Da rua à galeria, da galeria à rua: o graffiti e as apropriações da arte.
Resumo
Proponho nesse artigo discutir a questão do graffiti e de suas ressignificações. Como essa nova forma de arte ocupa as ruas e como retorna, agora com suas características próprias, ao restrito e elitizado campo da arte. O trabalho em questão foi produzido a partir de trabalhos de campo feitos entre dezembro
de 2011 e dezembro de 2013. Nesse período conservei e convivi com grafiteiros e pixadores de Vitória, durante um projeto que etnografei e fotografei chamado 'A cor da rua', em que foram pintados sessenta pontos de ônibus do município utilizando-se a técnica do graffiti e também durante a etnografia que realizei sobre pixação em Vitória, na qual fui detida com todos que participavam da ação. Também ouvi grafiteiros do Rio de Janeiro, durante o Meeting of Favela, evento internacional que acontece durante um fim de semana de dezembro em Duque de Caxias. Em julho de 2013, entrevistei grafiteiros e exvandals de Nova Iorque, local onde passei vinte dias imersa no mundo do graffiti, frequentando eventos, inaugurações e exposições que envolviam o tema. A fotografia me aproximou dos atores em todos os momentos, bem como meu interesse e conhecimento prévio sobre graffiti, além do fato de eu também me arriscar nessa prática.