inerentes aos desafios sociais,
econômicos e ambientais enfrentados pelas universidades. Sua neutralidade política
e seu olhar funcionalista acabam por simplificar a complexidade da sustentabilidade,
negligenciando as interações sociais e os desafios éticos e políticos inerentes à
atividade discursiva. Para avançar na compreensão da temática, os trabalhos poderiam
incorporar dimensões éticas e sociais, promovendo uma visão mais ampla e realista,
o que implicaria reconhecer que a sustentabilidade não é apenas um conjunto de
práticas, mas um processo dinâmico que envolve negociações constantes entre diversos
atores sociais, econômicos e políticos, o que exigiria uma abordagem mais crítica e
reflexiva. O Quadro 3 apresenta os trabalhos deste grupo.
Quadro 3. Ensaios voltados ao estudo teórico da sustentabilidade
Referência Assunto principal
Al-Jayyousi et al. (2022) Investiga a sustentabilidade sob a ótica do mundo islâmico
Augustine e King (2019) Coerência discursiva na compreensão de sustentabilidade
278
Universidades e sUstentabilidade: Uma revisão sob a Ótica discUrsiva
Geso & Conexões (ManageMent and ConneCtions Journal). Viria (Es), Vol. 13, n. 3, dE 2024.
Referência Assunto principal
Cuesta-Claros et al. (2022) Aponta quatro definições básicas de sustentabilidade
Giesenbauer e Tegeler (2020) A evolução do conceito de sustentabilidade
Khelghat-Doost et al. (2011) Universidades do mundo islâmico e a sustentabilidade
Kopnina e Meijers (2014)
Explora as definições de sustentabilidade nas
universidades
Mello Massimino e Pamplona (2015) Incentivo a práticas sustentáveis no meio da educação
Fonte: elaboração própria (2023).
Perspectivas contextuais e interpretativas
O último grupo adentra na seara da crítica às definições de sustentabilidade
difundidas na academia e na sociedade, proporcionando uma perspectiva reflexiva
sobre o conceito. Um julgamento contumaz presente no material diz respeito à
compreensão do que seria desenvolvimento sustentável e em como este conceito
se diferencia ou se aproxima da definição de sustentabilidade, o que reverbera as
ideias destacadas na seção de fundamentação teórica. Tal reflexão pode contribuir
para uma compreensão mais profunda das bases conceituais que fundamentam as
práticas e discursos relacionados à sustentabilidade.
Para Kopnina e Meijers (2014), o discurso do desenvolvimento sustentável é
criticado por internalizar o antropocentrismo, implicando a superioridade moral humana
em relação a outras espécies. Sua análise levanta questões sobre as implicações
éticas e filosóficas subjacentes às definições de sustentabilidade adotadas pelas
universidades, introduzindo uma reflexão sobre como se modela a relação social
com o meio ambiente e outras formas de vida.
Weisser (2017) destaca que a sustentabilidade é um construto profundamente
enraizado na cultura ocidental, e que suas definições estão intrinsecamente ligadas
aos valores econômicos e políticos dessa sociedade. Ao questionar bases culturais
e ideológicas, o autor sugere que a percepção do conceito pode ser influenciada por
vieses culturais, levantando questões sobre a universalidade de suas definições.
A dicotomia proposta entre sustentabilidade e ambientalismo, conforme discutido
por Weisser (2017), adiciona complexidade à discussão da análise da retórica positivista
como uma rejeição à retórica ambiental contestadora, e destaca as tensões ideológicas
presentes na discussão sobre o desenvolvimento sustentável. Sua crítica ressalta a
importância de considerar as motivações subjacentes às definições de sustentabilidade
e como elas podem refletir visões de progresso e modernidade.
Stein et al. (2019) trazem à tona uma perspectiva decolonial, sublinhando que
o desenvolvimento econômico do norte global está enraizado no colonialismo e na
perpetuação de relações sociais desiguais. A crítica ao discurso do desenvolvimento
econômico neoliberal como uma extensão deste processo questiona a legitimidade das
agendas de desenvolvimento, evidenciando como as definições de sustentabilidade
podem ser influenciadas por estruturas de poder.
Os trabalhos deste grupo, corroborando Putnam (2022), convergem para a
necessidade de interpretação além da superfície, buscando compreender os contextos
279
José Florentino Vieira de Melo
Geso & Conexões (ManageMent and ConneCtions Journal). Viria (Es), Vol. 13, n. 3, dE 2024.
que formatam a realidade apresentada. Essa abordagem destaca a importância de
considerar as influências sociais, históricas e culturais na construção das definições
de sustentabilidade.
Os discursos dos investigadores apontam para universidades questionadoras
do status quo, cujos discursos carregam nuances derivadas de anos de histórias
acumuladas, contradições, questionamentos, intersubjetividade, dialética e formação de
sentidos, conforme explica Castor (2022) ao reverberar os pensamentos de Bourdieu
(1989) e Foucault (2008).
Os discursos analisados revelam uma tendência crescente de crítica às definições
convencionais de sustentabilidade, tanto na academia quanto na sociedade. Essa crítica
não apenas desafia o antropocentrismo arraigado nas concepções dominantes de
desenvolvimento sustentável, mas também questiona as bases culturais, ideológicas e
éticas que sustentam tais definições. A reflexão profunda promovida por esses estudos
oferece uma oportunidade para uma compreensão mais ampla e contextualizada
das práticas e discursos relacionados à sustentabilidade, incentivando uma revisão
crítica das narrativas predominantes e suas implicações para o futuro das políticas
ambientais e sociais. O Quadro 4 apresenta as contribuições do grupo.
Quadro 4. Publicações com teor crítico
Referência Assunto principal
Arcimaviciene (2015) Metáforas reveladoras de ideologias em universidades europeias
Cachelin et al. (2015) Crítica a métodos neoliberais de gestão universitária
Du Preez et al. (2022) Discussão sobre a natureza epistemológica da sustentabilidade
Healy e Debski (2017) Implicações do desinvestimento em combustíveis fósseis
Koch (2018) Laboratórios de sustentabilidade para a era pós-petróleo
Kouritzin et al. (2021) Discursos estratégicos reveladores de ideologias neoliberais
Le Grange (2020) Discussão acerca do neoliberalismo na educação superior
Marouli e Duroy (2019) Reete sobre o poder da educação ambiental nas sociedades
Ostenson et al. (2017) Propõe alternativas sustentáveis ao ensino superior industrializado
Rodrigues e Payne (2017) Educação ambiental em cursos em Brasil e Austrália
Singer-Brodowski et al. (2022) Investiga métodos de aprendizagem ambiental transformadora
Stein et al. (2019) Relações de poder na educação voltada à sustentabilidade
Sylvestre et al. (2013) Declarações e eventos que ligam universidades e sustentabilidade
Weisser (2017) Retórica que dene a sustentabilidade na educação superior
Fonte: elaboração própria (2023).
As redes interuniversitárias
Como argumentam Norton et al. (2022), a pesquisa relacionada a redes
interuniversitárias é relativamente recente, e isto transparece no material. Matos et al.
(2015) afirmam que essas redes desempenham um papel fundamental na promoção
da sustentabilidade no ensino superior e no estímulo à cooperação internacional para
enfrentar desafios globais por terem um potencial significativo ao catalisar ações
conjuntas em prol do desenvolvimento sustentável. No entanto, seria mandatório
280
Universidades e sUstentabilidade: Uma revisão sob a Ótica discUrsiva
Geso & Conexões (ManageMent and ConneCtions Journal). Viria (Es), Vol. 13, n. 3, dE 2024.
superar a lacuna na pesquisa sobre seu impacto e efetividade, a fim de melhor
compreender seus resultados (Ramaswamy et al., 2021).
Uma das principais contribuições das redes interuniversitárias para a
sustentabilidade é, de acordo com Weisser (2017), a criação de um espaço propício
para a troca de conhecimentos e experiências entre instituições de ensino superior
de diferentes regiões. Essa interação enriqueceria o diálogo intercultural, permitindo
que diversas perspectivas fossem consideradas na busca por soluções inovadoras
para problemas globais.
Para alguns pesquisadores, as redes interuniversitárias não se limitam apenas à
cooperação entre Instituições de Ensino Superior. Elas podem ser eficazes catalisadores
da cooperação entre governo, setor privado, sociedade civil e comunidades locais
na investida contra desafios relacionados à sustentabilidade (Healy & Debski, 2017;
Ruiz-Mallén & Heras, 2020). A colaboração em larga escala, impulsionada pelas redes,
poderia levar à escalabilidade de soluções locais bem-sucedidas e à identificação
de obstáculos específicos que dificultariam a implementação de agendas globais
(Norton et al., 2022).
As redes interuniversitárias poderiam aprimorar sua colaboração com as
partes interessadas (Ferguson & Roofe, 2020) em áreas como pesquisa conjunta,
compartilhamento de conhecimentos e evidências empíricas para influenciar políticas
e ações sustentáveis, bem como a concessão de bolsas de estudo para capacitação
em desenvolvimento sustentável e estágios para estudantes. Além disso, são vistas
como plataformas para promoção da mobilidade acadêmica internacional, o que
fortaleceria a identidade global das instituições (Jaskolski & Udoh, 2022). No entanto,
estudiosos como Ferguson e Roofe (2020) reconhecem que, apesar dos benefícios
desta mobilidade, ela também gera impactos ambientais significativos. A crescente
preocupação com a pegada ecológica deste movimento levanta questões sobre sua
sustentabilidade e a necessidade de ações alternativas.
As redes interuniversitárias, desta forma, desempenhariam um papel categórico
ao destacar o compromisso das universidades em contribuir para mudanças sociais
positivas e para a transição em direção à sustentabilidade. Elas podem ser vistas
como plataformas de transformação organizacional ao promoverem ações alinhadas
com valores como responsabilidade social, colaboração, equidade e inclusão, visando
garantir sua própria sustentabilidade e contribuir para a sociedade (Stein et al., 2019;
Weisser, 2017).
Os discursos manifestados e velados nos trabalhos investigados refletem uma
série de narrativas e posicionamentos em torno das redes interuniversitárias e seu
papel na promoção da sustentabilidade. Analisando-os, nota-se uma tendência a
enfatizar sua importância como plataformas essenciais para a colaboração e troca de
conhecimento entre instituições de ensino superior. Há uma manifesta visão positiva
sobre seu potencial, entretanto, esse otimismo, muitas vezes, parece ocultar uma
lacuna existente na pesquisa sobre sua efetividade.
Os discursos revelam um cenário multifacetado, onde otimismo e idealização
coexistem com tímidos reconhecimentos críticos de limitações e desafios. A necessidade
de estudos comparativos que analisem a relação entre universidades e redes,
281
José Florentino Vieira de Melo
Geso & Conexões (ManageMent and ConneCtions Journal). Viria (Es), Vol. 13, n. 3, dE 2024.
como mencionado no material (Jaskolski & Udoh, 2022), aponta para uma área de
pesquisa emergente que pode proporcionar novos olhares acerca da efetividade das
redes interuniversitárias na promoção da sustentabilidade entre as organizações a
elas vinculadas.
Este tópico veio apartado dos demais em razão de seu caráter transversal, ao
incluir trabalhos dos quatro grupos informados anteriormente. Um aspecto que merece
maior atenção é a necessidade de estudos comparativos que analisem as relações de
formação comunicativa, influência, dependência e conflito entre as universidades e as
redes às quais pertencem, visto que praticamente nada, no material selecionado para
esta revisão, tocou no assunto de maneira mais contundente. Tal análise permitiria
identificar padrões de colaboração interorganizacionais, bem como o alcance e
efetividade da atividade das redes perante os discursos manifestados e as práticas
sustentáveis de suas organizações associadas.
Conclusão
A presente pesquisa visa investigar os discursos relacionados à sustentabilidade
no âmbito universitário por meio de uma revisão de literatura. O objetivo é proporcionar
uma visão inovadora sobre a temática, destacando as formas e tendências de
exploração mais comumente empregadas por estudiosos que se dedicam à investigação
da comunicação organizacional de Instituições de Ensino Superior.
A análise da literatura revela que a maioria dos trabalhos se mantém alinhada
ao discurso institucional, evitando críticas e questionamentos sobre falas e ações
relacionadas à sustentabilidade. Contudo, alguns ensaios adotam uma postura mais
incisiva, indo além da superfície discursiva para questionar posicionamentos ocultos,
jogos de poder e omissões propositadas.
A divisão ontológica e epistemológica evidenciada pela categorização dos
artigos em quatro conjuntos pode ter implicações substanciais para pesquisas
futuras. Essa classificação revela diferentes abordagens teóricas e conceituais em
relação à sustentabilidade, destacando uma dicotomia entre visões convencionais e
posturas críticas irruptivas. A diversidade identificada sugere a existência de variadas
possibilidades de abordagem da sustentabilidade nas universidades, o que pode
enriquecer o panorama conceitual do campo, caso sejam consideradas.
Há oportunidade para a exploração de abordagens metodológicas que se alinhem
com diferentes visões epistemológicas, com a existência de espaço para o emprego
de metodologias de investigação mais tradicionais, bem como de técnicas mais
participativas e qualitativas. A distinção entre visões desenvolvimentistas e críticas
pode ter implicações significativas em futuros estudos, visto que diferentes pesquisas
podem debruçar-se de distintos modos sobre como discursos influenciam práticas
das Instituições de Ensino Superior em relação à sustentabilidade, incluindo análises
de políticas institucionais, das gestões e do impacto em comunidades locais.
Considerando a crítica à perspectiva desenvolvimentista como um instrumento
colonial, há a possibilidade de explorar como as investidas à sustentabilidade variam em
282
Universidades e sUstentabilidade: Uma revisão sob a Ótica discUrsiva
Geso & Conexões (ManageMent and ConneCtions Journal). Viria (Es), Vol. 13, n. 3, dE 2024.
diferentes contextos regionais e culturais. Essa linha de investigação poderia amparar a
contextualização de práticas sustentáveis em universidades fora do cenário dominante.
A identificação dos grupos expostos neste trabalho pode permitir a concepção
de quadros conceituais que reconheçam diferentes visões sobre a sustentabilidade
universitária, possibilitando, assim, a criação de modelos teóricos que abracem sua
diversidade. Finalmente, a divisão identificada pode indicar resistências e pontos
de tensão dentro do ambiente acadêmico. É possível explorar esse fenômeno,
identificando barreiras à adoção de práticas sustentáveis, além de investigar o potencial
de transformação e inovação nesse contexto.
A revisão identifica uma lacuna significativa nas pesquisas voltadas para a
análise do discurso da sustentabilidade como um acontecimento independente da
materialidade das ações. A maioria dos trabalhos se concentra na investigação de
situações específicas, deixando em segundo plano a compreensão do discurso
enquanto evento comunicativo em si. Estudos futuros que enfoquem a análise discursiva
como um elemento central da comunicação que molda as organizações poderiam
oferecer perspectivas inovadoras sobre a formação dos discursos, suas funções
reais e representativas, bem como os motivos subjacentes às ações e omissões
organizacionais.
Seria relevante, ainda, direcionar a atenção para os discursos organizacionais
criados, influenciados e moldados por redes interorganizacionais. A análise comparativa
dos discursos da sustentabilidade manifestados por diferentes universidades desponta
como uma abordagem promissora para demonstrar a influência de contextos
semelhantes, independentemente de suas origens e localizações. Esta perspectiva
pode enriquecer a compreensão das dinâmicas discursivas e dos enfoques adotados
por distintas instituições acadêmicas, revelando como as redes interorganizacionais
contribuem para a configuração e evolução dos discursos de sustentabilidade.
Por fim, é importante reconhecer as limitações da pesquisa aqui apresentada,
particularmente ligadas à escassez de trabalhos publicados, o que aponta lacunas
no estudo da comunicação organizacional sobre sustentabilidade em instituições
de ensino superior, com particular grifo ao contexto brasileiro. A multiplicidade de
significados atribuídos ao conceito de sustentabilidade aponta para um campo vasto
de descobertas a serem exploradas, incluindo considerações sobre poder, hegemonia,
significação e conflitos em torno de sua representação e utilização em práticas sociais.
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