Crônicas​ ​dos​ ​jovens​ ​na​ ​periferia:​ ​criminalização​ ​da​ ​pobreza,​ ​sociabilidades​ ​e​ ​conflitos

Autores

  • Daniela Cristina Neves de Oliveira

Resumo

Discuto as sociabilidades e os conflitos intersubjetivos entre adolescentes e jovens na periferia de Vitória-ES. Tenho em mente transitar do contexto macro ao micro de análise, assim como deslocar o foco dos estudos sobre homicídios para os estudos sobre conflito. Não obstante, sob o ponto de vista macro de análise, examino o aspecto da criminalização das juventudes urbanas pobres, a qual possui raízes históricas nesta sociedade. Todavia, o alvo principal é refletir “o que as pessoas fazem com o que fazem delas?”. Isto é, observar empiricamente a relação entre os constrangimentos estruturais e a forma como os agentes atuam em seu campo de possibilidades, a partir dos significados que atribuem às coisas em sua vida cotidiana. Parto de uma abordagem qualitativa, a qual utiliza como instrumentos narrativas de vida e grupo focal, bem como observação participante e questionários com perguntas abertas. Enfoco indivíduos na faixa etária de 14 a 26 anos, os quais estavam cumprindo medida socioeducativa de internação no âmbito do Instituto de Atendimento Socioeducativo do Espírito Santo; e sujeitos com o mesmo perfil etário, porém moradores de bairros periféricos de Vitória, notadamente da região do bairro São Pedro. Dentre os significados analisados no que tange aos conflitos, sublinho a construção social da masculinidade e as regras morais de conduta definidas pelos grupos para regularem a convivência. Em determinado contexto, os conflitos e, no limite, os homicídios são legitimados moralmente, em virtude da percepção de que se vive em um estado de “guerra” em que os outros são “inimigos”. Tem-se como resultado que a desconfiança intragrupo e entre grupos parece sustentar o uso da violência. O contexto mencionado diz respeito à sociabilidade constituída no domínio do comércio varejista de substâncias ilícitas. Enfatizo que em um mesmo contexto socioeconômico existem distintas formas de sociabilidade juvenil. Portanto, desde que comparei dois grupos, busco compreender quais são os fatores condicionantes para diferencialidade de percursos de vida, sobretudo no que se refere ao engajamento ou não em atividades ilícitas (arriscadas). Tais fatores são, basicamente, relacionados ao contexto familiar e escolar e a outras esferas de sociabilidade (como projetos sociais e igrejas) das quais os agentes participam, constituindo significados que orientam suas decisões

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Instituições, participação e políticas públicas