O TEMPLO E A FORCA E SUAS INSCRIÇÕES FICCIONAIS NA HISTÓRIA E NA LITERATURA DO ESPÍRITO SANTO
Resumo
Em O templo e a forca (1999), romance de Luiz Guilherme Santos Neves, observamos que há uma transdiscursividade entre obra, autoria e literatura. Trata-se de um relato que reescreve uma revolta de escravos: a Insurreição do Queimado. Ocorrida na freguesia de São José do Queimado, no Espírito Santo em 1849 (essa região, hoje desabitada, faz parte do município da Serra), o levante se estendeu pelos dias 18 e 19 de março daquele ano. Foram apenas dois dias, mas que tiveram visibilidade o suficiente para preocupar toda a província. Na obra em questão, podemos ver a observância da trajetória dos negros para o, e no, conflito. O narrador descreve as cenas cotidianas dos cativos, dos seus senhores, das ações dos envolvidos no ambiente do Queimado e, ainda, a sua própria preocupação como observador da revolta. Assim, neste trabalho, iremos mostrar esse arranjo textual que pode ser visto em três vieses: a) a ficcionalização historiográfica, que conduz a progressão narrativa do romance; b) a autoria de Luiz Guilherme Santos Neves, que se aproxima de outros dois autores; e c) a Literatura do Espírito Santo, meio pelo qual todo esse processo transcorre. Nesta pesquisa, então, optamos principalmente pelos estudos de Michel de Certeau, Wolfgang Iser, Linda Hutcheon, Roger Chartier, Antoine Compagnon e William Roberto Cereja.
Palavras-chave: O templo e a forca. Luiz Guilherme Santos Neves. Literatura do Espírito Santo.