Revista Gestão & Conexões
Management and Connections Journal
Vitória (ES), v. 14, n. 2, de 2025.
ISSN
2317
-
5087
DOI:
https://doi.org/
10.47456/regec.23175087.20
25
.
14
.
2
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44238
.
64
.
8
4
A Inteligência Emocional de Trabalhadores do Setor
Farmacêutico em Tempos de Pandemia de Covid
-
19
The Emotional Intelligence of Pharmaceutical Sector Workers in Times of
the Covid
-
19 Pandemic
Paula
de Souza Biazotto
Universidade pública em
Piracicaba (
MBA USP/Esalq
)
p
ds_
paula@hotmail.com
ORCID:
https://orcid.org/0009
-
0008
-
4384
-
0284
Guilherme Pinheiro Maria
Universidade pública em Piracicaba (MBA USP/Esalq
)
g
uilhermepinheiro
2137@gmail.com
ORCID:
https://orcid.org/0000
-
0002
-
0608
-
8133
RESUMO
Este estudo teve como objetivo mensurar os
níveis de inteligência emocional de trabalhadores do setor
farmacêutico e compreender as influências exercidas pela pandemia na gestão das emoções destes
profissionais. Foi realizada uma pesquisa de campo, descritiva e de abordagem qualitativa e quantitati
va,
com 100 profissionais atuantes no setor farmacêutico brasileiro. Os resultados demonstraram índices altos
de inteligência emocional em faixas etárias mais elevadas e um nível maior, entre as mulheres, na dimensão
da avaliação das emoções dos outros, im
pactando a forma como estes grupos gerenciaram suas emoções
durante o período pandêmico. Além disso, os profissionais farmacêuticos perceberam
-
se mais resilientes,
tolerantes e empáticos na pandemia, mas relataram sentir consequências negativas persistente
s, como o
desenvolvimento de ansiedade, medo e depressão. Concluiu
-
se que a inteligência emocional teve papel
importante para a manutenção do bom desempenho no trabalho e no enfrentamento dos desafios impostos
pela pandemia nas esferas pessoal e profission
al.
Palavras
-
Chave:
emoções
;
pandemia
;
trabalho
;
farmacêutico
.
ABSTRACT
This study aimed to measure the levels of emotional intelligence among workers in the pharmaceutical sector
and understand the influences exerted by the pandemic on the management of emotions of these
professionals. A field research was conducted, descript
ive and with a qualitative and quantitative approach,
with 100 professionals working in the Brazilian pharmaceutical sector. The results demonstrated high levels
of emotional intelligence in older age groups and a higher level, among women, in the dimensio
n of assessing
others' emotions, impacting how these groups managed their emotions during the pandemic period. In
addition, pharmaceutical professionals perceived themselves as more resilient, tolerant, and empathetic
during the pandemic, but reported expe
riencing persistent negative consequences such as the development
of anxiety, fear, and depression. It was concluded that emotional intelligence played an important role in
maintaining good performance at work and in facing the challenges imposed by the pa
ndemic in personal
and professional spheres.
Keywords
:
emotions
;
pandemic
;
work
;
pharmaceutical
.
ARTIGO SUBMETIDO EM
:
03
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04
.2
024
.
ACEITO EM
:
05
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04
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2024
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PUBLICADO EM
:
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I
NTRODU
ÇÃO
Transformações sempre fizeram parte da história. No mundo do trabalho as
mudanças têm corrido com
grande frequência como resultado da globalização,
automação dos processos e pelo avanço da tecnologia. Neste contexto, o trabalhador
é impelido a se adaptar ao mercado de trabalho que é cada vez mais competitivo,
exigindo o desenvolvimento contínuo de capa
cidades cognitivas e não cognitivas.
Hoje os trabalhadores não são avaliados somente por suas habilidades e pelo domínio
de técnicas, mas também por como controlam suas próprias emoções e pela
capacidade de se conectarem uns com os outros (Amorim, 2020; Co
sta et al., 2024)
.
Com isso, o conceito de Inteligência Emocional (IE) tem ganhado destaque nas
últimas décadas como um diferencial para o desenvolvimento pessoal e profissional.
Modelos como o de Goleman (2012) têm sido amplamente utilizados para o
desenv
olvimento de capacidades emocionais nas pessoas dentro e fora das
organizações. Para o autor, os seres humanos são, primeiramente, seres de paixão,
empatia e compaixão, e só então de razão. Seu modelo mais aceito de IE contempla
quatro dimensões: autoconsc
iência, autogestão, consciência social e gerenciamento
de relacionamentos (Goleman, 2012).
Atualmente, a IE torna
-
se ainda mais relevante no mundo do trabalho, que foi
profundamente impactado pela pandemia de COVID
-
19. Com a pandemia do SARS
-
Cov 2
–
COVID
19, o mundo experenciou mudanças disruptivas em todos os domínios
da vida, incluindo a esfera do trabalho. Esse evento alterou diversos aspectos da
concepção de rotina e segurança. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS),
a pandemia do COVID
-
19 desenc
adeou o aumento de 25% na prevalência de
ansiedade e depressão no mundo todo (OMS, 2022), além de alertar os altos níveis
de pensamentos suicidas em trabalhadores da saúde na América Latina (OMS, 2022).
A pandemia da COVID
-
19 forçou uma paralisação da eco
nomia global trazendo
grandes preocupações, não somente para a economia, mas também
para a
vida dos
indivíduos. Os trabalhadores da área da saúde, considerados como linha de frente na
atuação contra a pandemia, foram fortemente impactados, uma vez que não
houve a
possibilidade de isolamento para esse grupo, deixando
-
os expostos ao excesso de
trabalho e suscetíveis ao desenvolvimento de doenças respiratórias, alterações do
sono e perda de satisfação na vida e no trabalho (Guimarães
-
Teixeira et al., 2023).
D
entro da área da saúde, a categoria dos farmacêuticos, tanto aqueles atuantes
em clínicas, como em pesquisa e desenvolvimento na indústria, desempenhou um
papel crucial no enfrentamento à pandemia. Sua contribuição foi indispensável, seja
na garantia do fo
rnecimento de medicamentos essenciais, no desenvolvimento de
vacinas ou no suporte direto aos pacientes. Contudo, esses profissionais também
enfrentaram condições de trabalho excepcionais, expostos a longas jornadas, alta
pressão e situações emocionalmente
desgastantes (Rubert, Deuschle & Deuschle,
2020; Prado & Marini, 2022).
Mesmo após o término oficial da pandemia, os desafios emocionais enfrentados
por profissionais farmacêuticos permanecem relevantes e merecem um estudo
aprofundado. A pandemia evidenci
ou a importância de se compreender como esses
trabalhadores lidaram e ainda lidam com a gestão das suas emoções em um ambiente
de trabalho que continua exigente e repleto de incertezas. A relevância desse estudo
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transcende o período pandêmico, pois os desa
fios emocionais no mundo do trabalho
persistem e a valorização de competências emocionais torna
-
se um diferencial
fundamental para a saúde e o desempenho profissional no cenário atual.
Sendo assim, surge o seguinte problema de pesquisa: como os profissiona
is
farmacêuticos gerenciaram suas emoções no período pandêmico? Para responder a
esta questão, o presente trabalho tem como objetivo mensurar os níveis de
inteligência emocional de trabalhadores do setor farmacêutico e compreender as
influências exercidas
pela pandemia na gestão das emoções dessa categoria de
profissionais.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Inteligência emocional
A IE tem suas origens na década de 1930, quando os psicólogos Thorndike
e
Stein (1937) criaram o conceito da Inteligência Social (IS), sendo descrita como a
capacidade de conviver com outras pessoas. A partir do c
onceit
o de IS, outros
estudiosos desenvolveram seus estudos sobre o tema, como o professor de psicologia
de
Harvard, Howard Gardner (1990), que desenvolveu o modelo de Inteligência
Múltipla (IM), afirmando que a competência intelectual humana deveria apresentar um
conjunto de habilidades de resolução de problemas. Segundo Gardner (1990), a
inteligência poderia s
er avaliada em sete diferentes aspectos sendo elas: Inteligência
Linguística, Inteligência Musical, Inteligência Lógico
-
Matemática, Inteligência
Espacial, Inteligência Corporal
-
Cinestésica, Inteligência Intrapessoal e Inteligência
Interpessoal.
Com a ampla
aceitação dos conceitos de IS e IM, aliados ao avanço da
neurociência pelas pesquisas, iniciou
-
se a introdução de estudos acerca da IE e a sua
importância no âmbito social e organizacional. Atualmente existem três principais
modelos que abordam o tema. O
primeiro modelo foi proposto em 1990 quando os
pesquisadores Peter Salovey e John D. Mayer publicaram o artigo
Emocional
Intelligence
. Nesse artigo os pesquisadores abordaram a importância do
monitoramento das emoções, em si próprio e nos outros; a motivaç
ão através de
sentimentos positivos; e buscaram examinar o lugar da emoção nas concepções
tradicionais de inteligência. (Salovey & Mayer, 1990).
O segundo modelo, de Mayer, Salovey e Caruso (2002), denominado de
Mayer
-
Savoley
-
Caruso Emotional Intelligence
Test
(MSCEIT), definiu a IE como uma
variedade de capacidades não cognitivas e habilidades que podem influenciar a
capacidade de sucesso, ao lidar com as exigências e pressão do dia a dia (Mayer,
Salovey & Caruso, 2002). O terceiro modelo proposto pelo psi
cólogo Daniel Goleman,
se concentra no desempenho no trabalho e na liderança organizacional, na qual existe
uma combinação de habilidades e características entre as abordagens existentes
(Goleman, 2011; 2012).
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De acordo com Goleman (2011), os seres humanos
são, primeiramente, seres
de paixão, empatia e compaixão, e só então de razão, desenvol
vendo
um modelo de
IE pautado em cinco domínios: 1) conhecer suas próprias emoções: a
autoconsciência, a capacidade de reconhecer e compreender o próprio estado de
espí
rito, emoções e motivações; 2) lidar com as emoções: a capacidade de controlar
impulsos e estados de espírito desestabilizadores, como ansiedade, tristeza ou
irritabilidade, a fim de conter a crítica e pensar antes de agir; 3) motivar
-
se: o
autocontrole em
ocional e a paixão pelo trabalho alimentada por motivações internas,
tornando
-
as mais produtivas e eficazes; 4) reconhecer emoções nos outros: a
empatia, o saber escutar e sintonizar com o mundo externo e; 5) lidar com
relacionamentos: a capacidade de comp
ree
nder
as emoções dos outros, administrar
relacionamentos criando afinidades com as pessoas (Goleman, 2011). Posteriormente
o autor atualizou seu modelo, propondo quatro dimensões de IE: autoconsciência,
autogestão, consciência social e gerenciamento de r
elacionamentos (Goleman, 2012).
Ademais, a escala de inteligência emocional de Wong e Law (WLEIS), construída
por Law, Wong e Song (2004) têm contribuído com o desenvolvimento do campo de
pesquisa sobre o tema nos estudos sobre gestão de pessoas e relaçõe
s de trabalho.
A escala avalia a inteligência emocional em quatro dimensões, sendo elas:
autoavaliação emocional, autoavaliação das emoções dos outros, regulação das
emoções e utilização das emoções. Ela foi adaptada, validada e traduzida para a
língua por
tuguesa por Rodrigues, Rebelo e Coelho (2011).
Segundo Vieira
-
Santos et al (2018), nas pesquisas sobre Inteligência Emocional
realizadas entre 2011 e 2015, foram utilizadas 20 escalas diferentes, com
predominância da escala MSCEIT (Mayer, Salovey & Caruso
, 2002) e a escala WLEIS
(Law, Wong & Song, 2004). Os autores também destacam que a maioria das
pesquisas visa correlacionar a IE com outros construtos, como a qualidade da relação
conjugal, a competência multicultural e a eficácia do trabalho em equipe. A
lém disso,
apontam para uma escassez de estudos que propõem intervenções e promovam o
desenvolvimento da inteligência emocional nas organizações (Vieira
-
Santos et al.,
2018).
Ainda, verifica
-
se a predominância da participação de adultos no ensino superior
,
sugerindo a necessidade de mais pesquisas com crianças e idosos. Observa
-
se,
também, o uso crescente de recursos tecnológicos na coleta de dados, o que facilita
a participação remota e amplia a robustez dos resultados. Todavia, apesar dos
avanços, a prod
ução científica sobre IE ainda é relativamente modesta, com média
de nove artigos anuais, indicando a necessidade de mais pesquisas, especialmente
em intervenções e com diferentes faixas etárias (Vieira
-
Santos et al., 2018).
Atualmente, a inteligência em
ocional tem sido estudada no contexto do trabalho
e das organizações, sendo relacionada a temas como satisfação no trabalho (Wen,
Huang & Hou, 2019; Batista, Gondim & Magalhães, 2022); engajamento (Hansen et
al., 2018); desempenho organizacional (Rodrigues
& Rebelo, 2021); liderança
(Alshammari et al
.
, 2020; Silva & de Andrade, 2024); e gestão estratégica (Silva & de
Souza, 2023). No entanto, a pandemia trouxe desafios inéditos para as pessoas nas
organizações, que exigiram uma adaptação rápida e emocional
mente intensa tanto
para trabalhadores quanto para líderes. Sendo assim, o estudo de IE nesse contexto
se torna ainda mais relevante, pois a crise sanitária impôs novas formas de interação,
distanciamento social e a necessidade de adaptação a situações de
alta pressão.
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O profissional farmacêutico na pandemia
O profissional farmacêutico está presente em áreas clínicas, hospitalares,
industriais e de pesquisa, incluindo a área de desenvolvimento e inovação. Ele
contribui e assume um papel de ampla complexida
de na sociedade. A OMS e a
Federação Internacional Farmacêutica introduziram, em 2006, o conceito de
“farmacêuticos sete estrelas”, onde se contempla as funções do profissional como:
prestador de serviços farmacêuticos em uma equipe de saúde, tomador de de
cisões,
comunicador, gerente, educador, líder e pesquisador (Wiedenmayer et al., 2006).
Durante a pandemia, o Ministério da Saúde criou a iniciativa “O Brasil Conta
Comigo” onde o governo federal solicitou o reforço de estudantes da área da saúde
para atua
rem no combate a pandemia de COVID
-
19 (Brasil, 2020). Nesse programa
foram chamados alunos dos cursos de medicina, enfermagem, fisioterapia e farmácia.
Assim, a categoria dos profissionais farmacêuticos, mais uma vez, assumiu um papel
de responsabilidade f
rente
à
situação.
Segundo a Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma,
2020), durante a pandemia o setor manteve a rotina habitual de operações nas
fábricas, importações e entregas de medicamentos, além de protagonizar doações de
medicam
entos e outras iniciativas em parceria com autoridades e organizações
internacionais. Os profissionais das indústrias farmacêuticas operaram com muita
atenção aos protocolos de prevenção e foco na produção para promover o acesso à
saúde e a assistência nec
essária durante a pandemia (Interfarma, 2020).
Durante a pandemia, os profissionais farmacêuticos assumiram funções
adicionais por estarem na linha de frente do combate ao vírus. Eles desempenharam
um papel essencial na promoção da saúde e prevenção do co
ntágio, e no apoio às
estratégias de vacinação (Prado & Marini, 2022). Rubert, Deuschle e Deuschle (2020)
chamam atenção para o fato de que durante a pandemia, a população passou a se
automedicar de maneira irracional em reação às incertezas provocadas pel
o vírus. Em
resposta, os profissionais farmacêuticos também atuaram enquanto importantes
conscientizadores sobre o uso adequado dos medicamentos e sobre seus efeitos
colaterais (Rubert, Deuschle & Deuschle, 2020).
Diante disso, é evidente que os farmacêuti
cos, assim como os demais
profissionais da saúde como médicos e enfermeiros, assumiram papéis adicionais
durante a pandemia e lidaram com uma alta carga emocional (Wen, Huang & Hou,
2019) derivada das tensões com o trabalho, mas também com a vida pessoal e
a
própria saúde. Por isso, faz
-
se então necessário buscar compreender de que maneira
os farmacêuticos gerenciaram suas emoções e as dos outros (Goleman, 2012) para
que pudessem continuar exercendo suas funções em um período em que seus
serviços foram, e a
inda são, demandados em escala mundial.
Além disso, estudar o tema da inteligência emocional continua sendo
fundamental mesmo após o fim da pandemia, uma vez que os desafios enfrentados
pelos profissionais de saúde, incluindo os farmacêuticos, não se lim
itam a períodos
de crise. As habilidades relacionadas ao gerenciamento emocional são essenciais
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para lidar com situações de pressão constante, para estabelecer relações mais
eficazes com pacientes e colegas e para promover o próprio bem
-
estar (Guimarães
-
Te
ixeira et al., 2023). Nesse sentido, aprofundar o conhecimento sobre inteligência
emocional pode contribuir para a construção de estratégias que melhorem a qualidade
dos serviços prestados e garantam a sustentabilidade do trabalho desses profissionais
em u
m cenário de demandas complexas e mudanças contínuas no campo da saúde.
M
ETOD
OLOGIA
Segundo Marconi (2022), o método é o conjunto de atividades sistêmicas e
racionais que possibilitam o alcance de conhecimentos válidos por um caminho que
detecte erros e au
xiliem o pesquisador em suas decisões. Dito isso, o caminho
seguido neste trabalho parte de sua localização enquanto uma pesquisa de campo,
descritiva e de abordagem qualitativa e quantitativa (Gil, 2010). O caráter misto da
abordagem desta pesquisa se jus
tifica pelo fato de que, para cumprir seu objetivo, foi
necessário utilizar instrumentos de coleta e métodos de análise de dados quantitativos
e qualitativos.
A etapa de coleta dos dados teve início com a construção do instrumento de
coleta, constituído
por um questionário dividido em três seções. N
a primeira seção do
questionário foram feitas perguntas com o objetivo de coletar dados
sociodemográficos como: idade, gênero, etnia/raça, nível de escolaridade e cargo em
que ocupa. A segunda seção do question
ário foi composta pela versão traduzida da
Escala de Inteligência Emocional de Wong e Law
–
WLEIS (Law, Wong & Song, 2004).
O questionário é formado por 16 questões que permitem avaliar a inteligência
emocional em quatro dimensões, sendo elas: autoavaliaçã
o emocional, autoavaliação
das emoções dos outros, regulação das emoções e utilização das emoções. Essa
escala foi adaptada, validada e traduzida para a língua portuguesa pelos
pesquisadores Rodrigues, Rebelo e Coelho (2011) e sua versão traduzida é
denomi
nada WLEIS
-
P. A escala de resposta é do tipo
Likert
de cinco pontos, sendo
1
-
Nunca e 5
-
Sempre.
A terceira seção do questionário foi composta por questões fechadas, utilizando
a mesma escala de resposta do tipo
Likert
, relacionadas à compreensão dos impa
ctos
da pandemia nas quatro dimensões da inteligência emocional mensuradas na seção
anterior. Ainda na mesma seção, foi realizada a seguinte questão aberta: “Como a
pandemia afetou suas emoções?”. O objetivo com a pergunta foi compreender
as
influências ex
ercidas pela pandemia na gestão das emoções dos profissionais do
setor farmacêutico.
Foi realizado um pré
-
teste do instrumento, onde dois profissionais atuantes no
setor farmacêutico responderam
a
todas as perguntas. A partir de suas respostas e
retornos, foram realizados os ajustes necessários e elaborada a versão final do
questionário. As respostas obtidas durante a etapa do pré
-
teste não foram
consideradas para a análise dos resultados da pesqui
sa.
O questionário, composto pelas três seções supracitadas, foi construído de
forma eletrônica através da plataforma
Google Forms
e distribuído entre os meses de
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junho e julho de 2022
em redes sociais como
Linkedin
,
Whatsapp
e
Facebook
para
profissionais
atuantes no setor farmacêutico brasileiro com
pesquisa e
desenvolvimento farmacêuticos
. A constituição da amostra se deu de forma não
-
probabilista, considerando que não foram utilizadas formas aleatórias de seleção. A
seleção ocorreu por indicação, utiliza
ndo da técnica de bola de neve, conhecida como
um método de cadeia de referências, onde um indivíduo respondente indica um ou
mais indivíduos para compor a amostra (Biernacki & Waldorf, 1981).
Durante o período de coleta dos dados, chegou
-
se
a
um total de
100
respondentes. Todos eles responderam ao questionário por completo, mediante a
aceitação dos termos contidos no Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
(TCLE) que incluíram o compromisso do(s) responsável(eis) pela pesquisa em
manter(em) as identidad
es dos participantes em anonimato, durante e após a
realização da pesquisa.
Entre os participantes da pesquisa, 26 se identificaram com o gênero masculino,
enquanto 74 se identificaram com o gênero feminino. Os participantes da pesquisa
apresentaram uma m
aioria de faixa etária declarada entre 18 e 35 anos
,
74% se
autodeclararam brancos e 82% possuem ensino superior ou mais. Estes dados estão
detalhados na tabela 1:
Tabela 1
-
Caracterização da amostra
Dados sociodemográficos
%
Gênero
Feminino
74
Masculino
26
Faixa etária
18 a 25 anos
24
26 a 30 anos
27
31 a 35 anos
27
35 a 40 anos
12
Mais de 40 anos
10
Nível de escolaridade
Superior incompleto
18
Superior completo
38
Pós
-
graduação incompleto
10
Pós
-
graduação completo
24
Mestrado incompleto
0
Mestrado completo
9
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Doutorado incompleto
0
Doutorado completo
1
Etnia/Raça
Amarelo(a)
4
Branco(a)
74
Pardo
17
Preto
4
Indígena
0
Prefiro não responder
1
Cargo em que ocupa
Estagiário(a)
1
Técnico(a)
9
Analista
67
Supervisor
2
Coordenador
9
Gerente
5
Outros
7
Fonte: elaboração própria.
Após a realização da coleta dos dados, estes foram analisados através da
utilização de métodos de estatística descritiva como o cálculo dos valores médios, dos
coeficientes de variância e dos coeficientes de consistência interna (
Alpha de
Cronbach
) para as variáveis das questões fechadas do questionário. Enquanto as
respostas à questão aberta foram analisadas utilizando o
software
Iramuteq
0.7
Alpha
2, no qual fo
i possível realizar as análises de estatística textual, nuvem de palavras e
classificação hierárquica descendentes (CHD) simples sobre texto.
ANÁLISE E DISCUSSÃO
O questionário WLEIS
-
P é composto por 16 questões subdivididas em quatro
dimensões: autoavali
ação emocional, autoavaliação das emoções dos outros,
regulação das emoções e utilização das emoções, que juntas resultam na inteligência
emocional. Para estimar a confiabilidade do questionário foi aplicado o coeficiente Alfa
de
Cronbach
, (
), apresentado
por Lee J. Cronbach em 1951, o qual consiste na
média de todos os coeficientes de variabilidade resultantes das diferentes maneiras
de dividir meio a meio o conjunto de avaliadores (Maroco & Garcia
-
Marques, 2006).
Assim, foram obtidos os valores de
apre
sentados na tabela 2:
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Tabela 2
-
Alfa de Cronbach para o questionário WLEIS
-
P
Dimensão
Alfa de
Cronbach
(
)
Avaliação das próprias emoções
0,79
Avaliação das emoções dos outros
0,79
Uso das emoções
0,82
Regulação das emoções
0,91
Inteligência emocional
0,85
Fonte: elaboração própria.
De modo geral, a confiabilidade de um questionário é aceitável quando
0,70
sendo que, abaixo desse valor, a consistência interna da escala utilizada é
considerada baixa (Maroco & Garcia
-
Marques, 2006). Os dados obtidos
demonstraram valores acima do mínimo preconizado, corroborando o estudo de
Rodrigues, Rebelo e Coelho (201
1), no qual comprovaram que a WLEIS
–
P constitui
um instrumento com a mesma estrutura fatorial da sua versão original, apresentando
índices robustos de consistência interna e confiabilidade. Através dos resultados
obtidos pela pesquisa, foram
calculad
os
as médias e os desvios padrão para cada
uma das quatro dimensões do WLEIS
-
P.
Segundo Goleman (2011; 2012), a inteligência emocional varia conforme a idade
e o gênero, estando relacionada ao amadurecimento cerebral e às experiências
acumuladas ao longo d
a vida. Diante disso, as tabelas 3 e 4 apresentam os resultados
por faixas etárias e por gênero:
Tabela 3
-
Médias e desvios padrão das dimensões da escala WLEIS
-
P por faixa etária
Dimensão
18 a 25 anos
26 a 30 anos
31 a 35 anos
36 a 40 anos
Mais de 40
anos
Média
Desv.
Média
Desv
Média
Des
v
Média
Des
v
Média
Desv
Avaliação das próprias
emoções
3,61
0,76
3,60
0,86
3,74
0,83
4,00
0,74
3,90
0,82
Avaliação das
emoções dos outros
3,74
1,09
3,87
0,78
3,78
0,78
4,06
0,78
3,80
0,87
Uso das emoções
3,22
1,19
3,47
1,06
3,66
1,12
3,73
1,16
3,38
1,12
PAULA
DE
SOUZA
BIAZOTTO
|
GUILHERME
PINHEIRO
MARIA
73
G
ESTÃO
&
C
ONEXÕES
-
M
ANAGEMENT AND
C
ONNECTIONS
J
OURNAL
,
V
ITÓRIA
(ES),
V
.
14,
N
.
2,
DE
2025
.
Regulação das
emoções
3,28
1,06
3,06
1,00
3,31
0,94
3,48
1,01
3,70
0,86
Inteligência emocional
3,46
1,03
3,50
0,93
3,62
0,92
3,82
0,92
3,69
0,92
Fonte: elaboração própria.
Tabela 4
-
Médias e desvios padrão das dimensões da escala WLEIS
-
P por faixa gênero
Dimensão
Média
(Masc.)
Desvio padrão
(Masc.)
Média
(Fem.)
Desvio padrão
(Fem.)
Avaliação das próprias emoções
3,90
0,86
3,66
0,82
Avaliação das emoções dos outros
3,71
1,01
3,87
0,84
Uso das emoções
3,72
1,08
3,40
1,18
Regulação das emoções
3,85
1,04
3,10
0,94
Inteligência emocional
3,80
0,99
3,51
0,94
Fonte:
elaboração própria.
De acordo com os dados apresentados na tabela 3, os participantes com faixa
etária entre 36 e 40 anos foram os que apresentaram maiores pontuações nas
categorias “avaliação das próprias emoções”; “avaliação das emoções dos outros” e
“u
so das emoções”. Enquanto na categoria “regulação das emoções”, a maior
pontuação é atribuída aos respondentes maiores de 40 anos. Quando olhamos para
a média total da inteligência emocional, observamos que as pontuações seguem uma
tendência de aumento con
forme o avanço das idades, e as duas últimas faixas etárias
foram as que apresentaram maiores resultados. Segundo Goleman (2011), as nossas
aptidões emocionais podem ser aperfeiçoadas e elas estão ligadas ao
amadurecimento do cérebro e as somas de todas as
nossas experiências vividas.
Analisando os resultados por gênero descritos na tabela 4, na maioria das
perguntas sobre “autoconhecimento das próprias emoções”, as pontuações obtidas
foram ligeiramente maiores entre os respondentes do gênero masculino, sen
do que a
maior média foi na questão “Sei sempre se estou ou não contente” para ambos os
gêneros. Na dimensão da “avaliação das emoções dos outros” os participantes do
gênero feminino demonstraram percepção dos sentimentos dos outros ligeiramente
maior que
dos participantes do gênero masculino, sendo que a maior média foi na
questão “Sou sensível aos sentimentos dos outros”.
Na avaliação do “uso das emoções”, os participantes do gênero masculino
apresentaram uma maior pontuação em relação ao gênero feminino
, sendo a maior
média na questão “Encorajo
-
me sempre a dar o meu melhor”. No quesito “regulação
das emoções”, houve uma pontuação consideravelmente maior entre os respondentes
PAULA
DE
SOUZA
BIAZOTTO
|
GUILHERME
PINHEIRO
MARIA
74
G
ESTÃO
&
C
ONEXÕES
-
M
ANAGEMENT AND
C
ONNECTIONS
J
OURNAL
,
V
ITÓRIA
(ES),
V
.
14,
N
.
2,
DE
2025
.
do gênero masculino, onde a maior média foi na questão “Consigo controlar bem
mi
nhas emoções”, enquanto os participantes do gênero feminino apresentaram a
menor média na questão “Sou capaz de me acalmar rapidamente quando estou muito
irritado”.
Goleman (2012), pontuou que as mulheres tendem a um alto desenvolvimento
no sistema neurôn
ios
-
espelho, buscando assim mais sinais de empatia, enquanto os
homens possuem a tendência a ter uma reação repentina do sistema neurônios
-
espelho, focando mais na resolução de problemas. Os dados obtidos na presente
pesquisa corroboram a literatura de Gol
eman (2012), uma vez que as mulheres
obtiveram, embora ligeiramente, maiores pontuações na avaliação das emoções dos
outros. Esses dados demonstram que, embora ocorra uma variação entre os dados
obtidos por faixa etária e gênero, os valores apresentados po
ssuem pontuações altas,
mostrando que os respondentes apresentam um bom controle e boa capacidade de
regular suas emoções, demonstrando capacidade de gerenciar sentimentos.
Ademais, a tabela 5 apresenta as médias, desvios padrão e coeficientes de
variação
de forma geral, isto é, considerando toda a amostra da pesquisa, sem
estratificação:
Tabela 5
–
Médias, desvios padrão e coeficientes de variação das dimensões da escala WLEIS
-
P
Dimensão
Média
Desvio padrão
Coeficiente de variação
Avaliação das próprias emoções
3,72
0,84
22,68
Avaliação das emoções dos outros
3,83
0,89
23,34
Uso
das emoções
3,48
1,17
33,65
Regulação das emoções
3,30
1,03
31,14
Inteligência emocional
3,58
0,98
27,47
Fonte: elaboração própria.
De maneira geral, é possível verificar que as maiores médias estão concentradas
nas dimensões “Avaliação das emoções dos outros” e de “Avaliação das próprias
emoções”. Enquanto as dimensões “Regulação das emoções” e “Uso das emoções”,
resultaram nas menore
s médias. Essa é uma tendencia similar àquela verificada
quando se mostra os resultados estratificados por gênero, especificamente, seguindo
a tendência das médias das mulheres. Isso ocorre, porque a maioria da amostra (74%)
é composta por mulheres, o que
produz essa aproximação entre as médias verificadas
entre as mulheres e as médias gerais.
Além disso, é importante destacar que o coeficiente de variação, que indica a
dispersão dos dados em relação à média, é maior nas dimensões “Uso das emoções”
e “Regu
lação das emoções”, sendo estas, as dimensões com as menores médias.
PAULA
DE
SOUZA
BIAZOTTO
|
GUILHERME
PINHEIRO
MARIA
75
G
ESTÃO
&
C
ONEXÕES
-
M
ANAGEMENT AND
C
ONNECTIONS
J
OURNAL
,
V
ITÓRIA
(ES),
V
.
14,
N
.
2,
DE
2025
.
Disso, depreende
-
se que há maior heterogeneidade entre os participantes em como
utilizam as emoções e em como regulam suas emoções.
A alta dispersão na dimensão do “Uso das emoções” indic
a que os trabalhadores
do setor farmacêutico têm níveis muito distintos de habilidade para usar as emoções
de maneira estratégica, como para motivar a si mesmos e aos outros, ou mesmo para
tomar decisões mais equilibradas. Diante disso, é essencial intervi
r na prática da
inteligência emocional (Vieira
-
Santos et al., 2018). Nas organizações, isso pode ser
feito através do desenvolvimento de treinamentos personalizados para aumentar a
habilidade de aplicação prática das emoções no trabalho. Isso pode ser cruc
ial para
as áreas do setor farmacêutico que demandam alta resiliência e adaptabilidade como
na indústria de vacinas, profundamente impactada pela pandemia (Rubert, Deuschle
& Deuschle, 2020; Prado & Marini, 2022).
Ainda, as diferenças significativas na dim
ensão da “Regulação das emoções”
sugerem que uma parcela dos trabalhadores pode ter dificuldade em gerenciar suas
emoções sob a pressão gerada pela pandemia, e que se perpetua em um setor onde
é comum os prazos rigorosos, a alta regulamentação e exigências
de qualidade.
Implementar programas de bem
-
estar emocional pode auxiliar os trabalhadores do
setor farmacêutico a melhorarem a regulação emocional, principalmente em situações
de alta pressão, como gestão de reclamações, auditorias e demandas inesperadas
do
mercado que se mostram cada vez mais recorrentes devido a maior exposição da
população às doenças virais (Rubert, Deuschle & Deuschle, 2020).
Com o objetivo de aprofundar na compreensão sobre a inteligência emocional
dos participantes, todos eles respon
deram à seguinte pergunta: “Como a pandemia
afetou suas emoções?”. Todas as respostas foram analisadas no software
Iramuteq
0.7
Alpha
2, no qual foi possível realizar as seguintes analises: estatística textual, onde
obteve
-
se números de textos e segmentos, ocorrências, frequência média das
palavras e frequência total de cada forma; a nuvem de palavras que nos mostra uma
representação gr
áfica em função da frequência das palavras e; a classificação
hierárquica descendente (CHD) simples sobre texto, na qual foi gerado um
dendrograma com as classes sugeridas compostas com unidades de segmentos de
texto com vocabulários semelhantes.
A palavra
mais utilizada pelos respondentes foi “mais”. Essa palavra foi
detectada 51 vezes, mostrando as intensidades dos impactos sentidos durante a
pandemia, negativos ou positivos. Algumas das frases declaradas associaram a
palavra a adjetivos, tais como: “mais
sensível”; “emoções mais afloradas”; “mais
intensas”; “mais preocupada”; “mais confuso”; “mais empático”; “mais negativa”; “mais
introspectiva”; “mais aflita”. Além disso, alguns participantes declararam a
intensificação da insegurança frente ao isolament
o social, as incertezas e a falta de
perspectiva das vacinas.
Em seguida, a palavra mais utilizada foi “não”, tendo sido detectada 28 vezes,
das quais 16 delas, estiveram associadas à percepção de que as mudanças durante
a pandemia não foram sentidas com
tanta intensidade; contudo, 12 delas, estiveram
associadas à percepção de que houve, durante a pandemia, momentos de perda de
controle, de não reconhecer a si mesmo e de desenvolvimento de fobias durante os
períodos de isolamento social.
PAULA
DE
SOUZA
BIAZOTTO
|
GUILHERME
PINHEIRO
MARIA
76
G
ESTÃO
&
C
ONEXÕES
-
M
ANAGEMENT AND
C
ONNECTIONS
J
OURNAL
,
V
ITÓRIA
(ES),
V
.
14,
N
.
2,
DE
2025
.
Em seguida as pala
vras mais utilizadas foram “ficar”; “muito”; “afetar” e “sentir”,
associadas, novamente a sentimentos intensos sobre as mudanças provocadas
durante a pandemia de COVID
-
19. A nuvem contendo estes termos, pode ser
observada na figura 1:
Figura 1
-
Nuvem de
palavras com os termos mais citados
Fonte: elaboração própria.
Através da análise estatística textual, foi possível avaliar as principais palavras
citadas e a frequência de suas citações. Algumas palavras significativas foram
repetidas mais de uma deze
na de vezes pelos respondentes, tais como “muito”,
“medo”, “emoção” e “pandemia”. Muitos dos respondentes declararam as ligações
diretas entre a pandemia e as alterações emocionais vividas. Ainda, 10 participantes
declararam que a pandemia os deixou muito
mais sensíveis às emoções, às
alterações do próprio humor e ao sentimento dos outros, mostrando que houve um
aumento da empatia.
Goleman (2011) descreve que a empatia ocorre quando há um “momento
humano”, uma interação ocorrida quando ambas as pessoas se
sintonizam uma à
outra, dando atenção e oferecendo um sentimento positivo. Em meio ao isolamento
social imposto pela pandemia, esses “momentos humanos” foram mais raros e
valiosos. As 20 principais palavras encontradas nas declarações dos respondentes
estã
o descritas na tabela 6:
Tabela 6
-
Análise estatística textual: frequência das palavras
Palavra
Tipo
Frequência
Mais
Adverbio
51
PAULA
DE
SOUZA
BIAZOTTO
|
GUILHERME
PINHEIRO
MARIA
77
G
ESTÃO
&
C
ONEXÕES
-
M
ANAGEMENT AND
C
ONNECTIONS
J
OURNAL
,
V
ITÓRIA
(ES),
V
.
14,
N
.
2,
DE
2025
.
Não
Adverbio
28
Ficar
Verbo
19
Muito
Adverbio
18
Afetar
Verbo
18
Sentir
Verbo
15
Medo
Substantivo
14
Emoção
Substantivo
13
Deixar
Verbo
13
Pandemia
Substantivo
11
Sensível
Adjetivo
10
Aprender
Verbo
8
Ansiedade
Substantivo
8
Negativo
Adjetivo
7
Tudo
Adverbio
6
Tornar
Verbo
6
Social
Adjetivo
6
Situação
Substantivo
6
Forma
Substantivo
6
Dificuldade
Substantivo
6
Fonte: elaboração própria.
As respostas obtidas a questão aberta também foram analisadas através da
classificação hierárquica descendente (CHD) simples sobre texto, com objetivo de
classificar as frases por
similaridade. Através dessa análise, o software gerou um
dendrograma com 6 diferentes classificações, realizado através de vocabulários
semelhantes que foram encontrados nas respostas. Essa classificação se mostrou útil
para verificar as similaridades nas
respostas obtidas, como mostra a figura 2:
Figura 2
-
Dendograma da classificação hierárquica descendente (CHD)
PAULA
DE
SOUZA
BIAZOTTO
|
GUILHERME
PINHEIRO
MARIA
78
G
ESTÃO
&
C
ONEXÕES
-
M
ANAGEMENT AND
C
ONNECTIONS
J
OURNAL
,
V
ITÓRIA
(ES),
V
.
14,
N
.
2,
DE
2025
.
Fonte: elaboração própria.
Com base nas análises dos dados contidos na nuvem de palavras, na tabela de
frequência das palavras, e na CHD, bem como, por meio da leitura de todas as 100
respostas à questão aberta, classificou
-
se os participantes da pesquisa em três
grupos:
Grupo 1: o
s não afetados ou indiferentes. Os membros deste grupo, utilizaram
em suas respostas, termos como: “não afetou”; “não percebi”; “não senti”;
“indiferente”. Grupo 2: os afetados de maneira negativa. Os membros deste grupo,
utilizaram em suas respostas, term
os como: “medo”; “afetou”; “muito”; “de forma
negativa”. Grupo 3: os afetados de maneira positiva. Os membros deste grupo,
utilizaram em suas respostas, termos como: “aprender”; “melhor”; “valorizar”;
“repensar”; “tolerância”; “reinventar”.
Entre os 100 p
articipantes, observou
-
se que, 20 deles se enquadraram no grupo
1; 68 no grupo 2; e 12 no grupo 3, como mostra a figura 3:
Figura 3
-
Classificação dos participantes em grupos de acordo com a percepção sobre os
impactos da pandemia nas emoções
PAULA
DE
SOUZA
BIAZOTTO
|
GUILHERME
PINHEIRO
MARIA
79
G
ESTÃO
&
C
ONEXÕES
-
M
ANAGEMENT AND
C
ONNECTIONS
J
OURNAL
,
V
ITÓRIA
(ES),
V
.
14,
N
.
2,
DE
2025
.
Fonte: elaboração própria.
Os dados apresentados na figura 3, sugerem que os farmacêuticos
enfrentaram a pandemia de maneiras diversas, com predominância de impactos
negativos. Isso evidencia a necessidade urgente de intervenções direcionadas à
saúde ment
al e ao suporte emocional. Programas que incentivem a resiliência, aliados
a medidas organizacionais para reduzir o impacto do estresse, podem ser decisivos
para o bem
-
estar dessa categoria profissional e para o aperfeiçoamento da
inteligência emocional.
Além disso, os relatos positivos do Grupo 3 indicam que a pandemia trouxe a
oportunidade de novos aprendizados
. Entre eles:
autoconhecimento;
desenvolvimento da resiliência
;
tolerância diante das dificuldades; a valorização das
pequenas coisas do dia a dia
; e a reinvenção pessoal diante das mudanças. Isso
reforça a necessidade de políticas organizacionais que valorizem os aprendizados
obtidos com a pandemia, para que os trabalhadores do setor farmacêutico possam
continuar desempenhando seu papel essencial n
a saúde pública, especialmente em
situações de crise.
Por fim, foram analisadas as respostas às 6 questões fechadas, cujo objetivo foi
identificar como a pandemia afetou as quatro dimensões da inteligência emocional de
Goleman (2012) (autoconsciência, auto
gestão, consciência social e gerenciamento de
relacionamentos), entre os participantes.
Iniciando com as questões sobre a dimensão da autoconsciência, foram
realizadas as seguintes perguntas: “Você é familiarizado com a temática de
inteligência emocional?
” e “Durante a pandemia, houve mudanças em sua rotina de
trabalho?”. Na questão sobre a familiarização dos respondentes com a temática de
inteligência emocional, 22 participantes responderam valores correspondentes a nada
ou quase nada, indicando que 22%
dos respondentes desconhecem total ou
20%
68%
12%
Grupo 1: Não afetados ou indiferentes
Grupo 2: Afetados de maneira negativa
Grupo 3: Afetados de maneira positiva
PAULA
DE
SOUZA
BIAZOTTO
|
GUILHERME
PINHEIRO
MARIA
80
G
ESTÃO
&
C
ONEXÕES
-
M
ANAGEMENT AND
C
ONNECTIONS
J
OURNAL
,
V
ITÓRIA
(ES),
V
.
14,
N
.
2,
DE
2025
.
parcialmente o tema. Já outros 48 (48%) participantes indicaram ter um conhecimento
alto sobre a temática, enquanto 30 (30%) deles conhecem parcialmente sobre o
assunto.
Esses resultados permitem compreender que grand
e parte dos respondentes
possui algum conhecimento e familiarização com o termo inteligência emocional. O
que entra em concordância com o fato que o termo vem ganhando cada vez mais
relevância e suas discussões nas organizações se fazem cada vez mais prese
ntes
(Rodrigues & Rebelo, 2021; Batista, Gondim & Magalhães, 2022; Silva & de Andrade,
2024). Em relação às mudanças de rotina no trabalho durante a pandemia, observou
-
se que a maioria, representando 80% dos respondentes, sentiu alterações médias ou
altas,
enquanto apenas 20% dos respondentes declararam que as mudanças foram
poucas ou inexistentes.
A respeito da percepção dos participantes sobre a dimensão da autogestão,
foram realizadas as seguintes perguntas: “Durante a pandemia, houve dificuldade em
ma
nter seu desempenho profissional?” e, “Durante a pandemia, houve busca de
ferramentas para manter a motivação cotidiana? (prática de esportes, meditação,
terapia ou outros)”. Para ambas as questões houve equilíbrio nas respostas. Em
relação as dificuldades
sentidas durante a pandemia, 44 (44%) dos participantes
declararam que houve pouca ou nenhuma dificuldade, 23 (23%) declararam uma
dificuldade média e 33 (33%) declararam terem sentido muitas dificuldades para
manter seu desempenho profissional.
Já em re
lação a busca de ferramentas para manter a motivação cotidiana, 34
(34%) declararam que houve pouca ou nenhuma busca, 17 (17%) declararam que
buscaram de maneira média e 49 (49%) declararam que buscaram de maneira
frequente ferramentas para manter a motiva
ção. Essas respostas mostram como os
participantes lidaram de maneira particular com as dificuldades impostas pela
pandemia. Em geral, aqueles que sentiram pouca ou nenhuma dificuldade em manter
o desempenho profissional declararam que não buscaram ferrame
ntas para manter a
motivação e, em contrapartida, os que sentiram maiores dificuldades, em média,
buscaram mais ferramentas. De acordo com Goleman (2011) o controle das emoções
pode trazer transformações significativas no contexto organizacional, tornando
o
colaborador mais consciente das suas responsabilidades e sobre o seu bem
-
estar e
daqueles com que trabalha, sendo muito importante que os colaboradores se
mantenham positivos. A inteligência emocional também pode auxiliar na mudança das
atitudes e dos co
mportamentos dos colaboradores em trabalhos que envolvam carga
emocional, minimizando assim o estresse e elevando a satisfação no ambiente de
trabalho (Wen, Huang & Hou, 2019; Batista, Gondim & Magalhães, 2022).
Sobre a percepção dos participantes nas dim
ensões da consciência social e do
gerenciamento de relacionamentos, foram realizadas as seguintes perguntas:
“Durante a pandemia, você se deparou com a necessidade de auxiliar o
gerenciamento das emoções das pessoas com quem trabalha?” e, “Você acredita qu
e
a inteligência emocional dos seus superiores influenciou na sua experiência de
trabalho durante o período de pandemia?”.
Entre os 100 participantes, 25 (25%) declararam que houve pouca ou nenhuma
necessidade de auxiliar o gerenciamento das emoções dos c
olegas de trabalho, 22
(22%) declararam que houve uma necessidade média e, a maioria, 53 (53%)
PAULA
DE
SOUZA
BIAZOTTO
|
GUILHERME
PINHEIRO
MARIA
81
G
ESTÃO
&
C
ONEXÕES
-
M
ANAGEMENT AND
C
ONNECTIONS
J
OURNAL
,
V
ITÓRIA
(ES),
V
.
14,
N
.
2,
DE
2025
.
declararam que houve muita necessidade de auxiliar seus colegas de trabalho na
gestão das emoções. Sobre a influência da inteligência emocional dos superiores, 1
8
(18%) declararam que houve pouca ou nenhuma interferência, 19 (19%) declararam
que houve uma interferência média e, a maioria, 63 (63%), afirmaram que a
inteligência emocional dos seus superiores influenciou diretamente na sua experi
ê
ncia
de trabalho dur
ante a pandemia.
Segundo Goleman (2012), profissionais empáticos estão mais sintonizados com
os sinais sutis do mundo externo, conseguindo enxergar as necessidades e vontades
dos outros, o que os torna bons profissionais no campo assistencial, bem como bon
s
líderes. Atualmente a inteligência emocional é um pré
-
requisito para uma boa
liderança, sendo importante e necessária para liderar pessoas, tomar decisões
importantes, administrar conflitos, enfrentar mudanças e alcançar o sucesso. Com o
uso da inteligên
cia emocional, os líderes autênticos têm as habilidades para auxiliar
na construção de laços afetivos entre líderes e liderados (Alshammari et al
.
, 2020;
Silva & de Andrade, 2024).
CONCLUSÕES
Neste estudo buscou
-
se
mensurar os níveis de inteligência emocio
nal de
trabalhadores do setor farmacêutico e compreender as influências exercidas pela
pandemia na gestão das emoções dessa categoria de profissionais. Através
d
a
aplicação do questionário
WLEIS
-
P, foi possível identificar que o grupo pesquisado
demonstrou
altos índices de IE, sobretudo entre aqueles pertencentes às faixas
etárias mais velhas. Entre as mulheres identificou
-
se maiores índices na dimensão da
“avaliação das emoções dos outros”, em comparação com os homens. Contudo, os
homens demonstraram maior
es índices nas demais dimensões.
Na compreensão das influências exercidas pela pandemia na gestão das
emoções dos respondentes, foi possível observar que houve impactos e
intensificações nos sentimentos. Esses impactos foram positivos, com aumento da
resiliência, tolerância e empatia; e n
egativos, com o desenvolvimento ou aumento de
ansiedade, medo, sensibilidade, depressão e desenvolvimento de fobias sociais. Em
geral, a pandemia trouxe mudanças na rotina do trabalho e os indivíduos que sentiram
maiores dificuldades em manterem um bom des
empenho no trabalho foram os que
mais buscaram auxílio externo como prática de esportes, meditação, terapia, entre
outros.
Ademais, foi possível verificar que os termos como “mais” e “não” foram
amplamente utilizados pelos participantes para descreverem experiências negativas
relacionadas à pandemia, que afetaram, sobretudo, a saúde de suas emoções.
Os
resultados obtidos suger
em que a inteligência emocional é uma ferramenta importante
no auxílio do desempenho profissional, nomeadamente no controle das emoções e,
durante a pandemia, se mostrou valiosa para o enfrentamento das dificuldades
impostas aos profissionais do setor farm
acêutico.
A pesquisa trouxe contribuições teóricas e práticas relevantes ao explorar a
inteligência emocional (IE) entre trabalhadores do setor farmacêutico e os efeitos da
pandemia na gestão das emoções dessa categoria. Teoricamente, os resultados
PAULA
DE
SOUZA
BIAZOTTO
|
GUILHERME
PINHEIRO
MARIA
82
G
ESTÃO
&
C
ONEXÕES
-
M
ANAGEMENT AND
C
ONNECTIONS
J
OURNAL
,
V
ITÓRIA
(ES),
V
.
14,
N
.
2,
DE
2025
.
reforça
m a importância da IE como uma competência fundamental no ambiente
profissional, especialmente em momentos de crise. Os altos índices de IE observados,
particularmente entre os trabalhadores mais velhos e na dimensão de “avaliação das
emoções dos outros” e
ntre as mulheres, destacam como diferentes perfis
demográficos podem influenciar o desenvolvimento emocional.
Por outro lado, as influências da pandemia, que geraram tanto efeitos positivos
(como aumento de resiliência, tolerância e empatia) quanto negati
vos (como
ansiedade, medo e depressão), oferecem uma compreensão prática de como eventos
globais podem afetar o bem
-
estar emocional e a produtividade. Além disso, os
indivíduos que enfrentaram maiores dificuldades no trabalho foram aqueles que
buscaram est
ratégias externas de apoio, como esportes e terapia, o que enfatiza a
necessidade de práticas preventivas e de suporte à saúde mental no ambiente de
trabalho. Assim, a pesquisa demonstra que a IE é, não apenas uma ferramenta
essencial para o desempenho pro
fissional, mas também um recurso valioso para
enfrentar adversidades, como as impostas pela pandemia, promovendo saúde
emocional e produtividade no trabalho.
Como limitações a este estudo, destaca
-
se o fato de que a amostra foi
constituída por maioria do
gênero feminino, o que pode ter influenciado na capacidade
de se realizar generalizações sobre os resultados obtidos sem a presença de vieses.
Para futuros estudos sobre o tema, sugere
-
se a replicação do estudo em uma amostra
maior e mais representativa, d
e maneira que sejam adicionadas novas variáveis
sociodemográficas para averiguar se os resultados se modificam quando são
inseridas novas discussões ao tema.
R
EFER
Ê
N
CIAS
Alshammari, F., Pasay
-
an, E., Gonzales, F & Torres, S. (2020). Emotional intelligenc
e
and authentic leadership among Saudi nursing leaders in the Kingdom of Saudi
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Journal Of Professional Nursing
, 36(6), 503
-
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60
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759020200507
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emocional, congruência e satisfação intrínseca no trabalho.
RAM. Revista de
Administração Mackenzie
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23
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